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Revista M&T - Ed.188 - Março 2015
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Editorial

Momento de cautela

"Passada a fase amarga de ajustes, o mais provável é que os pagamentos comecem a ser postos em dia e as contratações de novas obras se reiniciem apenas no segundo semestre, com uma retomada mais significativa do crescimento a partir de 2016"

Em clima de apreensão, o mercado aguarda pelos desdobramentos da política de choque desencadeada pelo governo no sentido de equilibrar o cenário econômico. Após a adoção de medidas consideradas draconianas como o aumento de taxas de juros e a redução de crédito, as empresas caminham com extrema cautela na tentativa de reestabelecer o caixa e o faturamento, que no último ano segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) recuou 13,7% em relação a 2013. No setor de bens de capital, que está tecnicamente em recessão, a queda no consumo foi ainda mais acentuada, chegando a 15% de retração na comparação com 2013. Aliás, foi a terceira queda anual consecutiva do faturamento do setor, o que bastou para derrubar o ânimo de muita gente.

De fato, para as empresas que atuam no setor da construção e infraestrutura, o desafio é considerável. Além da estagnação na execução do programa de concessões, aspectos como insegurança de investidores, atrasos de pagamentos, adiamento de ordens de serviços e cancelamento de contratos também levaram a dentre outros efeitos deletérios uma consequente queda do número de postos ocupados nesta indústria, que recuou 3,3% em relação ao ano anterior. No geral, o único índice que se manteve positivo foi o de exportações, que aumentou 7,4% em relação a 2013.

Para tentar apaziguar os ânimos, o governo apressou-se em anunciar que no decorrer do ano vai lançar um plano nacional de exportações, desburocra


Em clima de apreensão, o mercado aguarda pelos desdobramentos da política de choque desencadeada pelo governo no sentido de equilibrar o cenário econômico. Após a adoção de medidas consideradas draconianas como o aumento de taxas de juros e a redução de crédito, as empresas caminham com extrema cautela na tentativa de reestabelecer o caixa e o faturamento, que no último ano segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) recuou 13,7% em relação a 2013. No setor de bens de capital, que está tecnicamente em recessão, a queda no consumo foi ainda mais acentuada, chegando a 15% de retração na comparação com 2013. Aliás, foi a terceira queda anual consecutiva do faturamento do setor, o que bastou para derrubar o ânimo de muita gente.

De fato, para as empresas que atuam no setor da construção e infraestrutura, o desafio é considerável. Além da estagnação na execução do programa de concessões, aspectos como insegurança de investidores, atrasos de pagamentos, adiamento de ordens de serviços e cancelamento de contratos também levaram a dentre outros efeitos deletérios uma consequente queda do número de postos ocupados nesta indústria, que recuou 3,3% em relação ao ano anterior. No geral, o único índice que se manteve positivo foi o de exportações, que aumentou 7,4% em relação a 2013.

Para tentar apaziguar os ânimos, o governo apressou-se em anunciar que no decorrer do ano vai lançar um plano nacional de exportações, desburocratizar o relacionamento das empresas com o Estado e ampliar as concessões e autorizações no setor de infraestrutura para o setor privado, com destaque para os setores de rodovias, portos, aeroportos, hidrovias e ferrovias. Ou seja, tudo o que o setor vem esperando (em vão) já há um bom tempo.

Malgrado o dissabor momentâneo, se tudo isto se concretizar o país poderá finalmente voltar aos eixos, adaptando-se a uma nova realidade econômica que, já não restam dúvidas, exige adaptações e persistência dos setores produtivos. O que parece certo, entretanto, é que – mesmo com as medidas adotadas – ninguém espera uma melhora do cenário já para este ano. O que se especula é que, passada a fase amarga de ajustes, os pagamentos comecem a ser postos em dia e as contratações de novas obras se reiniciem apenas no segundo semestre, com uma retomada mais significativa do crescimento a partir de 2016.

Para tanto, nunca é demais repetir, urge encaminhar soluções para outras promessas ainda não cumpridas, como melhorar as condições contratuais e taxas de retorno, equalizar os financiamentos públicos e desatar o nó dos mecanismos tributários. Quando a tempestade passar, o país poderá retomar sua marcha de prosperidade e desenvolvimento. Algo que sempre fizemos por merecer, como o leitor pode conferir nas reportagens desta edição. Boa leitura.

Claudio Schmidt

Presidente do Conselho Editorial

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