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Revista M&T - Ed.296 - Agosto de 2025
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COMPACTOS

Rompendo barreiras

Em alta no país, uso de equipamentos compactos rompe o paradigma de que alta produtividade requer sempre soluções de grande porte, posicionando-se como um coringa em diferentes frentes
Por Santelmo Camilo

Foto:AVANT


Nos últimos anos, a demanda de equipamentos compactos no Brasil vem avançando em ritmo mais forte que a de equipamentos de grande porte. Essa mudança de paradigma é espelhada pelo próprio Estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção (matéria de capa desta edição), que aponta aumento de 2% nas vendas de miniescavadeiras em 2023, enquanto as minicarregadeiras avançaram 15% no mesmo período, indicando um viés de alta – apesar da leve queda prevista para 2025, em um realinhamento após um boom de mercado – que o segmento mantém em tempos recentes, como mostra o Estudo de Mercado da Sobratema.

No ano passado, em contraste, o crescimento do segmento foi exponencial, com salto de 32% em miniescavadeiras, enquanto minicarregadeiras atingiram impressionantes 39% de avanço no ano. Para Juliana Santos, supervisora comercial para construção civil da Yanmar South


Foto:AVANT


Nos últimos anos, a demanda de equipamentos compactos no Brasil vem avançando em ritmo mais forte que a de equipamentos de grande porte. Essa mudança de paradigma é espelhada pelo próprio Estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção (matéria de capa desta edição), que aponta aumento de 2% nas vendas de miniescavadeiras em 2023, enquanto as minicarregadeiras avançaram 15% no mesmo período, indicando um viés de alta – apesar da leve queda prevista para 2025, em um realinhamento após um boom de mercado – que o segmento mantém em tempos recentes, como mostra o Estudo de Mercado da Sobratema.

No ano passado, em contraste, o crescimento do segmento foi exponencial, com salto de 32% em miniescavadeiras, enquanto minicarregadeiras atingiram impressionantes 39% de avanço no ano. Para Juliana Santos, supervisora comercial para construção civil da Yanmar South America, o crescimento se deve à urbanização acelerada, necessidade de intervenções em áreas confinadas e busca por soluções mais econômicas e versáteis.

Esse aumento pode ser associado ainda a fatores como uma mudança de cultura no setor de construção. Cada vez mais, os gestores percebem que é plausível gastar menos alugando ou comprando uma máquina compacta, seja para escavar, demolir ou compactar, ao invés de empregar mão de obra humana. Além disso, os tão-aguardados projetos de infraestrutura – que utilizam equipamentos de grande porte – ainda não saíram do papel, fazendo com que locadoras e construtoras tivessem que adaptar as frotas à realidade atual do mercado.

Vendas de máquinas compactas vêm superando o desempenho da Linha Amarela de grande porte no país. Foto:YANMAR


Devido à flexibilidade na implementação, as máquinas compactas são comparáveis a porta-ferramentas, atendendo inclusive às normas de segurança do trabalho. Há ainda o papel da tecnologia na equação. Atualmente, os equipamentos compactos contam com tecnologia aprimorada, como telemetria para corte e laser via satélite, por exemplo, sendo que a maioria é cabinada com ar-condicionado, sistemas de rastreamento e controle de emissão de partículas. “A telemetria facilita quando chega o momento de fazer manutenção para evitar depreciação acelerada, paradas repentinas ou mesmo acidentes”, sublinha Wanderlei Cursino Correia (conhecido como Wandy), especialista da locadora paulista RentalMais, que oferece a tecnologia em todas as máquinas do portfólio. “Ou seja, a máquina é inteligente, pois informa tudo sobre seu estado atual e as condições de trabalho, o que é um atrativo para quem compra e agrega valor para o cliente que aluga o equipamento”, avalia.

Versatilidade operacional impulsiona o uso de compactos em diferentes setores produtivos. Foto:DEVELON


ATRATIVOS

Com tamanha versatilidade, o avanço do segmento sempre foi uma questão de tempo, uma vez que os compactos são considerados “ideais” para aplicação em locais com espaço restrito em ruas e calçadas, obras residenciais, construções prediais e escavações em valas para tubulações, drenagem, fundações rasas e redes elétricas, dentre inúmeras outras possibilidades.

Em estruturas urbanas, constituem a pedida certa para obras de demolição e instalação de infraestruturas como redes de água e esgoto, cabeamento de fibra óptica, dutos de gás e infraestruturas subterrâneas de energia. “Já em áreas como paisagismo e jardinagem, os compactos são utilizados em trabalhos de modelagem de terrenos, escavação para lagos e preparação para grama ou piso”, acrescenta Leandro Yokoti, gerente de vendas da Develon. “No setor agrícola, também operam na limpeza de valetas, abertura de canais, preparação para plantio em estufas e serviços diversos em pequenas propriedades”.

De acordo com Mário Neves, gerente comercial da Avant para a América Latina, a categoria pode ser considerada como uma solução multitarefas para as frentes de trabalho. “Basta colocar uma caçamba para a máquina atuar como pá carregadeira, mas também pode virar uma empilhadeira 4x4 todo-terreno se usar garfos”, exemplifica.

