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Revista M&T - Ed.226 - Agosto 2018
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A Era das Máquinas

Explosivos avançam na demolição

Por Norwil Veloso

Cena de desmonte de rocha com o uso de explosivos, no início do século XX

Quando se fala em demolição de edifícios, a primeira imagem que vem à mente é a de um prédio explodindo e descendo numa nuvem de poeira e entulho. Na verdade, o prédio não explode (nem implode) nesse processo, embora tenhamos visto diversas estruturas “desaparecerem”.

Mesmo com toda a publicidade, a demolição estrutural com explosivos continua sendo uma atividade mal-entendida. Isso torna difícil estabelecer uma linha do tempo ou mesmo uma evolução do processo que, por sua vez, está vinculado à evolução dos explosivos.

Seja como for, o primeiro explosivo utilizado foi a pólvora negra, cuja utilização se iniciou no século XIII e cujo primeiro uso registrado em demolição ocorreu no início do século XVII, inicialmente em pedreiras na Hungria, minas da Inglaterra e, logo depois, construção rodoviária na Suíça. Um fato importante ocorreu em 1773, quando foram usados aproximadamente 70 kg de pólvora para demolir a Catedral da Santíssima Trindade em Waterford, na Irlanda.

Na América, os explosivos começaram a ser usados por volta de 1850, quando São Francisco sofreu uma série de incêndios. Numa tentativa desesperada de interromper o avanço das chamas, a cidade aprovou a demolição de alguns edifícios que estavam na trajetória de avanço, de modo a reduzir o suprimento de material a ser queimado. As unidades de bombeiros passaram então a manter estoques de pólvora para esse fim.

DETONAÇÕES

Nessa mesma época, após a descoberta por Ascanio Sobrero de um novo explosivo, a nitroglicerina, muitos químicos procuraram torná-la menos instável por meio da combinação com outras substâncias.

Nesse processo, Alfred Nobel conseguiu desenvolver um explosivo mais seguro e mais resistente ao choque, a dinamite. Inicialmente usada para escavação de valas de irrigação e ruptura de rochas em minas, teve sua aplicação bastante diversificada. Em 1883, foram usadas cinco detonações sucessivas para demolição de uma chaminé octogonal de alvenaria com altura de 65 m, no que pode ser considerada a primeira aplicação de dinamite para demolição de uma estrutura. Em 1889, foi usada para romper um


Cena de desmonte de rocha com o uso de explosivos, no início do século XX

Quando se fala em demolição de edifícios, a primeira imagem que vem à mente é a de um prédio explodindo e descendo numa nuvem de poeira e entulho. Na verdade, o prédio não explode (nem implode) nesse processo, embora tenhamos visto diversas estruturas “desaparecerem”.

Mesmo com toda a publicidade, a demolição estrutural com explosivos continua sendo uma atividade mal-entendida. Isso torna difícil estabelecer uma linha do tempo ou mesmo uma evolução do processo que, por sua vez, está vinculado à evolução dos explosivos.

Seja como for, o primeiro explosivo utilizado foi a pólvora negra, cuja utilização se iniciou no século XIII e cujo primeiro uso registrado em demolição ocorreu no início do século XVII, inicialmente em pedreiras na Hungria, minas da Inglaterra e, logo depois, construção rodoviária na Suíça. Um fato importante ocorreu em 1773, quando foram usados aproximadamente 70 kg de pólvora para demolir a Catedral da Santíssima Trindade em Waterford, na Irlanda.

Na América, os explosivos começaram a ser usados por volta de 1850, quando São Francisco sofreu uma série de incêndios. Numa tentativa desesperada de interromper o avanço das chamas, a cidade aprovou a demolição de alguns edifícios que estavam na trajetória de avanço, de modo a reduzir o suprimento de material a ser queimado. As unidades de bombeiros passaram então a manter estoques de pólvora para esse fim.

DETONAÇÕES

Nessa mesma época, após a descoberta por Ascanio Sobrero de um novo explosivo, a nitroglicerina, muitos químicos procuraram torná-la menos instável por meio da combinação com outras substâncias.

Nesse processo, Alfred Nobel conseguiu desenvolver um explosivo mais seguro e mais resistente ao choque, a dinamite. Inicialmente usada para escavação de valas de irrigação e ruptura de rochas em minas, teve sua aplicação bastante diversificada. Em 1883, foram usadas cinco detonações sucessivas para demolição de uma chaminé octogonal de alvenaria com altura de 65 m, no que pode ser considerada a primeira aplicação de dinamite para demolição de uma estrutura. Em 1889, foi usada para romper uma estrutura de um milhão de metros cúbicos de entulho em uma ponte na Pensilvânia, destruída em uma inundação.

