Revista M&T - Ed.231 - Fev/Mar 2019
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Manipuladores

A marca da versatilidade

Gama ampla de implementos expande as possiblidades de uso dos equipamentos, que vêm ganhando espaço na agroindústria brasileira com a oferta de diferenciais construtivos
Por Antonio Santomauro

Expressa na capacidade de desempenhar inúmeras tarefas nos mais diversos setores – como construção, mineração, agronegócio e logística –, a versatilidade é uma característica marcante dos manipuladores telescópicos, fundamentando sua disseminação em vários países. No Brasil, a crise que nos últimos anos assolou a construção – globalmente, seu maior mercado – por enquanto ainda refreia a expansão de seu uso neste setor, que em contrapartida vem ganhando espaço na produção rural, segmento da economia menos afetado pela conjuntura econômica adversa.

E não é à toa que isso acontece. Uma das bases da versatilidade dos manipuladores é a vasta gama de implementos com a qual podem trabalhar, capacitando-os para múltiplas aplicações na produção agropecuária, como movimentação de rações, fertilizantes e defensivos, distribuição da alimentação para os animais, tarefas de silagem e limpeza de currais e galpões, dentre outras. Todavia, alguns diferenciais construtivos também tornam esses equipamentos mais (ou menos) adequados a cada aplicação, dev


Expressa na capacidade de desempenhar inúmeras tarefas nos mais diversos setores – como construção, mineração, agronegócio e logística –, a versatilidade é uma característica marcante dos manipuladores telescópicos, fundamentando sua disseminação em vários países. No Brasil, a crise que nos últimos anos assolou a construção – globalmente, seu maior mercado – por enquanto ainda refreia a expansão de seu uso neste setor, que em contrapartida vem ganhando espaço na produção rural, segmento da economia menos afetado pela conjuntura econômica adversa.

E não é à toa que isso acontece. Uma das bases da versatilidade dos manipuladores é a vasta gama de implementos com a qual podem trabalhar, capacitando-os para múltiplas aplicações na produção agropecuária, como movimentação de rações, fertilizantes e defensivos, distribuição da alimentação para os animais, tarefas de silagem e limpeza de currais e galpões, dentre outras. Todavia, alguns diferenciais construtivos também tornam esses equipamentos mais (ou menos) adequados a cada aplicação, devendo ser considerados por quem pensa em adquirir ou locar um manipulador.

No agronegócio, os manipuladores geralmente têm altura de içamento de carga diferente dos equipamentos similares destinados à construção, mas também apresentam outras especificidades. “Os manipuladores para uso agropecuário têm capacidade de reboque superior – em torno de 22 t –, o que possibilita rebocar vagões, carretas graneleiras e carretas tanque”, detalha Marcelo Bracco, diretor para a América Latina da Manitou, que mantém uma unidade fabril na cidade paulista de Vinhedo.

Segundo o executivo, os manipuladores voltados para o agronegócio trazem um conjunto mais potente de motor, transmissão e bomba hidráulica, assim como hélice reversível automática, joystick JSM standard, cabina mais confortável e maior ângulo de despejo da caçamba, dentre outros diferenciais. Além disso, ele prossegue, a fabricante disponibiliza cerca de 400 diferentes implementos para manipuladores, considerando-se diferentes versões e dimensões.

Em plantas agropecuárias, os implementos mais comumente agregados a esses equipamentos são as caçambas e os garfos, destinados ao manuseio de materiais a granel e paletes, respectivamente. “Há também uso significativo de sistemas – compostos por suportes similares a ganchos – para manuseio de big bags”, diz Bracco, referindo-se aos grandes sacos que acondicionam ração e fertilizantes, geralmente com capacidade de uma tonelada. “Temos ainda uma espécie de caçamba com garras que puxam os materiais, com utilidade em diversas aplicações agrícolas.”

O agronegócio é o segmento de maior penetração da família no país

Também para Ricardo Nery, gerente de produto para manipuladores da JCB do Brasil, a manipulação de big bags já se tornou uma tarefa vocacional para os manipuladores que atuam no setor agropecuário. Isso porque, nessa aplicação, como ressalta o especialista, esses equipamentos apresentam vantagens relevantes, comparativamente a opções mais tradicionais como as empilhadeiras. “Com o uso de manipuladores há quem consiga até nove linhas de empilhamento de big bags, enquanto com uma empilhadeira é possível fazer apenas duas ou três linhas”, exemplifica.

