Até o final do primeiro semestre, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) deve entregar mais um lote de 18 mil equipamentos aos municípios brasileiros com menos de 50 mil habitantes. Por meio do programa PAC 2, as cidades receberão motoniveladoras, retroescavadeiras e caminhões basculantes, sendo que as localidades em situação declarada de emergência também receberão uma pá carregadeira. Para o leitor ter uma ideia de seu impacto no mercado, a demanda do MDA nos últimos oito meses o posiciona como o maior comprador isolado de equipamentos em todo o mundo, como lembra o presidente da Volvo CE, Afrânio Chueire.
A maior parte das entregas (cerca de 70%) foi realizada ainda no ano passado, impactando positivamente no desempenho do setor de equipamentos para construção. Na Linha Amarela, o maior beneficiado pelo programa foi – disparado – o nicho de motoniveladoras, com uma previsão de entrega de mais 5.061 unidades até o final do primeiro semestre deste ano.
Como categoria isolada, o índice representou um recorde histórico. De acordo com o Estudo Sobratema do Mercado Brasil
Até o final do primeiro semestre, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) deve entregar mais um lote de 18 mil equipamentos aos municípios brasileiros com menos de 50 mil habitantes. Por meio do programa PAC 2, as cidades receberão motoniveladoras, retroescavadeiras e caminhões basculantes, sendo que as localidades em situação declarada de emergência também receberão uma pá carregadeira. Para o leitor ter uma ideia de seu impacto no mercado, a demanda do MDA nos últimos oito meses o posiciona como o maior comprador isolado de equipamentos em todo o mundo, como lembra o presidente da Volvo CE, Afrânio Chueire.
A maior parte das entregas (cerca de 70%) foi realizada ainda no ano passado, impactando positivamente no desempenho do setor de equipamentos para construção. Na Linha Amarela, o maior beneficiado pelo programa foi – disparado – o nicho de motoniveladoras, com uma previsão de entrega de mais 5.061 unidades até o final do primeiro semestre deste ano.
Como categoria isolada, o índice representou um recorde histórico. De acordo com o Estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção, em 2013 as compras do MDA ajudaram o nicho de motoniveladoras a crescer fabulosos 177% em relação ao ano anterior. Em números redondos, foram comercializadas 4.050 unidades, contra 1.460 do ano anterior. Nesta reportagem, M&T ouve fabricantes que participaram do programa para elucidar obrigações pontuais do edital, que envolveu oito lotes de licitação de compra das motoniveladoras.
COMPROMISSO
Em primeiro lugar, como pontua Keller Melo, gerente de vendas da Sany, apenas empresas com produção nacional (acima de 60%) participam do processo licitatório. Por isso, a marca chinesa – que não fabrica esse tipo de equipamento no Brasil – não integrou nenhum dos grupos que concorreram ao fornecimento de equipamentos ao MDA. A empresa, no entanto, produz máquinas em regime de CKD (Complete Knock Down), mantendo presença nacional e concorrência em outros tipos de empreendimentos.
Já a Case venceu três lotes (3º, 4º e 5º) e forneceu motoniveladoras para cidades de 10 estados brasileiros. Ao todo, a fabricante está entregando 809 equipamentos desse tipo, com o compromisso de manter as máquinas atuantes e produtivas. “O edital contempla o treinamento mínimo de 16 horas para dois técnicos operadores ou mecânicos por máquina entregue”, informa Fábio Costa, especialista de produto da Case. Segundo ele, os treinamentos abordam aspectos teóricos e práticos, garantindo critérios de qualidade na certificação dos técnicos-operadores dos municípios beneficiados.
Outra exigência do edital, segundo Costa, diz respeito às manutenções preventivas. O fabricante se responsabiliza por realizar paradas em até 2.500 horas de operação, ou 100 mil km rodados. Segundo o portal de informações do MDA, “os serviços de manutenção e revisão do equipamento não imputam, no geral, custos às prefeituras (...) e não podem ser cobrados deslocamentos dos técnicos da empresa para realizá-los, independentemente da distância percorrida”.
