P U B L I C I D A D E

ABRIR
FECHAR
Revista M&T - Ed.18 - Jul/Ago 1993
Voltar
SOBRATEMA

INFORMÁTICA E MANUTENÇÃO

Fotos: Fábio Caldeira

INTRODUÇÃO
A busca de melhorias na área de manutenção é uma empreitada que impõe muito mais do que corrigir defeitos. Mergulhar fundo nela requer ferramental adequado, conhecimento da atividade e é necessários um embasamento tecnológico, uma metodologia moderna, um trabalho contínuo de desenvolvimento e conscientização de todas as partes envolvidas. O gerenciamento da Manutenção tem de contribuir para o, resultado da empresa, o lucro. É importante portanto que, os dirigentes da empresa possuam uma ideia clara dos custos envolvidos para alcançar seus objetivos.
No passado, na grande maioria das empresas, a consciência de manutenção sempre teve uma dimensão muito pequena. Com o passar dos tempos, a busca da performance operacional e financeira em um mercado altamente competitivo, conduziu a alta administração a levar mais a sério a manutenção.
Os conceitos de manutenção também evoluí


Fotos: Fábio Caldeira

INTRODUÇÃO
A busca de melhorias na área de manutenção é uma empreitada que impõe muito mais do que corrigir defeitos. Mergulhar fundo nela requer ferramental adequado, conhecimento da atividade e é necessários um embasamento tecnológico, uma metodologia moderna, um trabalho contínuo de desenvolvimento e conscientização de todas as partes envolvidas. O gerenciamento da Manutenção tem de contribuir para o, resultado da empresa, o lucro. É importante portanto que, os dirigentes da empresa possuam uma ideia clara dos custos envolvidos para alcançar seus objetivos.
No passado, na grande maioria das empresas, a consciência de manutenção sempre teve uma dimensão muito pequena. Com o passar dos tempos, a busca da performance operacional e financeira em um mercado altamente competitivo, conduziu a alta administração a levar mais a sério a manutenção.
Os conceitos de manutenção também evoluíram para atender às necessidades impostas por tais circunstâncias. Novas ideias, técnicas de manutenção, ferramentas de diagnose, etc, começaram a se tornar disponíveis e progressivamente mais acessíveis.
Hoje em dia, cada vez mais se difunde a ideia, em ambiente de manutenção, de que um equipamento nada mais é que um aglomerado de componentes que em um dado instante está operando em conjunto. Ou seja, um equipamento é um “almoxarifado de componentes", ambulante ou não, dependendo da sua finalidade. Por outro lado, em contraposição à antiga e valiosa técnica de avaliação das informações de "histórico de defeitos e consumos”, contamos hoje com adicionais modernos, instrumentos de altíssima tecnologia de medição de parâmetros de operação, de desempenho e de indicadores de funcionamento, "on board” ou não, que sugerem um acompanhamento constante de tendências e desvios. Sem dúvida, o monitoramento de tais parâmetros constitui uma poderosa ferramenta de diagnóstico e predição para manutenção.
A Manutenção, além de requerer uma boa base tecnológica, é acima de tudo uma ciência de alternativas. Por isso, ela se assenta em um instrumento muito importante: a informação.
Um bom gerenciamento da informação, em curtíssimo espaço de tempo, paga em muitas vezes o custo e o esforço investido.
Todavia, o volume de com- ponentes envol- vidos, de parâ- metros de refe- rência, a enorme quantidade de dados colhida e a sua intrincada interrelação, podem tomar a análise das informações bastante complexa, difícil e demorada. Mas é possível e necessário manter o fluxo de informações descomplicado e ágil.
Se neste contexto a INFORMAÇAO assume a posição de uma fantástica ferramenta da MANUTENÇÃO, a INFORMATIZAÇÃO assume a de paradigma da síntese ideal do elo entre a informação e as atividades da manutenção ...
DIFICULDADES NA INFORMATIZAÇÃO DA MANUTENÇÃO
