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Revista M&T - Ed.194 - Setembro 2015
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A Era das Máquinas

A aurora dos grandes projetos

Por Norwil Veloso

O final do século XIX foi caracterizado pela expansão das ferrovias e pelo uso do motor a vapor. Isso levou à construção de grandes pontes e túneis, que demandaram equipamentos compatíveis para sua construção.

Entre 1846 e 1850 foi construída a primeira ponte ferroviária de grande extensão (com 559 m), na costa oeste do País de Gales. Formada por duas vigas ocas de seção retangular, com comprimento de 143 m, transportadas até o local por pontões e posicionadas por elevadores hidráulicos. Em 1858, foi construída a ponte Royal Albert, com 300 m e uma enorme seção central pré-fabricada em treliça metálica. Posteriormente, seria a vez da ponte Kaiser Wilhelm, na Alemanha, cuja altura do vão central era de 170 m, obrigando a executar a montagem com guindastes sobre trilhos fabricados pela MAN e instalados na própria estrutura.

Em 1846, William George Armstrong construiu o primeiro guindaste hidráulico com pressão de água. A água, a 6 bar, alimentava três cilindros, para diferentes níveis de carga, e ainda um quarto cilindro, para o giro. Em 1851, o inventor desenvolveu o primeiro acum


O final do século XIX foi caracterizado pela expansão das ferrovias e pelo uso do motor a vapor. Isso levou à construção de grandes pontes e túneis, que demandaram equipamentos compatíveis para sua construção.

Entre 1846 e 1850 foi construída a primeira ponte ferroviária de grande extensão (com 559 m), na costa oeste do País de Gales. Formada por duas vigas ocas de seção retangular, com comprimento de 143 m, transportadas até o local por pontões e posicionadas por elevadores hidráulicos. Em 1858, foi construída a ponte Royal Albert, com 300 m e uma enorme seção central pré-fabricada em treliça metálica. Posteriormente, seria a vez da ponte Kaiser Wilhelm, na Alemanha, cuja altura do vão central era de 170 m, obrigando a executar a montagem com guindastes sobre trilhos fabricados pela MAN e instalados na própria estrutura.

Em 1846, William George Armstrong construiu o primeiro guindaste hidráulico com pressão de água. A água, a 6 bar, alimentava três cilindros, para diferentes níveis de carga, e ainda um quarto cilindro, para o giro. Em 1851, o inventor desenvolveu o primeiro acumulador de pressão, que também trabalhava com água pressurizada. Esses guindastes se tornaram bastante populares e foram produzidos em grande número para portos e para a indústria siderúrgica.

Em 1883, foi iniciada a Ponte de Forth, na Escócia, com aproximadamente 2,5 km de extensão e altura de 48 m sobre o nível da água, totalmente construída em treliça metálica rebitada. Foram utilizados 6,5 milhões de rebites que, por si só, pesavam 4.200 ton das 54 mil ton de peso total da estrutura. Durante muito tempo a ponte foi a maior do mundo e tornou-se um símbolo da Escócia.

Em sua construção foram usados guindastes manuais e a vapor, guinchos e derricks com giro, montados “em todos os locais possíveis, para acelerar a obra”. Também foram projetadas plataformas especiais, cada uma delas com um guindaste hidráulico com pressão de água, uma máquina de rebitagem e um guindaste a vapor para montagem da estrutura.

INOVAÇÕES

Na mesma época, algumas inovações na área de equipamentos deram impulso a esse tipo de obra. Em 1864, G. Stothert construiu o primeiro guindaste a vapor com giro de 360o e capacidade de 3 ton, utilizando a caldeira como contrapeso.

Em 1867 foi fundada a Coles e, em 1869, a Ransomes & Rapier, que nos anos seguintes se tornaria famosa. Em 1875, a empresa exportou os primeiros guindastes sobre trilhos para a China e, em 1888, produziu guindastes portuários de 30 ton que tiveram grande aceitação.

Em 1885, a empresa Taylor & Company produziu para o porto de Dundee um guindaste com a impressionante capacidade de 70 ton. Equipado com lança em treliça de 17 m, o equipamento possuía dois motores a vapor, que acionavam a elevação e o giro de forma independente, tornando-se a primeira máquina a utilizar um anel contínuo para execução do giro.

Na Alemanha, a produção se iniciou em 1819, quando Friedrich Wilhelm Harkort recrutou engenheiros na Inglaterra e montou a Mechanische Werkstätte que  se tornaria famosa com o nome Demag. Em 1885, essa empresa produziu o maior guindaste portuário do mundo, com capacidade de 150 ton, lança de 17,3 m e giro completo. Inicialmente a vapor, o acionamento foi transformado em elétrico em 1925.

Na França, a empresa Schneider & Company produziu em 1878 um guindaste a vapor sobre trilhos com capacidade de 2,5 ton, lança de 8 m e giro de 360o. Por volta de 1890, a Decauville lançou uma linha de guindastes manuais, originalmente estáticos, que podiam ser montados sobre o chassi das vagonetas de sua fabricação. Os sistemas de acionamento utilizados eram pouco eficientes, o que os deixou para trás.

AMÉRICA

Nos EUA, William Dana Edward criou uma corrente com elos intercambiáveis e fundou a Link-Belt Machinery em 1880. Dez anos depois, a empresa lançou seu primeiro guindaste sobre trilhos, um dos primeiros com cabina elevada. Em 1882, Oliver T. Crosby e Frank J. Johnson fundaram a American Manufacturing, que se tornaria anos depois a American Hoist & Derrick. Iniciando com guindastes manuais e, posteriormente, com guindastes de madeira tipo Derrick, uma década depois a empresa produziu o maior guindaste sobre trilhos do mundo, com capacidade de 45 ton e lança de 23 m, que se manteve em produção por 20 anos. Seu vizinho, Pawling & Harnischfeger também veio a se tornar famoso com o nome P&H. Em 1886, a Marion lançou a Barnhart Log Loader, o primeiro guindaste americano com giro de 360o.

As máquinas podiam ser equipadas com caçamba (shovel), gancho ou bate-estaca. Em 1883, a antecessora das escavadeiras Marion era especificada como “guindaste móvel”, enquanto a Thompson Steam Excavator and Derrick (predecessora da Bucyrus) tinha especificações para escavadeira e guindaste (15 ton com giro de 180º). Máquinas combinadas como essas foram produzidas pela maioria dos fabricantes, nos EUA e na Europa.

A construção do Titanic

Para construir o navio – entre 1909 e  1911 – foram necessárias novas instalações nos estaleiros Harland & Wolf, em Belfast. Utilizado para a montagem do casco, o pórtico Arrol era visto acima das ruas de Belfast, ao passo que o dique seco usado para a montagem era o maior do mundo de seu tipo. Na montagem da embarcação, 50 guindastes trafegavam por uma rede de trilhos de bitola estreita. Os equipamentos foram fabricados por Thomas Smith & Son, uma empresa de engenharia estabelecida em Rodley, Yorkshire. A capacidade das máquinas era de 5 ton, considerada ideal para a movimentação de partes do casco, cabos e outros componentes. As máquinas faziam um ruído característico ao se moverem, com estalos e chiado, mas eram consideradas extremamente confiáveis e trabalharam no estaleiro até 1980.

Leia na próxima edição: Pioneirismo na indústria britânica

 

 

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