No ano passado, a falta de mão de obra qualificada no Brasil bateu a proibitiva marca de 81%, segundo pesquisa realizada pelo ManpowerGroup. Como os dados também apontam uma média global de 75%, o percentual brasileiro é considerado alto, de acordo com o estudo, que ouviu 40 mil empregadores em 40 países.
Outro dado alarmante aponta que três em cada quatro empresários relatam dificuldades para encontrar talentos. Embora a pandemia tenha agravado o problema, esse déficit tem sido percebido já há vários anos no setor, evidenciando a dificuldade das empresas em preencher vagas, desde as mais simples até funções nas quais se exige maior preparo e conhecimento tecnológico.
Sob esse enfoque, o déficit de mão de obra atinge especialmente a operação de equipamentos de construção, terraplenagem e mineração, tornando-se uma questão crítica em vários setores de serviços, principalmente quando é nec
No ano passado, a falta de mão de obra qualificada no Brasil bateu a proibitiva marca de 81%, segundo pesquisa realizada pelo ManpowerGroup. Como os dados também apontam uma média global de 75%, o percentual brasileiro é considerado alto, de acordo com o estudo, que ouviu 40 mil empregadores em 40 países.
Outro dado alarmante aponta que três em cada quatro empresários relatam dificuldades para encontrar talentos. Embora a pandemia tenha agravado o problema, esse déficit tem sido percebido já há vários anos no setor, evidenciando a dificuldade das empresas em preencher vagas, desde as mais simples até funções nas quais se exige maior preparo e conhecimento tecnológico.
Sob esse enfoque, o déficit de mão de obra atinge especialmente a operação de equipamentos de construção, terraplenagem e mineração, tornando-se uma questão crítica em vários setores de serviços, principalmente quando é necessário encontrar profissionais interessados em trabalhar em regiões mais afastadas dos centros urbanos, muitas vezes sem sinal de internet, inclusive.
É nesse quadro que a tecnologia se mostra como uma importante aliada para atrair tanto profissionais qualificados como pessoas com interesse em se qualificar para atuar na área.
E os simuladores de operação, evidentemente, constituem um importante chamariz. Isso porque tornam mais rápido o tempo necessário de aprendizagem no equipamento real, além de anteciparem a tecnologia embarcada e desmistificarem o seu domínio.
“Além de tecnologia embarcada, também primamos pela segurança e conforto dos operadores”, explica Felipe Albaladejo, líder de desenvolvimento de competências da Volvo CE. “E, sem dúvida, esses itens podem ser determinantes para a escolha da profissão.”
Há mais de dez anos, a Volvo investe no desenvolvimento de simuladores de máquinas de construção e mineração com recursos cada vez mais próximos à realidade.
“Atualmente, contamos com dois simuladores para três diferentes tipos de equipamentos, incluindo escavadeira, carregadeira e caminhão articulado”, conta Albaladejo.
“Eles integram uma trilha de treinamentos oferecida aos operadores para que atinjam todo o potencial da máquina de maneira segura, econômica e sustentável.”
De acordo com ele, os simuladores atuais possuem uma vasta biblioteca com diferentes cenários de operação. Em geral, o operador é orientado na partida, parada e manobras básicas do equipamento, bem como na execução de trabalhos específicos em diversos ambientes da vida real.
Dessa maneira, é possível compreender como a máquina reage em várias situações, permitindo até mesmo treinamentos em ambientes e situações mais críticas, sem colocar em risco o operador, outras pessoas no entorno ou a própria máquina.
Albaladejo estima que os simuladores atuais cheguem a reproduzir virtualmente 80% da realidade de um equipamento em campo. De fato, os simuladores mais modernos contam com recursos que permitem movimentos na horizontal e na vertical, chegando até mesmo a emitir os ruídos típicos de cada operação.
