Revista M&T - Ed.248 - Outubro 2020
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Compactos

Na ponta do lápis

Miniequipamentos tendem a ganhar espaço à medida que o mercado avance de sua arraigada característica manual para uma abordagem mais mecanizada e produtiva
Por Santelmo Camilo

Soluções que conseguem a proeza de trabalhar em locais restritos e apertados, onde máquinas maiores sequer podem acessar. Quando implementadas com ferramentas de trabalho, esbanjam versatilidade para serviços como preparo e nivelamento de solos, rompimento de contrapisos, escavação, aberturas de valas, compactação de solo e limpeza em geral, entre outras inúmeras atividades.

Obviamente, estamos falando das minimáquinas, as versões ‘compactas’ de equipamentos clássicos da Linha Amarela, especialmente projetadas para realizar tarefas múltiplas em um canteiro. Na construção, essas máquinas aumentam a produtividade e reduzem a necessidade de mão de obra, além de contribuírem para a diminuição dos riscos com atividades braçais e do tempo de execução dos trabalhos.

É certo, porém, que atendem a um nicho bem específico de mercado. Segundo Carlos Eduardo Ara&ua


Soluções que conseguem a proeza de trabalhar em locais restritos e apertados, onde máquinas maiores sequer podem acessar. Quando implementadas com ferramentas de trabalho, esbanjam versatilidade para serviços como preparo e nivelamento de solos, rompimento de contrapisos, escavação, aberturas de valas, compactação de solo e limpeza em geral, entre outras inúmeras atividades.

Obviamente, estamos falando das minimáquinas, as versões ‘compactas’ de equipamentos clássicos da Linha Amarela, especialmente projetadas para realizar tarefas múltiplas em um canteiro. Na construção, essas máquinas aumentam a produtividade e reduzem a necessidade de mão de obra, além de contribuírem para a diminuição dos riscos com atividades braçais e do tempo de execução dos trabalhos.

É certo, porém, que atendem a um nicho bem específico de mercado. Segundo Carlos Eduardo Araújo, especialista em aplicação de compactos da Caterpillar, esse porte de equipamento não é visto em grande escala nas atividades de movimentação logística de insumos. Porém, quando pensamos em atividades auxiliares ou em empresas menores, os compactos atendem à demanda com eficiência. “Utilizar máquinas adequadas para realizar carregamento e descarregamento de caminhões, movimentação de materiais paletizados e apoio em diversas tarefas tende a ser mais eficiente e seguro do que utilizar mão de obra física”, pondera.

Aqui cabe um parêntese. Os compactos são apropriados para esses serviços, mas para que a mecanização avance ainda mais é necessária uma mudança conceitual na forma como os fornecedores entregam os insumos no canteiro. Isso porque, em várias obras, especialmente as verticais, já é exigida a entrega de materiais paletizados ou empacotados para paletização. Desse modo, as menos as grandes fornecedoras já vendem tijolos, sacos de cimento e outros materiais em paletes, o que diminui significativamente as perdas, o tempo de separação e as operações de carregamento e descarregamento desses insumos.

Versatilidade: lista de aplicações de miniequipamentos é extensa

Sob tal condição, a transição do conceito manual para o mecanizado reflete-se diretamente na velocidade da operação, mas também permite reduzir custos e perdas operacionais no médio e longo prazo. De acordo com Araújo, atualmente já é possível encontrar no Brasil alguns canteiros de obras mais produtivos devido à mecanização, o que lhes permite manter uma mão de obra mais enxuta e, ainda, atender aos exíguos prazos de execução dos trabalhos.

Todavia, qualquer mudança nesse sentido deve acontecer mediante uma criteriosa análise de custos e benefícios nos processos internos e externos, junto aos clientes de cada operação. Por isso, é importante ter uma visão global, do começo ao fim dos processos, desde o fornecedor até o cliente que utiliza o material. “Isso inclui o valor da mão de obra e a quantidade necessária de profissionais em todas as etapas logísticas, mas também tempo para completar as atividades, giro dos insumos, riscos associados e até ganhos com a limpeza, já que a mecanização tende a ser uma operação com menos resíduos e perdas”, enumera Araújo.

APLICAÇÕES

Das linhas principais de compactos, as minicarregadeiras (ou skid steers) se destacam na movimentação de materiais como terra, areia, cimento e entulhos, entre outros. Em grandes centros, são transportadas facilmente por caminhões de pequeno porte (VUCs) ou ‘carretinhas’ acopladas a utilitários, circulando em horários restritos.

