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Revista M&T - Ed.224 - Junho 2018
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Manipuladores

Em busca do espaço perdido

Mesmo com a queda acentuada das vendas no país, fabricantes apostam na evolução e divulgação dos manipuladores telescópicos disponibilizados ao mercado nacional
Por Antonio Santomauro

Além da crise que prejudicou todos os setores da economia, características próprias de um mercado ainda novo freiam as vendas de manipuladores telescópicos no Brasil. Uma delas é o desconhecimento das potencialidades dessa família de equipamentos (também conhecidos como telehandlers, do original em inglês). Outra, o custo de aquisição, superior ao de potenciais concorrentes nas atividades de movimentação de cargas.

De fato, após vivenciar um boom de mercado há alguns anos, o equipamento sofreu uma queda acentuada nas vendas no país. Em 2017, foram vendidas no Brasil apenas algumas dezenas de unidades, algo entre 50 e 60 máquinas, segundo diferentes estimativas. Neste ano, a demanda deve manter-se no mesmo patamar. Esses números acanhados, porém, não impedem que os fabricantes invistam na evolução dos equipamentos disponibilizados ao mercado nacional. Até pelo contrário.

A JCB, por exemplo, está tornando padrão nesses equipamentos um ventilador reversível – antes opcional –, que em períodos pré-programados inverte seu sentido para empurrar ar sobre o radiador e, assim, limpar suas aletas. “Isso elimina a necessidade das paradas para limpeza, o que é muito interessante para operação em locais onde há muito pó suspenso”, destaca Ricardo Nery, gerente de produtos da fabricante. “Já configuramos com esse ventilador todos nossos manipuladores agrícolas, como os modelos 531-70 e 541-70, que estão entre os mais vendidos no país.”

Globalmente, o portfólio da JCB inclui desde manipuladores com capacidade de carga a partir de 1,6 t e altura de trabalho de 4 m, até opções capazes de elevar 4 t a 20 m de altura. Dois deles, os modelos 535-125 e 540-170, com capacidades para 3,5 t e 4 t e alturas de 12,5 m e 17 m, respectivamente, já são fabricados no Brasil.

Já a Manitou obtém maior volume com os manipuladores MLT-X 735 e MLT-X 840, também dirigidos ao agronegócio. “Considerando também, além de altura e capacidade, itens como direção ou joystick, variações de cabinas e diferentes tipos de bancos, temos mais de 400 configurações de telehandlers em todo o mundo”, afirma Marcelo Bracco, diretor da marca para o Brasil e América Latina.

Segundo ele, em âmbito global os manipuladores são utilizados


Além da crise que prejudicou todos os setores da economia, características próprias de um mercado ainda novo freiam as vendas de manipuladores telescópicos no Brasil. Uma delas é o desconhecimento das potencialidades dessa família de equipamentos (também conhecidos como telehandlers, do original em inglês). Outra, o custo de aquisição, superior ao de potenciais concorrentes nas atividades de movimentação de cargas.

De fato, após vivenciar um boom de mercado há alguns anos, o equipamento sofreu uma queda acentuada nas vendas no país. Em 2017, foram vendidas no Brasil apenas algumas dezenas de unidades, algo entre 50 e 60 máquinas, segundo diferentes estimativas. Neste ano, a demanda deve manter-se no mesmo patamar. Esses números acanhados, porém, não impedem que os fabricantes invistam na evolução dos equipamentos disponibilizados ao mercado nacional. Até pelo contrário.

A JCB, por exemplo, está tornando padrão nesses equipamentos um ventilador reversível – antes opcional –, que em períodos pré-programados inverte seu sentido para empurrar ar sobre o radiador e, assim, limpar suas aletas. “Isso elimina a necessidade das paradas para limpeza, o que é muito interessante para operação em locais onde há muito pó suspenso”, destaca Ricardo Nery, gerente de produtos da fabricante. “Já configuramos com esse ventilador todos nossos manipuladores agrícolas, como os modelos 531-70 e 541-70, que estão entre os mais vendidos no país.”

Globalmente, o portfólio da JCB inclui desde manipuladores com capacidade de carga a partir de 1,6 t e altura de trabalho de 4 m, até opções capazes de elevar 4 t a 20 m de altura. Dois deles, os modelos 535-125 e 540-170, com capacidades para 3,5 t e 4 t e alturas de 12,5 m e 17 m, respectivamente, já são fabricados no Brasil.

Já a Manitou obtém maior volume com os manipuladores MLT-X 735 e MLT-X 840, também dirigidos ao agronegócio. “Considerando também, além de altura e capacidade, itens como direção ou joystick, variações de cabinas e diferentes tipos de bancos, temos mais de 400 configurações de telehandlers em todo o mundo”, afirma Marcelo Bracco, diretor da marca para o Brasil e América Latina.

