O mercado de manipuladores telescópicos apresenta forte demanda em diversos países, especialmente na Europa. No Brasil, todavia, a inserção dessa família segue como desafio, exigindo um trabalho árduo para que esses equipamentos se tornem mais utilizados no país.
Oportunidades de crescimento existem, como deixam claro as empresas que atuam no segmento, especialmente com a introdução de inovações tecnológicas e a diversificação de aplicações em vários setores da economia.
No entanto, a aceitação tem sido apenas gradual. E há bons motivos para isso. Após um período de crescimento, por volta de 2011, o mercado enfrentou obstáculos na esteira das crises econômicas que se seguiram.
“Nos últimos anos, observou-se uma retomada no crescimento, embora não necessariamente pelo incremento da demanda, mas pelos investimentos realizados”, posicio
O mercado de manipuladores telescópicos apresenta forte demanda em diversos países, especialmente na Europa. No Brasil, todavia, a inserção dessa família segue como desafio, exigindo um trabalho árduo para que esses equipamentos se tornem mais utilizados no país.
Oportunidades de crescimento existem, como deixam claro as empresas que atuam no segmento, especialmente com a introdução de inovações tecnológicas e a diversificação de aplicações em vários setores da economia.
No entanto, a aceitação tem sido apenas gradual. E há bons motivos para isso. Após um período de crescimento, por volta de 2011, o mercado enfrentou obstáculos na esteira das crises econômicas que se seguiram.
“Nos últimos anos, observou-se uma retomada no crescimento, embora não necessariamente pelo incremento da demanda, mas pelos investimentos realizados”, posiciona Lucas Alves, supervisor de estratégia e aplicação de produto da JCB, uma das principais marcas que disputam esse mercado.
“Atualmente, esse mercado representa uma pequena parcela do total comercializado na Linha Amarela.”
Segundo ele, as vendas vêm aumentando ano a ano, o que demonstra que há potencial para o mercado superar 10% do total de máquinas vendidas no país nos próximos anos.
“Ou seja, temos uma grande oportunidade”, completa. Segundo estimativa do Estudo Sobratema, o mercado de manipuladores movimentou cerca de 385 unidades no Brasil em 2024, acima do previsto.
Como o levantamento cobre até o 3º trimestre do ano, as fabricantes acreditam que o mercado pode ter crescido ainda mais, chegando a algo entre 430 e 450 unidades (+2%).
Parece bom, mais ainda é um resultado tímido para o porte do país. Para efeito de comparação, apenas os Países Baixos – região que engloba Bélgica, Holanda e Luxemburgo – venderam cerca de 3 mil máquinas no ano passado.
“São países muito pequenos em comparação ao Brasil, ou seja, ainda temos muito a desenvolver”, reforça Marcelo Bracco, diretor da Manitou para a América Latina.
FLEXIBILIDADE
Em relação ao uso, os manipuladores apresentam diferenças de projeto em função do tipo e da aplicação.
Segundo o gerente comercial da XCMG, Geraldo Peleje, o mercado global pode ser categorizado em modelos “compactos” (projetados para manobras em espaços apertados e atividades agropecuárias em escala interna ou reduzida), de “alto alcance” (equipados com barras para levantar materiais a alturas maiores, geralmente em escala maciça na construção) e de “elevador pesado” (construídos para lidar com massas mais densas, adequados para pacotes industriais).
Para especialistas, o usuário brasileiro precisa conhecer melhor os benefícios da solução
Com base na aplicação, Alves explica que – seja qual for a categoria – os manipuladores são reconhecidos pela versatilidade, podendo substituir até quatro equipamentos em determinadas operações (como empilhadeira, plataforma, carregadeira e guindaste).
Denominados Loadall, os manipuladores da JCB são utilizados em inúmeras aplicações, incluindo construção, agropecuária, indústria, mineração, logística, operações portuárias e usinas, em atividades como içamento de materiais e estruturas, montagens industriais, movimentação de cargas paletizadas ou big bags, carga e descarga de caminhões, atividades em silos, rechego de materiais e manipulação de insumos, dentre outras.
