Revista M&T - Ed.166 - Março 2013
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Pneus

Soluções ampliam durabilidade de pneus fora de estrada

Modelos diferenciados de pneus fora de estrada são lançados mundialmente para proporcionar maior produtividade aos equipamentos de construção e mineração

Os pneus OTR (off the road) podem representar um dos maiores custos em componentes para diversos equipamentos de construção e mineração, como pás carregadeiras, motoniveladoras e caminhões. Por isso, a escolha do modelo mais adequado para a futura operação da máquina é uma condição indispensável para obter-se alta produtividade e menores custos de manutenção. É justamente com tal objetivo que as fabricantes de pneumáticos não param de lançar novidades no setor.

É o caso da Michelin. Em 2005, a fabricante francesa lançou com sucesso um novo conceito de pneu OTR “que não fura” e agora passa a disponibilizá-lo também para equipamentos compactos, como minicarregadeiras. Lançado oficialmente em outubro de 2012, o X-Tweel SSL dispensa a câmara de ar e funciona como uma peça única, que envolve o conjunto pneu-roda. A inovadora solução, que substitui os 23 componentes de um pneu radial tradicional, é composta por um corpo rígido ligado a uma banda de rodagem, sendo unido ao eixo por meio de raios de poliuretano flexíveis e deformáveis, que absorvem os choques e retornam rapidamente ao format


Os pneus OTR (off the road) podem representar um dos maiores custos em componentes para diversos equipamentos de construção e mineração, como pás carregadeiras, motoniveladoras e caminhões. Por isso, a escolha do modelo mais adequado para a futura operação da máquina é uma condição indispensável para obter-se alta produtividade e menores custos de manutenção. É justamente com tal objetivo que as fabricantes de pneumáticos não param de lançar novidades no setor.

É o caso da Michelin. Em 2005, a fabricante francesa lançou com sucesso um novo conceito de pneu OTR “que não fura” e agora passa a disponibilizá-lo também para equipamentos compactos, como minicarregadeiras. Lançado oficialmente em outubro de 2012, o X-Tweel SSL dispensa a câmara de ar e funciona como uma peça única, que envolve o conjunto pneu-roda. A inovadora solução, que substitui os 23 componentes de um pneu radial tradicional, é composta por um corpo rígido ligado a uma banda de rodagem, sendo unido ao eixo por meio de raios de poliuretano flexíveis e deformáveis, que absorvem os choques e retornam rapidamente ao formato original. Em suma, é um pneu que não fura e não necessita de manutenção.

INOVAÇÃO

De acordo com Tim Fulton, diretor da Michelin Tweel Technologies, em comunicado à imprensa internacional, os pneumáticos tradicionais utilizados por minicarregadeiras são afetados com uma frequência maior que a desejável por furos e vazamentos de ar, o que acarreta custos desnecessários com a máquina inativa.

Por isso, muitos usuários acabam preenchendo as cavidades dos pneus com espuma ou mesmo trocando os componentes de borracha por modelos sólidos, o que resulta em diversos outros tipos de problemas, como tração inadequada na máquina, desajuste no manuseio e desconforto para o operador.

Por conta dessas limitações e prevendo a aplicabilidade da tecnologia em terrenos irregulares, a Michelin acredita que o X-Tweel será aceito com entusiasmo pelo setor fora de estrada. Segundo o executivo, a novidade oferece ainda as vantagens de não precisar de calibração e fácil montagem.

Além da aplicação em construções e reciclagem, a utilização destes pneus em minicarregadeiras é indicada para a indústria agrícola, o que abre ainda mais seu leque de inserção. Apesar de ser interessante também para o mercado brasileiro, o X-Tweel está disponível apenas nos EUA e Canadá, por enquanto.

DURABILIDADE

A Bridgestone é outro player atuante no segmento de pneus fora de estrada que aposta na inovação tecnológica e no uso de pneus diferenciados como forma de obter melhor desempenho dos equipamentos. A empresa, que oferece modelos para pás carregadeiras, motoniveladoras e caminhões fora de estrada, estima um crescimento do mercado nacional de pneus OTR entre 5% e 7% para 2013. “Isso contando com pneus radiais e diagonais”, acrescenta Marcos Aoki, gerente geral de vendas e marketing da Bridgestone Bandag. “Como outras empresas, acreditamos nesse crescimento em virtude dos grandes projetos de infraestrutura previstos no país até 2016.”

Entre os principais produtos disponibilizados pela fabricante norte-americana está o pneu L317, que – segundo a empresa – proporciona melhor tração na operação de caminhões off-road, resultando em uma durabilidade superior do pneu, além de maior resistência a cortes e desgaste. Já o VHS, um modelo utilizado em guindastes, proporciona bom desempenho para serviços que exigem alta velocidade de percurso no asfalto. De acordo com a Bridgestone, o modelo também apresenta maior durabilidade e resistência ao calor, proporcionando um desgaste lento e regular, além de nível reduzido de ruído.

Já o V-Steel também está entre os modelos mais recentes da fabricante. Com laterais mais rígidas, o modelo oferece maior estabilidade durante a operação e melhor distribuição da área de contato com o solo, minimizando o desgaste. O pneu também possui reforço na região dos ombros, reduzindo a movimentação das barras e o desgaste irregular em forma de dente de serra.