Segundo ele, em âmbito global os manipuladores são utilizados em diversos setores, especialmente construção, agricultura, mineração e indústria. No Brasil, diferentemente, destinam-se prioritariamente ao primeiro desses mercados, ao qual chegam via locadoras. “A qualidade da mão de obra da construção brasileira é muita baixa, o que acarretou problemas no uso de manipuladores, ficando a imagem de um equipamento caro, complicado e frágil”, observa Bracco. “É isso que agora buscamos reverter.”

Mineração e agronegócio são mercados promissores para essa família de máquinas

SEGMENTAÇÃO

Fabricantes de manipuladores sem produção local enfrentam mais dificuldades na disputa por esse mercado ainda incipiente. É o caso da Haulotte, que não conseguiu renovar para seus manipuladores – todos importados – o benefício fiscal do Ex-tarifário, regime que concede reduções de tributos a bens de capital provenientes de outros países e sem similares nacionais. “Ficou mais difícil competir com quem fabrica aqui, sendo que nossa última importação aconteceu há mais de um ano”, admite Marcelo Racca, executivo de vendas da empresa.

A Haulotte, todavia, segue aprimorando seu portfólio global no segmento. No início do ano passado, a marca lançou uma linha qualificada como “heavy load”, com máquinas com altura de 10 m e capacidade de carga variando entre 5,2 mil kg e 7,2 mil kg. “Normalmente, máquinas com altura de 10 m têm capacidade de carga de até 4 mil kg, mas com itens como patola e contrapeso maior conseguimos ampliar esse limite de carga”, ressalta Racca, que cita a mineração e o agronegócio como mercados potencialmente mais interessantes para essa linha.

Fabricantes com linha de produção local têm vantagens na competição pelo mercado brasileiro

Mais direcionada à construção, a New Holland também não deixa de trabalhar o mercado nacional para seus equipamentos. Atualmente, a empresa traz para o Brasil os modelos LM1445 e LM1745, cujas lanças são acionadas por sistema hidráulico com cilindros, ao invés de correntes, mais comuns nos manipuladores. “Esse sistema hidráulico proporciona maior precisão no acionamento, maior rapidez, menor necessidade de manutenção e mais segurança”, compara Rafael Ricciardi, especialista de marketing de produto da New Holland Construction. “Além disso, enquanto a maioria dos telehandlers opera com cálculos feitos por meio de tabelas e calculadoras, esses dois modelos têm células de carga instaladas no eixo traseiro, que monitoram sua torção, transformando os dados em informações gráficas e sonoras. Isso garante maior segurança à operação”, acrescenta.

Os modelos disponibilizados no Brasil pela New Holland, garante Ricciardi, também têm cabines bastante elaboradas e ergonômicas – com toda a superfície interna revestida em ABS, por exemplo –, além de direção por joystick e alavancas únicas para comando da transmissão e do conjunto de lança e acessórios. “O comando da lança possui acionamento eletro-hidráulico dotado de um interruptor para comandar de forma proporcional o fluxo hidráulico e, assim, permitir maior precisão na movimentação da lança”, diz ele.

No caso da New Holland, os equipamentos ainda contam com o Ex-tarifário, mas a demanda por esse tipo de equipamentos também se reduziu nos últimos anos para a marca, principalmente pela diminuição de empreendimentos na construção, que entre 2013 e 2016 registrou uma queda acumulada de 84%. Em 2017, relata Ricciardi, houve algum crescimento (cerca de 4%), sendo comercializadas 51 unidades de manipuladores no Brasil. “Para este ano, o cenário não deve ter alterações significativas”, prevê. “A construção civil ainda é a principal demandante de nossos manipuladores, mas existe potencial de crescimento no agronegócio.”

Desconhecimento das vantagens do equipamento ainda impede um avanço maior no país, opinam especialistas

POTENCIAL

Por falar nisso, enquanto alguns fabricantes veem nas atividades agrícolas um campo potencialmente interessante para seus manipuladores, outros já obtêm desse segmento a maior parte das vendas desse gênero de equipamentos no Brasil. É o caso da Manitou, que atualmente destina ao agronegócio cerca de 60% dos telehandlers vendidos no Brasil. “Além de mais estável que a construção, que depende muito da conjuntura política, o mercado agro geralmente compra os equipamentos, ao invés de locá-los, como fazem as construtoras”, delineia Bracco.

Nas atividades agropecuárias, ele ressalta, com alguns poucos implementos, como caçamba, fixador para big bags e clamps (esse último, uma espécie de garra própria para transportar materiais como feno enfardado), um manipulador pode encarregar-se de praticamente todas as tarefas de movimentação de cargas. Apesar desse foco, a Manitou também olha atentamente para mercados como a mineração, buscando novas aplicações para esse produto. “Recentemente, vendemos um equipamento para movimentação de contêineres vazios em um porto, na qual um manipulador é opção muito mais econômica que um reach stacker”, observa Bracco.