Já na pecuária, prossegue Nery, aos poucos vem se consolidando um implemento denominado clamp – grosso modo, uma grande pinça –, que permite o transporte da silagem do gado previamente embalada em filmes plásticos. “Também temos caçambas que, com a silagem já desembalada, permitem misturar e/ou esparramar a ração para que o gado se alimente”, acrescenta o profissional da JCB.

Soluções para operações espaciais é a aposta da Fuchs

POSSIBILIDADES

Na construção, por sua vez, as caçambas e garfos para paletes tradicionalmente constituem os implementos mais acoplados aos manipuladores. Nesse setor, todavia, também há a possibilidade de se utilizar inúmeros outros implementos, como marteletes, perfuratrizes e até mesmo pequenos misturadores de concretos.

Nas obras, esses implementos capacitam os equipamentos a suportar diversas aplicações, além da movimentação de materiais e ferramentas que caracterizava a solução em sua origem. Isso inclui perfurações, preenchimento com concreto, montagem de estruturas, instalação de contenção em túneis e acabamento de fachadas, dentre várias outras.

Também na mineração os manipuladores têm aplicações diversificadas, que incluem desde a movimentação de pneus de várias toneladas até a manutenção de túneis nos quais plataformas de trabalho aéreo (PTA) enfrentam mais dificuldades para trafegar. De acordo com Bracco, “os manipuladores para mineração são de alta capacidade”.

Além dessas áreas, a versatilidade dos manipuladores abrange ainda a movimentação de cargas em espaços como portos, aeroportos, galpões logísticos e industriais, tarefas mais comumente realizada com garfos para paletes e guinchos. Aliás, uma opção interessante para esses ambientes fechados ou com movimentação restrita é o manipulador rotativo, cuja cabina e lança podem girar 360 graus. “Recentemente, lançamos um manipulador rotativo com cesto”, ressalta Bracco.

Para Nery, há ainda outras atividades com grande potencial de uso dos equipamentos. É o caso das vassouras, indicadas para realizar a limpeza em obras civis, galpões industriais e espaços confinados de plantas agropecuárias, entre outros ambientes. “A troca dos implementos é muito simples e rápida, pois dura em média menos de um minuto”, afirma. “Além disso, também disponibilizamos uma linha auxiliar para fornecer o óleo adicional necessário a alguns implementos, como o clamp e a vassoura.”

SUCATA

Tamanha versatilidade já gera até mesmo uma segmentação mais refinada, como a buscada pela marca Fuchs, do grupo Terex, cujos manipuladores são posicionados no mercado para tarefas mais específicas. Nesse rol está a manipulação de materiais em pátios de recebimento de sucatas de siderúrgicas, por exemplo, que pode ser feita com dois implementos diferentes, com garra de quatro ou cinco pontos ou com um implemento magnético, para materiais menores.

No Brasil, destaque-se, ainda é mais comum o uso de escavadeiras para a movimentação de sucata. “No entanto, comparativamente o manipulador traz várias vantagens, como o menor custo operacional, movimentação em 360 graus sem perda de capacidade, maior alcance e possibilidade de elevação da cabina, para que o operador tenha mais visibilidade”, relata Sandro Sato, gerente de vendas da Fuchs.

Equipados com uma espécie de pinça que não se fecha totalmente – mantendo um espaço entre suas garras –, os manipuladores da Fuchs também carregam toras em plantas de produção de papel e celulose, além de outras tarefas. “Nos portos, quando equipados com um implemento que abre e fecha – similar aos das gruas utilizadas nessa aplicação – esses equipamentos podem movimentar material a granel, como carvão e grãos”, destaca Sato.

Segundo ele, as soluções também permitem acoplar os implementos mais usuais em manipuladores, bastando para isso trocar o sticker – a parte mais externa do braço – por um modelo universal, que a própria marca fornece. “Mas esse não é nosso foco”, destaca Sato. “Para locais fechados, temos a opção das máquinas elétricas.”

