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Revista M&T - Ed.239 - Novembro 2019
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A era das máquinas

O esgotamento criativo após os anos 70

Por Norwil Veloso

Destinada à mineração a céu aberto, a escavadeira EC1000 foi lançada em 1971 pela Poclain

No final da década de 70, os equipamentos de terraplanagem tinham características muito bem-definidas, que não se alteraram significativamente até os dias de hoje. A última novidade a surgir foram os caminhões articulados, lançados no período.

Após essa época, as principais mudanças que ocorreram se referem à evolução dos componentes de cada máquina, como, por exemplo, motores, controles e outros, que foram aperfeiçoados e modificados de modo a atender melhor às necessidades decorrentes das condições difíceis dos locais de trabalho. Assim, foram aparecendo os primeiros controles hidráulicos e eletrônicos – que ainda não aguentavam as condições dos ambientes das obras, os motores eletrônicos e os sistemas de monitoramento. Mas, no geral, não ocorreram mudanças conceituais.

A concorrência entre os fabricantes passou para uma escala mundial. Além dos norte-americanos e europeus, surgiram inicialmente os japoneses, cujos fabricantes enxergaram rapidamente as possibilidades e se expandiram por todo o mundo. No final do século, os chineses, que tinham uma grande produção destinada essencialmente a seu mercado interno, também começaram a aparecer como exportadores.

A variedade de modelos das escavadeiras hidráulicas aumentou cada vez mais, enquanto as máquinas a cabo foram sendo relegadas a serviços específicos, como mineração e obras de grande porte. No final dos anos 70, a tecnologia hidráulica estava bastante difundida em máquinas menores, mas a confiabilidade dos sistemas ainda não concorria com a das máquinas a cabo.

Embora as dimensões e capacidades tivessem aumentado significativamente, o conceito e as características eram bastante similares às primeiras máquinas criadas no final do século XIX e no in&ia


Destinada à mineração a céu aberto, a escavadeira EC1000 foi lançada em 1971 pela Poclain

No final da década de 70, os equipamentos de terraplanagem tinham características muito bem-definidas, que não se alteraram significativamente até os dias de hoje. A última novidade a surgir foram os caminhões articulados, lançados no período.

Após essa época, as principais mudanças que ocorreram se referem à evolução dos componentes de cada máquina, como, por exemplo, motores, controles e outros, que foram aperfeiçoados e modificados de modo a atender melhor às necessidades decorrentes das condições difíceis dos locais de trabalho. Assim, foram aparecendo os primeiros controles hidráulicos e eletrônicos – que ainda não aguentavam as condições dos ambientes das obras, os motores eletrônicos e os sistemas de monitoramento. Mas, no geral, não ocorreram mudanças conceituais.

A concorrência entre os fabricantes passou para uma escala mundial. Além dos norte-americanos e europeus, surgiram inicialmente os japoneses, cujos fabricantes enxergaram rapidamente as possibilidades e se expandiram por todo o mundo. No final do século, os chineses, que tinham uma grande produção destinada essencialmente a seu mercado interno, também começaram a aparecer como exportadores.

A variedade de modelos das escavadeiras hidráulicas aumentou cada vez mais, enquanto as máquinas a cabo foram sendo relegadas a serviços específicos, como mineração e obras de grande porte. No final dos anos 70, a tecnologia hidráulica estava bastante difundida em máquinas menores, mas a confiabilidade dos sistemas ainda não concorria com a das máquinas a cabo.

Embora as dimensões e capacidades tivessem aumentado significativamente, o conceito e as características eram bastante similares às primeiras máquinas criadas no final do século XIX e no início do século XX.

SUPERAÇÃO

Os engenheiros da Marion decidiram inovar suas escavadeiras e desenvolveram o sistema “Superfront”, que permitia a movimentação horizontal do shovel e possuía alta força de escavação. Até foram vendidas algumas máquinas, mas já era tarde. As máquinas hidráulicas já haviam entrado no mercado, que acabou por ser dominado por elas graças à maior produtividade oferecida. Se esse sistema tivesse sido desenvolvido algumas décadas antes, talvez a história das máquinas tivesse tomado outro rumo.

Extremamente avançada para a época, a pá carregadeira Michigan 675 tinha capacidade de 18,4 m3

No final dos anos 70, embora as máquinas hidráulicas já dominassem a cena, problemas no sistema hidráulico ainda eram comuns. Mas a tecnologia progrediu com rapidez. E as máquinas hidráulicas foram crescendo: em 1966, a O&K lançou uma máquina para mineração a céu aberto, a RH60, de 112 ton, a pioneira nesse tipo de aplicação, logo seguida por máquinas como a Poclain EC1000 (em 1971), de 140 ton, substituída pela 1000 CK em 1975, dentre outras.

