Nos próximos anos, a mineração brasileira tem tudo para dar um salto significativo. De acordo com o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), o segmento deve receber 53,6 bilhões de dólares em investimentos até 2019. Desse total, quase 42% seriam aplicados em Minas Gerais, o principal produtor do setor no Brasil e que concentra grande parte das minas de ferro, ouro e outros minerais.
Mas o estado também responde por 53% da produção de minerais metálicos brasileiros, o que explica o notório interesse dos fabricantes de equipamentos e desenvolvedores de tecnologia pela região. “O bom desempenho de Minas Gerais e, consequentemente, do setor mineral brasileiro, demonstra que a estagnação do Produto Interno Bruto (PIB) mundial dos últimos anos não foi limitadora para o segmento”, opina Marcelo Ribeiro Tunes, diretor de assuntos minerários do Ibram. Segundo ele, o cenário tende a tornar-se ainda mais positivo com os sinais de recuperação do crescimento na China, além de uma boa demanda interna gerada pelas obras de infraestrutura no Brasil. “Como se sabe, as commod
Nos próximos anos, a mineração brasileira tem tudo para dar um salto significativo. De acordo com o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), o segmento deve receber 53,6 bilhões de dólares em investimentos até 2019. Desse total, quase 42% seriam aplicados em Minas Gerais, o principal produtor do setor no Brasil e que concentra grande parte das minas de ferro, ouro e outros minerais.
Mas o estado também responde por 53% da produção de minerais metálicos brasileiros, o que explica o notório interesse dos fabricantes de equipamentos e desenvolvedores de tecnologia pela região. “O bom desempenho de Minas Gerais e, consequentemente, do setor mineral brasileiro, demonstra que a estagnação do Produto Interno Bruto (PIB) mundial dos últimos anos não foi limitadora para o segmento”, opina Marcelo Ribeiro Tunes, diretor de assuntos minerários do Ibram. Segundo ele, o cenário tende a tornar-se ainda mais positivo com os sinais de recuperação do crescimento na China, além de uma boa demanda interna gerada pelas obras de infraestrutura no Brasil. “Como se sabe, as commodities têm forte participação na construção e manutenção de rodovias, portos, aeroportos, ferrovias e linhas elétricas”, diz. “Além disso, quanto mais se investe na área, principalmente em transporte e energia elétrica, também os minérios brasileiros se tornam mais competitivos.”
Aliás, a visão otimista de Tunes é confirmada por um prognóstico técnico da Standard & Poor’s – uma das principais agências de avaliação de risco do mundo –, que explicita os motivos para se acreditar na recuperação dos investimentos de capital no setor mineral. Segundo a análise da agência, a principal alavanca é o nível de reservas de caixa em companhias mundiais, algo que chegaria a 4,5 trilhões de dólares, ou cerca de 6% do PIB global. Tal volume representa um recorde para o setor.
CAMINHÕES
Em termos tecnológicos, também é nessa toada de expectativas positivas que fabricantes de equipamentos e tecnologias para mineração caminham, introduzindo soluções para as mais diversas fases de extração e tratamento de minério.
A Scania, por exemplo, oferece quatro modelos voltados ao setor. Dentre eles, destaca-se o G 480. Trata-se de um caminhão 10x4 que pode ser equipado com caçamba basculante e possui torque de 2.400 Nm, rodando entre 1.000 a 1.350 rotações por minuto. Segundo Alex Neri, especialista de produto da empresa, essa é a maior faixa de torque da categoria. “Hoje, os caminhões 10x4 estão consolidados, principalmente porque o mercado venceu a dificuldade relacionada aos pneus para essa categoria e temos diversos importadores que conseguem suprir a demanda com agilidade”, diz ele, lembrando que em 2010 havia uma fila de espera que chegava a dois anos.
A prova da consolidação dos 10x4, segundo Neri, foi a recente compra de 28 unidades efetuada pela Vale Ferrous. “Na Scania, o segmento off-road representa benchmarking, ou seja, os caminhões para esse mercado levam as tecnologias mais avançadas, que posteriormente são transferidas para os equipamentos destinados a outros setores”, explica. “É o inverso do que acontece com outras montadoras e, por isso, dizemos que temos ‘DNA off-road’, o que pode ser comprovado pela representatividade em nossos negócios desse setor, que já chega a 16%.”
De olho neste nicho, a Mercedes-Benz também mostra seus principais equipamentos para aplicação em mineradoras e pedreiras. É o caso dos modelos 2729 (27 toneladas), 3131 (31 t), 4144 (41 t) e 4844 (48 t). Fabricados no Brasil, os três primeiros contam com as facilidades do Finame, enquanto o 4844 é montado no país em regime de CKD. Segundo o consultor da Minas Máquinas, Ramon Silva, representante da montadora no estado, o modelo importado tem grande potencial de uso no setor em função da robustez e capacidade. “As condições de financiamento tornaram a aquisição de um veículo zero mais próxima da realidade do segmento”, diz ele. “E a Mercedes-Benz tem trabalhado com taxas de financiamento atrativas para impulsionar a venda desse caminhão.”
Substituindo o modelo anterior de 28 toneladas, o modelo 3131 recebeu nova nomenclatura técnica. Dessa forma, a empresa amplia o range de opções para veículos usados em operações de movimentação de minérios. Outra novidade da empresa são os recursos de telemetria, que são ampliados com a tecnologia de controle de frota.