A falta de objetivo empresarial nas estratégias a longo prazo do que, quando e onde informatizar e a cultura de nossos recursos humanos de temer o desconhecido e fazer restrições a inovações, se tornam um enorme empecilho e proporcionam um jogo de transferência de responsabilidades e postergações de decisões de implantação da in- formatização da manutenção.
A inexistência de cultura em informática, uma imagem distorcida de que “informática é um problema", devido a experiências negativas no passado, ou o uso de Processamento de Dados única e exclusivamente por vaidade gerencial ou como item promocional, tipicamente voltado para planilhas e agendas eletrônicas, ou ainda, contabilidade e folha de pagamento, podem constituir uma passado, ou o uso de Processamento de Dados única e exclusivamente por vaidade gerencial ou como item promocional, tipicamente voltado para planilhas e agendas eletrônicas, ou ainda, contabilidade e folha de pagamento, podem constituir uma barreira natural à implantação de um projeto complexo como a informatização da manutenção.
Em outras empresas o maior obstáculo é o próprio CPD. O “monstro sagrado” tem suas prioridades e não pode no momento designar uma equipe para desenvolver ou mesmo gerenciar outros projetos. Por outro lado, não pode delegar ou permitir que outras áreas desenvolvam isoladamente um sistema, pois o CPD é o responsável, perante à alta administração pela integridade e segurança do banco de dados da companhia ...
A definição e especificações do projeto, a principal razão do sucesso ou fracasso de qualquer sistema e principalmente do da informatização da manutenção, algumas vezes podem se tornar um trabalho difícil e demorado. A criação de equipe de projeto envolvendo muitas pessoas, de procedências e interesses diferentes, assumem a característica de um pântano engolindo tempo, dinheiro e esperanças.
As alternativas de “onde fazer”, possuem, cada uma, características, modus vivendi, custos e riscos próprios. A decisão de utilização de birô, microinformática, “main frame” ou combinação das 3 alternativas é complexa e, às vezes, feita sem conhecimento de causa, de uma maneira imprudente ou mesmo irresponsável. A utilização de especialista no auxílio à tomada de decisão é conveniente e importante, mas há de se ter cuidado com determinados consultores oportunistas sem compromisso com os resultados.
Recursos materiais tais como CPU, unidades de armazenamento de dados, terminais, redes, softs, impressoras, unidades de captação de dados (cartão de ponto, monitoramento “on board”, servo-sistemas, etc), “no break”, instalações físicas, etc, por si só já representam um investimento vultoso e que assusta aos empresários. Se não planejados adequadamente geram desperdícios que podem atingir valores desastrosos.
Por fim, a perspectiva de geração de um “dinossauro”, um sistema imenso, ocupando muito espaço, lento e com uma inteligência minúscula é sempre um fantasma pairando sobre as cabeças dos dirigentes das empresas.
ATRIBUTOS BÁSICOS DA INFORMAÇÃO
Os atributos básicos da informação são DISPONIBILIDADE E DEMO-CRATIZAÇÃO, traduzidos no que chamamos de “Direitos Universais do Usuário”:
“Toda informação é disponível e de fácil acesso àquele que dela necessitar e se ela estiver liberada em seu nível”. Para que isso seja possível, as informações devem ser claramente definidas como abertas e disponíveis para cada nível de usuário.
“Existe um único responsável formal para cada informação”. Só ele tem autorização de modificá-la.
“Os sistemas podem e devem ser alterados para atender as necessidades do usuário e se tornarem mais eficazes”. Mas, com disciplina, isto é, devidamente documentado e sempre levando em conta o binômio “custo-benefício”.
“Todo sistema tem um início, uma vida e um fim”. É importante reconhecer quando um sistema não deve mais ser utilizado e, portanto, ser substituído.
GÊNESES DO SISTEMA