Muito populares nos anos 50, as escavadeiras contínuas também foram perdendo espaço, até serem usadas somente em aplicações específicas a partir da metade da década de 70. As pás carregadeiras, por sua vez, que haviam nascido nos anos 50, se tornaram máquinas comuns em qualquer tipo de obra já no início da década de 70. O chassi articulado foi um grande avanço, que também se tornou padrão. As capacidades aumentaram até atingirem valores como os 12 m3 da L700 da LeTourneau, de 80 ton, ou os 18,4 m3 da Michigan 675, de 159 ton, extremamente avançada para a época.

São interessantes alguns projetos dessa época (1971), muito à frente de seu tempo, já com transmissão hidrostática e cabina frontal. Um deles foi desenvolvido pela JCB, que recebeu um prêmio pelo modelo 110. Também se destacaram as máquinas C11 e C21 produzidas pela CMC, uma divisão da Poclain, nas quais o motor traseiro funcionava como contrapeso, de maneira a manter a máquina equilibrada, sem necessidade de pesos adicionais. Essa solução também foi adotada pela Deutz DL1300. A resposta das vendas, contudo, não foi a esperada, de modo que essas máquinas deixaram de ser produzidas na segunda metade da década.

No início da década de 70, as carregadeiras de esteiras, lançadas na década de 40, passaram a enfrentar as escavadeiras hidráulicas e carregadeiras de pneus, que estavam tendo uma participação cada vez maior no mercado. Os projetistas buscaram inovações para manter a competitividade, mas o conceito acabou sendo superado.

DERRADEIROS

Com a possibilidade de acabamento do terreno com a caçamba das escavadeiras ou carregadeiras, as vendas de tratores de esteiras também começaram a se reduzir, mesmo com as inovações lançadas nos tratores pesados de pneus, muito populares nos anos 60, que praticamente desapareceram na década seguinte.

Nessa mesma época, alguns projetistas estavam buscando aperfeiçoar o projeto básico das motoniveladoras, mirando principalmente maior precisão no posicionamento da lâmina. Em 1972, a RayGo lançou uma máquina gigantesca, de 48 ton, com 318 hp em dois motores, um dianteiro e um traseiro, e duas articulações, uma na frente e outra na traseira. Era praticamente uma máquina situada entre o trator pesado de pneus e a motoniveladora. Mas seu sucesso não durou muito.

A minicarregadeira autônoma da Built-Robotics: futuro por vir

Uma máquina interessante que não chegou a passar da fase de protótipo foi a Autoblade da CMI, que tinha uma configuração com dois motores e uma cabina que girava 180o, conforme o sentido de deslocamento da máquina. Assim, o projeto convencional das motoniveladoras comprovou sua eficiência e permaneceu sem grandes alterações durante os anos que se seguiram, até hoje.

Essa foi também a época dos scrapers. Os modelos elevatórios se tornaram populares por algum tempo, sendo produzidos por diversos fabricantes. A Caterpillar desenvolveu um sistema amortecedor na articulação (Cushion Hitch) para reduzir o balanço durante o transporte. Na mesma linha, a Terex lançou o Loadrunner e a Komatsu lançou o K23S, ambos com suspensão hidropneumática, para maior conforto do operador. Outras inovações foram o sistema push-pull da Caterpillar, adotado por FiatAllis, International e Terex, além das máquinas com scrapers em série, que não tiveram grande aceitação.

Aliás, os scrapers começaram a desaparecer no final da década de 70, substituídos por escavadeiras hidráulicas e caminhões articulados, os últimos equipamentos que podem ser chamados de inovadores.

FUTURO

Mais de 40 anos depois, os equipamentos continuam sendo basicamente os mesmos. Como procuramos mostrar neste artigo, as máquinas apenas cresceram (e se reduziram novamente) e tiveram aperfeiçoamentos, principalmente devido à evolução da hidráulica e da eletrônica, que melhorou o desempenho e garantiu maior eficiência e confiabilidade, mas não alterou as diretrizes básicas de projeto, cujas inovações parecem ter cessado no final dos anos 70.

Neste século, as inovações surgiram principalmente com os equipamentos autônomos, ainda em fase de testes, que dispensam a atuação do operador. Alguns já passaram da fase de protótipo, mas ainda não entraram em produção comercial. Talvez esse seja o rumo evolutivo do setor, mais de 40 anos depois da última inovação. Vejamos o que o futuro nos trará.

Leia na próxima edição:
As carregadeiras que marcaram época

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