Revista M&T - Ed.257 - Setembro 2021
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Compactos

Ventos favoráveis para as minis

Máquinas compactas apresentam bons resultados para as empresas de rental, a despeito da alta continuada de preços e demora nos prazos de entrega por parte dos fabricantes

O mercado brasileiro de locação de equipamentos compactos tem apresentado desempenho satisfatório durante a pandemia, embora – como é de se imaginar – com certa dose de imprevisibilidade. Desde o final de 2020, a taxa de utilização desses equipamentos vem subindo e, atualmente, as locadoras especializadas em máquinas desse porte já superaram os patamares de equipamentos locados em 2019.

É certo que o mercado ainda está absorvendo os reajustes de preços de locação, necessários em função do aumento significativo da taxa de câmbio e, ainda, mais recentemente, da inflação. Isso tem provocado aumento de preços em todas as linhas de equipamentos que, em alguns casos, chegam a duplicar. “Máquinas compradas em 2021, como betoneiras por exemplo, subiram 50% em menos de um ano”, conta Guilherme Boog, CEO da Loxam Degraus. “Essa situação obriga o locador a repassar, ainda que parcialm


O mercado brasileiro de locação de equipamentos compactos tem apresentado desempenho satisfatório durante a pandemia, embora – como é de se imaginar – com certa dose de imprevisibilidade. Desde o final de 2020, a taxa de utilização desses equipamentos vem subindo e, atualmente, as locadoras especializadas em máquinas desse porte já superaram os patamares de equipamentos locados em 2019.

É certo que o mercado ainda está absorvendo os reajustes de preços de locação, necessários em função do aumento significativo da taxa de câmbio e, ainda, mais recentemente, da inflação. Isso tem provocado aumento de preços em todas as linhas de equipamentos que, em alguns casos, chegam a duplicar. “Máquinas compradas em 2021, como betoneiras por exemplo, subiram 50% em menos de um ano”, conta Guilherme Boog, CEO da Loxam Degraus. “Essa situação obriga o locador a repassar, ainda que parcialmente, esse aumento de custo ao mercado.”

De acordo com ele, o volume de ativos alugados em julho ultrapassou em 10% a quantidade locada no início do ano. Com 15 unidades distribuídas por 14 cidades e seis estados brasileiros, a Loxam tem percebido recuperação em todas as linhas de produto. “A linha de grupos geradores, em especial, foi a que mais se recuperou, mesmo ainda não chegando a taxas de utilização similares ao período 2012-2014, mas já apresentando uma forte reação”, posiciona Boog.

Diferentes perfis de atividades têm impulsionado o aquecimento da locação de compactos

Por sua vez, as linhas de plataformas elevatórias, rolos compactadores e torres de iluminação já vêm aquecidas desde o final de 2019, sendo que mais recentemente também foi possível notar um aumento na demanda por compressores, minicarregadeiras e miniescavadeiras. “Em resumo, toda a cadeia que atende ao mercado de construção civil passa por um momento favorável”, explica o especialista.

CURTO PRAZO

A Loxam Degraus tem como perfil o rental de curto prazo, atendendo locações de uma semana, quinzena ou mensal. “No ano passado, pegamos um contrato em São José dos Campos com seis miniescavadeiras por um período de oito meses de trabalho, mas isso é exceção em nossa empresa”, explica Boog. “Normalmente, os prazos de obras nas quais locamos nossos equipamentos não ultrapassam quatro meses.”

O executivo adiciona que obras de diferentes perfis estão alugando equipamentos compactos, desde projetos com prazos mais longos (como construção de usinas, instalação de redes de fibra ótica, duplicação de rodovias e obras de saneamento), até serviços mais curtos e simples (como fundações para prédios e galpões comerciais, reformas em indústrias e escavação de piscinas em clubes). “É triste contar isso, mas no auge da covid-19 chegamos a alugar miniescavadeiras e torres de iluminação até para abertura de valas em cemitérios”, ressalta Boog. “Mas, felizmente, esse tipo de oportunidade já se encerrou.”

Com a recuperação, a Loxam Degraus voltou a investir na linha compacta em 2021, após passar anos direcionando as compras para outras linhas. Como possui máquinas pintadas na cor vermelha, conforme especificação interna, a empresa está sujeita ao lead time de fabricação e raramente consegue adquirir os equipamentos disponíveis em estoque de fornecedores. “Mesmo assim, conseguimos prazos razoáveis, todos inferiores a seis meses, para as máquinas que estamos comprando este ano”, relata o executivo. “Não podemos reclamar, pois está em linha com nossa expectativa e dentro da realidade, tendo em vista a irregularidade desse mercado.”

