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Revista M&T - Ed.63 - Fev/Mar 2001
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Treinamento

O homem por trás dos joysticks

Programa inédito para operadores e supervisores de equipamentos busca construir uma ponte entre o defasado estágio técnico e de habilitação atuais de nossos profissionais e o que há de mais avançado no mundo

Roberto Ferreira, diretor executivo do Instituto Opus

Treinamento tem muito em comum com a educação, inclusive o fato de frequentemente ser deixado em segundo plano - apesar de, claro, ser considerado altamente prioritário por todos. No segmento de equipamentos, as poucas iniciativas isoladas - por parte de construtoras e fabricantes - são exceções que até hoje só confirmaram a regra geral. A ideia básica até aqui é que a associação de eletrônica embarcada e cabines a cada dia mais confortáveis, por si só, resolveriam o "problema operacional", garantindo maior segurança e produtividade. O resultado é conhecido: máquinas de última geração operadas muito aquém de suas reais possibilidades, gerando inclusive acidentes.

Para reverter esse quadro, a Sobratema - Sociedade Brasileira de Tecnologia para Equipamentos e Manutenção, estabeleceu um convênio de cooperação e transferência de tecnologia com o OETIO - Operating Engineers Training Institute of Ontario, do Canadá, uma das instituições mais conceituadas internacionalmente no ensino e certificação de operadores de equipamentos.

Esse convênio levou à criação do Instituto Opus que iniciou em fevereiro uma programação de cursos, com aulas práticas e teóricas, de formação e aprimoramento de operadores, pessoal de supervisão e gerência de equipamentos pesados. O investimento nessa primeira fase é de cerca de US$ 500 mil, patrocinado em grande parte pela KBI - Komatsu Brasil International e a CNO - Construtora Norberto Odebrecht. Em 2.001, serão ministrados 19 cursos, com o treinamento de 290 profissionais até o final do ano.

"O Opus atende perfeitamente aos objetivos da Sobratema, uma entidade fundada h&


Roberto Ferreira, diretor executivo do Instituto Opus

Treinamento tem muito em comum com a educação, inclusive o fato de frequentemente ser deixado em segundo plano - apesar de, claro, ser considerado altamente prioritário por todos. No segmento de equipamentos, as poucas iniciativas isoladas - por parte de construtoras e fabricantes - são exceções que até hoje só confirmaram a regra geral. A ideia básica até aqui é que a associação de eletrônica embarcada e cabines a cada dia mais confortáveis, por si só, resolveriam o "problema operacional", garantindo maior segurança e produtividade. O resultado é conhecido: máquinas de última geração operadas muito aquém de suas reais possibilidades, gerando inclusive acidentes.

Para reverter esse quadro, a Sobratema - Sociedade Brasileira de Tecnologia para Equipamentos e Manutenção, estabeleceu um convênio de cooperação e transferência de tecnologia com o OETIO - Operating Engineers Training Institute of Ontario, do Canadá, uma das instituições mais conceituadas internacionalmente no ensino e certificação de operadores de equipamentos.

Esse convênio levou à criação do Instituto Opus que iniciou em fevereiro uma programação de cursos, com aulas práticas e teóricas, de formação e aprimoramento de operadores, pessoal de supervisão e gerência de equipamentos pesados. O investimento nessa primeira fase é de cerca de US$ 500 mil, patrocinado em grande parte pela KBI - Komatsu Brasil International e a CNO - Construtora Norberto Odebrecht. Em 2.001, serão ministrados 19 cursos, com o treinamento de 290 profissionais até o final do ano.

"O Opus atende perfeitamente aos objetivos da Sobratema, uma entidade fundada há 12 anos por profissionais interessados em compartilhar o melhor do conhecimento humano com base naquilo que é seu fundamento institucional: o homem e sua relação com os equipamentos", diz Roberto Ferreira, diretor executivo do Instituto Opus, profissional com larga experiência tanto junto a fabricantes, quanto usuários de equipamentos.

Segundo ele, a prioridade em um primeiro momento é a de atualizar o conhecimento de operadores mais experientes, "aprenderam fazendo", sem treinamento formal. Por isso a primeira turma, de 15 alunos, com aulas já em andamento, reúne operadores experientes de guindastes móveis, selecionados em empresas dos setores de construção, mineração, transporte pesado e montagem industrial. “Depois", diz Roberto Ferreira, "o Opus partirá para a formação de uma nova geração de operadores já familiarizada com a informática”.