Na pavimentação, essas máquinas podem receber implementos como fresadoras para raspagem de asfalto, assim como vassouras para limpeza dos rejeitos. Do mesmo modo, também podem ser empregadas na limpeza de galpões de granjas, recolhendo a ‘cama’ de frango para posterior venda como adubo.

Para especialistas, tendência é de forte crescimento ao longo dos próximos anos

Mas a lista de aplicações é extensa. “Além da construção civil, suas aplicações envolvem, paisagismo, demolição, trabalhos elétricos e de tubulação subterrânea”, cita Esio Dinis, especialista de marketing de produto da New Holland Construction. “E também são muito úteis no mercado agrícola, equipadas com caçambas, valetadeiras, perfuratrizes, roçadeiras e garfos, em atividades de carregamento de fardos, limpeza de currais e aviários.”

As miniescavadeiras não ficam atrás, sendo aplicadas em trabalhos de abertura de valas, construção de piscinas, limpeza de terrenos, perfuração para alicerces de residências e outros. “Os modelos que possuem esteiras de borracha, principalmente, operam sem danificar o piso”, acrescenta Dinis, destacando a versatilidade conferida por acessórios. “A função auxiliar hidráulica standard, por exemplo, permite a utilização de implementos como assentador de bloco, garra giratória, martelete, perfuratrizes e tesoura hidráulica.”

De acordo com Pablo Sales, especialista de produto da Case CE, apesar de o mercado brasileiro ainda não estar tão maduro para equipamentos compactos como em outros países, a tendência é de forte crescimento ao longo dos anos. “Embora tenham tamanho reduzido, essas máquinas possuem grande capacidade de carga e possibilidade de giro sobre o próprio eixo”, ele destaca, acrescentando que, nos grandes centros urbanos, os miniequipamentos vêm ganhando espaço por trabalharem com o mínimo de interferência nas atividades paralelas. “Em obras rodoviárias, os veículos podem trafegar tranquilamente na faixa ao lado enquanto uma minicarregadeira está trabalhando com fresadora ou vassoura”, completa.

O custo operacional é outro atrativo que pode impulsionar sua penetração, assim como o menor consumo de combustível. “Além disso, o preço de locação é muito próximo ao de um equipamento equivalente de maior porte, compensando o investimento para o locador de máquinas”, diz Etelson Hauck, gerente de produto da JCB.

Redução de custos operacionais é um dos trunfos do segmento para avançar

Ao lado desses fatores, há ainda o fato de que uma minicarregadeira pode substituir até 15 funcionários em determinadas funções. “A vantagem é evidente”, crava Hauck. “Até porque é muito mais fácil gerenciar uma pessoa operando uma minimáquina do que um grupo de pessoas trabalhando nessas atividades.”

DIMENSIONAMENTO

Para quem tem dúvida dessa vantagem, os especialistas recomendam que outras variáveis sejam consideradas pelo potencial usuário. Isso inclui desde relações básicas de custo x benefício (considerando curto, médio e longo prazo), até aspectos mais intangíveis, como qualidade do transporte, armazenagem, manuseio, redução de riscos associados, diminuição de perdas, redução da mão de obra, ganhos de eficiência e flexibilidade, entre outros. “Quando são avaliadas as variáveis que realmente importam, vemos que o investimento para aquisição de uma minimáquina se paga com os ganhos obtidos na operação”, avalia Araújo, da Cat. “Quando comparamos o uso de mão de obra versus mecanização, constatamos as vantagens dos equipamentos compactos, que se traduzem em ganhos de produtividade e redução dos custos operacionais.”

Após as análises, constata-se que o dimensionamento de minimáquinas é algo relativamente simples de se fazer, quando comparado com máquinas pesadas. Na prática, o primeiro ponto é avaliar o planejamento e as limitações dimensionais da obra, para movimentação da máquina. “A partir daí, busca-se definir a atividade aplicável e o rendimento diário possível com o uso do equipamento, comparado ao uso de mão de obra”, orienta Dinis, da New Holland, ressaltando ainda a necessidade de se considerar o fator tempo. “Na sequência, avaliamos os custos horários operacionais do equipamento versus mão de obra convencional, finalizando com uma ponderação sobre o risco da operação.”