Como tantos outros, Boog admite que se assusta com a instabilidade da taxa de câmbio, que torna imprevisível a variação do preço dos equipamentos e, por isso, representa um risco para a empresa. Afinal, adquirir um miniequipamento com alta taxa de dólar significa arcar por anos com um custo de depreciação que pode ser bem mais alto que o da concorrência. “Essa instabilidade prejudica e traz incertezas para as empresas, tornando o investimento mais arriscado e, como consequência, exigindo encurtar o payback do investimento, através do reajuste dos preços de aluguel”, reconhece o CEO.

As minicarregadeiras estão entre os equipamentos mais locados no país

RISCOS

Segundo o presidente do Sindicato das Empresas Locadoras de Equipamentos, Máquinas e Ferramentas do Rio de Janeiro (Sindileq-RJ), Sebastião Lucas Rentes, o período de pandemia tem sido “surpreendentemente bom” para o setor de rental em todos os portes.

Nesse rol, as minicarregadeiras e miniescavadeiras estão entre os produtos mais locados, com a ressalva de que os preços mais altos e os prazos mais demorados atrapalham diretamente os negócios, provocando receios e falta de projeções confiáveis no longo prazo. “Os fabricantes não têm prazo de entrega para máquinas novas, a inadimplência está elevada e há demora no fornecimento de peças de reposição”, acentua o dirigente, destacando que a demora na entrega tem sido a mesma tanto para modelos compactos como para pesados.

De acordo com ele, os preços estão se tornando “impraticáveis”, com aumentos mensais de, pelo menos, 10% nos equipamentos e insumos. “Com isso, as locadoras estão se endividando para manter frotas disponíveis, receosas de que algo possa acometer o setor de obras e que todos voltem a viver o cenário difícil de 2015 a 2017”, diz Rentes.

Nesse quadro, o dirigente afirma que é “difícil prever o amanhã”, pois as empresas ainda não têm perspectivas reais de futuro, o que cria uma situação sensível especialmente para tomadas de decisão, com reflexos no longo prazo.

Assim como Boog, Rentes também reconhece que a demanda mais acentuada para o rental das linhas de miniequipamentos está voltada para o curto prazo. “Até porque os contratos mais longos estão escassos, sendo que as obras de infraestrutura de grande porte ainda não aconteceram”, pondera. “Mas, ao menos no Rio de Janeiro, existem muitos canteiros de obras imobiliárias e novos empreendimentos que demandam compactos, além de trabalhos em indústrias e pátios logísticos.”

Ainda sobre os nichos que vêm movimentando o setor de compactos, Rentes aponta as obras de subestações em linhas de transmissão, além de melhorias em instalações comerciais e residências. “A verba do auxílio emergencial paga às famílias durante os meses de pandemia foi crucial para que as pessoas pudessem realizar reformas em casa”, observa o presidente do Sindileq-RJ.

TABELA

A partir de maio, a tabela de preços sugeridos para locação de equipamentos da Linha Amarela foi reajustada pela Associação Paulista dos Empreiteiros e Locadores de Máquinas de Terraplenagem, Ar Comprimido, Hidráulico e Equipamentos de Construção Civil (Apelmat).

Devido aos constantes aumentos nos preços dos equipamentos, peças, insumos e serviços de reparos e manutenção, os valores que vinham sendo praticados estavam bastante defasados. De um lado, os custos vêm subindo de forma progressiva e, de outro, as margens de ganho ficam cada vez apertadas, dificultando a viabilidade do negócio de rental.

Em tal situação, o ideal é buscar um equilíbrio entre todos os envolvidos. “O contratante precisa se sentir satisfeito ao optar por um serviço de locação que lhe possibilite empregar a força-tarefa das máquinas na obra a preço justo, sem a necessidade de alocar capital em compra de equipamentos”, frisa o presidente da Apelmat, Flávio Figueiredo Filho. “Na outra ponta, o locador deve praticar um valor adequado pelo custo horário da máquina ou por empreitada, considerando todos os fatores envolvidos.”

De acordo com ele, não basta simplesmente relacionar os custos fixos e acrescer uma margem de valor, pois há uma série de variáveis que precisam ser consideradas, como depreciação da máquina, manutenção, situação de pneus e material rodante, aluguel com ou sem operador, entre outros fatores.

A variabilidade do trabalho e a peculiaridade de custos de cada empresa também precisam ser consideradas, de acordo com as especificações dos contratos. Nesse caso, é preciso atentar para distâncias de viagens, pedágios, condições de trabalho dos equipamentos, tipo de desgaste e abrasividade a que a máquina será submetida. “É necessário definir as condições de contratação, incluindo se a máquina vai trabalhar em aterro sanitário, movimentação de fertilizantes, terraplenagem, mineração de agregados etc.”, ressalta Figueiredo. “Todos esses fatores influenciam.”

