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Revista M&T - Ed.182 - Agosto 2014
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Manutenção

Como cuidar do material rodante

Entender a importância do material rodante e como recuperar o conjunto é fundamental para controlar a planilha de custos de manutenção dos equipamentos

Todo gestor sabe como o material rodante é importante para garantir a rentabilidade dos frotistas de equipamentos off-road. Segundo especialistas, quando não é gerenciado corretamente, o conjunto (que inclui roda guia, aro motriz, sapata de esteira, corrente de esteira, pinos, buchas e roletes de esteira) pode representar até 50% do custo total de manutenção de um equipamento.

Por isso, a especialização dos mecânicos que lidam com esse item é condição primordial para garantir uma manutenção de alto nível. Nesse sentido, a rotina desses profissionais deve incluir algumas inspeções e procedimentos específicos que esta coluna de M&T detalha nas próximas páginas.

Para começar, é importante saber como o material rodante é composto. No quadro da pág. 65, o leitor pode conferir informações básicas sobre as funções de cada componente desse conjunto, sendo que os pinos, as buchas e os segmentos merecem acompanhamento especial. Principalmente os dois primeiros, que podem acelerar o desgaste da corrente se receberem lubrificação inadequada, além de sofrerem i


Todo gestor sabe como o material rodante é importante para garantir a rentabilidade dos frotistas de equipamentos off-road. Segundo especialistas, quando não é gerenciado corretamente, o conjunto (que inclui roda guia, aro motriz, sapata de esteira, corrente de esteira, pinos, buchas e roletes de esteira) pode representar até 50% do custo total de manutenção de um equipamento.

Por isso, a especialização dos mecânicos que lidam com esse item é condição primordial para garantir uma manutenção de alto nível. Nesse sentido, a rotina desses profissionais deve incluir algumas inspeções e procedimentos específicos que esta coluna de M&T detalha nas próximas páginas.

Para começar, é importante saber como o material rodante é composto. No quadro da pág. 65, o leitor pode conferir informações básicas sobre as funções de cada componente desse conjunto, sendo que os pinos, as buchas e os segmentos merecem acompanhamento especial. Principalmente os dois primeiros, que podem acelerar o desgaste da corrente se receberem lubrificação inadequada, além de sofrerem impactos diretos dos segmentos durante a locomoção da máquina.

O inverso acontece quando se utilizam segmentos gastos além do limite estipulado pelo fabricante do equipamento. Com essas condições, eles trabalham em passo alterado, acelerando o desgaste das buchas.

VARIÁVEIS

A escolha do tipo de sapata também influencia na vida útil do material rodante, bem como no nível de desgaste dos demais componentes do conjunto. As sapatas com garra simples (ou única), por exemplo, são indicadas para uso em tratores e operações que exigem maior deslocamento das máquinas. Nesses casos, como é maior, a garra simples penetra com mais facilidade no solo, deixando a base da sapata apenas apoiada na superfície do terreno e assegurando uma distribuição mais homogênea do peso do equipamento sobre a esteira.

Já as sapatas com garra tripla são indicadas para situações que exigem menor esforço de tração. Além disso, elas facilitam a execução de curvas e reduzem o impacto sobre o pavimento.

Uma solução intermediária é a utilização de sapatas com garras duplas, indicadas para situações nas quais a tração e a facilidade de manobra são fatores importantes para a produtividade. Já nos trabalhos em áreas pantanosas ou em terrenos com baixa sustentação, a indicação é usar garra triangular, fixada à sapata por meio de parafusos.

A escolha do tipo de sapata e dos demais componentes do material rodante também leva em conta as variáveis relacionadas ao tipo de terreno da operação. É o caso da abrasividade, típica dos solos arenosos e cuja ação se potencializa com a umidade. Isso ocasiona o desgaste de pinos, elos, buchas e sapatas, enquanto os impactos decorrentes de operações em terrenos rochosos podem resultar em trincas dos componentes e danos nas sapatas.

Também exigindo atenção especial, os roletes estão sujeitos a um maior desgaste nos trabalhos de terraplanagem, enquanto as sapatas deformam mais rapidamente nos serviços em pedreiras. É preciso considerar ainda que, como os tratores se movimentam muito durante as operações, seu material rodante apresenta desgaste mais acelerado, diferentemente do que ocorre com escavadeiras e guindastes. Um exemplo típico é a operação em aterros sanitários, onde as sapatas e roletes atingem vida útil média de 3 mil horas nos tratores e de 5 mil horas nas escavadeiras.

O ajuste incorreto das esteiras pode gerar custo adicional por reduzir a vida útil do material rodante ou mesmo paralisar a máquina. Nesse sentido, o tensionamento é a condição mais delicada de ajustagem, pois se a esteira estiver muito apertada serão aplicadas cargas incorretas no material rodante e em seus componentes, principalmente no colar da esteira. Logo, a esteira apertada acelera o desgaste e reduz a força na barra de tração do equipamento. Os procedimentos para ajustagem da tensão da esteira são simples e passíveis de ser realizados em poucos minutos por uma só pessoa, como mostra o quadro da pág. 64.

RECUPERAÇÃO

Atualmente, há diversas empresas especializadas na manutenção de material rodante, sendo que algumas têm capacidade de recuperar todo o conjunto. Para o gestor do equipamento, decidir por recuperar ou adquirir um novo conjunto é sempre uma escolha difícil, mas que pode ser auxiliada por algumas premissas básicas.