Equipamentos vêm aperfeiçoando características de ergonomia, segurança e operação

De posse dessas análises, prossegue Dinis, a atividade é mapeada no que se refere aos três pilares principais de qualquer projeto – financeiro, de temporalidade e de qualidade. “A partir daí, propõe-se o uso do equipamento”, explica.

CRITÉRIOS

Segundo Dinis, além da agilidade na execução dos ciclos de trabalho, a escolha pelos miniequipamentos envolve principalmente análises sobre os custos de operação, significativamente reduzidos para aquisição ou locação, um segmento em alta no mercado, além de gastos com combustível e manutenção. “Esses fatores têm sido levados em consideração, na ponta do lápis, no atual momento do mercado, que registra sinais de retomada, sobretudo na construção”, reitera.

Nesse aspecto, Hauck, da JCB, acrescenta um ponto de vista operacional sobre a aplicação de minis. Segundo ele, as soluções podem (e devem) ser dimensionadas pela capacidade de carga. “As alturas de descarga, no caso da minicarregadeira, e a profundidade de escavação devem ser analisadas em seguida”, depura.

Soluções como minicarregadeiras são dimensionadas pela capacidade de carga e altura de descarga

Por fim, se a máquina for trabalhar com implementos como rompedores (para as miniescavadeiras) e vassouras (para as minicarregadeiras), a análise do fluxo hidráulico é mandatória. “Isso é feito para aferir se a máquina está apta a acionar o implemento”, explica Hauck.
Sales, da Case, reforça a orientação de Hauck ao afirmar que – em termos práticos – a escolha da minicarregadeira adequada exige avaliação da carga mais pesada que será transportada na obra, assim como a altura máxima que essa carga será descarregada. “Se a tarefa incluir nivelamento e acabamento de terrenos, carregamento de pequenos caminhões e trabalhos ‘abaixo da altura dos olhos’, é mais indicada uma minicarregadeira radial”, sugere. “Mas se necessitar levantar e baixar carga verticalmente e transportar materiais, é mais indicada uma vertical.”

TECNOLOGIA

Mesmo sem ainda ter atingido seu pleno potencial, o mercado brasileiro está bem-servido de soluções no segmento. Atualmente, a Case CE comercializa no país quatro modelos de levantamento radial (SR150B, SR175B, SR200B e SR250B) e dois de levantamento vertical (SV185B e SV300B), com carga operacional de 680 kg a 1.364 kg e potência bruta de 60 hp a 90 hp.

De acordo com a fabricante, os modelos SR (levantamento radial) têm maior força de desagregação, enquanto os modelos SV (levantamento vertical) têm maior alcance no carregamento e no levantamento, assegurando paralelismo em relação ao solo, um aspecto crucial para transportes. “Na linha de minicarregadeiras, é possível escolher controle mecânico padrão ou eletro-hidráulico, de acordo com a preferência do operador”, informa Sales.

Combinado com o Ride Control (opcional), as minicarregadeiras da Case CE prometem estabilidade e velocidades operacionais superiores, independentemente das condições no canteiro. Outra vantagem, garante Sales, é a capacidade de trabalho ininterrupto, sem necessidade de reabastecimento, graças ao menor consumo de combustível e aos tanques com capacidade de 61 a 97 l. “As máquinas também possuem chassis Power Stance, com distância entre-eixos até 21% maior e distribuição de peso dianteiro/traseiro 30/70, facilitando o levantamento e o transporte de maior quantidade de material”, descreve o especialista.

Atenta ao mercado, a Caterpillar também agrega diferenciais em sua linha de minis que, segundo Araújo, fazem a diferença na produtividade. Os equipamentos, diz ele, incluem características avançadas de ergonomia, segurança, consumo, custo de manutenção e propriedade. Alguns modelos de minicarregadeiras da marca trazem cabinas seladas e pressurizadas, por exemplo. “A linha oferece um espaço interior amplo e espaçoso, com piso organizado e ambiente do operador com bastante espaço para cabeça, ombros e pernas, o que permite manter alta produtividade mediante baixa fadiga”, diz Araújo. “Outras características-padrão incluem assento reclinável com suspensão e descansos de punhos ajustáveis, controles operados por piloto em todas as funções, inclusive alavancas de deslocamento e funções da lâmina.”