A criação de um sistema começa pela nomeação de um responsável pelo projeto, não necessariamente o Gerente da Manutenção, mas sem dúvida um elemento carismático e, pelo seu “tendão de Aquiles” - a equipe de projetos-, que deve ser formada pelas pessoas mais importantes ligadas ao seu uso e que normalmente, devido as suas atividades do dia a dia, são pouco disponíveis. Prioridade e comprometimento dos elementos da equipe para execução das tarefas exigidas pelo projeto são indispensáveis.
O segundo passo, a especificação do usuário, exposta de uma maneira objetiva, clara e detalhada, traduzida em um documento escrito e reconhecido oficialmente pelo usuário e pelo grupo de sistemas, é a base de um sistema sólido e fundamental para evitar conflitos oriundos de maus entendimentos, esquecimentos e indefinições.
A fase seguinte de determinação da “dimensão” ou abrangência do banco de dados (o que é imprescindível, o que é importante, o que é desejável e o que é supérfluo) está intimamente ligada aos objetivos de saída e é fundamental no resultado da manutenção. São feitas, então, as considerações sobre as informações: cadastrais, necessidade de codificar as descritivas, as trabalhadas, consistência na entrada, segurança no seu uso e tempo de guarda.
Desenvolvendo, em paralelo, vem a tomada de decisão da plataforma e o ambiente de trabalho a serem utilizados. A escolha do tipo de banco de dados e linguagem de programação são importantes para compatibilização com eventuais sistemas em uso e, pelo seu custo inicial, custo de manutenção e performance do sistema a ser desenvolvido. _
Seguem-se as etapas de produção do sistema, o projeto lógico, a codificação, controle de qualidade, testes de operacionalidade e instalação do sistema. Acompanhando estas fases e outras posteriores deve existir um excelente procedimento de documentação sistema: cronograma de trabalho projeto lógico, documentos ao programa, documentos de alterações etc. E finalmente, mas não por último, é indispensável a confecção de um Manual do Usuário compreensível e prático.
A IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA
A implantação do sistema deve ser monitorada por um responsável que deve previamente definir uma estratégia de implantação, antecipando possíveis problemas, planejando o treinamento dos usuários e a confecção de todos os formulários envolvidos, obedecendo estes a um desenho lógico e garantindo que eles se encontrem disponíveis na hora certa. Um detalhe importante, e que não pode ser esquecido, é o planejamento da alimentação inicial do sistema com as informações cadastrais, da pertinentes e principalmente aos parâmetros de referência para comparação. E mais: a manutenção de uma cópia de segurança do sistema e um procedimento rotinizado de “back-up” dos arquivos de dados.
UTILIZANDO O SISTEMA
A parte mais importante do sistema, sem dúvida, é a sua utilização. Os resultados da manutenção serão diretamente proporcionais ao esforço e a qualidade gerencial. Como dissemos anteriormente, os equipamentos devem ser monitorados, nascente dos dados para uma eficiente manutenção preventiva e preditiva, para o TPM (Total Productive Maintenance).
A responsabilidade do Gerente de Manutenção moderno é mais abrangente, pois além de dirigir uma equipe e de cuidar da gerência técnica, assume a responsabilidade de Gerente da Informação de Manutenção: ele deve fazer a manutenção do cadastro, mantendo-o sempre atualizado, numa administração de entrada de dados precisa e segura, consistente, sem omissões, erros e atrasos. Garantir a análise da informação também é sua tarefa. A informação captada e processada deve ser estudada, avaliada e ser fonte para geração de providências de manutenção. Não analisar é um desperdício e não tomar uma atitude, um crime.