CRESCIMENTO

Com base nos resultados positivos em 2012, a Michelin também acredita no crescimento do mercado de pneus OTR no Brasil. Segundo Adriana Shoshan, diretora de marketing para pneus de mineração e terraplanagem na América do Sul, a empresa aumentou em 17% as vendas de pneus fora de estrada no ano passado, em relação a 2011. Com tal desempenho, diz ela, a empresa assumiu a liderança do segmento para equipamentos originais de fábrica (OEM), no qual avalia já deter 30% de market share. “Isso também demonstra o avanço da radialização (opção por pneus radiais) no mercado brasileiro”, afirma Shoshan, complementando que atualmente apenas 40% dos equipamentos de construção e infraestrutura saem de fábrica com pneus radiais, enquanto na mineração a radialização já alcança 98% das máquinas.

Seguindo a tendência, a fabricante também apresenta o pneu radial XZM, constituído por carcaça em aço e banda de rodagem profunda, com borracha altamente compactada. “Esse modelo oferece a flexibilidade vertical necessária ao trabalho pesado, proporcionando preservação das partes mecânicas, sem influir na produtividade”, diz Shoshan. Essa novidade, como garante a executiva, ainda reduz o menor custo horário de operação e economiza combustível, se comparada a outros modelos do mercado.

Outro lançamento recente da Michelin para o segmento fora de estrada é o XDR2, voltado para a mineração. De acordo com a executiva, o produto é dotado de lonas de proteção de aço, o que o torna até 60% mais resistente à oxidação, quando comparado a outros tipos de pneus disponíveis para o segmento. “Com isso, o potencial de vida útil do pneu chega a ser 20% superior”, contabiliza Shoshan.

MANUTENÇÃO

Como vemos, as novidades em pneus OTR apresentadas pelos fabricantes podem levar a melhores relações de custo e benefício, mas isso só ocorrerá efetivamente se o pneu operar em condições corretas. Nesse sentido, no topo da lista dos parâmetros que mais influenciam na vida útil e na produtividade dos pneus está a relação pressão/calibragem.

De acordo com os especialistas entrevistados, a pressão baixa de inflação pode levar à redução no rendimento km/hora do pneu, à fadiga e ao maior aquecimento da carcaça, com risco de cortes no flanco, aumento do consumo de combustível e menor estabilidade do equipamento. Segundo estudo da Michelin, as métricas indicam que uma pressão 20% mais baixa ocasiona uma perda de 25% no rendimento do pneu. Isso mostra que, na prática, o maior problema de qualquer frota com relação aos pneus dos equipamentos é a falta de frequência na calibragem.

Assim como a pressão baixa, a pressão alta também reduz o rendimento do pneu, mas as consequências não param por aí. Igualmente prejudiciais, os efeitos ocasionados pelo excesso de pressão, por exemplo, podem implicar em redução da aderência e aumento de patinagens, cortes na banda de rodagem, separação por martelamento da banda de rodagem e, inclusive, desconforto para o operador do veículo.

Uma pressão 20% mais alta ocasiona a perda de 15% no rendimento do pneu, repetindo em menor escala os mesmos efeitos da pressão baixa. “Se, além desse valor inadequado, o veiculo estiver trafegando com uma velocidade superior à indicada pelo fabricante, a vida útil do pneu fica ainda mais prejudicada, sendo reduzida pela metade, pois causará aquecimento das lonas estabilizadoras”, explica Norwil Veloso, consultor da Sobratema.

Desse modo, tanto a “sobrepressão” como a “subpressão” podem trazer problemas, sendo que a recomendação dos especialistas é clara: verificar periodicamente a pressão dos pneus. A Michelin, por exemplo, aconselha a conferência diária da calibragem nas grandes minas e a cada três dias nas minas de médio porte, cimenteiras e empresas de construção civil. A regra vale tanto para caminhões fora de estrada quanto para equipamentos móveis, como carregadeiras e motoniveladoras. Segundo a empresa, os valores de calibragem variam de acordo com o equipamento e o fabricante, mas normalmente giram entre 90 e 110 psi (libras/pol2) a frio em caminhões fora de estrada e entre 40 a 60 psi a frio em carregadeiras e niveladoras, em condições normais de trabalho.

Hoff investe em recapagem

Para aprimorar o atendimento ao segmento fora de estrada, a gaúcha Hoff investiu na implantação de um laboratório próprio para análise, mistura de compostos e aplicação. De acordo com Loivo Hoff, diretor comercial da empresa, os compostos resultantes das análises propiciam um desempenho superior dos equipamentos em campo, já que com o apoio laboratorial é possível obter melhor adaptação do pneumático à operação. No que tange à recapagem, o diretor avalia que os pneus radiais possibilitam conserto em danos maiores, mas são mais susceptíveis à oxidação dos cordonéis de aço da carcaça. “Em consertos grandes, os diagonais são compatíveis com o uso de câmara de ar, restando como dificuldade o excesso de consertos, que provoca deslocamento da carcaça”, finaliza o executivo.

 

 

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