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Revista M&T - Ed.291 - Fevereiro / Março 2025
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PLATAFORMAS

Ciclo natural de evolução

Por Antonio Santomauro

Foto:Haulotte


Especialistas avaliam o momento do setor de plataformas elevatórias no Brasil, destacando as boas perspectivas na locação e o forte acirramento da concorrência

Aumento das taxas de juros, escassez de obras de infraestrutura, desvalorização do real frente ao dólar. Esses são alguns dos fatores que devem refrear a demanda de plataformas elevatórias no Brasil, mas que não anulam as projeções de continuidade de crescimento desse mercado no médio prazo. Até 2031, como prevê Thiago Sartorio, diretor de comercialização de plataformas elevatórias e empilhadeiras da XCMG, as vendas no Brasil crescerão a taxas médias anuais de 5% a 6%.
Índice viável mesmo para este ano, ele ressalta, no qual há boas oportunidades em mineração – cujas commodities vêm obtendo bons preç


Foto:Haulotte


Especialistas avaliam o momento do setor de plataformas elevatórias no Brasil, destacando as boas perspectivas na locação e o forte acirramento da concorrência

Aumento das taxas de juros, escassez de obras de infraestrutura, desvalorização do real frente ao dólar. Esses são alguns dos fatores que devem refrear a demanda de plataformas elevatórias no Brasil, mas que não anulam as projeções de continuidade de crescimento desse mercado no médio prazo. Até 2031, como prevê Thiago Sartorio, diretor de comercialização de plataformas elevatórias e empilhadeiras da XCMG, as vendas no Brasil crescerão a taxas médias anuais de 5% a 6%.
Índice viável mesmo para este ano, ele ressalta, no qual há boas oportunidades em mineração – cujas commodities vêm obtendo bons preços no mercado mundial –e agronegócios, que utilizam plataformas em serviços como manutenção de silos. “Além disso, há muitas empresas substituindo andaimes por plataformas”, observa.
Se a disparada do dólar valoriza os produtos dos clientes, ampliando seu poder de investimento (como na mineração, por exemplo), também impacta os preços dos equipamentos. Na XCMG, a estratégia foi montar um bom estoque quando o câmbio estava mais favorável. “Agora, podemos negociar com a fábrica para equacionar os preços à conjuntura cambial”, diz Sartorio, estimando que no ano passado o mercado comercializou um volume 5,7% superior às quase 6 mil unidades registradas em 2023.
Diretor da operação brasileira da Haulotte, Marcelo Racca prevê que este ano serão vendidas entre 4,5 e 5 mil novas plataformas no Brasil, ou seja, entre 1 mil e 1,5 mil unidades a menos que em 2024. Efeito direto do dólar e juros altos, ele justifica, além de praticamente não haver obras de infraestrutura em andamento. “Por conta da inflação mais alta, ainda não sabemos como a indústria se comportará”, avalia o especialista.

Refreamento temporário não deve inibir as projeções de crescimento do mercado. Foto: XCMG



