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Revista M&T - Ed.185 - Novembro 2014
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Coluna Yoshio

O Cabo de Guerra já começou

Em contextos instáveis como agora, aplica-se o poder de barganha para "alongar" os compromissos de pagamentos aos fornecedores e prestadores de serviços

Apesar dos costumeiros discursos que abundam em mais uma época da vida eleitoral nacional, oriundos principalmente da situação que invariavelmente procura demonstrar que o país segue bem, já há algum tempo as empresas estão adotando medidas de proteção de seus negócios.

As condições de recessão técnica talvez ainda não sejam visíveis ao consumidor em geral e às empresas que atuam no varejo, mas prestadores de serviços e fornecedores de grandes empresas mais uma vez já sentem os efeitos de um “Cabo de Guerra”.

Para quem nunca ouviu falar, o fenômeno é muito simples de explicar. Em contextos instáveis como agora, aplica-se o poder de barganha para “alongar” os compromissos de pagamentos aos fornecedores e prestadores de serviços. Trata-se de uma prática de preservação dos resultados financeiros das empresas que têm condições de realizar tal exercício. É claro que proteger o caixa é sempre importante neste tipo de contexto econômico e aqueles que podem certamente o fazem. Com o artifício, ganham-se alguns dias, que ao final são contabilizados como redução de custos financeiros.

O fato é que, para algumas empresas, já vem ocorrendo no


Apesar dos costumeiros discursos que abundam em mais uma época da vida eleitoral nacional, oriundos principalmente da situação que invariavelmente procura demonstrar que o país segue bem, já há algum tempo as empresas estão adotando medidas de proteção de seus negócios.

As condições de recessão técnica talvez ainda não sejam visíveis ao consumidor em geral e às empresas que atuam no varejo, mas prestadores de serviços e fornecedores de grandes empresas mais uma vez já sentem os efeitos de um “Cabo de Guerra”.

Para quem nunca ouviu falar, o fenômeno é muito simples de explicar. Em contextos instáveis como agora, aplica-se o poder de barganha para “alongar” os compromissos de pagamentos aos fornecedores e prestadores de serviços. Trata-se de uma prática de preservação dos resultados financeiros das empresas que têm condições de realizar tal exercício. É claro que proteger o caixa é sempre importante neste tipo de contexto econômico e aqueles que podem certamente o fazem. Com o artifício, ganham-se alguns dias, que ao final são contabilizados como redução de custos financeiros.

O fato é que, para algumas empresas, já vem ocorrendo nos últimos seis meses uma deterioração gradual do prazo de recebimento, com o indicador do prazo de recebimento alcançando, em média, mais de 60 dias. Para as empresas, isso significa que a necessidade de capital de giro cresceu muito, levando-as a recorrer ao crédito para financiamento do capital de giro, evidentemente com custos elevados. Com isso, muitas já estão sofrendo um incremento de 100% na despesa financeira.

Tudo isso poderia ser considerado normal, indicando que todos estão sofrendo com a situação do mercado e que há uma distribuição democrática desses custos adicionais. Mas o fato é que, muitas vezes, as causadoras de problemas podem ser algumas empresas listadas entre as “Melhores e Maiores” do país, detentoras de marcas admiradas pelo público em geral.

Ora, se a integridade é – como sabemos – um dos principais valores apregoados pelas empresas, a mesma probidade também deveria ser aplicada na proteção de seus parceiros e fornecedores. Pois a eficiência da cadeia produtiva também é sacrificada por tais ações, principalmente num país com altíssimo custo de capital como o Brasil.

*Yoshio Kawakami é consultor da Raiz Consultoria e diretor técnico da Sobratema

 

 

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