Revista M&T - Ed.249 - Novembro 2020
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Manipuladores

Avanço pela locação

Com quase 50% das vendas destinadas ao setor de construção, demanda de telehandlers para locação quase quadruplicou entre 2017 e 2019, chegando a 23%

Comparada a outros equipamentos, a locação de manipuladores telescópicos é uma atividade relativamente recente no Brasil. Estima-se que cerca de 80% da frota no país estejam nos pátios de locadoras, enquanto os demais 20% pertençam a usuários finais. E a concentração na locação vem se acelerando. Em 2017, segundo dados da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), a cada 100 unidades vendidas no país, 6% foram para locadoras. Em 2019, esse percentual subiu para 23%.

Todavia, enquanto no mundo foram comercializados 192 mil manipuladores de 2017 a 2019, no Brasil as vendas não passaram das 300 unidades no mesmo período. Conjugados, os números mostram que o mercado para essas máquinas ainda tem muito a crescer no mercado doméstico.

A boa notícia é que essa realidade tende a mudar. De acordo com Guilherme Bueno, diretor da locadora Eleva Brasil, diversos setore


Comparada a outros equipamentos, a locação de manipuladores telescópicos é uma atividade relativamente recente no Brasil. Estima-se que cerca de 80% da frota no país estejam nos pátios de locadoras, enquanto os demais 20% pertençam a usuários finais. E a concentração na locação vem se acelerando. Em 2017, segundo dados da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), a cada 100 unidades vendidas no país, 6% foram para locadoras. Em 2019, esse percentual subiu para 23%.

Todavia, enquanto no mundo foram comercializados 192 mil manipuladores de 2017 a 2019, no Brasil as vendas não passaram das 300 unidades no mesmo período. Conjugados, os números mostram que o mercado para essas máquinas ainda tem muito a crescer no mercado doméstico.

A boa notícia é que essa realidade tende a mudar. De acordo com Guilherme Bueno, diretor da locadora Eleva Brasil, diversos setores estão descobrindo que “essa máquina pode ser coringa para o dia-a-dia”. “O mercado está descobrindo que o manipulador é um equipamento de produção no local de trabalho, não de apoio à frota”, avalia o executivo, que conta com cerca de 250 manipuladores na frota.

Assim como as retroescavadeiras, os manipuladores exercem uma pluralidade de operações, por meio de seu deslocamento de carga horizontal e alcance telescópico de elevação, que pode chegar a quatro andares. Dessa maneira, faz o deslocamento e a entrega da carga para a equipe de trabalho.

Esses equipamentos realizam curvas com raio de giro reduzido. Também são capazes de desempenhar funções de diferentes equipamentos, como empilhadeira, grua, elevador cremalheira ou minicarregadeira, além permitirem a implementação de acessórios como garfos, conchas, garras, cestos e caçambas.

No setor de mineração, geralmente são utilizados manipuladores com lança telescópica de 7 a 10 m implementados com cesto, para trabalho em minas subterrâneas. “Em diversas minas, são utilizados para montagem de tubulações de ar, por exemplo”, esclarece Bueno.

TENDÊNCIA

Atualmente, a frota de manipuladores da Eleva registra de 55% a 60% de ocupação, sendo que, desse total, 20% estão locados para o setor de montagem industrial, 40% para obras de construção residencial, 30% para infraestrutura e 10% para agronegócio. “No agro, em específico, os fazendeiros preferem adquirir o manipulador ao invés de locar, pois o uso é constante”, explica Bueno.

Os contratos duram em média seis meses e a locação pode incluir operador, dependendo da necessidade. “Assim como os players da locação de plataformas, atendemos em todo o território nacional, enviando equipes com os manipuladores, caso necessário”, informa o diretor. “A manutenção é feita por nossos especialistas, que conhecem os modelos da frota, composta por marcas como JCB, Manitou, Genie, Haulotte e Skytrak.”