É essa flexibilidade que permite ao segmento sonhar com voos maiores no país.
“A versatilidade dos equipamentos converge com alto desempenho e baixo consumo, características que auxiliam na otimização do cronograma operacional, reduzindo tempo, números de ativos e pessoas envolvidas, aumentando a eficiência”, complementa Alves.
De acordo com Fabiano Fagá, gerente de vendas sênior da Genie, a princípio os manipuladores ganharam destaque em obras no país, utilizados especialmente para funções pick and carry ou lançamento de cargas em altura.
No entanto, seu uso tem se expandido para outras áreas, que incluem o setor de óleo & gás e fazendas solares.
“A variedade de acessórios e ferramentas compatíveis confere inúmeras aplicações aos equipamentos”, observa.
Embora no exterior o setor agrícola seja um dos principais demandantes da solução, no Brasil a penetração nesse mercado enfrenta obstáculos devido ao uso disseminado de equipamentos tradicionais, como tratores agrícolas, caminhões munck e empilhadeiras.
“Até alguns anos atrás, a falta de demonstrações e treinamentos que evidenciassem as vantagens em atividades agrícolas dificultou a adoção do equipamento”, avalia.
Até por isso, as fabricantes vêm apostando em programas de divulgação, realizados em parceira com a rede de distribuidores, buscando desenvolver uma cultura de aplicação de manipuladores no país.
Segundo Bracco, a Manitou tem participado de feiras e eventos de diversos segmentos e realizado demonstrações dinâmicas nas operações dos clientes, visando tornar o manipulador mais popular.
“O segredo é a demonstração, pois quem experimenta, logo vê as vantagens”, diz ele, destacando que a empresa também segmentou a rede de dealers em construção e agricultura, “com o intuito de focar nos respectivos mercados”.
DEMANDA
Assim como ocorre em outras segmentações de mercado, o executivo da JCB entende que a baixa representatividade dos manipuladores em mercados subdesenvolvidos possui diversas explicações, “desde o nível de investimentos em maquinários de alta precisão até cenários micro e macroeconômicos”.
Enquanto em regiões desenvolvidas (como EUA, Japão e Reino Unido) a maior parcela de equipamentos comercializados compreende miniescavadeiras e minicarregadeiras, no Brasil e nos demais países subdesenvolvidos ainda é alta a demanda de retroescavadeiras, devido ao baixo investimento vs. versatilidade em escavação e carregamento.
Entretanto, as retroescavadeiras são consideradas máquinas de apoio, com pouca tecnologia embarcada e baixa produtividade frente a escavadeiras hidráulicas e carregadeiras.
“Para o mercado de manipuladores o cenário é diferente, pois a ampla frota de tratores agrícolas, empilhadeiras, caminhões munck e outros equipamentos ainda antepõe desafios”, comenta Alves.
“Mas, à medida que fabricantes demonstrem os benefícios de versatilidade e alta capacidade, a atratividade se tornará exponencial e a popularidade recorrente.”
Outro ponto relevante, destacado por Peleje, da XCMG, é a disponibilidade restrita de operadores.
“Os manipuladores são máquinas complexas, que exigem conhecimento especializado para um desempenho adequado, especialmente quando se gerencia massas pesadas em altura e ambientes desafiadores”, acentua.
Em muitas regiões em desenvolvimento, diz o especialista, a ausência de escolaridade completa e operadores licenciados dificulta a adoção da tecnologia. “Esse desafio aumenta o apelo à escolaridade e certificação”, afirma Peleje.
“Afinal, garantir um suprimento constante de operadores qualificados é importante para melhorar a segurança e a produtividade das operações.”
INOVAÇÕES
No mercado global atual, uma das tendências marcantes é a adoção de manipuladores elétricos, nota o executivo da XCMG. “A consciência crescente em termos de sustentabilidade e redução de emissões faz com que os manipuladores elétricos ganhem espaço devido à sua natureza ambientalmente amigável e agregada”, diz Peleje.
Diferentemente dos manipuladores a diesel, os modelos elétricos entregam emissões mais baixas e níveis reduzidos de ruído, permitindo que sejam utilizados em atividades industriais internalizadas ou mesmo em áreas urbanas sensíveis, onde as diretrizes de emissões são mais rigorosas.
