Nesta altura dos acontecimentos, todos sabem que vivemos dias de questionamentos profundos sobre as práticas de negócios predominantes no mercado brasileiro. Algumas situações particulares – incluindo denúncias e escândalos – envolvem importantes empresas de setores nevrálgicos do país, o que projetou o tema da governança e da conduta ética a alturas vertiginosas e inesperadas de consciência corporativa.
Obviamente, o dia a dia das empresas traz situações nem sempre muito claras, sendo que as oportunidades de equívocos e erros são muito frequentes. Mas também é um fato que a cultura local foi um tanto permissiva num passado nem tão distante, em que a “flexibilidade” era uma característica bastante cultivada nestas paragens. Considerando que “ser esperto” se tornara uma forma institucionalizada de valorizar as pequenas contravenções e corroborar uma moral imediatista em nosso país, muitos profissionais adotaram este comportamento – baseado no famigerado “jeitinho brasileiro” – como sinal de competência.
E quando foi que as coisas mudaram? As mudanças foram tão sutis e graduais que o mundo dos negócios nem percebeu? De repente, tudo agora é
Nesta altura dos acontecimentos, todos sabem que vivemos dias de questionamentos profundos sobre as práticas de negócios predominantes no mercado brasileiro. Algumas situações particulares – incluindo denúncias e escândalos – envolvem importantes empresas de setores nevrálgicos do país, o que projetou o tema da governança e da conduta ética a alturas vertiginosas e inesperadas de consciência corporativa.
Obviamente, o dia a dia das empresas traz situações nem sempre muito claras, sendo que as oportunidades de equívocos e erros são muito frequentes. Mas também é um fato que a cultura local foi um tanto permissiva num passado nem tão distante, em que a “flexibilidade” era uma característica bastante cultivada nestas paragens. Considerando que “ser esperto” se tornara uma forma institucionalizada de valorizar as pequenas contravenções e corroborar uma moral imediatista em nosso país, muitos profissionais adotaram este comportamento – baseado no famigerado “jeitinho brasileiro” – como sinal de competência.
E quando foi que as coisas mudaram? As mudanças foram tão sutis e graduais que o mundo dos negócios nem percebeu? De repente, tudo agora é assunto de governança e conduta ética? Tais questões devem rondar a imaginação do perplexo leitor – e com toda a razão, tendo em vista a persistência residual desse comportamento.
Na verdade, a evolução não foi tão imediata e nem tão inesperada quanto pode parecer. Após os escândalos envolvendo a Enron e a Arthur Andersen, muitos devem se lembrar da rapidez com que a SEC (Securities and Exchange Commission, que supervisiona a bolsa de valores de Nova Iorque, a NYSE – New York Stock Exchange) sacou o conjunto de regras de “compliance” do SOX (a lei Sarbanes-Oxley). O que ocorreu então foi apenas o encontro da oportunidade com uma intenção já planejada.
Na sequência, a perda de competitividade das empresas norte-americanas sujeitas ao SOX demandou a adoção obrigatória de normas similares da Comunidade Europeia e, mais recentemente, da Ásia, para enfim poder reequilibrar as empresas. O aprendizado mais importante, no entanto, é o fato de que após esta “inesperada” exposição negativa acarretada pelos escândalos, passou-se a esperar uma reação mais ativa das empresas em relação ao “compliance”. E, de fato, o incômodo gerado pela opinião pública adversa e os fortes impactos econômicos não deixaram alternativa às organizações envolvidas senão melhorar a governança e estimular a prática de condutas éticas em seus negócios.
Essas experiências também evidenciaram que o futuro – felizmente – aponta para um mercado mais transparente, para profissionais mais conscientes e práticas mais nobres no mercado. Do mesmo modo, o tempo remediará as feridas destes escândalos atuais, fortalecendo a ética nas organizações do nosso país.
*Yoshio Kawakami é consultor da Raiz Consultoria e diretor técnico da Sobratema
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