A chegada dos smartphones mudou profundamente a maneira de se fazer as coisas em muitos setores, senão todos. Na construção, isso não é diferente.
Segundo o engenheiro mecânico Rodrigo Rotondo, o divisor de águas no setor foram as ferramentas para aplicativos móveis e suas funcionalidades na gestão da operação e da manutenção dos ativos.
“Quando a gente olha as mudanças provocadas no dia a dia, começa a entender o quanto o smartphone mudou a nossa vida”, diz o especialista, que também é CEO da Manusis.
“Hoje, já são 5,2 bilhões de pessoas com smartphone, ou 67% da população mundial, movimentando 2,9 trilhões de dólares em vendas globais com o aparelho.”
Na área da construção, que usa a máquina como ativo e precisa tratar a valiosa informação gerada na operação, esse protagonismo do celular se traduz em possibilidades
A chegada dos smartphones mudou profundamente a maneira de se fazer as coisas em muitos setores, senão todos. Na construção, isso não é diferente.
Segundo o engenheiro mecânico Rodrigo Rotondo, o divisor de águas no setor foram as ferramentas para aplicativos móveis e suas funcionalidades na gestão da operação e da manutenção dos ativos.
“Quando a gente olha as mudanças provocadas no dia a dia, começa a entender o quanto o smartphone mudou a nossa vida”, diz o especialista, que também é CEO da Manusis.
“Hoje, já são 5,2 bilhões de pessoas com smartphone, ou 67% da população mundial, movimentando 2,9 trilhões de dólares em vendas globais com o aparelho.”
Na área da construção, que usa a máquina como ativo e precisa tratar a valiosa informação gerada na operação, esse protagonismo do celular se traduz em possibilidades de ganhos reais. “Para obter retorno, é preciso entender como controlar melhor o ativo”, acentua Rotondo.
Para ele, um dos grandes desafios atuais do setor é a digitalização – ou melhor, como obter ganhos de produtividade a partir da informação de campo, aumentando a disponibilidade da máquina.
“Na história de qualquer ativo entram fatores como energia, manutenção, operação, logística, suprimentos, abastecimento, consumo de peças de reposição etc.”, observa o especialista.
“Neste universo complexo, o aplicativo mobile ganha uma importância muito grande em todos os processos.”
Protagonismo do celular trouxe possibilidades de ganhos reais na produtividade
APLICATIVO
O aplicativo Manusis4 é uma das apostas da empresa para disputar esse promissor mercado no país.
Disponível em versão Android e, mais recentemente, também em iOS, a plataforma se conecta aos ativos através de hardware e middleware (que conecta aplicativos, dados e usuários), incluindo serviços de QR Code, códigos de barra, apontamentos, geolocalização, tempo de trabalho, aprovação de ordens, coleta de dados, comando de voz e criação de gêmeos digitais, dentre outros.
“Buscamos usar no aplicativo mobile o máximo possível do que temos na plataforma web (cerca de 80%), para dar maior possibilidade de decisão lá na ponta”, diz o CEO da Manusis, que atualmente atende mais de 150 clientes em 27 diferentes segmentos, somando mais de 60 mil usuários, mais da metade de usuários do app.
“Já são 30 módulos no aplicativo, que inclui ainda chat on-line, checklist, gestão de combustível e coleta de resíduos”, complementa.
De acordo com o engenheiro, as ordens de manutenção são emitidas em tempo real, programando as intervenções dos técnicos. “Com o QR Code, abre-se uma solicitação do serviço muito rapidamente, em questão de segundos”, afirma, destacando que é possível criar checklists personalizados dentro da solução, aprimorando a rastreabilidade e o registro de preditivas.
“Também é possível conferir o histórico, com dados do equipamento e listas de ordens de manutenção abertas ou canceladas, além de corretivas, paradas etc.”
Já na parte de projetos, a Manusis trabalha com uma solução em formato Gantt, que permite realizar apontamento das atividades. “À medida que se aponta o avanço das frentes de trabalho, obtém-se o avanço físico do projeto em tempo real”, explica o executivo. “Então, acabam-se aquelas reuniões de final do dia, com várias ordens em papel”, ele brinca.
Aplicativo Manusis4 conta com mais de 30 módulos para aumentar a produtividade das frotas
Outro ponto crítico nas empresas é o inventário de ativos, acentua o especialista. “Para manter o inventário atualizado basta preencher os dados técnicos dos equipamentos, inclusive fotos, o que pode ser feito a qualquer momento, em qualquer lugar”, ele comenta. “Também é possível anexar ou digitalizar outros documentos, como ordens de serviço, especificações técnicas e KPIs, e depois fazer o upload na plataforma.”
Desde 2015, quando foi lançado, o app Manusis4 já registrou ganhos expressivos de produtividade, assegura Rotondo.
“Os resultados dos clientes a partir do mobile mostram um aumento de 15% na produtividade, além de redução dos ‘tempos mortos’ entre a abertura da solicitação e a ordem de manutenção”, destaca o executivo, citando aumento de 15% na segurança, 18% nos prazos de produção e 8% em ganhos ambientais.