A principal delas é que, de modo geral, a reforma do material rodante é viável e vantajosa quando se trata da primeira reforma. Segundo os fabricantes, a reforma é indicada quando os componentes apresentam desgaste de até 100% na primeira vida. Na segunda vida, o desgaste de 100% já indica a necessidade de troca do conjunto.

Outro parâmetro apontado pelos especialistas é o custo de aquisição ou da reforma. Se a reforma custar mais de 40% do preço do conjunto novo, a indicação é partir para a troca. Nesse caso, é preciso considerar situações atípicas, como a manutenção de uma máquina produtiva cujas peças não são encontradas facilmente no mercado.

Além disso, a opção por recuperar ou adquirir um material rodante novo também é sempre guiada pelas condições de operação do equipamento em questão. Apesar de parecer óbvia, essa não é uma prática simples e deve ser executada por profissionais qualificados, capazes de avaliar cada tipo de equipamento e o seu respectivo conjunto de esteiras.

Em tratores de roda motriz elevada, por exemplo, não há limite aceitável de desgaste. Já em equipamentos maiores, como guindastes e escavadeiras, os limites são mais flexíveis e há indicações de que as folgas de até 10 mm são aceitáveis.

Passo a passo para o tensionamento de esteiras

Movimente a máquina para frente e deixe o rotor em ponto morto, até parar. Nesta etapa, não aplique os freios e certifique-se de que a folga esteja entre a roda motriz e a roda-guia dianteira;

Estacione a máquina e desligue o motor;

Coloque uma linha esticada sobre as garras das sapatas, desde a roda motriz até a roda-guia dianteira;

Para as máquinas sem roletes superiores, meça a distância entre a linha e o topo da garra, exatamente no ponto de maior depressão;

Consulte a tabela para determinar a distância correta para cada modelo de equipamento;

Para as máquinas com roletes superiores, meça a distância em dois pontos: no ponto de maior depressão entre a roda guia e o rolete superior e entre o rolete superior e a roda motriz. Obtenha a média das duas medidas;

Com esses dados em mãos, consulte a distância indicada pelo fabricante para saber se a esteira precisa ou não de regulagem do tensionamento;

Se precisar, localize a válvula de enchimento e alívio hidráulico na armação dos roletes da parte traseira e remova a tampa de inspeção;

Usando uma bomba de graxa manual, adicione graxa no mecanismo de ajustagem para apertar a esteira;

Para afrouxá-la (caso necessário), abra a válvula de alívio e deixe a graxa escapar. Não se esqueça de fechar a válvula novamente;

Opere a máquina para frente e repara trás e meça novamente a tensão das esteiras, confirmando que o procedimento foi bem-sucedido.

Confira os principais componentes do conjunto

ELOS - Fornecem um trilho sobre o qual a máquina funciona, suportam todo o peso da máquina, resistem ao contato abrasivo e uso severo, absorvem impactos e cargas das sapatas. O conjunto dos elos montados com pinos e buchas corresponde à corrente ou colar da esteira.

PINOS - Juntamente com as buchas, mantêm os elos de esteira em conjunto e agem como articulação para a seção de esteira adjacente.

BUCHAS - Possuem três funções no sistema de material rodante: a) mantêm os elos conectados juntamente com os pinos; b) agem como uma articulação em uma seção de esteira adjacente; e c) integram a vedação entre elo e bucha.

ROLETES INFERIORES - São montados na parte inferior da armação, apoiando a máquina sobre a estrutura, suportando o peso e guiando as esteiras.

ROLETES SUPERIORES - Seu principal objetivo é guiar e apoiar a esteira à medida que esta se movimenta. Outros benefícios incluem manter a flecha correta da esteira, reduzir a batida da esteira e reduzir a carga sobre a bucha e a roda motriz.

RODAS GUIA - Executam três funções: guiam as esteiras para dentro e para fora dos roletes, suportam intermitentemente o peso da máquina e fornecem ajuste necessário à tensão das esteiras.

SEGMENTOS - São responsáveis pelo movimento da esteira, transferindo a carga dos comandos finais para as esteiras através das buchas.

Cuidados necessários no tensionamento

Sempre ajuste a esteira no próprio local de trabalho da máquina;

Não tente apertar nenhum material acumulado na esteira;

Nunca abra a válvula de alívio em mais de uma volta. Sob altíssima pressão, a graxa pode penetrar no corpo e causar ferimentos graves.

Inspeção segura em material rodante

Parar o equipamento em local nivelado e seguro;

Fazer uma inspeção visual em todos os componentes do sistema de material rodante e demais partes do equipamento;

Verificar a existência de juntas quentes nas correntes e aumento de temperatura nos roletes e rodas guias;

Medir a flecha da esteira LE;

Medir o desgaste do trilho do elo LE;

Medir o desgaste do diâmetro externo da bucha LE;

Medir o desgaste da sapata LE;

Medir o desgaste do rolete superior LE;

Medir o desgaste das rodas guias LE;

Medir o desgaste dos roletes inferiores LE;

Medir o desgaste dos segmentos LE;

Repetir os passos acima para o LD da máquina;

Fazer as anotações de anormalidades encontradas no relatório SEMR.

 

 

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