Os cursos terão duração variada, de 40 horas (rigging para supervisores) a 240 horas (para operadores iniciantes de guindastes móveis). Cursos para operadores de tratores, escavadeiras e retroescavadeiras terão duração de 160 horas (80 de teoria e 80 de prática). Não há, a princípio, nenhuma restrição de idade e os pré-requisitos necessários para a maioria dos cursos são, basicamente, carteira nacional de habilitação (tipo D), atestado de saúde e escolaridade básica de primeiro grau.

As aulas teóricas estão sendo ministradas na sede do próprio Instituto Opus, na cidade de São Paulo, e a parte prática, pelo menos nos dois primeiros cursos, será feita nas instalações da Construtora Norberto Odebrecht, no município de Guarulhos (SP).

"Está havendo uma grande demanda por cursos 'in house' (nas próprias empresas ou no local da operação). Estamos nos preparando para atender a essas solicitações no segundo semestre", diz Ferreira.

Tanto a Sobratema, quanto a OETIO, do Canadá, que dão respaldo ao Instituto Opus, são entidades sem fins lucrativos. Os preços dos diferentes cursos, de R$ 600 a R$ 3.000, por isso mesmo, destinam-se unicamente a cobrir os custos operacionais da escola. "Se recebermos doações de equipamentos, de áreas para treinamento e confirmarmos alguns patrocínios que estamos buscando, iremos baratear ainda mais os preços para os alunos", garante o diretor executivo do Opus.

Roberto Ferreira ressalta que os cursos ministrados pelo Instituto Opus têm caráter universal e não se prendem a determinada marca ou fabricante, "É como uma auto-escola", diz ele, "onde você aprende a dirigir veículos. As especificações das diversas marcas serão dadas pelos fabricantes". A linha didática, aliás, promete ser um dos pontos altos dos cursos, com explicações detalhadas dos conceitos básicos dos diferentes equipamentos, técnicas de operação e manutenção, além de regras de saúde e segurança. São, em suma, cursos completos reconhecidos entre outros pelos governos do Canadá e Estados Unidos. Nesses países, inclusive, o certificado de conclusão dado aos alunos no final do curso tem valor legal e é obrigatório para operação dos equipamentos.

Equilíbrio entre teoria e prática

Segurança

Para os padrões nacionais, os cursos do Opus dão muita ênfase à segurança, e objetivam tanto o operador quanto o supervisor, pois como lembra Roberto Ferreira, estatisticamente só 6% dos desastres ocorrem por problemas nas máquinas, enquanto 46% resultam diretamente de falhas humanas de administração (planejamento, normatização e supervisão) e 48% de deficiências do operador (desatenção, desobediência às regras e imperícia). "Queremos lançar um conceito e, com base na legitimidade que a Sobratema alcançou no mercado (ao reunir usuários e fabricantes), convidar todos aqueles que se preocupam com segurança e produtividade a juntar-se a nós”.

Essa "dobradinha" produtividade e segurança é fundamental, a julgar por estatísticas coligidas nos últimos 15 anos, nos Estados Unidos, pela OSHA (Operational Safety and Healty Administration), órgão do Ministério do Trabalho norte-americano, que dão conta da ocorrência, naquele país, naquele período, de 552 acidentes em operações com guindastes, ao custo médio por acidente - entre causas trabalhistas e reparos à propriedade, nesta incluídos os próprios equipamentos - de 25 mil dólares.

Custo altíssimo, sob qualquer ângulo de análise, mas nada comparável a 51 mortes decorrentes daqueles acidentes. No que concerne ao Brasil, cuja frota de guindastes é, no mínimo, dez vezes menor que a norte-americana, esses números não estão acessíveis, por razões várias, lamentavelmente, mas fontes confiáveis do setor nos dão conta de um número médio anual de 8 óbitos no setor, nos últimos cinco anos.

Ferreira explica que, ao se envolver com a formação, atualização e certificação de operadores de equipamentos, a Sobratema busca construir uma ponte entre o defasado estágio técnico e de habilitação atuais de nossos profissionais de equipamentos e o que há de mais avançado no mundo. "Como diz o slogan do nosso instituto, 'A máquina é obra do homem', e a este cabe manejá-la com habilidade e eficácia. Apenas o conhecimento e o domínio sobre o equipamento conseguirão fazer com que a quota de vidas humanas desperdiçada em acidentes tenda a zero como ocorre hoje, por exemplo, no Canadá, graças a esse mesmo programa de treinamento continuado implantado na década de 80".

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