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Revista M&T - Ed.292 - Abril de 2025
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MANUTENÇÃO

VIDA ÚTIL PLENA PARA ESTEIRAS

Com participação expressiva nos custos e na segurança, material rodante exige rotina de acompanhamento, lubrificação de componentes e atenção na operação da máquina
Por Antonio Santomauro

Materiais rodantes têm uma participação expressiva nos valores associados a equipamentos de esteiras. Segundo as estimativas, algo entre 30% e 40% do custo do próprio equipamento se referem a esses componentes, cujos índices de manutenção não são muito diferentes disso.

Por si só, essa é uma razão mais que suficiente para investir em uma boa conservação desses materiais, garantindo que cumpram seu ciclo de vida útil completo. Mas a questão financeira não é a única: quebras inesperadas do material rodante também podem originar acidentes.

Idealmente, a manutenção deve fundamentar-se no monitoramento contínuo dos componentes do material rodante, recomenda Roger Fumega, diretor da New Tractor. Segundo ele, é importante medir diâmetro da bucha e dos roletes, altura dos links (elos das correntes) e das garras das sapatas, tensionamento da esteira e desgaste da roda g


Materiais rodantes têm uma participação expressiva nos valores associados a equipamentos de esteiras. Segundo as estimativas, algo entre 30% e 40% do custo do próprio equipamento se referem a esses componentes, cujos índices de manutenção não são muito diferentes disso.

Por si só, essa é uma razão mais que suficiente para investir em uma boa conservação desses materiais, garantindo que cumpram seu ciclo de vida útil completo. Mas a questão financeira não é a única: quebras inesperadas do material rodante também podem originar acidentes.

Idealmente, a manutenção deve fundamentar-se no monitoramento contínuo dos componentes do material rodante, recomenda Roger Fumega, diretor da New Tractor. Segundo ele, é importante medir diâmetro da bucha e dos roletes, altura dos links (elos das correntes) e das garras das sapatas, tensionamento da esteira e desgaste da roda guia. “Esse controle permite que se possa parar para uma manutenção preventiva, ao invés de executar uma parada não programada”, observa.

Com impacto expressivo no TCO de equipamentos, material rodante exige cuidados


PRIORIDADES

Alguns procedimentos, porém, merecem prioridade. Um deles é a verificação do tensionamento das esteiras, que pode reduzir em até metade a vida útil do componente quando é excessivo, acrescenta Eduardo Alves Feitosa, consultor técnico de material rodante da GHT. A tensão excessiva, ele explica, desgasta os componentes, exigindo a verificação ao menos uma vez por semana. “Cada fabricante tem um padrão, mas há técnicas de medição para avaliar o tensionamento”, ressalta.

Também é indispensável a realização de um bom processo de limpeza, lembra Tiago Ferrugini, diretor executivo da Dispetral. “Sujeira e resíduos acumulados podem comprometer o funcionamento das esteiras, causando atrito excessivo e danos aos materiais, detalha. “Limpezas regulares nas esteiras, roletes e demais componentes ajudam a evitar esse problema.”

Deve-se ainda, seguir as recomendações dos fabricantes para evitar o desgaste de componentes móveis por meio de lubrificação, além de manter em perfeito estado os sensores e sistemas elétricos e verificar, juntamente com o tensionamento, também o alinhamento das esteiras. Quando desalinhadas ou com tensão excessiva ou insuficiente, as esteiras estão sujeitas a desgaste acelerado ou mesmo a falhas mecânicas. “Se as esteiras operam em ambientes com temperaturas extremas, também é importante monitorar a temperatura dos componentes, para evitar danos relacionados ao calor excessivo ou ao resfriamento inadequado”, complementa Ferrugini.

PROCEDIMENTOS

Dependendo do tipo de equipamento, existem diferenças importantes entre os sistemas de material rodante, acentua Gilson Oseas da Silva, gerente nacional de manutenção da Armac. Projetados para locomover-se durante a operação, os tratores têm a lubrificação de pinos e buchas feita com óleo, enquanto em escavadeiras isso é feito com graxa, ele exemplifica. “O equipamento pode se aquecer demasiadamente caso percorra grandes percursos, perdendo a funcionalidade”, descreve.