Pelas regras, as manutenções preventivas ou programadas incluem o fornecimento, substituição e troca de óleos, filtros, lubrificantes e componentes previstos na revisão comum dos equipamentos. Inclui também a mão de obra necessária para a realização dos serviços. Já o prazo total da garantia é de 24 meses, a partir da data de entrega.
RESPALDO
A New Holland – empresa do mesmo grupo corporativo da Case (CNH) – venceu um dos lotes para fornecer 471 motoniveladoras. Segundo Marcos Rocha, gerente de marketing da empresa, o fornecimento certamente deu “respaldo” ao bom resultado comercial obtido pela empresa e pelo próprio mercado de motoniveladoras no ano passado. O mesmo efeito é esperado para este ano, apesar da expectativa de leve retração no setor de equipamentos. “Neste ano, os aportes do governo não serão os mesmos de 2013”, diz ele. “Porém, ainda assim os investimentos serão altos e isso nos permitirá uma boa participação no mercado.”
Na avaliação do executivo da New Holland, o governo federal acerta em investir para a renovação e expansão da frota de equipamentos disponibilizados às regiões mais carentes do país. Ainda no primeiro semestre de 2014, devem ocorrer novos aportes por parte do MDA, traduzidos por aditivos dos contratos firmados em 2013. “Já no segundo semestre e em 2015 toda a movimentação do mercado será impactada pelo resultado das eleições presidenciais”, avalia Rocha.
A Caterpillar também venceu parte dos lotes de motoniveladoras licitados pelo MDA. A empresa não divulgou quais exatamente, ou a quantidade envolvida, mas reforçou a importância de participar de uma licitação pública e aberta a qualquer fabricante com produção nacional. “Oferecemos um produto de qualidade, que atende a todos os requisitos apresentados no edital, a um preço competitivo”, informou sua assessoria de comunicação. “Por isso mesmo, ganhamos alguns lotes.”
APLICAÇÕES
As motoniveladoras adquiridas pelo MDA devem atuar na construção e manutenção de estradas vicinais, tanto para a infraestrutura urbana das pequenas cidades quanto para escoamento e aplicações em campos agrícolas. Segundo Rocha, da New Holland, essa é uma situação comum de aplicação das patrols (como as motoniveladoras também são conhecidas) no Brasil. “Diferentemente dos países desenvolvidos, onde esse tipo de equipamento é utilizado para manutenção das vias já existentes, o desafio no Brasil é muito maior”, adianta ele. “Aqui, as máquinas trabalham o dobro das horas de uma similar nos EUA ou Europa e com aplicação mais severa, uma vez que são utilizadas na duplicação de rodovias existentes, quando não na construção de novas, além da pavimentação.”
Já na agricultura, o especialista avalia que é cada vez maior o ingresso de novas tecnologias e equipamentos, incluindo de construção. E, nesse rol, não entram somente as motoniveladoras, mas também tratores de esteira, pás carregadeiras, escavadeiras e retroescavadeiras. “As máquinas de construção têm funções diversas nas lavouras”, explica. “Elas atuam na execução de curvas de nível, gradeamento, adubação, cultivo etc.”
Na avaliação da Caterpillar, em outros países o mercado de motoniveladoras é mais amplo, em decorrência principalmente da versatilidade de uso e acessórios disponíveis para esses equipamentos, que vão desde lâminas frontais até acessórios laterais para remoção de neve. “No Brasil, além das aplicações tradicionais em pavimentação e manutenção de estradas vicinais, o mercado agrícola apresenta grandes oportunidades para aplicação do equipamento, sobretudo em manutenção de vias de acesso e preparação de terraços”, informa a empresa.
Costa, da Case, é enfático ao apontar a manutenção de estradas como principal forma de utilização das motoniveladoras no Brasil. Ele recorda que, de modo geral, as licitações do MDA também visam a atender municípios na manutenção de vias vicinais para melhorar o escoamento da produção agrícola e a circulação de bens e pessoas. “O mercado agrícola também é interessante, sem dúvida, pois as motoniveladoras são cada vez mais utilizadas para construção e manutenção das vias de acesso e manutenção de solo para plantio”, confirma.
