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Revista M&T - Ed.247 - Setembro 2020
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Editorial

Os desafios para a infraestrutura na retomada

“A crise da covid-19 representa um grande desafio, mas também uma enorme oportunidade para os mercados emergentes se movimentarem em direção a uma infraestrutura mais adequada.”

Publicado em junho, o Relatório Anual do Banco Mundial sobre as Perspectivas Econômicas Mundiais mostra que o PIB global já diminuiu 5,5% neste ano, prevendo-se que o processo de recuperação deve se estender até o final da década para os países mais duramente atingidos pela crise – Brasil incluído.

Em recente artigo para a Forbes, o executivo Norman Anderson, CEO da CG/LA Infrastructure, avalia a situação e reconhece a gravidade do problema, mas também acentua a enorme oportunidade que se abre para os mercados emergentes se movimentarem em direção a uma infraestrutura mais adequada.

Mesmo antes do coronavírus, diz ele, o mercado de infraestrutura já vinha apresentando dificuldades em vários países do mundo, especialmente nos emergentes. E isso por diversas razões, como a imagem de corrupção associada ao setor, cita Anderson, com a maioria dos cidadãos associando intuitivamente o termo ‘infraestrutura’ a ‘desvios’, assim como o desgaste do modelo ocidental dominante (Parcerias Público-Privadas), que – segundo o CEO – vem se tornando irrelevante no modelo atual, notadamente na ‘conturbada’ América Latina, onde diversos projet


Publicado em junho, o Relatório Anual do Banco Mundial sobre as Perspectivas Econômicas Mundiais mostra que o PIB global já diminuiu 5,5% neste ano, prevendo-se que o processo de recuperação deve se estender até o final da década para os países mais duramente atingidos pela crise – Brasil incluído.

Em recente artigo para a Forbes, o executivo Norman Anderson, CEO da CG/LA Infrastructure, avalia a situação e reconhece a gravidade do problema, mas também acentua a enorme oportunidade que se abre para os mercados emergentes se movimentarem em direção a uma infraestrutura mais adequada.

Mesmo antes do coronavírus, diz ele, o mercado de infraestrutura já vinha apresentando dificuldades em vários países do mundo, especialmente nos emergentes. E isso por diversas razões, como a imagem de corrupção associada ao setor, cita Anderson, com a maioria dos cidadãos associando intuitivamente o termo ‘infraestrutura’ a ‘desvios’, assim como o desgaste do modelo ocidental dominante (Parcerias Público-Privadas), que – segundo o CEO – vem se tornando irrelevante no modelo atual, notadamente na ‘conturbada’ América Latina, onde diversos projetos do tipo foram encerrados recentemente.

Além disso, a estratégia adotada pelo governo chinês – a ‘Chinese Belt & Road Initiative’ (BRI), que prevê investimentos por mais de 30 anos no desenvolvimento da infraestrutura em diferentes continentes, favorecendo suas relações comerciais – teria causado estragos em muitos países, canalizando enormes recursos a grandes projetos, ao mesmo tempo que excluía as empresas ocidentais e parecia deixar de fora as necessidades locais, acumulando uma enorme dívida em projetos considerados fracos. “Tragicamente, a maioria das empresas legítimas de engenharia e construção já não trabalha nos mercados emergentes”, constata o CEO.

Em tal quadro, são sugeridas ações imediatas para responder à extraordinária procura por investimentos em infraestrutura nos mercados emergentes, tais como: entender o que o cliente quer, pois o mercado atual quer ‘saúde’ e ‘mobilidade’, e não necessariamente obter a taxa de retorno mais elevada com o menor risco; criar uma certificação de qualidade do tipo LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) para projetos de infraestrutura, com projetos concebidos de acordo com os princípios do mercado, gerando acesso a conhecimentos especializados e apoio internacional; atrair o ‘capital certo’, proporcionando oportunidades de investimento em projetos e mitigando os riscos por meio de garantias soberanas para o futuro imediato; e eliminar as inseguranças nas iniciativas de infraestrutura, criando um cluster de excelência com empresas de engenharia/construção, entidades financeiras e setor público.

Como se vê, são propostas que tocam em pontos sensíveis do debate, como foco estratégico, demanda social, segurança jurídica, modelos de parceria, atratividade dos ativos e qualificação de projetos. E que, em tempos de pandemia, remetem a decisões cruciais que o país precisa tomar para garantir um novo ciclo de desenvolvimento do mercado e, simultaneamente, o bem-estar e a saúde de sua população. Boa leitura.

Permínio Alves Maia de Amorim Neto
Presidente do Conselho Editorial

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