“Os dados mostram ainda redução nos custos com materiais (-25%) e de manutenção (-20%)”, acrescenta.
Sobre a implantação, o executivo comenta que o payback do app é estimado em 12 meses, com retorno potencial de 300% e reduções previstas de custos em torno de R$ 3 milhões/ano.
“Temos uma central de controle operacional que gerencia o que é inserido manualmente no sistema, seja através do aplicativo ou da web, mas também é possível trazer informações de IoT e de hardware”, afirma Rotondo. “Além disso, a gente também adapta a solução às regras de negócio do cliente, com uma camada que cria chaves de configuração para adaptar a solução.”
HUB
Outra iniciativa que vem se destacando no segmento é oferecida pela GaussFleet, uma plataforma de internet das coisas que se propõe a criar um hub para centralização das informações advindas da telemetria.
Segundo seu cofundador, Vinicius Callegari, o software é especializado na logística interna para a indústria de base, incluindo o monitoramento de máquinas móveis em minas, obras e usinas.
“Obviamente, os hardwares telemáticos e os hardwares inteligentes são importantíssimos para que possamos fazer o nosso trabalho”, diz o executivo da empresa, que já soma mais de 4.800 máquinas conectadas no Brasil.
A GaussFleet utiliza um OEM desenvolvido na Europa especificamente para suas operações, com disseminação especialmente nos mercados siderúrgico e de operadores logísticos.
“Trata-se de um hardware que possibilita captar as informações mais importantes e, principalmente, que tem um ‘buffer’ capaz de trabalhar em ‘áreas de sombra’”, diz Callegari, referindo-se à memória física para armazenamento temporário de dados e às regiões geográficas sem cobertura de sinal.
A ideia do hub, ele prossegue, pressupõe uma plataforma capaz de fazer a integração das informações em um processo com vários níveis. A plataforma utiliza um hardware que busca informação da rede CAN (Controller Area Network, que faz a comunicação via barramento) de máquinas e veículos de qualquer modelo, marca e ano de fabricação.
Nível de integração de maturidade alta utiliza hardwarede terceiros para conectar máquinas e gerir informações
“Esse rastreador inteligente busca dados primordiais para a gestão, entregando até mesmo informações que não podem ser captadas na rede, como os horímetros em máquinas mais antigas”, esclarece.
Tudo isso compõe a matéria-prima para que, depois, o software faça o seu trabalho na gestão de combustível, manutenção, segurança, contratos, logística inbound etc. “Esse é o primeiro nível de integração com maturidade alta, pois se usa um hardware de terceiros para conectar as máquinas e puxar as informações para dentro de casa”, explica.
Já o segundo nível, de baixa maturidade, utiliza uma API [Application Programming Interface] disponibilizada pelos fabricantes.
“A partir do momento em que os fabricantes disponibilizarem as APIs não será mais preciso nem de um rastreador de terceiros para fazer a integração, pois a plataforma pegará as informações dos diversos fabricantes e trará para dentro do hub”, comenta Callegari, observando que isso ainda não acontece tanto no Brasil. “Mas é algo que está caminhando.”
Quando se fala de integração de APIs, também é preciso considerar fatores como latência de dados e padronização de entrega, já disponibilizadas por hardware único. “Tão importante quanto os hardwares e os APIs – e que, muitas vezes, é deixado de lado – é o software para onde vão as informações”, avalia.
Segundo Callegari, as empresas precisam de know-how para gerar conhecimento com qualidade, evitando assim o “emaranhado de informações” disponibilizado por diversos sistemas.
“Na prática, isso gera pouco valor para uma gestão de frota centralizada”, ele ressalta, destacando que o software da Gauss faz o que as plataformas dos fabricantes não fazem – e nem têm por objetivo fazer.
“A importância do software é mapear digitalmente as áreas de disponibilidade na operação. Com isso, já se começa a aumentar o nível de consciência dentro do processo operacional”, aponta.
ontrato no contexto, permitindo migrar as regras desses contratos e os regimes operacionais no sistema.
A seguir, é necessário acompanhar a evolução de cada contrato pelo prisma operacional e financeiro, fazendo a gestão em uma plataforma compartilhada. “O quarto passo é criar uma fonte de dados para outras integrações com sistemas de manutenção e ERPs”, orienta Callegari.
Por fim, o hub precisa ter a capacidade de customização, para acompanhar o movimento da operação. “Se for bem-gerida, a operação vai ter uma maturidade dentro de 12 ou 24 meses, sendo que o software precisa acompanhar as mudanças ocorridas nesse período”, delineia o executivo.
TELEOPERAÇÃO
No campo da automação, a operação remota de equipamentos desponta como a principal aposta tecnológica para retirar pessoas das áreas de risco. “A evolução ocorrida nos últimos anos foi enorme”, posiciona Francisco Muradas Lorenzo Neto, especialista da Sitech, braço do Grupo Sotreq que representa a Trimble no Brasil e atua com operação remota e tecnologias de machine control desde 2012.
“Há três anos mais ou menos estamos desenvolvendo soluções para esse mercado”, afirma.