Mas os elétricos também são interessantes para indústrias como a agricultura, em que ruídos e gases de exaustão podem afetar as operações.
“As melhorias em baterias estão aprimorando o desempenho e a eficiência operacional dos elétricos, assegurando maior autonomia e carregamento mais rápido”, complementa Peleje.
Na Manitou, o portfólio global inclui manipuladores rotativos elétricos e modelos menores, também em versão eletrificada. “Essas versões ainda não estão disponíveis no Brasil, mas sua introdução já está planejada para ocorrer ainda este ano”, revela Bracco.
Para as fabricantes, o mercado brasileiro ainda tem muito a desenvolver no segmento
Um destaque da marca, comenta o executivo, são os modelos equipados com o sistema Ecostop, que desliga o motor automaticamente quando a máquina não está trabalhando.
“As principais vantagens disso incluem redução do custo total de propriedade, além de menores emissões”, destaca.
A JCB, por sua vez, aposta em inovações como cabine ROPS/FOPS, indicador de momento de carga, estrutura de lança tubular, válvulas de segurança, pontos de manutenção acessíveis do solo e três modos de direção, incluindo “viagem rápida” (direção nas rodas dianteiras), “trabalho em espaços confinados e/ou com menor raio de giro” (direção nas quatro rodas) e “direção caranguejo” (articulação paralela das quatro rodas), para manobras próximas a paredes e demais estruturas.
Outras características da oferta incluem o engate rápido Q-Fit, que permite troca ágil de acessórios, além do sistema de monitoramento Livelink, que permite acompanhar o desempenho da máquina a distância.
Em nível global, a JCB conta com 34 modelos disponíveis e mais de 1.000 diferentes configurações.
“No mercado nacional, a JCB comercializa seis diferentes modelos de Loadall, sendo cinco importados e um fabricado integralmente na planta de Sorocaba”, acrescenta Alves, citando o modelo nacionalizado 540-170.
Entre as inovações da Genie, Fagá destaca a adoção de transmissões powershift de 3 e 4 velocidades e motorizações de 74 ou 121 hp, além de pneus Enduro, para condições operacionais mais desafiadoras.
Uso das soluções tem se expandido para outras áreas fora da construção e agribusiness
“Existem duas vertentes no mercado global atual”, elucida o gerente.
“Em contraste com a vertente europeia, os manipuladores americanos possuem características construtivas diferenciadas, o que lhes confere maior robustez, durabilidade e vida útil prolongada, tornando o custo total de propriedade mais vantajoso ao longo do tempo”, conclui Fagá.
LANÇAMENTO
Caterpillar lança nova linha nos EUA
Após quase duas décadas, a fabricante apresentou na World of Concrete 2025 uma nova linha de manipuladores, produzida em Leicester, no Reino Unido.
Com quatro novas máquinas – TH0642, TH0842, TH1055 e TH1255 –, a linha oferece capacidades de carga de 2,7, 3,6, 4,5 e 5,4 t, respectivamente.
A altura máxima de elevação para os modelos TH0642 e TH0842 é de 12,8 m, enquanto as duas maiores atingem 16,7 m. “Em vez do projeto com quatro placas, adotamos o que chamamos de lança tipo C de duas peças”, explica Kevin Coleman, especialista de produtos da empresa.
Nova linha inclui quatro novas máquinas, com capacidades de 2,7 a 5,4 t
As atualizações incluem tecnologia de presença, que impede movimentos da máquina se o operador não estiver sentado.
Coleman também destaca melhorias como recursos de alarme, sistemas telemáticos atualizados e indicador de estabilidade de carga (LSI).
“Outras características incluem joystick de controle, cabine espaçosa e confortável e ferramenta opcional de serviço para manutenção da corrente”, completa.
Saiba mais:
Caterpillar: www.caterpillar.com
Genie: www.genielift.com/pt
JCB: www.jcb.com/pt-br
Manitou: www.manitou.com/pt-BR#1
XCMG: www.xcmg-america.com
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