"Quanto mais piora a situação, convenço-me de que estamos nos aproximando da solução para a situação. Ainda é difícil visualizar uma saída, mas a cada dia estamos mais próximos de uma luz no final do túnel.”
Há muitos anos, queixava-me a um amigo de uma rua que se tornara intransitável de tantos buracos que havia em sua extensão, grandes e profundos. Já fazia um bom tempo que a situação se desenrolava e, como é comum no Brasil, o poder público tampouco parecia importa-se com a tal rua. Seria porque se tratava de um subúrbio industrial com comércio deselegante ou porque faltavam ao município os recursos necessários?
O interlocutor perguntou-me se iria passar pela mesma rua naquele dia. Respondi que sim, pois não teria alternativa melhor. O comentário do amigo foi que se eu ainda passaria pela mesma rua, não era chegada a hora de a mesma ser reparada. Não entendi muito bem, mas considerei o comentário um tanto impertinente, diante da perspectiva de enfrentar novamente a mesma incômoda situação. Chegando ao local, contudo, vi que estavam reparando a rua e suspirei aliviado pelo fim daquele suplício diário.
Comentei o fato com o mesmo
"Quanto mais piora a situação, convenço-me de que estamos nos aproximando da solução para a situação. Ainda é difícil visualizar uma saída, mas a cada dia estamos mais próximos de uma luz no final do túnel.”
Há muitos anos, queixava-me a um amigo de uma rua que se tornara intransitável de tantos buracos que havia em sua extensão, grandes e profundos. Já fazia um bom tempo que a situação se desenrolava e, como é comum no Brasil, o poder público tampouco parecia importa-se com a tal rua. Seria porque se tratava de um subúrbio industrial com comércio deselegante ou porque faltavam ao município os recursos necessários?
O interlocutor perguntou-me se iria passar pela mesma rua naquele dia. Respondi que sim, pois não teria alternativa melhor. O comentário do amigo foi que se eu ainda passaria pela mesma rua, não era chegada a hora de a mesma ser reparada. Não entendi muito bem, mas considerei o comentário um tanto impertinente, diante da perspectiva de enfrentar novamente a mesma incômoda situação. Chegando ao local, contudo, vi que estavam reparando a rua e suspirei aliviado pelo fim daquele suplício diário.
Comentei o fato com o mesmo amigo e perguntei sobre o significado do comentário do dia anterior. A explicação foi de que muitas coisas nesta vida precisam alcançar um ponto-limite para serem corrigidas. Segundo ele, aquela rua deveria antes tornar-se verdadeiramente intransitável para que alguma ação fosse tomada, pois assim é o Brasil. Hoje, depois de muitos anos, lembro-me da alegoria do amigo sobre a rua esburacada ao observar o que se passa na economia e na sociedade brasileira em geral. Quanto mais piora a situação, convenço-me de que estamos nos aproximando da solução para a situação.
Mas qual será o desfecho deste novo suplício? Ainda é difícil visualizar uma saída, mas pela lógica do meu amigo, a cada dia estamos mais próximos de uma luz no final do túnel. Os problemas vão se acumulando, como buracos que vão se multiplicando na medida em que mais carros passam diariamente por uma via deteriorada. Assim, há gargalos na saúde que se avolumam pela falta de recursos, desemprego afetando cada vez mais os trabalhadores, empresas que não encontram mais clientela suficiente para manter os negócios e outros problemas impronunciáveis na esfera política.
O corolário da teoria do meu amigo é que se torcermos para que os fatos se agravem mais rapidamente, o ponto-limite também pode ser alcançado mais rapidamente e a solução pode chegar antes do tempo imposto pela lenta agonia da situação.
Mais uma vez, diante de uma nova crise que surpreende mesmo aqueles que já viveram 15 crises nos últimos 30 anos, surge a oportunidade de verificar se tal teoria continua válida nos dias de hoje.
*Yoshio Kawakami é consultor da Raiz Consultoria e diretor técnico da Sobratema
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