Ao longo de séculos, acostumamo-nos com a fragmentação como uma regra universal do desenvolvimento das sociedades humanas. Como nenhum de nós vive muito mais do que com otimismo uns míseros 100 anos, parece-nos que o mundo sempre foi fragmentário. Mas na Grécia Antiga, filósofos, médicos, alquimistas, astrólogos e matemáticos eram atividades concentradas nas mesmas pessoas. Ou seja, o conhecimento não era fragmentado como hoje, com funções específicas por profissão ou campo do conhecimento.
Com o tempo, no entanto, as áreas do saber foram sendo todas fragmentadas e especializadas, permitindo-se o aprofundamento e a concentração das pessoas em estreitas faixas da sabedoria humana. Assim, hoje somos exclusivamente engenheiros, médicos, filósofos ou escritores, raramente cobrindo mais do que um campo e atividade do conhecimento. E, claro, no mundo corporativo isso também ocorre. A fragmentação/especialização não só dominou a formação de empresas e o desenvolvimento da competitividade como ainda fez crescer os negócios e consolidou iniciativas de um mesmo setor.
No século XX, uma das primeiras experiências de fragmentação foi o advento do con
Ao longo de séculos, acostumamo-nos com a fragmentação como uma regra universal do desenvolvimento das sociedades humanas. Como nenhum de nós vive muito mais do que com otimismo uns míseros 100 anos, parece-nos que o mundo sempre foi fragmentário. Mas na Grécia Antiga, filósofos, médicos, alquimistas, astrólogos e matemáticos eram atividades concentradas nas mesmas pessoas. Ou seja, o conhecimento não era fragmentado como hoje, com funções específicas por profissão ou campo do conhecimento.
Com o tempo, no entanto, as áreas do saber foram sendo todas fragmentadas e especializadas, permitindo-se o aprofundamento e a concentração das pessoas em estreitas faixas da sabedoria humana. Assim, hoje somos exclusivamente engenheiros, médicos, filósofos ou escritores, raramente cobrindo mais do que um campo e atividade do conhecimento. E, claro, no mundo corporativo isso também ocorre. A fragmentação/especialização não só dominou a formação de empresas e o desenvolvimento da competitividade como ainda fez crescer os negócios e consolidou iniciativas de um mesmo setor.
No século XX, uma das primeiras experiências de fragmentação foi o advento do conglomerado de empresas denominado Litton Industries, instituído a partir de 1953 por Charles “Tex” Thornton (conforme registra magistralmente a obra “The Whiz Kids”, de John Byrne). Na época, a Litton consolidou diversos empreendimentos de tecnologia e formou um novo conceito de empresa. Aliás, o termo “sinergia” foi cunhado por “Tex” Thornton nessa mesma época, para explicar como este conjunto de negócios seria mais eficiente e competitivo.
Hoje, acompanhamos a polêmica do Uber (o sistema cibernético interligado de veículos automotores) em várias partes do mundo, com conflitos em algumas e relativa indiferença em outras. O mais interessante é que se trata de um caso de reversão da fragmentação de uma atividade que existe no mundo todo. Aliás, em todo mundo o serviço de taxi é uma das atividades mais fragmentadas que existem, com exemplos extremos em algumas cidades do Brasil onde – por princípio e constituição fiscal e legal – só pode ser uma atividade individual (seja hereditária ou não).
Por meio de um aplicativo, o Uber oferece um serviço consolidado/integrado num setor em que as desvantagens da fragmentação são gritantes, incidindo sobre variáveis como disponibilidade, qualidade, capacitação etc. Mas a fragmentação já é uma prática tão arraigada no setor que nem mesmo as autoridades reguladoras sabem como agir. Isso nos leva à questão de quantas oportunidades podem ser criadas a partir da fragmentação. Em outras palavras, sobre como mudar o modelo mental para soluções integradas mais atrativas e eficientes.
*Yoshio Kawakami é consultor da Raiz Consultoria e diretor técnico da Sobratema
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