A Sany também confirma como mercado principal a pavimentação e construção rodoviária. Segundo Melo, o equipamento da marca está preparado para atender às demandas. “Nossa motoniveladora tem motor Cummins de 190 hp e transmissão totalmente hidráulica e automática, o que se traduz numa operação mais simples”, diz ele. “A máquina conta ainda com painel digital e computador de bordo dotado de todos os parâmetros do equipamento e de sistema para diagnóstico de falhas.”
TECNOLOGIAS
Segundo Melo, o sistema de transmissão hidráulico da marca chinesa possui controle de tração, o que evita o atoamento do equipamento e melhora a força de trabalho, além de proporcionar maior vida útil aos componentes em relação às motoniveladoras com tração por corrente (mecânicas). “A mesa giratória dessa máquina é blindada e evita a contaminação”, afirma. “Por isso, ela tem vida útil de até 10 mil horas sem necessidade de reparo.”
A New Holland também apresenta uma extensa lista de recursos em sua motoniveladora. Segundo Rocha, a máquina possui comandos hidráulicos e transmissão de controle eletrônico, além de articulação do chassi à frente da cabine. O motor atende às exigências do Tier III, com injeção de combustível controlada eletronicamente. “Os eixos da nossa motoniveladora foram feitos para garantir robustez e maior capacidade de transferência de potência ao solo”, detalha. “O dianteiro é feito em estrutura de aço soldada, com partes fundidas de alta resistência, oferecendo um vão livre amplo e constante de 580 mm em toda a sua extensão.”
O eixo traseiro da patrol da New Holland é feito em ferro fundido e a estrutura do tandem é construída com perfil retangular soldado em chapas de aço. “A máquina também tem sistema de diferencial de patinagem limitada, com transferência de torque e bloqueio automáticos. A oscilação do tandem é de 20 graus para cada lado”, destaca.
Como recurso operacional, o especialista cita o Electronic Data Monitor (EDM), que monitora todas as funções vitais do equipamento, possibilitando ao operador obter informações seguras sobre o funcionamento da máquina. “O painel lateral possui mostradores analógicos de cristal líquido, de fácil leitura para o nível de combustível, temperaturas e pressões do óleo do motor e da transmissão”, diz.
COMANDOS
Principalmente no que tange à parte estrutural, a motoniveladora da Case possui tecnologias semelhantes às da coirmã, a New Holland. Mesmo assim, o executivo de marketing da empresa destaca a lâmina com perfil multirraios, que favorece o rolamento do material, ao invés do seu empuxo “Isso garante menor esforço ao equipamento e, consequentemente, menor consumo de combustível”, finaliza Costa, complementando que o comando de marcha é eletrônico e a cabine montada sobre o chassi traseiro, o que gera maior espaço interno para o operador.
Já as motoniveladoras da Caterpillar recebem destaque pela operação por joystick nos modelos da sua série M. Segundo a empresa, essa tecnologia oferece controles suaves e intuitivos, que facilitam o manuseio do equipamento e encurtam o período de treinamento e qualificação de operadores. “O joystick auxilia nossos clientes a superar um dos principais desafios do mercado de motoniveladoras na atualidade, que é o de encontrar operadores qualificados”, informa a empresa.
Outro diferencial da Caterpillar são as opções de automação do processo de nivelamento, como o Cross Slope, que permite ao operador controlar, de dentro da cabine, o ângulo de nivelamento, facilitando a operação e provendo melhores resultados com menos passadas. Esse mesmo acessório é compatível com o sistema AccuGrade, que habilita o controle da operação com auxílio de GPS ou Laser e que pode ser instalado pelo usuário no campo.
Relatório aponta falhas, diz jornal
Encaminhado ao Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) em janeiro, relatório preliminar da Controladoria-Geral da União (CGU) acompanhou a distribuição de retroescavadeiras em uma amostra aleatória de 67 municípios, conforme informou o jornal O Estado de S.Paulo. Segundo o documento, não há fiscalização adequada (82% dos municípios analisados), as retroescavadeiras não passam pela revisão prevista (42% da amostra analisada) e os operadores não recebem capacitação para lidar com as máquinas (55% dos municípios). O CGU afirma que a auditoria será divulgada apenas quando o relatório final estiver concluído, enquanto o MDA diz que as recomendações do documento – como a instituição de um sistema informatizado para registro da utilização do maquinário doado – estão em análise.
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