SEMIRREBOQUES
Além dos caminhões, as opções para o setor mineral também vêm crescendo no segmento de implementos. A Rossetti, inclusive, traz ao mercado um semirreboque de três eixos distanciados e com basculamento traseiro, também conhecido como Vanderleia.
Segundo a empresa, o semirreboque Vanderleia atende aos mercados de areia, argila, minério de ferro, calcário e brita, além de grãos. Lançado em 2011, o equipamento apresenta uma extensão da caçamba na parte traseira e não inclui qualquer dispositivo de deslizamento. Assim, o processo de basculamento é acionado diretamente da cabine, fazendo-se uso somente do cilindro hidráulico central, que eleva a caçamba ao ângulo necessário para o deslize da carga sem expor o caminhão a riscos de tombamento.
O executivo destaca que o implemento – que tem capacidade de carga líquida máxima de 35 t – foi projetado para operar em veículos 6x2 e 6x4, com caçambas de 20 a 45 m³ de volume. “Trata-se de um diferencial estratégico especialmente na mineração, em que as cargas são densas e os terrenos, instáveis”, diz Daniel Rossetti, gerente de marketing da fabricante. “Essa configuração elimina a prática de basculamento com sistemas de deslizamento da caçamba sobre o chassi ou eixos, gerando menor desgaste de componentes e, de quebra, diminuindo o tempo da operação de descarga.”
Já a Pastre apresentou recentemente na Fenatran o semirreboque com tecnologia Live Bottom, que permite descarregamento com auxilio de uma esteira. O principal ganho, afirma a empresa, é a redução do risco de tombamento do caminhão quando o motorista realiza operações inadequadas.
Baseado em tecnologia desenvolvida nos Estados Unidos, o semirreboque possui capacidade de 34 toneladas e é produzido na unidade de Quatro Barras (PR). “Antes de desenvolver esse produto, nossa área de engenharia fez várias visitas técnicas às fabricantes norte-americanos para ganhar know-how”, explica Flávio Pontes, executivo de marketing da Pastre.
Um exemplo dos aperfeiçoamentos obtidos no modelo nacional é o uso do aço de alta resistência, em substituição ao alumínio utilizado na América do Norte. Outro ganho é o uso de componentes importados em conjunto com peças fabricadas no país. “Como se trata de um produto ainda novo no mercado brasileiro, a empresa aposta em ações diferenciadas como test drive para divulgar o produto”, diz Pontes.
CAÇAMBAS
Destaque da Rossetti, a caçamba Levtec é comercializada nas versões de 10, 12 e 14 m3 e possui capacidade para até 22 t de carga líquida. Segundo Rossetti, o aço de alta resistência é um diferencial da tecnologia, pois permite utilizar chapas estruturais com espessuras e, consequentemente, pesos menores. O resultado é uma maior disponibilidade de carga para a operação. “Na versão de 12 m³, por exemplo, ela pesa apenas 2,5 toneladas, o que representa uma redução de até 35% no peso em relação a outros equipamentos do mercado”, explica o gerente.
Já a linha de meia-cana traz como novidade a balança embarcada, um acessório para medir a carga no momento do carregamento e auxiliar o operador no monitoramento do peso carregado. “Com ela, o operador controla o número de caçambadas para carregamento, transportando o máximo para o veículo rodar com segurança e sem excesso de cargas”, resume o executivo.
Comprovando sua importância para muitos fabricantes, o setor off-road representa 80% dos implementos vendidos anualmente pela fabricante Inmeco. “O restante está dividido entre agricultura, caçambas para lixo e outros mercados”, pontua o diretor-presidente Leonardo Parreiras. Tendo como carro-chefe as caçambas meia-cana para veículos 6x4 e 8x4, a empresa mineira trabalha na abertura de mercados regionais, como Rio de Janeiro e São Paulo, onde tem calcado bom volume de negócios, a exemplo do que já pratica no seu estado de origem. “Nesses locais, as vendas dirigidas por licitações têm ajudado o nosso ingresso”, destaca.
Um dos cases apresentados é desenvolvido com a Mendes Junior, que já conta com mais de 80 caçambas da marca. Segundo a Inmeco, grande parte atua nas obras do Rodoanel Norte (SP). Outro case importante está em Pernambuco, mais exatamente nas proximidades de Salgueiro, onde fica o canteiro da construtora para atender às obras da transposição do Rio São Francisco. “A necessidade de escavação de túneis e canais com grande volume de rochas levou o cliente a optar pelas caçambas meia-cana com aço de alta resistência ao desgaste e reforçadas com cantoneiras laminadas”, informa a fabricante.
Já a meia cana desenvolvida pela Pastre especialmente para a Votorantim reforça a característica da fabricante brasileira em ser uma empresa de engenharia. Personalizado para operações mais severas da mineradora, o equipamento incorpora características como maior resistência, obtida pela aplicação de chapa dupla na construção do implemento. Outro diferencial é o chapéu (estrutura da caçamba que se sobrepõe à cabine), bem mais alongado que os modelos tradicionais, o que aumenta ainda mais a proteção dos motoristas. Os para-lamas, por sua vez, são aparafusados (e não soldados) à meia-cana, facilitando sua retirada em caso de manutenção.
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