Revista M&T - Ed.242 - Abril 2020
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A Era das Máquinas

A evolução de um clássico

Por Norwil Veloso

A história dos equipamentos de manuseio de carga começa com a Revolução Industrial, que se caracterizou, principalmente, pela introdução de máquinas no processo de produção, substituindo com vantagens o trabalho e as ferramentas manuais no final do século XVIII.

Esse avanço criou a necessidade de um dispositivo que pudesse elevar os materiais mais pesados e transportá-los por distâncias curtas.

Aparentemente, o primeiro dispositivo destinado a esse trabalho foi o carrinho de duas rodas, que permitia carregar materiais sem a necessidade de deslocá-los verticalmente. Mas ainda eram equipamentos rústicos, de fabricação artesanal.

Nesse sentido, a patente mais antiga, referente a uma carroça com um guincho acoplado, data de 1867, já com guincho e plataforma em balanço.

Mas a divulgação foi muito restrita na época, de modo que por muito tempo a ideia não foi utilizada, ap


A história dos equipamentos de manuseio de carga começa com a Revolução Industrial, que se caracterizou, principalmente, pela introdução de máquinas no processo de produção, substituindo com vantagens o trabalho e as ferramentas manuais no final do século XVIII.

Esse avanço criou a necessidade de um dispositivo que pudesse elevar os materiais mais pesados e transportá-los por distâncias curtas.

Aparentemente, o primeiro dispositivo destinado a esse trabalho foi o carrinho de duas rodas, que permitia carregar materiais sem a necessidade de deslocá-los verticalmente. Mas ainda eram equipamentos rústicos, de fabricação artesanal.

Nesse sentido, a patente mais antiga, referente a uma carroça com um guincho acoplado, data de 1867, já com guincho e plataforma em balanço.

Mas a divulgação foi muito restrita na época, de modo que por muito tempo a ideia não foi utilizada, apesar de ser bastante inovadora. Outras empresas até tentaram produzir elevadores de carga, também sem resultados práticos.

Em 1887, foi inventado um caminhão que permitia, além do movimento horizontal, a elevação da carga algumas polegadas acima do solo, constituindo assim um dos antecessores das empilhadeiras. Mas a ideia não evoluiu.

PIONEIROS

No final do século XIX, todas as estações ferroviárias tinham um carrinho de quatro rodas para transporte de bagagem, de acionamento manual. Em 1906, um trabalhador da Pennsylvania Railroad ligou uma bateria a um carrinho de bagagem, criando um dos primeiros veículos autopropelidos de transporte de carga, no qual o operador tinha de caminhar na frente do veículo devido à posição dos controles.

Carros de quatro rodas foram utilizados por gerações em estações ferroviárias, mas somente em 1906 surgiria o primeiro parente deste equipamento com motorização, desenvolvido pela Pennsylvania Railroad

As primeiras empilhadeiras surgiram três anos depois, ainda com uma plataforma de elevação de chapa fechada, em lugar dos garfos atuais. Depois disso, somente em 1909 surgiu o primeiro veículo elevador totalmente metálico, utilizado em fábricas de papel. Nessa ocasião, também surgiram diversos fabricantes, com a concessão de uma série de patentes.

Em 1913, apareceu o primeiro veículo com movimentação elétrica vertical e horizontal da carga, semelhante a um pequeno guindaste montado num caminhão plataforma. Mas, apesar dos aperfeiçoamentos ocorridos e dos diversos modelos lançados no período, esses equipamentos não seriam muito difundidos até 1926.

Nos países europeus, a Primeira Guerra Mundial recrutou grande parte dos homens em idade de trabalho, o que criou falta de mão de obra na indústria local e aumentou a necessidade de máquinas de movimentação de carga, de modo a aumentar a produtividade. Em 1915, a Ransomes, Sims & Jefferies criou um veículo autopropelido que podia mover as cargas na horizontal e vertical. O movimento vertical, inicialmente manual, foi substituído por acionamento elétrico em 1915. O curso dos movimentos, contudo, continuava bastante curto.