Na impossibilidade de transporte sobre caminhão, a escavadeira precisa realizar longos deslocamentos, o que exige um cuidado adicional. “Deve-se manter um processo de medição direta, possibilitando a substituição antecipada”, diz Silva. Até mesmo o projeto de construção é pensado para um menor número de intervenções em componentes como a roda motriz, que em escavadeiras é equipada com roda interna. “Já os tratores possuem uma espécie de gomos, chamados de segmentos, que possibilitam a substituição sem a abertura da corrente”, explica o profissional da Armac.

Qualquer que seja o equipamento, todavia, pode-se realizar um procedimento até bem usual, porém capaz de prolongar em até 20% a vida útil do conjunto. Popularmente conhecido como “virar pino e bucha”, o procedimento deve ser feito quando os pinos apresentam desgaste de aproximadamente 50% a 60%. Nesse caso, vira-se literalmente o conjunto de pino e bucha, colocando para cima a parte que se desgastou e sobre a roda motriz a parte que não sofreu desgaste.

Escolha do material deve ser baseada nas condições de operação, custos de manutenção e vida útil esperada


Quando desalinhadas ou com tensionamento excessivo, as esteiras estão sujeitas a desgaste acelerado ou falhas mecânicas


De acordo com Silva, no entanto, é necessário realizar um cálculo para verificar se isso realmente compensa. “Geralmente é interessante se houver uma esteira sobressalente, que possa ser usada enquanto o serviço é realizado”, diz. “Caso a esteira não esteja disponível, é preciso avaliar se vale a pena deixar a máquina parada.”

Já quando se instala uma esteira nova, é necessário trocar também o aro motriz, caso já tenha chegado a 50% ou mais da vida útil. Afinal, o aro motriz já usado tende a se acomodar com a bucha nova, desgastando-se mais rapidamente. “No caso em que a esteira já é usada, mas foi feito o giro de pino e bucha, aí vale a pena mantê-lo”, recomenda Feitosa, do GHT.

DESGASTE

Impactando de maneira direta o estado de conservação dos materiais rodantes, o local e as condições de operação constituem fatores a serem sempre considerados nos processos de manutenção. A medição da tensão, por exemplo, deve ser feita nas condições em que o equipamento opera. “Em um local com muito acúmulo de material, por exemplo, o conjunto fica mais tensionado e é preciso corrigir”, ilustra Alessandro Dias Moreira, especialista de produto de material rodante da GHT. “Em um aterro, por exemplo, faz-se a limpeza de três a quatro vezes por dia.”

Ambientes abrasivos, rochosos, com altas temperaturas ou umidade excessiva também exigem atenção especial, aponta Ferrugini, da Dispetral, indicando a escolha de materiais mais resistentes e a realização de inspeções mais frequentes e de ajustes nos sistemas de lubrificação, assim como o uso de sistemas adequados de proteção. “Quando os procedimentos de manutenção se adaptam às condições de operação, torna-se possível aumentar a vida útil, reduzir falhas e garantir uma operação mais eficiente e segura para as esteiras”, ressalta.

Os sistemas de esteiras, prossegue Ferrugini, estão sujeitos a diversos tipos de desgaste, desde mecânicos e térmicos até por contaminação, entre outros. “A escolha do material deve ser baseada nas condições de operação, custos de manutenção e vida útil esperada”, acentua o profissional da Dispetral. “Embora materiais mais duráveis geralmente tenham um custo inicial mais alto, no longo prazo podem oferecer uma melhor relação de custo x benefício, especialmente em ambientes agressivos.”

A relação entre custo e benefício também é citada por Fumega, da New Tractor, que a vê como o principal critério de definição do processo de escolha do material rodante. “Se o cliente informa que seu equipamento vai rodar em um local mais abrasivo, geralmente indicamos o uso de um material melhor – talvez feito em Ardox ou aço 1045 –, o que pode não ser necessário em uma máquina operando em outro local”, afirma. “Dependendo das condições de operação, pode-se ainda fazer o chamado ‘garreamento de sapata’, soldando chapas adicionais para que as sapatas se desgastem mais lentamente.”