De acordo com a fabricante, os controles de rotação da lança e as funções hidráulicas auxiliares estão localizados ao alcance dos dedos, o que facilita a operação. “Instalados no joystick, esses controles aumentam a produtividade devido à precisão do movimento de rotação da lança e das funções auxiliares de fluxo e pressão”, sustenta Araújo. “Além disso, eliminam os pedais, liberando espaço para os pés do operador.”

O especialista acresce que a nova Série D3 de minicarregadeiras também traz conectividade com ferramentas inteligentes (‘Smart Attachment’), tais como o braço escavador BH130 e as lâminas niveladoras GB120 e GB124, que têm operação integrada ao joystick, que imprimem maior precisão de fluxo e pressão durante as operações ao longo de toda a vida útil da máquina.

PROJETO

De acordo com Hauck, o design também é um ponto relevante para aumentar a produtividade dos compactos. O portfólio nacional da marca inclui as minicarregadeiras 155, 190 e 270, as miniescavadeiras 8026 e 55Z e miniretroescavadeira 1CX. “A miniescavadeira 55Z-1, por exemplo, é projetada com raio de giro zero, pois a lança gira 180 graus e o contrapeso traseiro não ultrapassa a largura das esteiras”, acentua. “Ambas as características permitem que a máquina possa escavar em pontos próximos a muros e locais com mobilidade reduzida.”
Já nas minicarregadeiras, o projeto do braço favorece a entrada e saída do operador pela porta lateral da cabina, em vez de subir na máquina. “O braço único é mais robusto e garante maior força de desagregação durante o carregamento”, diz.

Por sua vez, a New Holland Construction consolidou recentemente sua linha de escavadeiras de 1 a 50 t com o lançamento de uma nova família de compactos. Oferecida nos modelos E17C, E26C e E37C, a linha oferece braço longo, o que proporciona maior alcance e profundidade de escavação, além de terceira função para implementos hidráulicos. “As soluções utilizam tecnologia hidrostática de última geração, em que a transmissão mecânica, tradicionalmente empregada em outros equipamentos, foi substituída por bombas e motores hidráulicos, promovendo ganhos de produtividade e custos operacionais menores, além de maior confiabilidade”, argumenta Dinis.

Já a Série 300 de minicarregadeiras traz a tecnologia de elevação ‘Super Boom’, exclusiva da marca. Segundo a empresa, o braço de cinematismo vertical oferece maior alcance, garantindo altura e alcance de descarga e estabilidade. “As minicarregadeiras podem carregar material para o centro dos caminhões, terminando antes o trabalho”, observa Dinis. “O maior alcance também permite ao operador esvaziar a caçamba mais rapidamente, melhorando os tempos de ciclo da máquina.”

Bobcat apresenta serviçode personalização de minis

Apesar da pandemia, o ano de 2020 tem sido repleto de novidades na área de compactos para a Bobcat. Após lançar duas novas minicarregadeiras da Série R (T64 e T66) e dois novos modelos de skid-steers (S64 e S66), a marca controlada pela Doosan apresentou ao mercado internacional a minicarregadeira de esteiras MT100, uma máquina com peso operacional de aproximadamente 1,5 t acionada por motor diesel Tier 4 de 24,8 hp. Com esteiras padrão de 91,4 cm de largura, a máquina traz uma série de contrapesos removíveis, que podem ser montados no chassi ou na parte de trás, para aumentar o desempenho de elevação.

Recém-lançada, a minicarregadeira MT100 traz contrapesos removíveis para aumentar o desempenho

Além dos lançamentos, a marca também anunciou uma parceria com a Green Machine para a produção de miniescavadeiras híbridas (elétricas/hidráulicas) e, em agosto, apresentou o projeto ‘Features On Demand’, que oferece ao cliente a possibilidade de personalizar as minicarregadeiras da Série R com as características desejadas, que são habilitadas pelo revendedor no momento da compra da máquina. As opções incluem itens como controle dinâmico da velocidade de trabalho, potência hidráulica adicional, posicionamento de dupla direção da caçamba, ventilador de inversão e outros. “A inovação está no centro do legado de nossa empresa e, com essa novidade, continuamos a mostrar que somos uma força da indústria”, diz Joel Honeyman, vice-presidente de inovação global da Doosan Bobcat North America.

Saiba mais:
Case CE: www.casece.com.br
Caterpillar: www.cat.com/pt_BR
Doosan Bobcat: www.bobcat.com/la/pt
JCB: www.jcb.com/pt-br
New Holland Construction: https://construction.cdn.newholland.com/lar/pt

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