Antes de 1915, muitas soluções ainda eram limitadas ao transporte simples de cargas, sendo raro encontrar novidades como este modelo equipado com dispositivo de içamento

Em 1917, a Clark Company, uma fabricante de eixos dos EUA, criou um veículo de transporte que recebeu o nome de Tructrator, utilizado para movimentação de materiais em sua fábrica. Vendo o equipamento em trabalho nesse local, os clientes passaram a solicitar veículos desse tipo para uso em suas próprias empresas. Poucos anos depois, foi adicionado um elevador hidráulico, para propiciar a elevação.

Em 1920, o mercado de empilhadeiras nos EUA já contava com três fabricantes: Clark, Towmotor e Yale & Towne.

EVOLUÇÃO

No período entre as guerras ocorreram diversas inovações, que alteraram significativamente a fabricação e a utilização das empilhadeiras. Os mais importantes foram o uso da hidráulica, inclusive na elevação, os rolamentos de esferas nas rodas e a introdução dos pallets padronizados (em 1930), o que levou à utilização de garfos pelos fabricantes – iniciada pela Yale em 1923, juntamente com a torre de elevação, que podia se estender acima da altura do caminhão.

Também houve um esforço concentrado para redução da distância entre eixos, sem sacrificar a estabilidade. Além disso, seguindo a tendência da época, os componentes rebitados foram substituídos por peças soldadas.

Esta máquina mostra a dificuldade que os ancestrais da empilhadeira tinham em se livrar do design com plataforma, como se vê pelo mastro ainda posicionado muito atrás das rodas dianteiras

No início da Segunda Guerra Mundial, as empilhadeiras já se pareciam com as máquinas atuais, tornando-se uma parte importante do esforço de guerra, no caso, para carga de munição, alimentos e outros itens de consumo. Além da escassez de mão de obra de estiva no transporte e transbordo de mercadorias, as armas e as munições haviam se tornado mais pesadas e, por isso, não havia mais condições de movimentá-las manualmente.

Após o final da guerra, as máquinas se tornariam bastante populares. Contudo, ainda eram muito grandes e desajeitadas para trafegar pelos estreitos corredores dos almoxarifados. Nos anos 50, os projetos passaram a assegurar maior manobrabilidade e alcance vertical, havendo máquinas com capacidade de elevação até 15 m. Só faltava cuidar da segurança.

No entanto, nos anos 60 os projetistas passaram a acrescentar uma cobertura para reduzir o risco de queda de materiais sobre o operador. A preocupação com a segurança prosseguiu e, hoje, as empilhadeiras são máquinas bastante seguras. Com isso, passaram a ser aplicadas nas mais diferentes áreas de produção.

Por volta de 1927, empilhadeiras de alta elevação já estavam disponíveis com mecanismos de basculamento, embora ainda bastante complicados e desajeitados

SEGURANÇA

Somente em 2003, foram vendidas mais de 900 mil unidades em todo o mundo. E, inclusive, os almoxarifados passaram a ser construídos já prevendo a utilização de pallets e empilhadeiras. Da mesma forma que a oferta, a quantidade de fabricantes também se multiplicou. Tanto que a revista especializada Modern Material Handling passou a publicar anualmente um ranking dos principais fabricantes.

Desde então, as empilhadeiras elétricas vêm aumentando rapidamente sua participação nesse mercado. Atualmente, os pedidos de máquinas elétricas chegam a representar 60% do total movimentado pela indústria. No ranking de 2015, a líder do mercado era a Toyota, bastante acima das demais, seguida pelo Grupo Kion (das marcas Linde, Still, Baoli e Egemin), Jungheinrich, Crown, Grupo Nacco (Hyster e Yale), Mitsubishi, Unicarriers (Nissan e TCM), Heli (a maior da China), Komatsu e Clark.

Imagem de 1946 mostra a primeira empilhadeira produzida no Reino Unido pela Coventry Climax

Atualmente, as empilhadeiras vêm sendo cada vez mais aplicadas nos mais diferentes campos da indústria, com excelentes resultados. Para o futuro, uma das possibilidades é incorporarem a utilização de células de combustível de hidrogênio, limpas e ecologicamente corretas. Mas seja como for, pode-se dizer que o projeto de empilhadeiras é uma área com grande potencial de evolução.

Leia na próxima edição:
Os rolos compactadores estáticos

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