Também é possível colocar vários implementos em sequência, transformando a máquina em uma solução-chave do processo de trabalho, deixando de ser somente uma alternativa para trabalhos em locais apertados, diz Neves. “Além disso, atende aos principais cuidados de segurança do trabalho em fábricas, onde muitos técnicos não aceitam máquinas sem visão traseira para varrer de ré, especialmente em locais onde circulam pessoas e veículos”, explica.

Por tudo isso, a perspectiva é que o mercado brasileiro de minis siga em alta nos próximos anos, aproximando-se de outros mercados mais maduros. Segundo Neves, em 2023 foram vendidas 3.300 minicarregadeiras de pneus e 4.600 retroescavadeiras na Europa, de todas as marcas e modelos. Isoladamente, a Avant comercializou 5.000 máquinas. “Nos últimos 18 anos, o mercado de retroescavadeiras caiu 70% no continente europeu, devido à capacidade que os equipamentos compactos têm de substituí-las no trabalho braçal humano e de não bloquear o trânsito”, ressalta.

Compactos substituem o trabalho braçal humano e não bloqueiam o trânsito. Foto:AVANT


De acordo com Yokoti, da Develon, o salto nas vendas no Brasil em 2024 – superior a 30% – foi guindado principalmente pela intensificação do uso em obras urbanas, construção residencial e locação. “Esperamos que esse ritmo se mantenha até 2026, com expansão sustentável impulsionada pela urbanização, programas de infraestrutura e necessidade de soluções mais compactas e eficientes”, estima o especialista. “Em miniescavadeiras, especificamente, as principais áreas que devem continuar demandando incluem construção civil leve, serviços públicos, agricultura de pequena escala e, cada vez mais, manutenção urbana em centros densamente povoados.”

DIFERENCIAIS

Atualmente, o segmento de locação representa em torno de 40% a 45% das vendas das fabricantes ouvidas nesta reportagem, cada uma com seu diferencial. No que se refere à Yanmar, Juliana Santos explica que os equipamentos da marca têm se consolidado como uma “escolha estratégica” para locadoras em razão de eficiência operacional, robustez, qualidade e baixo custo de manutenção. “Além disso, destacam-se pela baixa desvalorização e alta liquidez no mercado de usados, o que garante um ótimo retorno sobre o investimento ao longo do ciclo de vida da máquina”, sublinha. “Outro diferencial é a estrutura de pós-venda, com rede ampla de concessionárias autorizadas, suporte técnico qualificado e alta disponibilidade de peças, fatores que são essenciais para locadoras que dependem da alta disponibilidade da frota e de um atendimento ágil.”

Quanto a questões tecnológicas, Juliana percebe que o mercado de compactos valoriza aspectos como versatilidade de implementos, telemetria, mobilidade e economia. “As miniescavadeiras e minicarregadeiras podem ser equipadas com uma gama de implementos, como rompedores, perfuratrizes, garfos e vassouras hidráulicas, o que as tornam aptas para trabalhar em diferentes tipos de projetos e áreas distintas”, reforça.

Fatores como custos da máquina, manutenção e peças de reposição ainda emperram um avanço maior. Foto:BOBCAT


Além disso, tecnologias embarcadas como monitoramento remoto, telemetria e sistemas de segurança antifurto são diferenciais competitivos nesses equipamentos. “É importante destacar que os compactos também consomem menos combustível, são mais fáceis de transportar e operam com precisão em espaços reduzidos”, complementa a supervisora. Gerente geral da Mason Equipment para a linha Bobcat, Geraldo Sperduti Buzo concorda que tecnologias como telemetria, sistemas de refrigeração avançados, sistemas hidráulicos eficazes, engate rápido hidráulico, controle remoto e joystick inteligentes de fato vêm tornando os compactos. mais atraentes para o usuário.

De acordo com ele, o mercado de máquinas compactas é muito amplo, sendo que a Bobcat busca se inserir em todos os segmentos, principalmente com a oferta de uma ampla gama de produtos e implementos. “Isso propicia a utilização de toda a linha de produtos, que vai de 1 t até 8 t”, reforça Buzo. “Entretanto, o segmento de construção, tanto rodoviária quanto civil, ainda representa cerca de 50% dos projetos.”

LIMITADORES

Por falar em participação, os especialistas são unânimes em apontar que os compactos ainda têm muito a crescer no Brasil, seja nos setores de construção, agrícola e florestal, como no industrial, de limpeza urbana e outros. “Todavia, alguns fatores ainda emperram o avanço, a começar pelo valor do equipamento, da manutenção e das peças de reposição”, posiciona Wandy, da RentalMais, explicando que alguns compactos chegam a custar 90% do valor de seus equivalentes de grande porte. Na visão dele, “preços mais acessíveis poderiam popularizar ainda mais essas máquinas no país”.