Programa de manutenção preventiva ajuda a identificar problemas e evitar falhas comcomponentes móveis como roletesdo material rodante


Seja como for, material rodante que não esteja em bom estado pode gerar acidentes, como nos casos em que a corrente se rompe durante operações em terreno inclinado. “Mas há também a questão financeira, pois cerca de 40% do custo de uma máquina de esteira equivale ao material rodante”, reforça o especialista.

Ainda que possível, o recondicionamento deve ser criteriosamente avaliado no que tange a questões financeiras e de confiabilidade
no desempenho


DICAS

Na rotina diária, os operadores das máquinas também assumem um papel importante no processo de manutenção de materiais rodantes. Nas trocas de turno, por exemplo, é possível verificar se há vazamentos em componentes como roletes e rodas guia, ou mesmo se o tensionamento está correto. “Em um primeiro momento, essa verificação pode ser feita visualmente”, orienta Fumega.

Já Feitosa, do GHT, lembra que a operação incorreta do equipamento pode comprometer os sistemas de material rodante. “É comum observarmos escavadeiras trabalhando como se a roda motriz fosse a frente da máquina”, comenta. Isso é errado, ele alerta, pois a frente é a parte onde está a roda guia, que conta com sistema de amortecimento por mola e pistão hidráulico, que absorve impactos. “Trabalhando ao contrário, prejudica-se todo o conjunto das esteiras devido aos impactos nas buchas, causando trincas, quebra de pinos e outros problemas”, adverte o consultor.

Em pequenas manobras e locomoções curtas, ressalva Feitosa, o deslocamento pela roda motriz é até válido, mas não deve se tornar uma prática comum. “Outra condição que acelera o desgaste do material rodante, tanto em escavadeiras quanto em tratores de esteiras, é o trabalho com velocidade fora das recomendações”, complementa.

Por outro lado, é possível recondicionar materiais rodantes. Porém, isso atualmente não vale a pena, com a possível exceção da roda guia, avalia Feitosa. Primeiramente, pela questão financeira, pois o custo do recondicionamento provavelmente será superior ao da aquisição de um novo componente. Depois, pela perda de desempenho. “Antes, bastava encher os elos de solda e substituir os pinos e buchas”, delineia o profissional do GHT. “Porém, os elos já tinham sofrido deformações elásticas e, assim, acarretado o afrouxamento de pinos e buchas durante a operação e comprometido a pressão de uma remontagem.”

Silva, da Armac, também cita a roda guia como um dos únicos componentes cuja recuperação é possível em materiais rodantes, havendo até comercialização de peças para esse procedimento, que consiste na troca de peças do mancal e soldagem com adição de material na banda de rodagem. Também é viável recuperar roletes, mas devido aos custos isso vem se tornando cada dia menos interessante. “Sempre é necessário realizar cálculos para verificar se a recuperação não está atingindo 70% do custo da peça nova”, argumenta.

Assim como Feitosa, o especialista também acentua a necessidade de operar escavadeiras com a roda guia na parte dianteira – e a roda motriz na traseira. Em princípio, por uma questão básica de segurança, pois em caso de deslizamento, o operador talvez tenha mais dificuldade de lembrar-se do movimento correto para sair do local se essa posição estiver invertida. “Mas também porque na parte dianteira há um sistema que amortece o impacto de pedras ou algo que possa causar danos”, reforça Silva. “Como na parte traseira não há esse sistema, uma simples pedra pode danificar o motor.”

Sob o risco de danos por sobrecarga, o material rodante deve ser sempre utilizado dentro de suas respectivas especificações, sendo substituído (no conjunto ou apenas em componentes que apresentem problemas) quando os danos se tornem irreparáveis, o custo de manutenção for excessivo ou o desempenho do sistema estiver comprometido. “Manter uma avaliação constante do estado dos componentes e adotar um programa de manutenção preventiva eficaz pode ajudar a identificar os problemas a tempo, evitar falhas inesperadas e manter a operação funcionando de maneira eficiente”, resume Ferrugini, da Dispetral.

Saiba mais:

Armac: https://armac.com.br

Dispetral: www.dispetral.com.br

Grupo GHT: www.grupoht.com.br

New Tractor: https://newtractor.com.br

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