Como padrão, são usados gráficos 3D associados a plataformas controladas hidraulicamente. Outra facilidade diz respeito à atualização dos softwares, que é feita automaticamente e de forma on-line.
MEMÓRIA MOTORA
Para Ideraldo Antônio Soares, gerente de treinamentos da divisão de equipamentos de mineração da Komatsu, diversos fatores contribuíram para que a mão de obra se tornasse deficitária na operação de máquinas. Um dos principais motivos, diz ele, é o perfil dos jovens, que naturalmente se encantam por tecnologia e buscam possibilidades de uma carreira de sucesso em conexão com as tendências globais.
“Ainda que vivam em áreas mais distantes e remotas, as informações chegam ininterruptamente às novas gerações, tornando-as mais inquietas e sonhadoras”, pondera. “A combinação entre tecnologia e carreira é, sem dúvida, um meio de atrair potenciais talentos.”
Para especialista da Komatsu, as organizações precisam despertar para soluções mais alinhadas à contemporaneidade, implementando estratégias de futuro que considerem investimentos em ferramentas de capacitação por meio de simulação
Em tal conjuntura, o especialista avalia que as organizações precisam despertar para soluções mais alinhadas à contemporaneidade, implementando estratégias de futuro que considerem investimentos em ferramentas de capacitação por meio de simulação, por exemplo.
Na área da mineração, especificamente, o especialista cita funcionalidades que, além de questões básicas de segurança operacional e disponibilidade de equipamentos para fins de capacitação, permitem mudanças de cenários para ambientar o aluno às diferentes realidades de uma mina, incluindo chuva, poeira, neblina, inclinações, obstáculos e condições de pista, entre outras.
“Também possibilitam obtenção de ganhos imediatos por meio de uma operação ajustada, com produtividade e redução no consumo e de custos operacionais, assim como vida útil plena de equipamentos e componentes”, observa Soares, destacando ainda que o operador também tem respostas para emergências.
“Ele aprende a reagir de forma antecipada diante de condições de risco, além de obter registro das atividades simuladas, implementando correções e melhorias no ambiente simulado imediatamente após o ocorrido”, comenta.
O gerente sênior para guindastes da Terex na América Latina, Ricardo Beilke Neto, avalia o próprio avanço tecnológico como uma das razões para o déficit de profissionais especializados na operação de equipamentos.
“Para solucionar isso no curto prazo, estamos trabalhando muito próximos dos clientes e institutos de formação no intuito de entender as necessidades do mercado e apoiar o desenvolvimento de novas ferramentas de treinamento”, diz ele.
Combinação de assentos originais com ambiente realistatorna o treinamento tão autêntico quanto possível fora do equipamento
De acordo com Neto, a Terex foi pioneira no uso de simuladores 3D na operação de guindastes.
“O nosso simulador de guindastes móveis Simulift é uma ferramenta perfeita de treinamento”, assegura. “A combinação do assento original do guindaste e um ambiente realista de treinamento torna a experiência tão real quanto possível, dentro das atuais possibilidades de formação no Brasil.”
Assim, é possível representar as operações reais em um ambiente controlado, onde o operador é preparado para enfrentar diferentes situações colocando a segurança sempre em primeiro plano.
Além disso, também é possível realizar a configuração da máquina antes das operações, definindo-se a posição correta da máquina, o uso de patolas e o nivelamento.
“Os exercícios de operação são desenvolvidos com o apoio de profissionais do mercado de içamento”, explica o gerente. “Ao final, os operadores podem desenvolver uma memória motora por meio dos exercícios.”
ABORDAGENS
Embora muitos operadores apresentem uma boa base de conhecimento sobre o universo de guindastes, Beilke Neto conta que outros chegam ao setor sem qualquer informação, o que faz com que o treinamento tenha uma abordagem ampla, buscando cobrir todos os tópicos da atividade.
“Ainda é desafiador atrair pessoas para os cursos de operação de equipamentos”, admite. “Muitos deles têm interesse, mas existem inclusive dificuldades financeiras para realizar os cursos.”