Na locação, contratos duram em média seis meses e, se necessário, podem incluir operador

O executivo aposta num crescimento significativo da locação de manipuladores, principalmente porque “vivemos a era do compartilhamento e, no segmento de construção, a locação tem sido uma tendência cada vez mais forte”.

Segundo ele, o construtor está consciente de que comprar um equipamento só é viável quando houver outras obras para trabalhar, justificando o investimento. “Enquanto locadores, vamos continuar impulsionando o crescimento da indústria com informações para manter os fabricantes atualizados em relação às necessidades do mercado”, destaca Bueno, sem apontar aumento da locação para o agronegócio. Ele relata uma “movimentação dos fabricantes no sentido de reforçar ações de marketing para clientes dessa área, mas ainda sem aumento efetivo de pedidos”.

PANORAMA

Para contextualizar o mercado nos últimos anos, é necessário entender a ‘gangorra’ que houve em setores que demandam esses equipamentos.

Em 2008, o principal segmento era o de construção, especialmente a área habitacional. A partir de 2014, os fabricantes começaram a desenvolver outros mercados, como agrícola e de mineração, que subiram.

Setor projeta crescimento de 33% nas vendas em relação a 2019, mesmo com a pandemia

Na área de locação, os players centraram esforços onde possuíam vantagens competitivas, período em que a Eleva Brasil, por exemplo, começou a adquirir frotas de manipuladores de outras empresas, aumentar o portfólio e se fortalecer também fora da construção com esse tipo de equipamento.

Para Marcelo Bracco, diretor da Manitou para o Brasil e América Latina, naquele momento as pessoas sequer entendiam as potencialidades do manipulador. “O mercado não conhece bem os equipamentos fora do escopo da Linha Amarela”, lamenta-se. Prova disso, diz ele, é que globalmente foram vendidos 192 mil manipuladores e 168 mil retroescavadeiras de 2017 a 2019, mas no Brasil foram comercializadas 11,2 mil retroescavadeiras e apenas 300 manipuladores no período. “Os números mostram que estamos na contramão da tendência mundial, de um mercado de manipuladores aproximadamente 14% maior que o de retroescavadeiras”, constata Bracco. “Ao mesmo tempo, esses dados tornam evidente a janela de oportunidades que temos adiante.”

De acordo com ele, equipamentos como retroescavadeira, pá carregadeira e escavadeira produzidos no Brasil não são vulneráveis à especulação cambial e têm Finame. No passado, complementa, o governo também fomentava o consumo local e o mercado contava com máquinas mais básicas, vendidas a preços mais baixos. “Hoje, as taxas de juros de financiamento estão mais atraentes, tornando-se acessíveis”, avalia.

Agronegócio é um dos setores que puxam a demanda de manipuladores no país

Segundo ele, o imposto de importação (de aproximadamente 14%) existe para proteger a indústria nacional, incidindo apenas sobre os equipamentos que possuem similares fabricados no Brasil. “No caso dos manipuladores, esse imposto não é cobrado, pois não são produzidos no mercado interno”, explica Bracco.

ATIVIDADE

De acordo com ele, 60% das vendas de manipuladores são destinadas a usuários finais e 40% para o mercado de locação. “A tendência é de aumento nas vendas para usuários finais, principalmente no mercado agrícola e industrial, pois o uso desses equipamentos está crescendo”, afirma. “Numa cooperativa, por exemplo, chegam a trabalhar até três turnos na parte do milho, silagem e movimentação de materiais.”

Diferentemente da Eleva na locação, as vendas da Manitou para o agronegócio começaram a crescer exponencialmente em 2014 e seguem em alta, o que tem motivado a realização de ações de desenvolvimento de mercado com clientes brasileiros. Em 2017, a empresa levou produtores rurais para conhecer uma fazenda próxima à unidade da empresa na França.

Na mesma linha, o gerente de produto da JCB, Etelson Hauck, reforça que o agronegócio é um setor pujante para manipuladores, tanto quanto o de construção. “Mas com o passar dos anos a locação tem crescido, conforme mostram os números da Abimaq”, ele cita.

