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Revista M&T - Ed.177 - Março 2014
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Editorial

O legado da Copa para o país

"Em um país com déficit gritante de infraestrutura, as expectativas eram as melhores possíveis, principalmente em relação as obras de mobilidade"

Desde o lançamento da Matriz de Responsabilidades da Copa, um documento firmado em 2010 por União, estados e cidades-sede que listava 56 obras e previa R$ 15,4 bilhões em investimentos para o torneio (números que posteriormente caíram para 41 obras e R$ 8 bilhões, respectivamente), criou-se muita expectativa sobre o chamado “Legado da Copa”.

Em um país com um déficit gritante de infraestrutura que induz a uma falta de produtividade sistêmica, as expectativas eram as melhores possíveis, principalmente em relação às obras de mobilidade previstas em diversos estados, incluindo expansão e construção de avenidas, criação de corredores, implantação de meios mais eficientes de transporte coletivo etc. E, evidentemente, toda essa movimentação também representaria um inestimável estímulo para o setor de equipamentos.

Porém, faltando apenas alguns meses para o início do Mundial, o que se conclui é que o “legado” pode se resumir a uma dúzia de estádios modernos, aeroportos um pouco melhor estruturados e algumas poucas obras de mobilidade urbana efetivamente concluídas. Isso porque, das intervenções prometidas no documento, apenas cinco (de pequeno porte) já foram concluídas, a maior parte continua em construção, enquanto outras simplesmente foram deixadas de lado.

Se não chegarem a tempo, algumas obras ao menos devem ser concluídas após o evento, como é o caso do BRT (Bus Rapid Transit) Leste/Oeste (PE), do corredor Aeroporto/Rodoferroviária (PR), das interven


Desde o lançamento da Matriz de Responsabilidades da Copa, um documento firmado em 2010 por União, estados e cidades-sede que listava 56 obras e previa R$ 15,4 bilhões em investimentos para o torneio (números que posteriormente caíram para 41 obras e R$ 8 bilhões, respectivamente), criou-se muita expectativa sobre o chamado “Legado da Copa”.

Em um país com um déficit gritante de infraestrutura que induz a uma falta de produtividade sistêmica, as expectativas eram as melhores possíveis, principalmente em relação às obras de mobilidade previstas em diversos estados, incluindo expansão e construção de avenidas, criação de corredores, implantação de meios mais eficientes de transporte coletivo etc. E, evidentemente, toda essa movimentação também representaria um inestimável estímulo para o setor de equipamentos.

Porém, faltando apenas alguns meses para o início do Mundial, o que se conclui é que o “legado” pode se resumir a uma dúzia de estádios modernos, aeroportos um pouco melhor estruturados e algumas poucas obras de mobilidade urbana efetivamente concluídas. Isso porque, das intervenções prometidas no documento, apenas cinco (de pequeno porte) já foram concluídas, a maior parte continua em construção, enquanto outras simplesmente foram deixadas de lado.

Se não chegarem a tempo, algumas obras ao menos devem ser concluídas após o evento, como é o caso do BRT (Bus Rapid Transit) Leste/Oeste (PE), do corredor Aeroporto/Rodoferroviária (PR), das intervenções viárias no entorno da Arena Corinthians (SP), da implantação do corredor de BRT Transcarioca (RJ) e outras. Mas há casos esdrúxulos como Manaus, que pediu a exclusão das duas intervenções que estavam na lista original uma linha de BRT e o monotrilho porque não ficarão prontos em tempo hábil. Ou mesmo a pavimentação do entorno do Beira-Rio (RS), que sequer saiu do processo de licitação. Quanto às obras para implantação de veículos leves sobre trilhos (VLTs), os cinco projetos previstos também foram adiados e podem até não sair do papel.

As causas para tantos volteios são as mais diversas, dizem os analistas. Desde atrasos em licitações, dificuldades em desapropriações, erros de projeto, questões ambientais, prazos apertados para conclusão... Tudo tem sido aventado para justificar o injustificável, que é perdermos uma oportunidade histórica de fazer o Brasil realmente avançar. Afinal, o que trava o país como ocorria em outros tempos já não é a falta de investimentos e muito menos a oferta de tecnologias e equipamentos apropriados, como o leitor pode conferir nesta edição em reportagens sobre caminhões, motoniveladoras, manipuladores, locação, pós-venda e outros assuntos. Boa leitura.

Claudio Schmidt

Presidente do Conselho Editorial

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