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Revista M&T - Ed.291 - Fevereiro / Março 2025
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ESPECIAL INFRAESTRUTURA

Um novo marco para a engenharia nacional

Por Redação

Foto: EGTC


Ao custo de R$ 2,4 bilhões, a duplicação da Rodovia dos Tamoios lançou mão de técnicas modernas e expertise de campo para minimizar impactos ambientais na Serra do Mar

Recentemente finalizadas, as obras na nova Rodovia dos Tamoios (Nova Tamoios) apresentaram diferentes desafios de infraestrutura em seu desenvolvimento, especialmente na construção dos túneis, que englobam o maior túnel rodoviário do Brasil, com 5,5 km de extensão.
Trata-se de uma obra há muito necessária em uma rodovia historicamente marcada por longos congestionamentos, especialmente em feriados prolongados e na alta estação de verão, em direção às regiões litorâneas do estado de São Paulo. Como as rodovias são os principais caminhos que levam a essas regiões, há uma necessidade contínua de obras, extensões e aprimoramentos da in


Foto: EGTC


Ao custo de R$ 2,4 bilhões, a duplicação da Rodovia dos Tamoios lançou mão de técnicas modernas e expertise de campo para minimizar impactos ambientais na Serra do Mar

Recentemente finalizadas, as obras na nova Rodovia dos Tamoios (Nova Tamoios) apresentaram diferentes desafios de infraestrutura em seu desenvolvimento, especialmente na construção dos túneis, que englobam o maior túnel rodoviário do Brasil, com 5,5 km de extensão.
Trata-se de uma obra há muito necessária em uma rodovia historicamente marcada por longos congestionamentos, especialmente em feriados prolongados e na alta estação de verão, em direção às regiões litorâneas do estado de São Paulo. Como as rodovias são os principais caminhos que levam a essas regiões, há uma necessidade contínua de obras, extensões e aprimoramentos da infraestrutura, para que o trajeto se torne mais seguro e – de quebra – possa ser percorrido em menos tempo.
A duplicação do trecho de serra, principal ligação com o Litoral Norte paulista, foi realizada em etapas, sendo que o Contorno Norte foi inaugurado em dezembro de 2023 e o Contorno Sul, em novembro de 2024. “Os contornos de Caraguatatuba e São Sebastião formam um moderno e seguro complexo viário na região do Vale do Paraíba e Litoral Norte de São Paulo”, afirma Gustavo Albuquerque, engenheiro civil da EGTC Infra, responsável pelas obras neste trecho.

Obra conta com o túnel rodoviário mais extenso do Brasil, com 5,5 km de extensão. Foto:Governo do estado de São Paulo



CONCEITO
Administrado pela Concessionária Tamoios, o trecho é composto por 13,2 km de túneis, em uma extensão total de 33,9 km no Litoral Norte paulista, além de 7,1 km de Obras de Arte Especiais. O trecho completo conta com 10 túneis, sendo cinco de ida e cinco de volta. Desse total, quatro túneis estão localizados no Contorno Norte (em Caraguatatuba) e seis no Contorno Sul (em São Sebastião). O Contorno também conta com 43 Obras de Arte Especiais (OAE, incluindo pontes, viadutos, passarelas e outras estruturas de engenharia), 17 km de pista simples e 16 km de pista dupla.
Além disso, a obra conta com o túnel rodoviário mais extenso do Brasil. O Túnel 3/4 (denominado “Túnel Antônio de Queiroz Galvão”) tem 5,5 km de extensão e integra o novo trecho de serra da Rodovia dos Tamoios, ligando o interior do estado ao Litoral Norte. “O empreendimento é constituído por um moderno projeto de sistemas eletromecânicos, que garantem a segurança e o conforto dos usuários, como ventilação, iluminação, câmeras e sistemas de detecção e combate a incêndio”, diz Albuquerque, destacando as inovações da estrutura, que exigiu quatro anos de escavações, com média de 1.250 m por ano. Escavado pelo método NATM (New Austrian Tunnelling Method), o túnel foi designado como “3/4” devido à alteração do projeto original, que previa a construção de dois túneis distintos (3 e 4), depois incorporados em um único túnel.
Segundo o especialista, a Nova Tamoios utilizou o conceito – em alta ao redor do mundo – de túneis mais longos, profundos e com maior extensão, ligados por pontes e viadutos para transposição dos vales. “A solução em túneis e viadutos nos vales entre emboques minimiza o impacto ambiental e leva a menores extensões de via trafegável, configurando uma solução moderna”, observa Roberto Kochen, diretor técnico da GeoCompany, empresa que realiza estudos de viabilidade, projetos executivos e soluções na área de engenharia civil e ambiental no país. “Esse conceito já foi empregado na transposição de cordilheiras na Europa, em países como Itália, França, Suíça, Alemanha e outros.”

