A escolha do combustível adequado, além da manutenção apropriada de sistemas e filtros, são procedimentos que evitam a contaminação por impurezas que podem danificar e comprometer a vida útil de máquinas e caminhões pesados.
Um dos problemas recorrentes é a contaminação do diesel por borra bacteriana e/ou oxidativa. Como explica o coordenador comercial do laboratório da Sotreq, Alex Pujol, a borra bacteriana é gerada por contaminação microbiológica (bactérias e fungos) em sistemas de lubrificação ou combustível.
À medida que se desenvolvem, os microrganismos produzem biomassa, degradando o fluido e suas propriedades, além de gerarem compostos ácidos. “A contaminação pode causar a obstrução dos sistemas e filtros, que degradarão rapidamente a qualidade do fluido, afetando assim sua performance e produzindo subprodutos corrosivos”, af
A escolha do combustível adequado, além da manutenção apropriada de sistemas e filtros, são procedimentos que evitam a contaminação por impurezas que podem danificar e comprometer a vida útil de máquinas e caminhões pesados.
Um dos problemas recorrentes é a contaminação do diesel por borra bacteriana e/ou oxidativa. Como explica o coordenador comercial do laboratório da Sotreq, Alex Pujol, a borra bacteriana é gerada por contaminação microbiológica (bactérias e fungos) em sistemas de lubrificação ou combustível.
À medida que se desenvolvem, os microrganismos produzem biomassa, degradando o fluido e suas propriedades, além de gerarem compostos ácidos. “A contaminação pode causar a obstrução dos sistemas e filtros, que degradarão rapidamente a qualidade do fluido, afetando assim sua performance e produzindo subprodutos corrosivos”, afirma Pujol.
Já a borra oxidativa é obtida pela combinação de hidrocarbonetos com oxigênio, em um processo que pode ser acelerado por catalizadores como calor, outros contaminantes, metais de desgaste e água, que também colaboram para a degradação do fluido.
Geralmente, os problemas causados pela contaminação do diesel por borra (gel) de oxidação incluem o aumento da viscosidade, formação de verniz, sedimentos, depleção da carga aditiva, quebra do óleo-base, aumento do número ácido e formação de produtos de corrosão, dentre outros.
Com o tempo, o combustível envelhece e cria sujeira, exigindo avaliação e limpeza
BIOFILME
De acordo com Marcelo Mota, especialista de marketing de produto da New Holland Construction, os microrganismos se formam naturalmente na água e se alimentam de nutrientes contidos no combustível. “A redução da quantidade de enxofre (S1800 > S500 > S50 > S10) no diesel e a adição do biodiesel também favoreceram o desenvolvimento de microrganismos, pois o enxofre agia como um biocida natural, reduzindo a proliferação de bactérias, fungos e leveduras”, aponta Mota.
Com o tempo, a contaminação aumenta e surge um biofilme, uma complexa estrutura de micróbios aderida às paredes do tanque. Por sua vez, os biofilmes podem crescer e produzir a borra.
O tempo, aliás, possui um efeito adverso sobre o diesel. A vida do combustível tratado e estocado é de somente 30 a 90 dias, dependendo das condições de estocagem. Em circunstâncias extremas, esse tempo pode ser ainda mais curto.
E o diesel parado em estoque aumenta as chances de crescimento da população microbiana, o que contribui para a queda de desempenho dos filtros. “Quanto maior o tempo de estocagem, mais o combustível envelhece e cria sujeira”, acentua Mota. “Dessa forma, será preciso realizar avaliações e limpeza, causando desperdício de diesel.”
Uma vez que o diesel não pode ficar guardado por muito tempo, recomenda-se adquirir as quantidades necessárias para uso no curto prazo, mesmo que isso acarrete uma renovação mais frequente do estoque.
Monitoramento sistemático é uma iniciativa importante para evitar a degradação do diesel
CONTAMINAÇÃO
Ao longo dos anos, recorda Mota, o diesel vem sofrendo mudanças, com redução do teor de enxofre e adição de biodiesel, o que vem fomentando cada vez mais a necessidade de boas práticas de manuseio, armazenamento e abastecimento.