Para 2020, a construção tem se destacado, com praticamente 50% das vendas de manipuladores destinadas ao setor. “No cômputo geral para todos os tipos de equipamentos, a expectativa é de um crescimento de 33% em relação às vendas de 2019, mesmo com a pandemia”, revela Hauck.

Em sua análise, o mercado de locação mostra-se promissor, já que os construtores inicialmente preferem locar o equipamento com o intuito de conhecer as possibilidades operacionais. “Somente depois disso é que adquirem um modelo”, conta.

Na agricultura, por sua vez, as grandes usinas tendem a alugar, enquanto os pequenos e médios produtores preferem comprar. “Embora no Brasil as vendas ainda estejam tímidas, em outros países, como na Europa e Estados Unidos, esse mercado é surpreendente”, diz Hauck.

MODELOS

Não é por falta de oferta. No Brasil, a JCB fornece diferentes opções. Para o setor da construção, a empresa disponibiliza soluções como os modelos 540-170 e 535-125, que possuem sapatas de apoio e estabilidade para operações de longo alcance, podendo transportar cargas em obras prediais de pequeno porte e elevar materiais de construção e pessoas com segurança. Segundo Hauck, o modelo 540-170 tem capacidade de carga de até 4 mil kg e lança com até 17 m de alcance, enquanto o 535-125 possui capacidade para 3.500 kg e lança com 12,5 m de alcance.

Uso de implementos expande a versatilidade de manipuladores telescópicos

Para o setor agrícola, a fabricante fornece os modelos 531-70 (com 3.100 kg de capacidade de carga e alcance de 7 m) e 541-70 (capacidade para 4.100 kg e 7 m de alcance). Ambos não possuem estabilizadores, sendo assim mais ágeis para trabalhos como manipulação de big bags, carregamento de caminhões e outras tarefas.

No quesito segurança, as máquinas trazem funções importantes, como indicador de carga, que mostra se o material içado está seguro ou é muito pesado para a altura onde se encontra. “Se o operador tentar içá-lo até um ponto de instabilidade, o sistema emite sinais de alerta e trava, deixando como única alternativa o recuo da carga”, explica o executivo. “Outra função é o ajuste de inclinação, que possibilita adequar a suspensão, para o manipulador não ficar inclinado com o terreno.”

Por sua vez, a Manitou fornece mais de 400 modelos de manipuladores para qualquer tipo de operação. Na área de manipuladores rotativos, em que a base do braço é giratória, a empresa fornece o modelo MRT 2150, um equipamento que, segundo Bracco, possui versatilidade para trabalhar em diferentes atividades. “Os manipuladores rotativos podem ser utilizados no setor industrial, aeroportuário e em grandes construções, ao passo que os fixos são usados nos mercados agrícolas e de construção”, explica.

Já os modelos de alta capacidade normalmente são adquiridos por empresas de mineração e indústrias. “O modelo MHT-X 10230, por exemplo, chega a içar cargas com 23 t”, diz Bracco.

O portfólio para mineração também conta com os modelos MT-X 732 Mining, MT-X 1030 Mining, MHT-X 790 Mining, e MHT-X 10180 Mining, todos fabricados na França e na Itália. “Já a linha MHT-X Mining é fabricada apenas na Itália e possui equipamentos específicos para exploração mineral, combinando desempenho e versatilidade para ganho de produtividade”, ressalta Bracco.

Outra novidade no país são os manipuladores MXT 840 P e MXT 1740 P, que contam com motorização Perkins de 94 hp e oferecem capacidade máxima para 4.000 kg de carga, com alturas de elevação de 7,6 m e 17,4 m e alcances de 4,2 m e 13,5 m, respectivamente.

Saiba mais:
Eleva Brasil: www.elevabr.com.br
JCB: www.jcb.com/pt-br
Manitou: www.manitou.com/pt

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