GRÁFICO DE CARGA É REQUISITO BÁSICO PARA ESTABILIZAÇÃO DA MÁQUINA

No Brasil, ainda não há normas para o uso de manipuladores, de modo que os fabricantes desses equipamentos no país seguem normas internacionais para garantir sua estabilidade e segurança. A Manitou, por exemplo, segue normas europeias voltadas para o uso de manipuladores, que exigem patolas capazes de – quando necessário – içar cargas a alturas superiores a 10 m, por exemplo. Todavia, mesmo a partir dessa altura a patolagem não é obrigatória. “A decisão de patolar ou não depende das informações do gráfico, que exibe as relações máximas entre altura e carga”, destaca o diretor para a América Latina da Manitou, Marcelo Bracco.

Segundo ele, os manipuladores rotativos da marca dispõem de computadores de bordo que exibem, em tempo real, as informações do gráfico de carga e os residuais de capacidade, enquanto os demais modelos da marca trazem alarmes que informam se a relação entre carga e altura está (ou não) sendo respeitada. “O equipamento trava se o ponto que exige patolagem for ultrapassado sem as patolas estarem abertas”, acrescenta Bracco.

Também a JCB, como destaca o gerente de produto Ricardo Nery, coloca patolas nos equipamentos com altura superior a 10 m. O especialista, contudo, faz coro a Bracco ao ressaltar que essa decisão está mais associada ao gráfico de carga do que à altura em si. “Dependendo se o equipamento está ou não patolado, há diferenças nas relações entre carga e altura máximas permitidas”, ele ressalta.

Em suas colunas, os manipuladores da JCB trazem um sistema que, de maneira intuitiva – por meio de luzes verde, amarela e vermelha –, informa se o gráfico de carga está ou não sendo respeitado. “Nas versões standard, o operador deve ficar atento a essas informações”, informa Nery. “Mas também temos a opção de autotravamento que, caso os limites sejam ultrapassados, permite ao equipamento retrair-se somente.”

O respeito ao gráfico de carga, como ressalta o profissional da JCB, é requisito básico para a estabilização do manipulador, que também precisa ser mantido sempre nivelado em relação ao solo. “Os modelos para construção trazem um cilindro de estabilização que, a partir das informações de um inclinômetro, informa o ângulo da inclinação”, destaca Nery. “E ele deve ser acionado para manter o chassi sempre nivelado no início da operação.”

Tabela de carga garante a estabilidade e segurança do equipamento

BOBCAT INTRODUZ LINHA DE MANIPULADORES NO BRASIL

Com forte presença no segmento de compactos, a fabricante promove na Agrishow 2019 o lançamento de dois modelos que integram sua nova linha de manipuladores telescópicos de chassi rígido, lançada em 2017 em mercados como África e Oriente Médio. Fabricados na unidade de Pontchâteau, na França, tanto o modelo médio TL 35.70 (voltado para o mercado agrícola) como o modelo de alta capacidade T40.180SLP (para o mercado de construção) são equipados com motor diesel Perkins Stage IIIA. “Muito versáteis, os manipuladores são máquinas com grande potencial no Brasil”, aposta o gerente regional de vendas e marketing da Bobcat para a América Latina, Pedro Medeiros, destacando que a nomenclatura indica a capacidade e carga de elevação. “A linha completa inclui 25 modelos, com capacidades máximas de elevação entre 2,6 e 5 toneladas e alturas de elevação de 6 m a 18 m.”

Com a introdução de dois modelos, a tradicional marca de compactos acirra a concorrência no segmento de manipuladores no Brasil

Segundo ele, todas as máquinas saem de fábrica equipadas com SMS (Sistema de Gestão de Velocidade), SHS (Sistema de Gerenciamento Inteligente), AFM (Gestão de Fluxo Auxiliar) e FCS (Sistema de Acoplamento Rápido). “Já disponível de série nos modelos TL26.60, TL30.60 e TL35.70, com alturas de elevação de ate 7 m, o modo ECO de economia de combustível agora também está incorporado aos modelos maiores, com alturas de elevação de até 10 m”, acresce.

Saiba mais:

Bobcat: www.bobcat.com/la/pt/index

Fuchs: www.terex-fuchs.com/en

JCB: www.jcb.com/pt-br

Manitou: www.manitou.com/pt

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