As decisões de manutenção e as decisões gerenciais são agora fortemente calcadas na informação. Os ajustes no programa são importantes para sua eficácia, para que não caia rapidamente na obsolescência. Qualidade Total, na execução dos serviços e no tratamento da informação, deve ser o foco objetivo da Manutenção. Um novo e mais eficiente modelo de gerência, baseado no fato de que todos devem executar os seus serviços mais atentos e participativamente com comprometimento com o produto: equipamento disponível com segurança. Um esforço precisa ser dirigido para execução da manutenção e revisões antes do aparecimento da falha. A seriedade no trato dos equipamentos e da informação é uma imposição constante...
Os resultados se afloram claramente. Com os equipamentos mantidos constantemente em suas características originais de operação, a possibilidade de ocorrência de acidentes devido à má conservação é reduzida. Os equipamentos de reserva podem ser minimizados, tornando-se produtivos. As interrupções constantes, devido a falhas, são eliminadas ou atenuadas sensivelmente, em consequência de providências baseadas na análise da origem das falhas (determinação da causa do problema) e do monitoramento dos parâmetros de operação, de desempenho e indicadores de irregularidades. A sobrecarga na manutenção, oriunda de emergências e imprevistos, desaparece. Os estoques de peças tendem a diminuir e as compras não só ficam sujeitas a menos erros, mas passam a ser mais programáveis.
PRODUTOS
Os produtos do sistema são os mais diversos e devem ser produzidos conforme o tamanho, necessidade e disponibilidade de recursos de cada empresa. Os mais comumente usados são:
- planilhas de manutenção -programação da manutenção -controle de serviços pendentes -administração da OS -literatura eletrônica de suporte técnico
- administração da mão-de-obra (utilização e produtividade) -estatística de defeitos -análise de tendências -estatísticas de reparos: tempos e peças
- PERT para grandes revisões - estatísticas de consumos, combustível, energia, etc controle de disponibilidade análise Life Cicle Cost análise Reparar, Reformar, Repor
- dimensionamento de quadro de pessoal produtivo
-dimensionamento de oficinas
- orçamento anual
- controle de ferramentas
- controle de literaturas
- dados para treinamento orientado para performance
COACHING
Não é fácil conseguir a gerência eficaz, mas é viável. O fator principal para sua implementação é o elemento humano. É ele que proporciona a diferença entre as empresas. Administrar é fazer as pessoas crescerem através de seu trabalho para atingir os objetivos da empresa e satisfazer as necessidades de ambos. Os gerentes são contratados para, utilizando recursos humanos e materiais, fazer com que as coisas sejam feitas de modo correto, isto é, com uma qualidade compatível, em um prazo pré-estabelecido e a um custo adequado.
Em especial o Gerente de Manutenção, pela quantidade de pessoas engajadas no seu departamento, tem a responsabilidade de ser o líder da equipe. Desde o início do projeto de Informatização da Manutenção, deve assumir o papel de treinador, “coach”, de uma equipe formada para ser vencedora. Ele é o único responsável pelo resultado do projeto. Mas deve saber repartir as tarefas, delegando-as a pessoas capazes e outorgando-lhes a autonomia necessária, principalmente ao Gerente do Projeto. Utilizando um sistema de monitoramento adequado, deve identificar problemas, potências, oferecer e prover reforço e suporte necessários para superar as dificuldades. Embora a responsabilidade do resultado seja do Gerente de Manutenção, o esforço para conquista do sucesso é da equipe e isto deve ser reconhecido. E por este esforço a equipe tem que ser recompensada.
EXCELÊNCIA DA MANUTENÇÃO
A excelência da Manutenção é alcançada pela estabilidade da triangulação: alta disponibilidade, confiabilidade e baixo custo. Disponibilidade do equipamento para sua utilização e garantia de performance operacional ao mais baixo custo por unidade de operação. Este estalão traduz-se em qualidade segundo os padrões da ISO 9000.

Walter de Castro Barros Diretor da Translog - Consultoria e Engenharia de Sistemas

P U B L I C I D A D E

ABRIR
FECHAR

P U B L I C I D A D E

P U B L I C I D A D E