Barbosa e Albuquerque (no detalhe), da EGTC Infra: complexo viário moderno e seguro. Foto: EGTC



TECNOLOGIAS
De acordo com Albuquerque, da EGTC, entre os principais benefícios trazidos pelos novos Contornos de Caraguatatuba e São Sebastião estão as “viagens mais rápidas, seguras e confortáveis”, além do acesso direto ao Porto de São Sebastião, estímulo ao turismo da região e benefícios diretos para quase 250 mil habitantes dos municípios de Caraguatatuba, São Sebastião e Ilhabela. “Com essa obra, o trânsito de veículos entre o Vale do Paraíba e o Litoral Norte foi completamente transformado, em uma evolução enorme nos quesitos de tempo, conforto e segurança”, avalia.
Segundo o engenheiro, a obra propiciou uma verdadeira repaginação da Serra Antiga, que era de mão dupla e, agora, conta com duas pistas de descida e acostamento. “A Nova Serra, com pista de subida equipada com túneis e viadutos, permite acesso mais fácil e sem congestionamento ao Vale do Paraíba, dinamizando o turismo e o desenvolvimento econômico da região”, complementa Albuquerque.
Com investimento estimado em R$ 2,4 bilhões, a obra uniu técnicas modernas de engenharia à expertise de campo das empresas, especialmente em atividades como cortes, aterros e construção de OAES (Obras de Arte Especiais), OACs (Obras de Arte Correntes) e túneis. Contudo, mesmo com profissionais experientes nessas estruturas, buscou-se implementar inovações em cada um dos elementos, assegura a EGTC Infra.
Conforme o gerente de produção eletromecânica da EGTC, Rodolfo Barbosa, foram utilizados softwares embarcados nos equipamentos para perfuração dos túneis, assim como drones de levantamento, concreto projetado reforçado com fibras poliméricas, sensores em equipamentos de terraplanagem e na aplicação de pavimento rígido, garantindo maior uniformidade e conformidade do serviço executado, tudo em tempo real, entre outros recursos. O empreendimento também utilizou a ferramenta BIM (Building Information Modeling), inclusive para otimizar o dimensionamento dos jatos ventiladores dos túneis. “Além disso, a obra contemplou sistemas eletromecânicos e de automação, garantindo maior segurança e conforto aos usuários”, diz Barbosa.

Materiais das escavações foram aplicados nos traços de concreto e no aterro reforçado. Foto:Governo do estado de São Paulo



Já a opção pelo método NATM permitiu escavar o maciço de solo com cambotas (arcos) metálicas, que são revestidas com concreto projetado, perfazendo 13,2 km de escavação. “A escavação pode ser feita em diversas fases para seções transversais de tuneis de grande dimensão, como é o caso da Nova Tamoios”, comenta o engenheiro Kochen.
Para os viadutos, a solução escolhida foi o método de balanço sucessivo. Após a estrutura de fundação-blocos-pilares ser construída, o tabuleiro foi montado por segmentos, lançados a partir de apoios nos pilares, moldados em concreto armado e lançados sucessivamente de cada apoio (em balanço), até finalmente se encontrarem no ponto médio do vão central.


