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Revista M&T - Ed.216 - Setembro 2017
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Manipuladores

Potencial de crescimento

Uso de Telehandlers tende a crescer no país com a definição e normas específicas e maior disseminação de suas vantagens operacionais
Por Antonio Santomauro

Os manipuladores telescópicos ainda são raros no Brasil. Mesmo em âmbito mundial, constituem uma tecnologia relativamente nova, do final dos anos 1970. Todavia, em alguns países já se tornaram usuais, especialmente em setores como construção, mineração e agronegócio. Também por aqui, como apostam os fabricantes, tendem a gradualmente se tornarem mais presentes, e não apenas nas aplicações de movimentação de cargas – na qual podem substituir pás carregadeiras, guindastes e elevadores, dentre outros equipamentos –, mas ainda no transporte de trabalhadores para realizar tarefas em locais mais altos ou de difícil acesso.

Convictos do potencial de crescimento desses equipamentos – também conhecidos como telehandlers, do original em inglês – no mercado nacional, os fabricantes já se mexem para dotá-los de normas locais, ainda inexistentes. “Elas provavelmente virão após a definição das normas para plataformas, que devem ser publicadas em meados do próximo ano”, avalia Marcelo Racca, executivo de vendas da Haulotte, que disponibiliza no Brasil equipamentos com capaci


Os manipuladores telescópicos ainda são raros no Brasil. Mesmo em âmbito mundial, constituem uma tecnologia relativamente nova, do final dos anos 1970. Todavia, em alguns países já se tornaram usuais, especialmente em setores como construção, mineração e agronegócio. Também por aqui, como apostam os fabricantes, tendem a gradualmente se tornarem mais presentes, e não apenas nas aplicações de movimentação de cargas – na qual podem substituir pás carregadeiras, guindastes e elevadores, dentre outros equipamentos –, mas ainda no transporte de trabalhadores para realizar tarefas em locais mais altos ou de difícil acesso.

Convictos do potencial de crescimento desses equipamentos – também conhecidos como telehandlers, do original em inglês – no mercado nacional, os fabricantes já se mexem para dotá-los de normas locais, ainda inexistentes. “Elas provavelmente virão após a definição das normas para plataformas, que devem ser publicadas em meados do próximo ano”, avalia Marcelo Racca, executivo de vendas da Haulotte, que disponibiliza no Brasil equipamentos com capacidade de carga variando entre 3,2 t e 7 t, com elevação de até 17 m de altura.

PADRONIZAÇÃO

Ainda majoritariamente importados – os da Haulotte, por exemplo, vêm da França –, os telehandlers comercializados no Brasil por enquanto seguem as regras do ANSI (Instituto Nacional Americano de Padronização, da sigla em inglês) ou da CE (Certificação Europeia), essas últimas mais rígidas nos quesitos relacionados à segurança. “As máquinas europeias têm recursos tecnológicos mais sofisticados, enquanto as norte-americanas privilegiam a robustez”, compara Gustavo Montanhan, gerente de vendas da Genie, marca do Grupo Terex para o segmento.

Segundo ele, os manipuladores europeus são capazes de travar automaticamente a operação em situações nas quais o limite de carga pode ser ultrapassado, enquanto nos EUA as normas deixam a decisão de interromper (ou não) o processo a cargo do operador. “Contudo, as máquinas norte-americanas caminham para adequar-se às normas europeias, recebendo quantidade crescente de sensores”, relata Montanham.

Na Terex, cerca de 70% dos equipamentos vendidos no Brasil provêm da operação norte-americana da empresa (que também traz ao país equipamentos fabricados na Itália). “Historicamente, o principal cliente dessas máquinas é o mercado de rental, no qual a robustez é mais importante, até para reduzir os custos de manutenção”, justifica o especialista da Genie, que comercializa telehandlers com capacidade de carga a partir de 2,5 t e altura de içamento de quase 21 m.

Para Racca, da Haulotte, a definição de normas locais será um passo importante para o mercado de telehandlers, até porque aqui esses produtos são utilizados em condições mais adversas que em outros países. “Na Europa, as máquinas podem até andar nas ruas, pois têm pneus a ar”, diz ele. “Mas, no Brasil, há obras em locais cujos pisos podem danificar o equipamento e, se não houver cuidado, comprometer a segurança.”