Na última década, a procura pelo rental de equipamentos manteve-se baixa e com oferta elevada, uma realidade que obrigou muitos locadores a praticar valores bem abaixo do mercado, com preços que mal cobriam os custos do equipamento. Nesse período difícil, algumas empresas encerraram as atividades, enquanto outras precisaram vender parte da frota a preços irrisórios para sobreviver. Contudo, os preços das máquinas, peças e componentes também estavam desacelerados, acompanhando a recessão.

Agora, com o mercado aquecido, a realidade é diferente. Os preços de locação abaixo do mercado não se justificam mais, de modo que os valores precisaram ser reajustados para a conta fechar. “Os preços sugeridos na Tabela da Apelmat têm por base o conjunto de locadores associados, levando em consideração os percentuais de aumento dos principais insumos utilizados para a conservação dos equipamentos”, esclarece o presidente.

Kobelco Europe lança miniescavadeiras de última geração

Segundo a fabricante, os modelos SK50SRX-7 e SK58SRX-7 oferecem melhor desempenho, produtividade e conforto ao operador, beneficiando-se do novo sistema hidráulico, que promete reduzir o tempo do ciclo de escavação em até 11%. Além disso, a substituição do motor de tração e da junta giratória aumentou a velocidade de deslocamento e de subida de colinas em aproximadamente 10%, diz a empresa.

Por sua vez, o sistema integrado de bomba de fluxo permite aos operadores aproveitar a saída extra da terceira bomba, que é direcionada ao braço e à lança para gerar potência adicional na escavação, resultando em uma operação mais rápida e suave, mesmo com cargas pesadas.

O modelo SK5058SRX-2 traz novo sistema hidráulico que promete reduzir o tempo do ciclo de escavação

“As miniescavadeiras tornaram-se ainda mais importantes para a linha de produtos da marca”, diz o gerente técnico de marketing de produtos da

Kobelco Europa, Tadayoshi Aoki. “Muitas das características incluídas em nossas novas miniescavadeiras, como o iNDrsystem, foram testadas antes em nossas máquinas mais pesadas, e o feedback dos clientes também desempenhou um papel vital no desenvolvimento desses novos modelos.”

Bom preço está raro no rental, diz executivo

O diretor da Escad Rental e vice-presidente da Sobratema, Eurimilson Daniel, atualiza a situação do setor de rental no Brasil. Acompanhe.

  • Como o rental vem reagindo ao aumento generalizado dos preços?

O aumento de preços vem da indústria e as empresas de locação têm muita dificuldade de repassar em tempo real, ficando com a opção de não investir, devido ao retorno insuficiente para cobrir o investimento, ou investir e se posicionar com dificuldade no mercado. O mercado, por sua vez, busca os melhores preços em linha com a disponibilidade de investimentos, ou seja, com preços antigos, o que se mostra cada vez mais difícil, pois o “bom preço” está raro. O cliente busca o melhor negócio, enquanto o locador busca a sobrevivência.

  • Há “reação” dos clientes nesse sentido? De que forma?

Sim. O primeiro impacto no repasse dos aumentos é a negação e busca de alternativas, seja na concorrência ou na operação, com a situação ampliando-se no mercado [e exigindo] uma negociação para se encontrar o melhor caminho.

Segundo Daniel, conjuntura exige manter preços diferentes para modelos idênticos, de acordo com a data de locação

  • Na sua visão, como as locadoras devem se portar nesse contexto?

O correto seria seguir os caminhos dos fabricantes, com o aumento de custo repassado no preço. É importante lembrar que nos últimos 11 meses tivemos aumento de 90% nos materiais de desgaste, 52% nos pneus e por aí vai. Isso em toda a cadeia da operação, ou seja, não é só o valor da máquina, mas tudo o que gira em torno.

  • Quais são os possíveis desdobramentos dessa situação?

De maneira transparente, estamos separando máquinas acima de 3.000 mil horas com preços mais atrativos e máquinas abaixo disso com índices mais próximos ao valor de aquisição no mercado. Em uma obra, também é possível ter o mesmo modelo com preços diferentes, de acordo com a data de locação. Exatamente o que está ocorrendo na compra, que já prevê entregas alongadas e aumentos nos valores.

Saiba mais:
Apelmat: www.apelmat.org.br
Escad Rental: https://escad.com.br
Kobelco Europe: www.kobelco-europe.com
Loxam Degraus: www.degraus.com.br
Sindileq-RJ: www.sindileqrj.org.br

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