Na leitura de Neves, da Avant, o mercado de compactos já é explorado há décadas, mas ainda segue demasiadamente restrito às obras de construção. “Não há motivo para isso, pois esses equipamentos foram concebidos como porta-ferramentas multifuncionais voltados para diferentes áreas da cadeia produtiva”, comenta. “Se você olhar atentamente, perceberá que em cada quadra de rua, viela, avenida, marginais, rodovias e estradas vicinais há oportunidades de capinar, podar árvores, lavar calçadas e ciclovias, trabalhar em haras, campo de golfe, apicultura, granja, limpeza de pátios industriais, ou seja, de fazer tarefas hoje executadas por pessoas.”

Na Yanmar, Juliana Santos destaca outro aspecto que ela acredita dificultar um avanço mais expressivo na cultura de uso de compactos: o hábito do superdimensionamento. Segundo ela, ainda há resistência em substituir as máquinas de grande porte, mesmo quando os modelos compactos são comprovadamente mais eficientes e adequados à aplicação. Essa visão, diz ela, está enraizada em práticas antigas do setor, levando frequentemente à escolha de equipamentos acima da necessidade da obra – ou mesmo do tipo incorreto –, “o que gera aumento no custo operacional, queda de produtividade e desperdício de recursos”.

Para reverter esse cenário, é necessário investir em ações que gerem experiência e confiança no uso dos compactos. “Demonstrações práticas em campo são fundamentais para evidenciar na prática o valor agregado desses equipamentos”, observa a supervisora comercial. “Isso inclui agilidade, precisão, economia de combustível, menor impacto no entorno e facilidade de operação em áreas confinadas”, pontua.

Outro fator é o déficit de mão de obra, tanto de operadores como de mecânicos, que inibe uma mecanização mais ampla. “Locadores e dealers devem investir mais em treinamento, buscando inserir novos profissionais na atividade por meio de cursos contínuos de formação, qualificação e aperfeiçoamento”, sugere Wandy, da RentalMais. Na locadora, o investimento em mão de obra é permanente, ele garante, sendo que os jovens aprendizes são incluídos aos poucos na operação de máquinas compactas, evoluindo para diferentes categorias até chegaram às soluções de grande porte. “Se todos treinarem, essa carência tende a ser suprida”, acredita.

CONFIANÇA

De acordo com Buzo, da Mason, também persiste no mercado certa falta de confiança sobre a capacidade de um equipamento compacto entregar a produtividade necessária para a obra. “Por isso, a Bobcat incentiva e premia os distribuidores que criam mercados por meio de demonstrações e ações que consolidam a confiança do cliente em adquirir um equipamento compacto, versátil e altamente produtivo”, conta.

Já Yokoti, da Develon, avalia que muitas pessoas ainda preferem comprar retroescavadeiras para trabalhos de escavação e carregamento. “Por isso, é necessário orientar o mercado por meio de campanhas de demonstração prática, incluindo conteúdo técnico com casos que mostrem como as miniescavadeiras superam o trabalho manual e, até mesmo, as retroescavadeiras em aplicações específicas”, observa.

Além disso, segundo Yokoti é necessário facilitar o acesso financeiro por meio de parcerias com bancos e cooperativas, buscando desenvolver linhas de crédito específicas, garantir suporte técnico confiável e trabalhar de maneira mais próxima a locadoras e pequenos empreendedores. “Também é preciso fazer campanhas específicas para regiões onde há baixa mecanização, com foco em aplicações locais, como escavação para irrigação, saneamento e manutenção urbana leve”, arremata.


Eletrificação esbarra nafalta de infraestrutura

Nessa altura da transição energética, todos os principais fabricantes já desenvolveram equipamentos eletrificados. Todavia, quando se compara um modelo elétrico com seu equivalente à combustão, o custo de produção e desempenho energético ainda são os principais entraves. Até por isso, os especialistas consideram essa tecnologia ainda embrionária no Brasil, principalmente em razão de o mercado ainda mostrar-se desprovido de infraestrutura para mudar a realidade no curto e médio prazo. “Isso vai acontecer no futuro e estamos no caminho”, acredita Wandy, da RentalMais.

Segundo ele, os gargalos incluem falta de pontos de recarregamento nas obras e baterias ainda insuficientes para atender às demandas de trabalho. “Alguns modelos compactos elétricos possuem bateria com duração de 4 horas, um tempo muito curto para a atividade, além de levarem 1 hora para carregamento”, explica. “Então, esse atual estágio ainda não condiz com a realidade de trabalho.”

Além disso, o preço de aquisição de compactos elétricos representa outro empecilho, pois as máquinas chegam a custar quase o dobro de um modelo a combustão. “Para as minis elétricas se tornarem realidade no Brasil, os fabricantes e revendedores vão precisar investir pesado em baterias e preço do equipamento, além de as construtoras adequarem a estrutura dos canteiros com torres de alimentação para carregar as baterias, por exemplo”, projeta Wandy, para quem o modelo híbrido – elétrico e a combustão – constitui uma opção mais interessante no momento.

Mercado ainda se mostra desprovido de infraestrutura para acelerar a introdução de elétricos. Foto:BOBCAT


Saiba mais:
Avant: www.avanttecno.com/br
Develon: https://la.develon-ce.com/pt
Mason: www.masonequipamentos.com.br
RentalMais: www.rentalmais.com.br
Yanmar: www.yanmar.com/br

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