SEGURANÇA

Por falar nisso, as patolas constituem um ponto que certamente será contemplado pelas futuras normas brasileiras para manipuladores telescópicos. Fundamentais para a segurança em determinadas aplicações, elas já integram normas como a CE, que exige sua presença em equipamentos capazes de içar cargas a alturas iguais ou superiores a 10 m. “Sem a patolagem, nenhum de nossos modelos libera o uso da terceira lança a partir dessa altura”, destaca Ricardo Nery, gerente de produto da JCB, referindo-se à estrutura que permite que o equipamento chegue à sua altura máxima.

A JCB, diz ele, fabrica uma linha com capacidade de carga a partir de 1,6 t e altura de trabalho de 4 m, até outros capazes de elevar 4 t a 20 m de altura. Inclusive, dois deles – com capacidades para 3,5 t e 4 t, e alturas de 12,3 m e 17 m, respectivamente – são produzidos no Brasil. Nesses equipamentos, como explica o especialista, as patolas sequer se movem caso suas lanças atinjam uma inclinação superior a 57%. De acordo com Nery, “não é comum um manipulador tombar, mas isso acontece, principalmente com modelos que não travam automaticamente se os limites forem ultrapassados”.

Já os manipuladores da New Holland, como explica Rafael Riccardi, especialista de marketing de produto da empresa, contam com outros itens de segurança além dos sensores, que travam automaticamente a operação caso a análise da posição do centro de gravidade indique essa necessidade. “Para minimizar o risco de tombamento, os equipamentos podem inclinar-se até 8 graus na direção contrária à inclinação do terreno”, exemplifica.

Atualmente, a New Holland traz para o Brasil um manipulador com 14 m e outro com 17 m de capacidade de elevação, ambos com 4,5 t de carga e duas patolas frontais. Segundo Ricciardi, esses equipamentos começaram a chegar em 2009, aplicados principalmente em obras realizadas em terrenos mais problemáticos ou com poucos pavimentos – três ou quatro, no máximo –, nos quais podem substituir os andaimes. Contudo, a empresa ainda não disponibiliza cestos no Brasil, indispensáveis para a movimentação de pessoas. “Aqui, essa demanda ainda é muito restrita”, esclarece.

USO DE CESTOS

Embora seja considerado pouco expressivo no mercado nacional, o uso de manipuladores telescópicos para movimentação de trabalhadores é um nicho no qual a fabricante Manitou aposta bastante. Afinal, como ressalta Marcelo Bracco, diretor da empresa no Brasil, em outros países esse uso já é bem disseminado. “Temos uma máquina muito usada em países como Chile e Argentina para transportar os trabalhadores que colocam dutos de ar em túneis de mineração, aplicação na qual uma plataforma não seria segura”, exemplifica. “E há ainda outro modelo muito utilizado em países europeus que conduz profissionais para o acabamento externo de construções.”

Mas isso requer algumas adequações. Na Europa, como observa Bracco, as regulamentações exigem expressamente que os comandos da movimentação estejam instalados nos próprios cestos dos manipuladores. No Brasil, as normas não citam diretamente os telehandlers, mas o anexo XII da NR-12 determina a presença dos comandos em cestos acoplados a “quaisquer gêneros de equipamentos veiculares destinados à elevação de pessoas para execução de trabalho em altura”. Ou seja, inclusive os manipuladores telescópicos.

No entanto, isso ainda vem sendo negligenciado por muitos usuários no país, infelizmente. “Atualmente, poucos fabricantes oferecem modelos de cesto com essas funcionalidades no Brasil, sendo que as soluções existentes ainda possuem valor muito alto, incompatível com os preços de locação hoje praticados”, diz Guilherme Boog, diretor comercial da Solaris.

Respeitando as normativas, a Manitou é uma dessas fabricantes, instalando comandos próprios nos cestos de todos os seus manipuladores. “Mas a finalidade original do manipulador é a movimentação de cargas, sendo o uso do cesto uma operação adicional a essa”, lembra Bracco, reiterando que o comando no cesto garante a máxima segurança do operador. “Apesar disso, em breve deveremos ter uma maior utilização de manipuladores telescópicos com cestos, inclusive em mercados além da construção e da mineração”, complementa.