Atualmente, são comercializados no Brasil dois tipos de diesel – S500 (Vermelho) e S10 (Amarelo Claro). “Ambos contêm 10% de biodiesel, quantidade que poderá aumentar nos próximos anos em função da legislação vigente”, comenta.
A contaminação ocorre quando as moléculas de diesel se alongam e se ligam para produzir gomas e vernizes insolúveis. Tais partículas, observa o especialista da New Holland, caem para o fundo do tanque e formam o ‘asfalteno’, uma espécie de goma preta parecida com piche. “Este princípio, chamado polimerização, é a última etapa do processo de oxidação’, diz Mota.
A contaminação por água é algo natural, tendo origem na condensação do ar. A água se condensa nas paredes do tanque e goteja dentro do combustível. Mais pesada que o diesel, deposita-se no fundo do tanque e, com isso, acaba sendo absorvida pelo combustível.
No entanto, o biodiesel é mais higroscópico, facilitando a absorção da água. “A água tem um efeito prejudicial ao motor, gerando oxidação e podendo corroer os componentes, reduzir a capacidade de lubrificação, estimular acumulação de ácido e causar danos aos injetores e outros componentes”, diz o especialista.
De acordo com Gilles-Laurent Grimberg, CEO da Actioil Latin America, o processo de polimerização ocorre quando o resíduo químico ganha um aspecto de verniz, oxidado e grudento, aderente a filtros e com potencial de causar danos ao sistema de injeção. “Isso causa saturação dos filtros, além de quebra de bombas e bicos injetores, causando aumento de consumo, perda de potência e, claro, aumento dos custos de manutenção”, comenta.
PREVENÇÃO
Segundo Geraldo Abranches Mota Batista, diretor de desenvolvimento de negócios da Engeoil, a melhor maneira de prevenir o surgimento de borra é investir no correto armazenamento do diesel, inclusive com monitoramento do recebimento, principalmente quanto à presença de água e grau de contaminação. “Além de limpos, os tanques devem ser bem vedados para não haver contato com elementos externos”, comenta.
Aditivos biocidas permitem o controle de microorganismos, ajudando a remover a água presente nos sistemas
Segundo Batista, um ponto importante consiste em não deixar o diesel sob o sol ou em ambientes com temperaturas elevadas. “Outro cuidado é fazer drenagens periódicas, preferencialmente semanais, a fim de eliminar qualquer água residual, impurezas ou outros materiais que estejam no fundo do tanque”, aponta. “Isso também vale para a troca de filtros, que precisam ser periódicas.”
Também é vital realizar limpezas regulares nos próprios equipamentos que lidam com o combustível. Após o procedimento, deve-se circular o óleo em todo o sistema e drená-lo, pois pode haver resquícios de resíduos ou água, prejudiciais para o combustível.
O especialista da Engeoil afirma que o monitoramento sistemático da presença de água e do grau de contaminação do diesel é uma iniciativa importante de manutenção, principalmente para evitar que as borras se tornem mais críticas, de modo que o óleo já chegue contaminado ao tanque de combustível.
“O monitoramento periódico dos tanques principais quanto ao teor de sedimentos e contaminantes é uma ferramenta poderosa para saber quando é necessário limpar ou mesmo substituir um tanque”, diz Batista, destacando que a eventual substituição é feita após avaliação das condições estruturais do tanque.
ADITIVOS
Uma vez constatado o problema, o recomendável é utilizar aditivos biocidas para o controle de bactérias e fungos, realizando ainda a remoção da água presente nos sistemas e avaliando a possibilidade de limpeza e descontaminação. “Porém, o mais importante é mitigar ou, se possível, eliminar as causas-raízes”, ressalta Pujol, da Sotreq.
Os aditivos têm propriedades que estabilizam o diesel, além de contarem com um eficiente “detergente”, capaz de manter limpo o sistema de injeção dos motores. De acordo com Mota, da New Holland, “os aditivos agem na prevenção do surgimento e multiplicação dos microorganismos que se depositam no bico injetor, causando mau funcionamento do equipamento”.