Soares, da Komatsu, considera que a insegurança com a tecnologia e o medo de aplicar técnicas inadequadas são as principais barreiras observadas entre os operadores, especialmente quando são informados de que tudo é registrado em relatório, gerado pelo próprio simulador.
“No caso de iniciantes, a insegurança e o medo são fatores de pouca relevância, uma vez que muitos jovens já vivem na era tecnológica”, ressalta. “Nessa faixa, existe uma boa aptidão para as tecnologias mais recentes, inclusive com grande desenvoltura.”
Embora já contem com aceitação razoável, treinamento com simuladores é restrito no país
Para o gerente, embora os treinamentos de operação já contem com uma aceitação razoável no país, esse meio de formação ainda é muito restrito frente aos inúmeros desafios que o setor enfrenta.
“Atualmente, várias indústrias no Brasil vêm se destacando na preparação de pessoas por meio de simuladores”, avalia. “Mas, infelizmente, a procura por parte do público ainda é baixa, sendo que muitos usuários de equipamentos desconhecem completamente a tecnologia ou apenas ouviram falar dela, fator que os impossibilita de cobrar essa modalidade de investimento das organizações”, diz.
Mesmo nesse cenário, os resultados têm sido satisfatórios. Segundo Soares, as organizações atualizadas sobre as boas práticas globais no uso de equipamentos tendem a obter ganhos significativos em termos de reciclagem de conhecimentos e técnicas avançadas de operação.
“Hoje, ainda é desafiador atrair pessoas para os cursos de operação de máquinas, mas temos observado algum progresso”, afirma.
Já há mais informações sobre a carreira de operador, diz ele, especialmente em regiões ou microrregiões onde as escolas locais vêm incluindo conteúdos – ainda que superficiais – que fazem menção à atividade de extração mineral com o uso de máquinas altamente tecnológicas.
“Outro ponto importante é a concorrência de outras carreiras que, além de visibilidade futura, oferecem vencimentos iniciais mais atrativos”, avalia Soares.
DISSEMINAÇÃO
Na Volvo, as solicitações de treinamento ou de simuladores de operação chegam até a equipe responsável por meio dos distribuidores no Brasil e na América Latina.
Normalmente, a demanda acompanha a busca por aumento de eficiência, produtividade da máquina e melhoria do consumo de combustível e na segurança operacional.
“Os simuladores proporcionam um ‘feeling’ interessante em relação aos equipamentos, incentivando e promovendo boas práticas em campo”, ressalta Albaladejo, que considera o uso de simuladores uma prática em plena ascensão. “Os resultados serão cada vez mais evidentes à medida que a tecnologia se torne mais comum no país.”
Demanda acompanha a busca por eficiência, produtividade, melhoria do consumo e segurança operacional
O especialista garante que as tecnologias de simulação da Volvo são bastante “intuitivas”, sendo projetadas e implementadas para facilitar a condução e a operação de veículos e equipamentos.
“Dessa forma, vemos curiosidade e interesse crescentes por parte dos que estão chegando agora à profissão e até mesmo de operadores já formados, que buscam reciclagem”, analisa. “Acima de tudo, os simuladores ajudam na familiarização com a tecnologia embarcada e demais recursos dos equipamentos.”
Além do tempo passado nos simuladores, o programa da marca também prevê aulas teóricas e práticas no equipamento. “Ou seja, existe uma combinação de técnicas e recursos nesses treinamentos capazes de mitigar as eventuais deficiências”, diz Albaladejo, que tem observado elevado interesse nesse tipo de treinamento.
“As empresas que têm a oportunidade de contar com esse recurso o valorizam de maneira satisfatória”, acrescenta. “Os operadores treinados, por sua vez, também são formadores de opinião, tornando-se disseminadores desses recursos.”