DESAFIOS
O empreendimento exigiu ainda a construção de duas Obras de Arte Especiais pelo método de balanço sucessivo, comenta Barbosa, sendo que mais de 700 vigas foram lançadas com guindastes ou treliças lançadeiras. Outra solução empregada foi reutilizar os materiais provenientes das escavações dos túneis, que foram aplicados nos traços de concreto e no aterro reforçado com geogrelhas Quadratum (totalizando 70.422,72 m³ de material). “Independentemente da condição geológica encontrada dos túneis, a obra conseguiu garantir a performance e a entrega de concreto usinado com esses materiais durante as escavações, sempre seguindo as características demandadas em projeto”, afirma o especialista.
Segundo Barbosa, os projetos e soluções de engenharia envolvidos na obra foram minuciosamente estudados com o objetivo de gerar o mínimo de impacto ambiental, pautando-se pelas melhores práticas de sustentabilidade adotadas ao redor do mundo na atualidade. “Em termos de planejamento, o principal desafio foi garantir a eficiência entre as disciplinas envolvidas no projeto, de forma simultânea”, diz o gerente de produção da EGTC. “Ou seja, não foi só planejar a obra de uma forma que as interferências entre as equipes fossem mínimas, mas também de uma maneira que todos os recursos disponíveis fossem otimizados, garantindo a sinergia do grupo.”

Kochen, da GeoCompany: técnicas modernas minimizaram impactos. Foto: GeoCompany


No entanto, como aponta Kochen, da GeoCompany, o projeto precisou superar ainda o “desafio de definir túneis longos”, em locais em geral com escasso conhecimento geológico e dificuldade – senão inviabilidade – para realizar as sondagens. “Além disso, os emboques de túneis também apresentaram dificuldades, com a necessidade de estabilização de cortes em solo e rocha”, repassa o diretor. “Para os viadutos, a escolha do local para implantação dos pilares foi essencial, permitindo evitar dificuldades de acesso e supressão vegetal de grande amplitude”, complementa.
Pela ótica de Barbosa, a lista de “impasses” na construção também deve incluir itens como a logística e o plano de ataque da obra em trecho urbano (especialmente no Lote 04), adotando soluções como pré-moldados em grande parte da estrutura de concreto, visando reduzir os impactos à comunidade. “A escolha por elementos pré-moldados e a utilização de treliça lançadeira minimizaram drasticamente os impactos da obra em seu trecho urbano, diminuindo a utilização de escoramentos e guindastes”, delineia o gerente de produção eletromecânica da EGTC.
Outro desafio de planejamento, prossegue Barbosa, foi a necessidade de antecipação da inauguração do trecho no sentido Ubatuba, que ocorreu em dezembro de 2023, mas que inicialmente fora previsto para ser entregue junto com o complexo. O transporte de materiais para as pontes e viadutos, acrescenta Kochen, também configurou um problema razoável para as equipes, solucionado com o uso de equipamentos com cabos, minimizando o tráfego de caminhões e a necessidade de estradas de serviço para acesso aos locais de construção. “Em suma, são técnicas modernas que minimizaram os impactos ambientais dessa obra icônica na Serra do Mar”, arremata o engenheiro.


Rodovia inaugura sistema Free Flow

Entregue em novembro de 2024, o trecho do Contorno Sul da Rodovia dos Tamoios, em São Sebastião (SP), passa a ser tarifado no sistema Free Flow, um modelo de pedágio que substitui as tradicionais praças com cancela e faz a cobrança por meio da leitura de TAG e da placa do veículo, com pagamento via aplicativo.
O Free Flow Tamoios está instalado no km 13,5 do Contorno Sul, próximo ao trevo de acesso para a Serra Nova. Segundo a Concessionária Tamoios, administradora da rodovia, o novo trecho – que liga Caraguatatuba a São Sebastião, no Litoral Norte de São Paulo – reduz o trajeto de quase 23 km em até 16 min. Anteriormente, o motorista levava cerca de 45 min para percorrer o mesmo trecho. A velocidade máxima permitida no local é de 80 km/h.
Neste trecho, a nova rodovia conta com 6 túneis, sendo 3 túneis em cada sentido, dispostos lado a lado. Os túneis possuem 2.200, m 3.400 m e 200 m de extensão. O túnel com 3.400 m é considerado o 3º maior túnel rodoviário do país. O 1º e 2º maiores túneis do Brasil também estão localizados na Rodovia dos Tamoios, porém no trecho da Serra Nova.

Modelo faz a cobrança da tarifa por meio da leitura de TAG e da placa do veículo. Foto: Concessionária Tamoios


Saiba mais:

EGTC Infra: egtc.com.br
GeoCompany: geocompany.com.br

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