A escolha do aditivo, retoma Pujol, se dá levando em conta o tipo de fluido utilizado no sistema e a concentração das colônias de microrganismos. Já a escolha do líquido de arrefecimento deve considerar as especificações do fabricante do equipamento e variáveis relacionadas a aplicação, como local de operação, temperatura ambiente, temperatura de trabalho do equipamento e tipo de operação, dentre outras características.
“O líquido de arrefecimento possui funções vitais para o funcionamento e performance do motor, uma vez que é responsável por promover melhorias em relação às temperaturas de congelamento e ebulição, promovendo ainda proteção ao motor contra corrosão, mantendo o pH da solução e evitando precipitações, espumas etc.”, complementa.
Líquido de arrefecimento possui funções vitais para o funcionamento e performance do motor
Como destaca Mota, a maioria das falhas do sistema de arrefecimento pode ser evitada com o uso do aditivo certo, geralmente desenvolvido juntamente com o equipamento, cumprindo assim todos os requisitos previstos para a máquina.
“É fundamental consultar sempre o manual do fabricante para a escolha desses produtos”, diz ele. “Garantir a utilização do líquido de arrefecimento correto e sua substituição no intervalo recomendado asseguram que o sistema permaneça com a pressurização adequada e com o radiador e trocadores de calor limpos.”
De acordo com Batista, da Engeoil, a função do aditivo no sistema de arrefecimento é proteger os componentes contra a corrosão, aumentar o ponto de ebulição e diminuir o de congelamento do fluido, assim como melhorar a eficiência da troca de calor, evitar a cavitação e proteger vedações, componentes de plástico e mangueiras contra a degradação do elastômero.
“Por isso, os ensaios de pH, nível de etileno glicol e, quando necessário, sedimentos são fundamentais para garantir a confiabilidade dos sistemas de arrefecimento, além de diminuir o custo de limpeza dos radiadores e a eficiência térmica do sistema de arrefecimento, impactando na melhora do consumo de diesel ao longo do tempo”, explica.
ANÁLISE
Segundo Pujol, da Sotreq, para solucionar o problema de contaminação é necessário avaliar se a borra foi gerada através do processo de oxidação ou por desequilíbrio nas culturas microbiológicas. E a análise de óleo é a ferramenta mais indicada para entregar essas informações.
A análise de óleo faz parte da manutenção preditiva de qualquer maquinário, pois – além de eventual contaminação – permite verificar o desgaste das peças móveis. “Os ensaios para análises de fluidos devem seguir procedimentos e regulamentações, provenientes de diretrizes fornecidas por organizações como ABNT, ASTM, ISO, SAE e outras, responsáveis pelo desenvolvimento e publicação de normas técnicas”, diz Pujol.
Localizado em Contagem (MG), o Laboratório do Grupo Sotreq é o único no Brasil certificado pela Caterpillar, ele destaca, contando desde 1999 com sistema de gestão da qualidade certificado pela NBR ISO 9001. “O serviço funciona por meio da coleta periódica de amostras, que são enviadas ao laboratório para a realização da análise de fluidos”, conta Pujol.
Análise do óleo é a ferramenta maisindicada para avaliar a natureza da borra
O laboratório realiza diversas análises de fluidos lubrificantes, líquido de arrefecimento e óleo diesel, bem como orientações quanto às ações necessárias a serem tomadas em função dos resultados obtidos pelas análises.
A amostra do fluido, prossegue o coordenador, é coletada seguindo práticas de amostragem e procedimentos adequados para cada tipo de componente, com propósito de garantir a representatividade da amostra e evitar interferências nos resultados.
“Contamos com equipamentos de alta tecnologia e uma capacidade para realizar 830.000 escopos completos por ano”, assegura.
Saiba mais:
Actioil: www.actioil.com.br
Engeoil: www.engeoil.com.br
New Holland: www.newholland.com.br
Sotreq: www.sotreq.com.br
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