Em meados da década passada, quem acompanha de perto a indústria de máquinas para construção e mineração se deu conta de que o mundo Ocidental ignorava praticamente a metade do mercado mundial desses equipamentos. Ao considerar os fabricantes chineses, descobriu-se que as participações de mercado até então projetadas pelos fabricantes e pela própria AEM (Association of Equipment Manufacturers) já não serviam mais como parâmetro. E a discrepância mostrou-se tão brutal que instantaneamente as estratégias das empresas globais tornaram-se obsoletas.
Porém, quase tudo o que então era produzido na China resumia-se a pás carregadeiras frontais. Aliás, eram basicamente cópias flagrantes de antigos modelos ocidentais, principalmente da Cat, mas com tecnologia defasada para os padrões da época.
Para a sorte das empresas tradicionais, tais produtos não se mostraram muito competitivos fora da China. O principal desnível estava na deficiência dos fabricantes chineses em relação à “prática de negócios”, desde a elaboração de contratos de distribuição a treinamentos técnicos, passando pela reposição de peças e relacionamento com os clientes, evidenciand
Em meados da década passada, quem acompanha de perto a indústria de máquinas para construção e mineração se deu conta de que o mundo Ocidental ignorava praticamente a metade do mercado mundial desses equipamentos. Ao considerar os fabricantes chineses, descobriu-se que as participações de mercado até então projetadas pelos fabricantes e pela própria AEM (Association of Equipment Manufacturers) já não serviam mais como parâmetro. E a discrepância mostrou-se tão brutal que instantaneamente as estratégias das empresas globais tornaram-se obsoletas.
Porém, quase tudo o que então era produzido na China resumia-se a pás carregadeiras frontais. Aliás, eram basicamente cópias flagrantes de antigos modelos ocidentais, principalmente da Cat, mas com tecnologia defasada para os padrões da época.
Para a sorte das empresas tradicionais, tais produtos não se mostraram muito competitivos fora da China. O principal desnível estava na deficiência dos fabricantes chineses em relação à “prática de negócios”, desde a elaboração de contratos de distribuição a treinamentos técnicos, passando pela reposição de peças e relacionamento com os clientes, evidenciando assim que tinham pouco a oferecer além de preços baixos.
Mas, passada uma década, em que pé estariam os chineses no “timeline” do desenvolvimento dos negócios no Brasil? Em primeiro lugar, é possível dizer que ainda não alcançaram um modelo competitivo, que inclua redes de serviços com cobertura e capacidade adequadas. As mudanças do câmbio também afetaram seu principal trunfo – o preço –, que anteriormente já havia sido afetado pelo aumento de impostos de importação.
Já os investimentos em fábricas em geral resultaram em “tiros no pé”, pois perderam o “timing” mais adequado. Equivocado também foi o “staffing” das equipes de gestão, montadas com base em executivos “importados” da casa, sem a necessária compreensão da cultura regional. Tal cenário, diga-se, serve para máquinas e veículos comerciais, com algumas diferenças insignificantes.
Não obstante, uma parte do esperado está acontecendo. O desenvolvimento tecnológico, a evolução do design estético-funcional e o atendimento às normas de emissões e de segurança, apenas para citar alguns exemplos, vêm avançando sistematicamente. Ou seja, o produto está melhorando e, com o tempo, agregará outras evoluções importantes.
Uma boa indicação disso está num recente desenvolvimento da LiuGong, que introduziu uma cabine para carregadeiras com desenho inédito, privilegiando a estética, a funcionalidade, a acessibilidade e a segurança. Seguindo outras indústrias, a aquisição de talentos também está se consolidando como o acelerador da evolução sínica.
Ainda faltam alguns detalhes neste modelo de negócios, mas a evolução de um elemento crítico como o produto já indica o que pode vir no próximo ciclo da investida chinesa ao mercado brasileiro. E, mais uma vez, será interessante acompanhar o movimento.
*Yoshio Kawakami é consultor da Raiz Consultoria e diretor técnico da Sobratema
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