E a Manitou já se prepara para isso. A empresa fabrica no Brasil quatro modelos de manipuladores, dois voltados para a construção, com cestos acoplados, e outros dois para o setor agro, com garfos. “Mas já estamos analisando a possibilidade de expansão de nossa produção local”, afirma Bracco. “Até porque mundialmente temos uma linha de manipuladores de 4 m a 32 m de altura, com capacidades de carga entre 2 t e 40 t.”

DESCONHECIMENTO INIBE AVANÇO MAIS FORTE NO PAÍS

Ainda restritos à construção e ao agronegócio, os manipuladores telescópicos por enquanto compõem um segmento bem acanhado do mercado brasileiro de máquinas para movimentação de carga e pessoas. No entanto, essas máquinas possuem diferenciais de produtividade capazes de expandir seu uso no país.

Um deles é a versatilidade. Dependendo do acessório acoplado – garfo, lança, cesto, caçamba ou gancho, dentre outros –, podem substituir vários equipamentos, como plataformas, guindastes, carregadeiras e elevadores. “Também podem trazer pás acopladas para movimentar areia ou cimento, ou mesmo pequenas betoneiras que batem o concreto enquanto o levam para o local onde será utilizado”, exemplifica Rafael Ricciardi, especialista de marketing da New Holland.

Inclusive, existem modelos ainda mais adequados para substituir outros equipamentos, como ressalta o diretor da Manitou, Marcelo Bracco. É o caso do modelo rotativo, cuja configuração permite utilização como guindaste, plataforma (desde que patolada) e manipulador convencional (com a vantagem de ser mais versátil por girar sobre seu próprio eixo). “Esse manipulador pode fazer praticamente tudo em uma construção”, afirma.

A despeito dessas vantagens, as agruras recentes da economia brasileira inibem o ainda pouco significativo consumo nesse mercado, que neste ano deve movimentar apenas 60 unidades (contra 74 em 2016). “Para este ano, imaginávamos um mercado um pouco melhor, mas no primeiro quadrimestre a demanda foi 33% inferior ao mesmo período de 2016”, lamenta-se o gerente da JCB, Ricardo Nery.

O executivo, porém, acredita que a expansão dessas máquinas no Brasil é algo inevitável. “No Reino Unido, já é vendido um manipulador telescópico para cada cinco tratores convencionais”, observa. “Se considerarmos que no Brasil são vendidos cerca de 50 mil tratores a cada ano, dá para visualizar o potencial desse mercado.”

Para ele, o custo inicial dos manipuladores – geralmente superior ao de outros equipamentos – também pode inibir um uso mais intensivo no país. Em contrapartida, os telehandlers são mais econômicos. “Por hora, uma pá carregadeira consome de 10 a 12 l de combustível, ao passo que o manipulador tem consumo entre 5 e 7 l”, compara o especialista. “Logo, o investimento paga-se muito rapidamente.”

E há quem considere que a questão financeira já nem seja um aspecto tão desfavorável. “O que impede um consumo maior no mercado brasileiro não é nem o preço, hoje na mesma faixa de uma carregadeira, mas sim a enorme falta de conhecimento das vantagens dessas máquinas”, finaliza Bracco.

TECNOLOGIA RECONHECE ACESSÓRIOS ACOPLADOS

Lançada na ConExpo-CON/AGG 2017, a nova linha de manipuladores telescópicos de alta capacidade da JLG – que inclui modelos como o 7013H e o 8010H, ambos com gancho de engate integrado – traz um recurso que promete aumentar a eficiência do equipamento. Trata-se da tecnologia SmartLoad, um conjunto de soluções integradas que, além do posicionamento e estabilidade da carga, fazem o reconhecimento do acessório acoplável, permitindo que o equipamento apresente o gráfico de carga mais apropriado ao operador. “São os primeiros manipuladores telescópicos com essas tecnologias nas Américas”, garante John Boehme, gerente de produtos da JLG Industries.

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