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Revista M&T - Ed.253 - Maio 2021
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Editorial

Desafios de uma transição tecnológica

A indústria global precisa criar estratégias que agreguem valor aos produtos enquanto ainda são viáveis, ao mesmo tempo em que prepara a saída de cena dessas soluções, tendo em vista as diversas regulamentações que proíbem sua comercialização

O processo de substituição do Motor de Combustão Interna (Internal Combustion Engine – ICE) é um dos principais temas que mobilizam o setor na atualidade. Atrelada à necessidade de conter o aquecimento global, essa transformação já vinha redesenhando o perfil tecnológico da indústria quando eclodiu a pandemia de covid-19, impactando as cadeias de fornecimento e a demanda.

Tal singularidade foi tratada em recente estudo disponibilizado pela consultoria britânica RSC, especializada em gestão de transportes. Para além de seus impactos imediatos, a pandemia pode vir a ser vista como um divisor de águas para a indústria, diz o artigo. Isso porque a crise sanitária rompeu com os ciclos econômicos habituais, impactando na oferta e na procura, com efeitos significativos na cadeia futura de valor, atualização tecnológica e avaliações de mercado.

Conforme a indústria se adapta ao “novo normal”, é provável que a pandemia venha a apressar o fim do ICE, uma vez que os governos das maiores economias se preocupam em patrocinar acordos de recuperação verde. “Esse enfoque, evidentemente, também reflete as crescentes pressões sociais e a


O processo de substituição do Motor de Combustão Interna (Internal Combustion Engine – ICE) é um dos principais temas que mobilizam o setor na atualidade. Atrelada à necessidade de conter o aquecimento global, essa transformação já vinha redesenhando o perfil tecnológico da indústria quando eclodiu a pandemia de covid-19, impactando as cadeias de fornecimento e a demanda.

Tal singularidade foi tratada em recente estudo disponibilizado pela consultoria britânica RSC, especializada em gestão de transportes. Para além de seus impactos imediatos, a pandemia pode vir a ser vista como um divisor de águas para a indústria, diz o artigo. Isso porque a crise sanitária rompeu com os ciclos econômicos habituais, impactando na oferta e na procura, com efeitos significativos na cadeia futura de valor, atualização tecnológica e avaliações de mercado.

Conforme a indústria se adapta ao “novo normal”, é provável que a pandemia venha a apressar o fim do ICE, uma vez que os governos das maiores economias se preocupam em patrocinar acordos de recuperação verde. “Esse enfoque, evidentemente, também reflete as crescentes pressões sociais e ambientais, à medida que a realidade do desafio climático se torna mais clara em todo o mundo”, diz o texto assinado por Simon Arbuthnot e equipe.

A análise destaca que as OEMs e seus fornecedores operam com estruturas de capital intensivo e, à medida que a indústria evolua para um futuro elétrico ou de hidrogênio, nem todos os ativos – tanto humanos como financeiros – serão relevantes até o final da década. Nesse quadro, o desafio será manter o valor dos produtos que se encontram no ocaso do seu ciclo tecnológico – como os motores de combustão interna – e que podem ser substituídos na próxima década.

Para enfrentá-lo, a indústria precisa criar estratégias que agreguem valor aos produtos enquanto ainda são viáveis, ao mesmo tempo em que prepara a saída de cena dessas soluções, tendo em vista as diversas regulamentações que proíbem sua comercialização. Todavia, essa exigência de manter os programas atuais em um nível rentável torna a eliminação total da base de ativos muito difícil, senão impossível, no médio prazo.

“Mesmo que não estejam planejadas novas arquiteturas de motores, será necessário investir para atualizar a carteira atual de produtos e, simultaneamente, manter a competitividade e conformidade regulamentar”, afirma o autor.

No meio tempo, as OEMs terão ainda de ser capazes de reorientar suas operações, promovendo a reciclagem em direção às novas competências necessárias para a eletrificação. “Assim, é provável que as OEMs e fornecedores se vejam em uma situação de duplo vínculo até o final da década, buscando uma abordagem mais radical a partir daí”, pontuam os articulistas.

Enquanto isso não acontece, a popularização de novos combustíveis já vem alterando as rotinas na gestão das frotas, como o leitor pode conferir em reportagem nesta edição. Boa leitura.

Permínio Alves Maia de Amorim Neto
Presidente do Conselho Editorial

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