Em 18 de abril de 1906, ocorreu o mais devastador terremoto da história de São Francisco, causando centenas de mortes e mais de 50 incêndios. A rede de água totalmente danificada impedia o combate eficaz do fogo pelos bombeiros. Quarteirões inteiros foram dinamitados durante os dias seguintes para tentar bloquear o avanço das chamas.

Quando finalmente as chamas foram dominadas, milhares de edificações estavam totalmente queimadas e centenas haviam sido dinamitadas, com resultados relativamente positivos, por salvarem grandes áreas da cidade. Os trabalhos foram completados com a demolição de prédios condenados, também com o uso de explosivos.

Ao mesmo tempo, começaram a ser desenvolvidas tecnologias voltadas para a redução do risco de acidentes e de danos aos prédios vizinhos. As técnicas mais comuns envolviam ou a demolição de uma parede por vez, ou o enfraquecimento das paredes e colunas em tandem, com a detonação simultânea para dentro. Embora ainda não tivessem recebido esse nome, podem ser consideradas as primeiras implosões.

CONTROLE

O descobridor da nitroglicerina, o químico italiano Ascanio Sobrero (1812-1888)

Nas primeiras décadas do século XX foram desenvolvidos diversos trabalhos de demolição de estruturas como chaminés, pontes e minas. Foi aproveitada uma vantagem adicional: com a explosão controlada, o impacto das partes no solo deixava o entulho com um tamanho fácil de ser manuseado por uma escavadeira.

Esse passou a ser um fator importante nas análises econômicas de demolição por explosivos versus processos convencionais. Não havia, contudo, uma atividade exata; algumas estruturas precisavam de três e até quatro detonações sucessivas para serem postas abaixo, sendo que algumas só acabaram de ser demolidas com o uso de equipamentos.

Em 1931, foi demolido um prédio escolar em Miami, que não tinha nenhum dano estrutural, Foi o primeiro registro de uso de explosivos na demolição por razões puramente econômicas.

As tentativas de aumento de vendas de dinamite levaram a um avanço das tecnologias de demolição de prédios em áreas povoadas. Buscou-se atenuar o impacto de partes demolidas por meio de medidas de proteção que incluíam, por exemplo, proteções de madeira em janelas adjacentes, cobertura dos furos de colocação dos explosivos etc. No final da década, a demolição com explosivos deixou de se tornar uma curiosidade, passando a ser uma nova tecnologia com resultados eficientes e previsíveis.

Os avanços seguintes viriam com a Segunda Guerra Mundial. A disponibilidade de recursos e a urgência dos prazos possibilitaram o desenvolvimento de explosivos mais potentes e eficientes, para fins militares. No final da guerra, foram usados dinamite e os recém-inventados explosivos plásticos para demolição de edifícios condenados em toda a Europa, inicialmente sem nenhuma preocupação com a segurança, gerando o lançamento de partes e vibrações consideráveis no solo.

Isso levou ao uso de uma série de pequenas explosões, para obter maior controle do sentido de projeção dos entulhos e, ao mesmo tempo, minimizar os efeitos nocivos das grandes explosões. No final da década de 40, os engenheiros militares haviam desenvolvido tecnologias de demolição de grandes estruturas em áreas densamente povoadas, sem grandes danos nas propriedades adjacentes.

Mas a confiança demorou a atingir níveis comercialmente interessantes: em toda a década de 60, apenas algumas centenas de prédios, principalmente industriais, foram demolidos com explosivos nos EUA.

Ilustração de época mostra explosão com o uso de pólvora negra

DISSEMINAÇÃO

Gradualmente, foram desenvolvidas tecnologias para aumentar a eficiência: corte das estruturas metálicas, amarração de cabos a colunas para orientar a queda da estrutura, sistemas não-elétricos de detonação e uso de explosivos químicos de alta velocidade, como o RDX, até hoje considerado um material de ponta.

Nos anos 70, a mídia descobriu o impacto das demolições, principalmente quando as empresas passaram a usar tecnologias mais evoluídas. Também houve aumento das proteções físicas, com razoável sucesso. Estima-se que alguns milhares de edifícios foram demolidos com essa tecnologia.

A crise dos anos 80 levou a uma redução do consumo de explosivos. É dessa época a técnica da explosão de teste, na qual algumas colunas eram detonadas para observação. O risco era óbvio: se o cálculo estivesse abaixo do necessário, o prédio não vinha abaixo e a estrutura remanescente podia ficar seriamente comprometida.

Nos anos 90, a tecnologia de implosão estava definida e o uso de explosivos se tornou uma alternativa a ser avaliada frente aos demais métodos. Em 1994, foi demolido o Sears Merchandise Center, na Filadélfia, com 250.000 m2, a maior estrutura única demolida até essa época, em uma operação que levou 12 segundos. E então a tecnologia finalmente se espalhou pelo mundo.

Leia na próxima edição:

Colossos para obras monumentais

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