Revista M&T - Ed.170 - Julho 2013
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Manutenção

Cuidados com a suspensão garantem a produtividade

Além da escolha correta do tipo de suspensão, ações preventivas e operacionais podem evitar danos à estrutura do veículo

Estruturalmente, o conjunto de suspensão tem o objetivo de manter o contato do pneu com o solo durante o maior tempo possível, absorvendo os impactos para não danificar o chassi ou mesmo a carga transportada. Especialistas no assunto consideram que manter a integridade desse sistema é um item obrigatório para garantir a disponibilidade e produtividade do caminhão.

Nesse aspecto, a escolha entre suspensão mecânica e pneumática é um dos primeiros quesitos a considerar, pois varia de acordo com o tipo de operação e precisa ser corretamente selecionada para se obter o melhor rendimento do equipamento.

Diferentemente das molas helicoidais em automóveis, a suspensão mecânica de caminhões rodoviários funciona por meio de um feixe de molas semielípticas, ou seja, com formato parabólico. Também conhecidas por lâminas, essas molas compõem um sistema robusto, também utilizado por caminhões fora de estrada. Com a passagem do veículo por ondulações ou depressões no solo, esses feixes arqueados recebem a energia do impacto e são esticados, reduzindo seu próprio raio de curvatura. Desse mod


Estruturalmente, o conjunto de suspensão tem o objetivo de manter o contato do pneu com o solo durante o maior tempo possível, absorvendo os impactos para não danificar o chassi ou mesmo a carga transportada. Especialistas no assunto consideram que manter a integridade desse sistema é um item obrigatório para garantir a disponibilidade e produtividade do caminhão.

Nesse aspecto, a escolha entre suspensão mecânica e pneumática é um dos primeiros quesitos a considerar, pois varia de acordo com o tipo de operação e precisa ser corretamente selecionada para se obter o melhor rendimento do equipamento.

Diferentemente das molas helicoidais em automóveis, a suspensão mecânica de caminhões rodoviários funciona por meio de um feixe de molas semielípticas, ou seja, com formato parabólico. Também conhecidas por lâminas, essas molas compõem um sistema robusto, também utilizado por caminhões fora de estrada. Com a passagem do veículo por ondulações ou depressões no solo, esses feixes arqueados recebem a energia do impacto e são esticados, reduzindo seu próprio raio de curvatura. Desse modo, o sistema absorve as vibrações e pode suportar grandes cargas.

De acordo com os especialistas, a vibração natural do sistema de suspensão com molas é de aproximadamente 2,5 Hz, uma amplitude comum para os equipamentos fora de estrada. Vibrações menores em torno de 1,2 Hz também podem ocorrer, como no caso das suspensões pneumáticas em caminhões rodoviários.

ESCOLHA

Predominante em modelos rodoviários por conta da necessidade do transporte de cargas frágeis, a suspensão a ar reduz ao máximo as vibrações e impactos transmitidos para a carga. Ela consiste de dois foles de ar e dois braços oscilantes, podendo ainda possuir um controle de ajuste manual ou eletrônico da altura da suspensão, utilizado, inclusive, para suspender o terceiro eixo em rodagem sem carga. Como as bolsas de ar podem ser infladas ou desinfladas, conforme a necessidade, é possível variar a altura do veículo, facilitando o atrelamento do cavalo mecânico ao semirreboque.

Do mesmo modo, pode-se ajustar a altura da plataforma de carregamento à altura da plataforma de carga. Em caminhões e cavalos-mecânicos, a suspensão pneumática normalmente é localizada nos eixos traseiros do veículo.

Outros fatores também são relevantes na escolha da suspensão, seja ela mecânica ou pneumática. Para alguns especialistas, o sistema mecânico é o mais utilizado por ser mais simples e robusto. O seu desempenho é definido conforme as especificações dimensionais e as características físicas, o que impossibilita realizar um ajuste rápido na altura da suspensão.

Sob outra análise, entretanto, o sistema pneumático oferece a possibilidade de regulagem rápida e maior facilidade de manutenção, mostrando que as opiniões são diversas quanto à escolha do melhor tipo de suspensão. No caso das pneumáticas, também é possível especificar um mesmo modelo de caminhão com tipos diferentes de suspensão (dianteiro com suspensão por feixe de molas e traseiro com suspensão pneumática, por exemplo), sempre de acordo com o tipo de operação que vai realizar.

Outras tecnologias são oferecidas ao mercado. Um exemplo clássico está na suspensão em balanço, destinada a trabalhos mais severos, ou seja, com solos extremamente irregulares. Também conhecido como tandem, esse sistema possui dois eixos interligados pelas extremidades dos feixes de mola, que por sua vez são conectados ao chassi pelo berço da mola, proporcionando ao caminhão maior estabilidade e capacidade de carga. Outros exemplos são encontrados no sistema antitombamento, ainda pouco utilizado no Brasil em decorrência de seu alto custo, e no sistema ECS, de suspensão eletrônica (leia mais sobre essa tecnologia no Box da pág. 82).