POPULARIZAÇÃO
Já o diretor geral de operações da Manitou, Marcelo Bracco, projeta crescimento de 5% a 10% nas vendas de plataformas no decorrer do ano, relativamente a 2024. “Há locadoras aumentando frotas, assim como também estão surgindo novas locadoras”, diz ele, citando o segmento amplamente hegemônico neste mercado.
Mas a Manitou deve crescer em índices superiores, ele ressalva, pois sua presença nesse mercado ainda é pouco expressiva no Brasil – apesar da forte participação na Europa. No ano passado, a empresa montou uma equipe dedicada ao segmento, prosseguindo na estruturação de uma rede nacional de dealers. “Nos últimos tempos, estivemos ocupados montando a rede para retroescavadeiras, minicarregadeiras e manipuladores, mas agora trabalharemos as plataformas”, avisa. “Também queremos manter estoque para vendas mais imediatas, assim como linhas de financiamento.”
Para Irio Rafael Marchetti Jr., gerente de vendas da Dingli, o ano deve registrar a comercialização de aproximadamente 3,5 mil plataformas no país, volume próximo de 30% abaixo das cerca de 5 mil unidades vendidas nos últimos dois anos. O especialista também credita a queda a fatores como elevação das taxas de juros e encarecimento do dólar, além da preocupação com as contas públicas. “Outro fator pode ser o forte ingresso de equipamentos usados provenientes da China”, acrescenta.
A locação, ele estima, responde por mais de 90% da demanda de plataformas, sendo que seus principais mercados, como manutenção industrial e utilities, tendem a manter ou mesmo retrair os níveis de atividade do ano passado, como deve acontecer na construção civil e estabelecimentos comerciais.
Nessa análise, as plataformas do tipo tesoura podem perder espaço, crê o profissional da Dingli, com maior crescimento nas vendas de articuladas e telescópicas. “Nos dois últimos anos, a venda de big booms expandiu-se bastante”, relata Marchetti Jr., citando dados da Analoc (Associação Brasileira dos Sindicatos e Associações Representantes dos Locadores de Equipamentos, Máquinas e Ferramentas).
Por sua vez, o gerente sênior de vendas da Genie para a América do Sul, Fabiano Fagá, prevê que os locadores devem obter bons resultados em 2025, até porque as plataformas vêm se popularizando, sendo adotadas por novas indústrias. “A locação está com taxa média de ocupação de cerca de 70%, considerada boa mesmo em um mercado maduro, o que ainda não é o caso do Brasil”, observa o especialista.
Ao menos em um primeiro momento, todavia, essa conjuntura favorável aos locadores não deve impactar diretamente os negócios das fabricantes, que devem registrar estabilidade, ou até mesmo leve queda. “Nos últimos três anos entraram muitas máquinas no Brasil, e agora devemos voltar a um ciclo mais natural de desenvolvimento”, argumenta Fagá, da Genie.
Para ele, mesmo podendo ser prejudicado pela alta dos juros e do câmbio, o setor ainda dispõe de perspectivas favoráveis, como um eventual aquecimento – que ademais já começa a ocorrer – no setor da construção, especialmente no segmento de galpões industriais. “Outro segmento que vem se aquecendo é o de eventos”, posiciona Fagá.

Ingresso de novas locadoras e ampliação das frotas podem impulsionar avanço do segmento. Foto:Manitou



ACIRRAMENTO
No mesmo passo em que se expande, o mercado brasileiro de plataformas também se torna mais competitivo, especialmente com a chegada de novas marcas – chinesas, especialmente –, que concorrem com fabricantes estabelecidos há mais tempo no país.
O espaço ocupado por essas novas marcas já é bem significativo, observa Racca, da Haulotte, destacando que as fabricantes chinesas fechariam 2024 com um share superior a 60%. “Por mais um tempo, as marcas tradicionais seguirão concorrendo pelos demais 35% ou 40%”, analisa. “Depois disso, há possibilidade de crescer novamente, com o fim da garantia dos produtos chineses.”
O ganho de espaço das marcas chineses, pondera Racca, ocorre em um mercado mais interessado em preços e condições de pagamento, quesitos nos quais é mais difícil a concorrência das marcas tradicionais, notoriamente mais focadas em qualidade, pós-venda, reposição, pronta-entrega, treinamento e prestação de serviços. “Em preços, não conseguimos concorrer com os asiáticos”, admite Racca. “E, em condições de pagamento, estamos mais acostumados a utilizar bancos para financiamento, e não a fazer financiamento próprio.”
Na mesma linha, Fagá também vê possibilidade de recuperação de espaço pelas marcas tradicionais, na medida em que os novos fornecedores precisem mostrar capacidade na oferta de serviços. Um quesito em que a Genie se sobressai, ele ressalta, lembrando os 26 anos de presença contínua no país. “Também temos um diferencial na qualidade, o que implica durabilidade do equipamento e seu impacto no custo total de propriedade”, pontua Fagá, referindo-se ao custo de aquisição, manutenção, disponibilidade de peças e valor de revenda do bem.
É nesse ponto que o atendimento assume seu maior grau de relevância. Sejam europeias, norte-americanas ou chinesas, as grandes marcas atualmente utilizam tecnologias muito similares, como destaca Sartorio, da XCMG. Por outro lado, a fabricante chinesa, assegura o diretor, também oferece “um excelente serviço de pós-venda”. “Inclusive por contarmos com fábrica em Pouso Alegre (MG), onde também montamos plataformas de porte maior”, acentua.
A fábrica também auxilia o serviço de pós-venda ao demandar logística e capacidade próprias de armazenamento, ele ressalta. Segundo o executivo, o modelo está funcionando. “Entre 2023 e 2024, nosso market share aumentou 25%”, revela Sartorio.

