Revista M&T - Ed.289 - Novembro 2024
Voltar
PLATAFORMAS

Mercado em mutação

Segmento vive mudanças de oferta na América Latina com o avanço de modelos telescópicos e elétricos, além de máquinas com alcances maiores que o habitual na região
Por Antonio Santomauro


Cada dia mais competitivo, o mercado brasileiro de plataformas elevatórias vem diversificando a oferta com diferentes alturas, ao mesmo tempo que segue ampliando o espaço destinado às versões híbridas e elétricas, registrando procura por modelos pouco demandados por aqui anteriormente.

Entre os modelos que começam a ganhar mais espaço estão as telescópicas, que vêm se tornando mais relevantes nos negócios de fabricantes como a Genie.

“Plataformas telescópicas têm uma operação mais simples e um custo significativamente menor”, justifica Gustavo Faria, presidente regional da Terex para a América Latina.

“E podem suprir de 80% a 85% das necessidades atendidas por uma articulada.”

Em toda a América Latina, a preferência sempre recaiu sobre máquinas articuladas, observa Faria, mas isso vem mudando.

“Em 2022, lançamos as telescópicas S 80 J e S 6



Cada dia mais competitivo, o mercado brasileiro de plataformas elevatórias vem diversificando a oferta com diferentes alturas, ao mesmo tempo que segue ampliando o espaço destinado às versões híbridas e elétricas, registrando procura por modelos pouco demandados por aqui anteriormente.

Entre os modelos que começam a ganhar mais espaço estão as telescópicas, que vêm se tornando mais relevantes nos negócios de fabricantes como a Genie.

“Plataformas telescópicas têm uma operação mais simples e um custo significativamente menor”, justifica Gustavo Faria, presidente regional da Terex para a América Latina.

“E podem suprir de 80% a 85% das necessidades atendidas por uma articulada.”

Em toda a América Latina, a preferência sempre recaiu sobre máquinas articuladas, observa Faria, mas isso vem mudando.

“Em 2022, lançamos as telescópicas S 80 J e S 60 J, com alturas de trabalho de 26,5 m e 20,5 m, respectivamente, que têm tido boa aceitação”, diz o executivo da Genie, que disponibiliza telescópicas com altura de trabalho até 57 m e articuladas até 43 m, além de tesouras e mastros a partir de 6,3 m.

DIVERSIFICAÇÃO

iretor da operação brasileira da Haulotte, Marcelo Racca também nota um avanço das telescópicas, que – segundo ele – têm uma desvantagem.

“Por serem mais longas, o custo de frete é superior ao de uma articulada”, ele ressalva, destacando o advento de modelos com alturas diferentes das usuais (especialmente de fabricantes asiáticos).

“Já há tesouras de 16 m quando o normal era até 15 m, além de articuladas elétricas com 18 m de altura de trabalho”, exemplifica o especialista da Haulotte, que produz plataformas low level autopropelidas com alturas de trabalho de 4 m e 5 m, tesouras de 8 m a 15 m, articuladas de 12 m a 41 m, mastros elétricos de 6 m a 10 m e telescópicas de 16 m a 43 m.


Com demanda maior e novos players, o mercado
de plataformas está mais competitivo

De fato, alturas diferenciadas vêm sendo exploradas por fabricantes como a chinesa Dingli, que disputa o segmento de articuladas com um equipamento de 16 m.

“Nem todas as marcas têm articuladas de 16 m”, observa Rafael Marchetti Jr., gerente de vendas da operação brasileira da empresa. “A nossa já vem equipada com barra antiesmagamento, proteção acrílica e metálica, luz de LED e pneus não marcantes.”

O portfólio da Dingli também inclui uma articulada de 18 m, disponível em versões diesel, elétrica e híbrida.

“Temos apenas uma articulada com essa altura, com preço muito similar ao da máquina de 16 m”, diz Marchetti Jr., destacando que a Dingli disponibiliza tesouras elétricas com alturas entre 4 e 16 m, tesouras diesel entre 14 e 30 m e mastros de 9 e 16 m, além de articuladas e telescópicas entre 12 e 44 m.

“A Dingli é o maior fabricante no mundo no segmento de ultra booms híbridos de 44 m”, assegura.

Gerente sênior de vendas e desenvolvimento de mercado da JLG para a América do Sul, Adriano Peres Leandro vê interesse crescente por máquinas capazes de operar em espaços confinados, particularmente em construções urbanas, projetos de renovação e ambientes industriais. Ele também nota uma maior demanda por máquinas capazes de realizar várias tarefas.

“Essa tendência por plataformas multifuncionais é impulsionada por clientes que buscam economia de custos e melhoria na eficiência de suas operações”, diz Leandro, citando as plataformas elétricas da linha EC.

Entre as plataformas mais utilizadas no Brasil, o executivo vê alta procura por articuladas de tamanho médio, que na JLG são comercializadas nas séries 450, 600 e 800, com alturas entre 13,7 e 24,5 m. “Também há demanda crescente por equipamentos de acesso de baixo nível, especialmente em aplicações industriais”, diz o profissional da JLG, cujo portfólio inclui plataformas low level com alturas a partir de 3,3 m, além de uma articulada com 58 m, passando por diversos modelos de tesouras, articuladas, telescópicas e mastros.

ELETRIFICAÇÃO

Tendência em toda a indústria, a eletrificação também avança a passos largos no segmento de plataformas, no qual já atinge níveis expressivos. Na Haulotte, por exemplo, todas as plataformas até 16 m de altura são elétricas ou híbridas, que já respondem por cerca de metade das vendas atuais da empresa.