Uma das atualizações mais recente no segmento é a tecnologia LIVe, diz ele, composta por um conjunto de soluções tanto em transmissões quanto em machine control e controle remoto.
Citando um caso real, Francisco Neto diz que 25 equipamentos são operados remotamente, desde a escavadeira até o caminhão, passando pelo trator e pela motoniveladora.
“Bom, isso foi um projeto que surgiu da necessidade de descomissionar barragem em uma área remota”, ele conta. “Em conjunto com parceiros, foi necessário desenvolver essa solução em uma zona de auto salvamento, em que não é permitida a presença de vidas humanas.”
Operação remota de equipamentos semiautônomos desponta como a principalaposta tecnológica para retirar pessoas das áreas de risco e aumentar a produtividade
No shelter (centro de controle), que pode estar no próprio canteiro ou a quilômetros de distância, são transmitidas as imagens captadas por câmeras, fornecendo feedbacks para o operador.
“A teleoperação é qualquer operação feita a distância, em qualquer tipo de equipamento”, diz ele. “No nosso caso, equipamentos para qualquer situação que a gente chama de ‘missão crítica’.”
Por sua vez, a “missão crítica” implica certo controle em uma zona com risco elevado de acidentes. “Ou seja, a gente tenta tirar os operadores da área de risco, podendo ter ainda ganhos de utilização, dependendo do tempo para a troca de turno, evitando tempo de trânsito e deslocamento”, observa o especialista.
Além disso, a facilidade de treinamento é evidente, ele aponta, com um instrutor ao lado do operador 100% do tempo.
“Também posso citar a consistência e a acurácia do trabalho, assim como a garantia de operação dentro dos limites do fabricante e, principalmente, a produtividade horária em evolução”, aponta, destacando que esse índice ainda é ligeiramente inferior (cerca de 90%) à operação tripulada.
“Mas os outros ganhos de utilização podem ser um contraponto. Mesmo remotamente, é possível obter produtividades em níveis muito próximos à tripulada”, acentua.
Em geral, as situações de risco podem envolver descomissionamento de barragens, dragagens de diques, supressão vegetal, áreas de alto-forno, material radioativo, limpeza de porão de navio e outras relacionadas à ergonomia.
“Na verdade, qualquer atividade em que haja risco para o operador”, resume. “Então, quero tirar o operador dessa zona de desconforto e executar uma operação muito mais controlada e segura.”
Conceitualmente, há três tipos de operação remota. Acoplado ao corpo, o primeiro utiliza um controle remoto, o que exige permanecer a 400 m de distância.
“É até ergonômico para operar, mas ainda tem um limite tanto em tempo, quanto em distância”, sublinha. A estação remota, por sua vez, é a tecnologia mais utilizada, seja com controle de bancada ou propriamente em uma estação.
“Com um planejamento bem-feito, é possível operar a 20 km de distância, por exemplo”, prossegue Neto. “Mas houve um caso em que operamos um trator nos Estados Unidos a 9.000 km de distância em um experimento.”
Em ritmo de produção, o risco de ficar sem conectividade é um ponto importante a se considerar. “Seja como for, hoje não há distância para a estação de operação, basta ter um planejamento e, em alguns casos, a redundância”, complementa. “Já a opção de semiautonomia implica operações paralelas nas quais um algoritmo determina a atividade dos equipamentos, que executam a ação”, explica.
Já existem soluções comerciais nessa linha, mas alguns desafios ainda se interpõem no horizonte. “É preciso contar com um planejamento muito forte de investimento em tecnologia, que envolve APIs, servidores, infraestrutura, rede e conectividade muito alta, com alta demanda de tráfego de dados, o que requer um conhecimento especializado”, diz.
O foco em treinamento e planejamento também evita estrangular a operação, que se torna mais espaçada e bem-dimensionada, como sustenta o especialista. “Já estamos começando a discutir máquinas autônomas, mas uma mudança de cultura malfeita não vai trazer o benefício que se gostaria”, arremata Francisco Neto.
EVENTO
Webinar Sobratema debate o avanço da conectividade no setor
Realizado de forma on-line em setembro, o 15º Webinar Sobratema trouxe um debate sobre os impactos da conectividade na área de equipamentos móveis de construção, destacando como as soluções digitais estão transformando a gestão de frotas e tornando a atividade cada vez mais precisa e eficiente.
“A capacidade de conexão dos equipamentos tem se tornado uma realidade cada vez mais presente em obras e empreendimentos”, disse na abertura do evento o presidente da Sobratema, Afonso Mamede.
Evento abordou os avanços na gestão de frotas trazidos por plataformas digitais
Segundo ele, a conectividade está impactando a eficiência operacional e a gestão dos equipamentos, revolucionando a maneira como se trabalha e oferecendo aos usuários uma série de benefícios para melhoria da produtividade.
“Mas [também é preciso considerar] os desafios e oportunidades que essa revolução tecnológica traz para o setor, com mudanças nas práticas e habilidades necessárias para acompanhar a transformação”, argumentou.
Saiba mais:
Webinar Sobratema: www.youtube.com/user/sobratema
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