CUIDADOS

Assim como a escolha da suspensão correta exige cuidado, a atenção com a vida útil dos componentes também é necessária. Erros de operação como carga excessiva podem causar trincas no chassi e na carroceria, bem como quebra do eixo ou das lâminas do feixe de molas. Da mesma forma, deve-se evitar o uso de calços nos feixes para transportar cargas acima da capacidade ou desnivelar a suspensão. Esse tipo de operação causa desequilíbrio na distribuição das forças, principalmente durante a frenagem, além de sobrecarregar outros componentes vitais do caminhão, como os eixos e o sistema de freios.

Segundos especialistas, sempre que houver algum sinal de avaria do sistema, como ruído, perda de estabilidade e desgaste excessivo dos pneus, é recomendado parar imediatamente o caminhão. Do mesmo mmodo, se forem constatados problemas como falta de lubrificação, mangueiras de ar rachadas, quebra das lâminas, grampos soltos, entre outros, deve-se fazer uma manutenção dos componentes do sistema de suspensão e dos eixos (confira lista com os 10 principais indicadores de manutenção no quadro da pág. 83). Também é importante lembrar que, mesmo sem a ocorrência de problemas, o usuário precisa manter uma rotina de revisão de acordo com o manual de cada fabricante, que pode indicar paradas de vistoria a cada 3,5 mil km, por exemplo. Os procedimentos e testes a serem feitos com os componentes estão descritos no manual de manutenção fornecido pelos fabricantes.

Normalmente, o alinhamento dos eixos e freios é mais frequente, principalmente quando a avaliação indica desgaste dos pneus. Já itens como amortecedores e pinos são mais resistentes e exigem revisões mais espaçadas, a cada 5 mil km.

Preferencialmente, a manutenção correta deve ser feita em oficinas especializadas e certificadas, que ofereçam qualificação, ferramentas e medidores necessários para efetuar os procedimentos corretivos.

LUBRIFICAÇÃO

Na rotina, um dos primeiros elementos a ser vistoriado é a lubrificação. Componentes como pinos de suporte e pinos centrais, como o espigão, exigem lubrificação constante para não desgastar. Em seguida, devem ser feitos exames nas buchas, grampos, amortecedores, barra estabilizadora e batente, além de conferir o desgaste e torque de aperto de parafusos e porcas.

Principal item da suspensão mecânica, a mola também deve ter sua integridade avaliada e manuseada de forma correta, o que exige qualificação do mecânico. Isso porque aquecer as molas com maçarico ou testá-las com eletrodos, por exemplo, são práticas incorretas que podem danificar a estrutura da peça. O uso de graxa nas lâminas ou molas é outra prática corrente, apesar de o mercado já disponibilizar suspensões que dispensam a lubrificação por conta do desenho, tipo de material utilizado e acabamento das lâminas. A lubrificação nos pinos dos suportes, porém, ainda é altamente recomendada pelos fabricantes.

No caso das molas pneumáticas, a lubrificação não é necessária. O que precisa ser revisada é a integridade das mangueiras e bolsas de ar, assim como as válvulas niveladoras do sistema. Um elemento ainda indispensável na suspensão pneumática, apesar de ser encontrado também nas mecânicas, é a barra tensora. Responsável por controlar a movimentação do eixo, esse componente merece atenção quando o veículo perde eficiência na estabilidade da direção. No caso do feixe de molas, a barra tensora pode vir a substituir o uso de jumelos.

COMPLEMENTARES

O cuidado ainda se estende aos amortecedores, principalmente nos eixos dianteiros dos sistemas pneumáticos. Como o carregamento nos eixos dianteiros é menor, o amortecedor assume a função de reduzir a frequência de oscilação do sistema, tornando a direção mais estável. Se estiver vazando, o amortecedor perde a efetividade e os impactos com o solo podem danificar outros componentes. Além disso, linhas de desgaste nas bordas do pneu e vibração excessiva podem indicar problema nos amortecedores.

Por último, o alinhamento dos eixos é vital para o caminhão. A ausência de alinhamento em suspensões pneumáticas, por exemplo, prejudica as buchas do braço de suspensão. Já no caso dos feixes de mola, os espigões e suportes dianteiros podem sofrer danos. Os pneus, itens de maior desgaste, podem ser um dos melhores indicadores para esse e outros casos de avaria no sistema de suspensão.

Tecnologia em prol da eficiência

A Suspensão Eletronicamente Controlada (ECS, da sigla em inglês) tem como finalidade ajustar automaticamente a altura no caminhão. Dessa forma, o motorista pode pré-definir diferentes alturas para cada eixo, compensando cargas distribuídas de forma desigual. Além disso, o sistema pode ser modificado a qualquer momento, seja em movimento ou estacionado, facilitando o carregamento e descarregamento em docas de alturas variadas.

O sistema atua com sensores, que verificam contínua e individualmente a altura de cada suspensão e envia as informações a uma central de controle. Caso haja diferença em relação à altura programada, como desnivelamento, é enviado um comando para compensar essa diferença. A tecnologia pode ser aplicada em qualquer tipo de caminhão e semirreboque, podendo ainda trabalhar em conjunto com sistemas de antitombamento.

 

 

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