Tendência por plataformas multifuncionais é impulsionada
por clientes que buscam economia e eficiência

Porém, ainda há um bom mercado para máquinas a combustão no Brasil, ressalva Racca, especialmente no segmento de renovação.

“Quem compra uma máquina de 16 m, por exemplo, muitas vezes prefere um modelo a diesel, até porque nem todas as áreas estão preparadas para trabalhar com equipamentos elétricos”, argumenta.

Mesmo assim, o plano estratégico da Haulotte projeta o avanço da eletrificação no portfólio.

“No entanto, esse avanço tende a ser mais paulatino em máquinas maiores, que são equipamentos com usos mais específicos”, ele pondera.

“Hoje, as máquinas com alturas até 20 m compõem cerca de 80% do mercado.”

Ainda este ano, a Dingli deve lançar uma plataforma articulada de 44 m com versões diesel, híbrida e elétrica.

“Os modelos elétricos e híbridos vieram para mudar o mercado, sendo já preferidos por vários grandes clientes”, relata Marchetti Jr.

“Alguns locadores, por exemplo, agora só querem máquina elétrica ou híbrida.”

Leandro, da JLG, vê as fontes alternativas de energia ganhando espaço no segmento, especialmente em aplicações nas quais fatores como baixa emissão e operação silenciosa são cruciais, como ocorre em trabalhos internos ou ambientes mais sensíveis.

Mas a capacidade de oferecer desempenho consistente em aplicações internas e externas é um fator-chave para a adoção.

“À medida que a tecnologia avança e a infraestrutura melhora, antecipamos uma maior aceitação no mercado brasileiro”, destaca.

É possível observar ainda uma busca por máquinas de maior capacidade, adequadas para levantar cargas mais pesadas ou suportar mais trabalhadores.

Simultaneamente, expande-se o interesse por tecnologias de conexão, como o sistema de telemetria e gestão de frotas ClearSky Smart Fleet, cuja nova versão foi lançada recentemente pela JLG na América Latina com recursos de IoT.

“A tendência de digitalização e tomada de decisões baseada em dados está remodelando a forma como os clientes gerenciam as frotas e operações”, diz Leandro.

Na Genie, todas as tesouras – cujas alturas atingem até 14 m – são elétricas, mas também já há versões maiores (elétricas e híbridas) de modelos articulados e telescópicos, também disponíveis com motor a combustão.


Aceitação de elétricos deve crescer à medida que a
tecnologia avance e a infraestrutura melhore

No segmento de máquinas elétricas, a empresa atua apenas com baterias seladas do tipo AGM (Absorbent Glass Mat) ou de lítio, que dispensam manutenção. “Cerca de 90% de nosso negócio é feito com locadoras, para as quais a manutenção é muito importante”, destaca Faria.

“Para a realidade brasileira, a plataforma híbrida ainda é a melhor solução, pois atende a qualquer situação, inclusive operações em locais onde não há possibilidade de recarregar as baterias.”

MERCADO

Nos últimos anos, estima Racca, da Haulotte, o mercado brasileiro de plataformas elevatórias movimentou uma média anual de 5 mil máquinas. Com algumas variações pontuais, esse tem sido o tamanho do mercado interno há um tempo.

“Todavia, o mercado ficou muito mais competitivo, pois se há alguns anos havia apenas quatro ou cinco players, atualmente há mais que o dobro disso”, observa. “Também surgiram muitos locadores menores, sem conhecimento aprofundado da realidade desse mercado e que jogam os preços um pouco para baixo.”

No ano passado, diz Marchetti Jr., da Dingli, cerca de 6 mil plataformas chegaram ao Brasil, mas foram efetivamente entregues apenas 4,5 mil. Neste ano, a quantidade pode inclusive ser até menor, próxima a 3,5 mil unidades.

“Para a Dingli, este ano está sendo bom”, diz Marchetti Jr., lembrando que a marca vende apenas para locadores.

“Inclusive, nosso share, que estava em cerca de 35%, deve crescer em 2024.”

Já Faria, da Genie, relata uma demanda “muito boa” no mercado brasileiro desde 2022.

Novas locadoras têm surgido, diz ele, assim como novos usuários, atraídos por informações disponíveis em redes sociais, mídias especializadas e canais on-line.

“Vídeos na internet despertam o interesse por esse tipo de equipamento”, diz o profissional da Genie, estimando que o parque instalado já se aproxime de 50 mil unidades no país.

Faria avalia que há espaço para aproximadamente 90 mil plataformas, um volume que seria mais rapidamente atingido se houvesse um “índice mais adequado de renovação” das frotas.

“O índice ideal de renovação é de 10% ao ano, mas essa não é a realidade no Brasil, onde a frota está envelhecendo, com média de idade de oito a nove anos”, pondera Faria.

O ideal seria uma média de seis ou sete anos, no máximo.”

Segundo Luca Riga, gerente sênior de desenvolvimento de negócios e marketing da JLG na América Latina, tem havido uma “forte demanda” no decorrer deste ano pelas plataformas da marca.

Essa demanda, ele revela, vem crescendo em diversos setores e atividades, como construção de armazéns, centros de dados, manufatura e manutenção de instalações.

A construção e a infraestrutura, comenta Riga, também se mostram em “forte recuperação”, com as locadoras expandindo e renovando as frotas.

“Em expansão, o setor de e-commerce está impulsionando um crescimento significativo na construção de armazéns e centros logísticos, aumentando a demanda por esses equipamentos”, finaliza Riga.


Saiba mais:
Dingli: https://en.cndingli.com
Genie: www.genielift.com/pt
Haulotte: www.haulotte.com.br/pt_BR
JLG: www.jlg.com/pt-br

P U B L I C I D A D E

ABRIR
FECHAR

P U B L I C I D A D E

P U B L I C I D A D E