COMPETITIVIDADE
Dedicada exclusivamente à produção de plataformas, a Dingli já montou uma equipe no Brasil composta por quase 20 profissionais, entregando cerca de 3 mil plataformas em apenas três anos. “O mercado já reconhece a tecnologia e a inovação nos modelos da marca, como ocorre com as nossas ‘big booms’ de tração 4x4, oferecidas em versões híbrida, elétrica e diesel e capazes de operar em qualquer terreno”, ressalta Marchetti Jr.
Vários modelos chineses, diz ele, já têm qualidade muito similar – em alguns casos até superior – à de equivalentes europeus e norte-americanos, com a vantagem de oferecerem preços mais competitivos e possibilidade de linha direta de crédito. “Na eletrificação, os chineses largaram na frente, utilizando baterias de lítio e equipamentos de grande porte totalmente elétricos ou híbridos”, lembra o profissional da Dingli.
Mesmo com tantas perspectivas, Marchetti Jr. prevê um futuro enxugamento do mercado, no qual atualmente competem 18 empresas, sendo que mais de 50% são chinesas. “Dentro de algum tempo, ficarão somente as marcas com trabalho sério e estrutura, e não apenas representantes ou importadores”, crava o gerente.


Fabricantes apresentam novas plataformas na bauma China 2024

Realizada em novembro, a mais recente edição da bauma China foi palco do lançamento de uma nova linha de plataformas sobre esteiras da XCMG. “Agora, lançaremos esses modelos na Alemanha, e depois analisaremos a viabilidade de trazê-los para o Brasil”, antecipa Sartorio. Ainda na feira chinesa, a Dingli revelou diversos modelos articulados híbridos, incluindo uma máquina com alcance negativo de até 10 m. “Também lançamos a Série S de tesouras elétricas, que recuperam energia quando descem, proporcionado 20% mais de autonomia”, relata Marchetti Jr.
A bauma China, inclusive, revelou um universo de fabricantes de plataformas talvez até inimaginável para quem atua no mercado brasileiro. “Vi marcas das quais nem tinha ouvido falar, dos mais diferentes portes, com produtos com maior ou menor qualidade”, diz Racca, da Haulotte, que deve lançar no Brasil uma máquina articulada híbrida de 16 m ainda no 1º semestre. “E só vi modelos elétricos ou híbridos, pois a China é um país com tendência muito forte de eletrificação.”
A percepção de avanço da eletrificação é endossada por Fagá, da Genie, que em novembro lançou seis novas tesouras elétricas. “Essas máquinas trazem inovações impactantes em quesitos como estrutura, peso e estabilidade”, diz ele, lembrando que a Genie vai apresentar uma nova plataforma telescópica de 85 pés ainda neste início de ano.
Já a Manitou, que disponibiliza plataformas articuladas, elétricas e diesel, com alturas entre 12 e 28 m, prepara-se para ingressar no segmento de tesouras. “Já desenvolvemos uma linha de tesouras elétricas de 8 a 14 m, que deve chegar ao mercado ainda este ano”, diz Bracco.
Universo de fabricantes de plataformasatingiu níveis inéditos na bauma China. Foto:MMI


JLG lança plataforma articuladaelétrica na World of Concrete 2025

Em janeiro, a fabricante exibiu em Las Vegas a nova plataforma elétrica EC600AJ, que oferece raio de articulação da lança de 130 graus (+70, -60 graus) e oscilação não contínua de 400 graus, permitindo que os operadores posicionem a plataforma com precisão em espaços confinados ou em torno de obstáculos. As informações são da publicação Access Briefing.
O equipamento oferece altura de plataforma de 18,2 m e alcance horizontal de 10,8 m, com capacidades de 250 kg (sem restrições) e 340 kg (restrita), em uma configuração anunciada como “ideal para aplicações em manutenção de instalações, projetos de construção e obras de restauro”. No evento, a empresa também antecipou que lançará um novo modelo de 20,1 m ainda este ano, expandindo o portfólio de plataformas elétricas para o mercado internacional.
Nova plataforma elétrica EC600AJ oferece raio de articulação de 130 graus na lança. Foto: JLG


Saiba mais:
Dingli: https://en.cndingli.com
Genie: www.genielift.com/pt
Haulotte: www.haulotte.com.br/pt_BR
JLG: www.jlg.com/pt-br
Manitou: www.manitou.com/pt-BR#1
XCMG: www.xcmg-america.com

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