Também Nery, da JBC, vê potencial comercial no agronegócio, mas crê em uma recuperação das vendas na construção imobiliária, principalmente em obras de até quatro andares, nas quais equipamentos com até 17 m podem fazer praticamente tudo. “Nosso modelo nessa configuração foi o mais demandado no Brasil no primeiro trimestre deste ano”, ressalta.

ANÁLISE

Entre as causas da baixa demanda por manipuladores telescópicos no Brasil, o profissional da JCB inclui o fato de os clientes locais ainda não perceberem os benefícios desse equipamento, cujo custo de aquisição gira entre 10% e 15% acima de opções como pás carregadeiras.

Mas uma análise da relação custo x benefício mostra-se mais favorável a esse tipo de equipamentos. “Um manipulador é bem mais versátil e permite que se empilhe em alturas maiores que uma pá carregadeira”, destaca Nery. “Além disso, se o custo de manutenção é similar, o consumo é bem menor: uma pá carregadeira geralmente consome de 10 a 12 l/h, enquanto um manipulador consome de 6 a 10 l/h.”

Comparativamente às plataformas, os locadores interessados em trabalhar com telehandlers devem estabelecer preços diferenciados, recomenda Racca, da Haulotte. “Muitos locadores de telehandlers também trabalham com plataformas, mas os valores associados a esses dois tipos de equipamentos devem ser diferentes: além de terem custo de aquisição maior, os manipuladores trabalham como equipamentos da Linha Amarela, mantendo-se em operação o tempo todo, enquanto as plataformas eventualmente permanecem paradas”, justifica. “Isso faz com que o custo de manutenção do manipulador seja maior.”

No médio prazo, contudo, Racca prevê uma expansão expressiva da demanda por manipuladores no Brasil. “Esse mercado certamente ainda não é gigantesco no Brasil, mas pode movimentar algo como 15% da quantidade de plataformas vendidas no país”, ele projeta, comparando com o desempenho desta família em outros países. “Nos Estados Unidos e na Europa, os manipuladores são complementares na maioria das operações”, finaliza o executivo.

No Brasil, a construção ainda é a principal demandante de manipuladores

LOCADORA ESPECIALIZADA APOSTA NO POTENCIAL DA MÁQUINA

Embora em quantidades ainda exíguas, o mercado brasileiro de manipuladores telescópicos já conta com algumas locadoras especializadas. Uma delas, a Fadre, tem sede em Curitiba (PR) e atende a todo o território nacional com uma frota de cerca de 80 manipuladores, de diversas marcas e alcance vertical variando entre 7 e 25 m.

Segundo Fabiano Romanó, diretor da empresa, a oportunidade dessa especialização surgiu quando trabalhava com máquinas compactas como minicarregadeiras, com as quais enfrentava algumas dificuldades em demandas de movimentação de materiais. “Faltava capacidade de carga e de alcance”, ele lembra.

O manipulador, como ressalta Romanó, é capaz de trabalhar com inúmeros implementos. Inclusive, alguns são customizados para demandas específicas. “Já desenvolvi implementos para encaixar placas de drywall em edifícios e auxiliar na fixação de vidros em fachadas, dentre outras customizações”, conta.

O que ainda dificulta o trabalho com manipuladores no Brasil, diz o diretor, é mesmo o custo. Como a maior parte é importada – a produção nacional ainda está restrita a poucos modelos –, os equipamentos não dispõem de fontes de financiamento com taxas interessantes. “Os custos de manutenção também são enormes, pois as peças são todas importadas e sofrem com a variação cambial”, complementa.

Para complicar ainda mais essa conjuntura difícil, própria de um mercado ainda pouco consolidado, há certa imperícia do usuário: “Muitas vezes, os usuários fazem o equipamento trabalhar acima do recomendado”, comenta. “Evidentemente, isso gera desgaste excessivo e quebras.”

Para minimizar esse problema, o executivo privilegia locações nas quais também são fornecidos os operadores: “É melhor tanto para o locador quanto para o cliente”, garante. Apesar disso, Romanó acredita no potencial de utilização desta família no país, nos mais diversos setores. “Na construção de prédios de até oito pavimentos para moradia popular, por exemplo, o manipulador é a melhor opção para movimentação de materiais, substituindo – com vantagem – gruas, elevadores de carga, guinchos e caminhões tipo munck, dentre outros equipamentos”, completa.

Saiba mais:

Fadre: fadre.com.br

Haulotte: www.haulotte.com.br

JCB: www.jcb.com/pt-br

Manitou: www.manitou.com/pt

New Holland: construction.newholland.com/lar/pt

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