Mas, como se diz, “nem tudo são flores”. O investimento inicial para aquisição de simuladores é elevado, especialmente quando se trata de unidades com ampla cobertura de processos.
A baixa presença de fornecedores de simuladores no país também dificulta a disseminação, haja vista que a volatilidade cambial é alta e a manutenção fica atrelada aos elevados custos de importação, que muitas vezes podem ser equivalentes ao produto adquirido.
Vale considerar, todavia, que o valor para aquisição de um simulador está alinhado aos recursos oferecidos pela tecnologia e, consequentemente, à projeção dos ganhos atingidos.
Para educar o mercado nesse sentido, alguns fabricantes disponibilizam alternativas para os clientes, como a locação e treinamento dentro dos distribuidores.
“A Volvo realiza o treinamento de operadores e multiplicadores desse conhecimento, seja no Brasil ou em outros países da América Latina”, conta Albaladejo.
SENSIBILIDADE
Sem substituir o treinamento na máquina real, o simulador é a porta de entrada para os treinamentos convencionais. Além da parte teórica, o operador pode se familiarizar com as funcionalidades do equipamento, conhecer os recursos e a forma correta de operação.
Além de exercitar a coordenação motora do aluno, o simulador também auxilia no desenvolvimento da destreza necessária para atuar na máquina em campo.
Mas é no próprio equipamento que se desenvolve todo o potencial do aprendiz para a atividade diária. A ideia, portanto, é reduzir o tempo de treinamento na máquina e aumentar a produtividade.
Ou seja, quanto menor o período de aprendizado embarcado, menor o tempo de máquina parada e maior o ganho de agilidade na capacitação.
“Antes de subir no Simulift, os operadores têm de realizar um curso de 40 h sobre o ‘mundo dos guindastes’, no qual são explicados desde os tipos de guindastes existentes até os conceitos matemáticos presentes na operação desses equipamentos”, conta Beilke Neto, da Terex.
Além de exercitar a coordenação motora do aluno, o simulador também auxilia no desenvolvimento da destreza necessária para atuar na máquina em campo
Além do simulador, a Terex conta com uma sistemática de treinamentos para a rede de concessionários, que permite acompanhar o desenvolvimento profissional de mais de 100 técnicos em toda a região latino-americana. Além disso, a empresa também disponibiliza treinamentos presenciais e on-line para as equipes.
Soares, da Komatsu, lembra que, por mais que os alunos passem por centenas de horas em um simulador, acompanhados por mentores, o processo de absorção de conhecimento sempre deve ser complementado no equipamento.
“Essa fase de simulação permite o contato com a máquina em termos dimensionais, propiciando sensibilidade do operador em relação aos comandos, aplicação de técnicas adequadas, controles dos equipamentos e outros aspectos”, detalha.
Atualmente, a marca japonesa oferece simuladores de operação para alguns equipamentos do setor de mineração, como caminhões fora de estrada. De acordo com Soares, a mobilidade desse recurso permite levar o treinamento aos interessados, independentemente do local em que se encontram.
“Também dispomos de simulador de manutenção, diagnóstico e reparo para acelerar o processo de aprendizagem em diferentes níveis”, destaca.
“Quanto à oferta de cursos, dispomos de treinamentos de operação e manutenção que podem ser adquiridos integramente ou por módulos para toda a linha de produtos que operam no Brasil.”
A Volvo também é reconhecida pelo uso de tecnologia em produtos e serviços, além do cuidado com a segurança.
Nesse aspecto, Albaladejo ressalta os investimentos da empresa no processo de inclusão digital, além da oferta de treinamentos presenciais e remotos, tanto teóricos quanto práticos.
“A fabricante conta ainda com simuladores e recursos de realidade aumentada, para aplicação em capacitações remotas”, finaliza.
Saiba mais:
Komatsu: www.komatsu.com.br
Terex: www.terex.com/pt-br
Volvo CE: www.volvoce.com/brasil/pt-br
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