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Revista M&T - Ed.22 - Mar/Abr 1994
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PERFIL

Segundo o modelo Nipônico

Nosso entrevistado deste bimestre é o engenheiro industrial mecânico Eder Fonzar Granato, da cidade de Birigui, interior de São Paulo, vencedor do II Concurso Sobratema de Monografias Técnicas. Saiba um pouco de sua vida, trabalho e ideais.

Fã incondicional do modelo japonês, onde a disciplina e o respeito ao ser humano aparecem em primeiro lugar, o engenheiro e gerente da Divisão de Tráfego da Cia. Açucareira de Penapolis Eder Fonzar Granato, acredita nestes dois aspectos para o sucesso de qualquer iniciativa. Nesse sentido, afirma que a época em que o executivo ficava apenas sentado tranquilamente em sua poltrona já está ultrapassada. É necessário que ele esteja mais em contato com sua equipe, tentando obter o máximo de cada um.
Aos 31 anos, casado, pais de três filhas, Eder “herdou” a paixão pelo sistema nipônico das aulas e treinos de judô, seu esporte preferido, no qual se iniciou aos seis anos. Graduado em 1985 pela Escola de Engenharia Industrial de São José dos Cam


Nosso entrevistado deste bimestre é o engenheiro industrial mecânico Eder Fonzar Granato, da cidade de Birigui, interior de São Paulo, vencedor do II Concurso Sobratema de Monografias Técnicas. Saiba um pouco de sua vida, trabalho e ideais.

Fã incondicional do modelo japonês, onde a disciplina e o respeito ao ser humano aparecem em primeiro lugar, o engenheiro e gerente da Divisão de Tráfego da Cia. Açucareira de Penapolis Eder Fonzar Granato, acredita nestes dois aspectos para o sucesso de qualquer iniciativa. Nesse sentido, afirma que a época em que o executivo ficava apenas sentado tranquilamente em sua poltrona já está ultrapassada. É necessário que ele esteja mais em contato com sua equipe, tentando obter o máximo de cada um.
Aos 31 anos, casado, pais de três filhas, Eder “herdou” a paixão pelo sistema nipônico das aulas e treinos de judô, seu esporte preferido, no qual se iniciou aos seis anos. Graduado em 1985 pela Escola de Engenharia Industrial de São José dos Campos, com pós-graduação em Didática do Ensino Superior no Instituto Toledo, de Araçatuba, Eder também exerce a função de professor da Faculdade de Tecnologia de Birigui, nas disciplinas “Desenvolvimento do Projeto” e “Estágio Supervisionado”.
Conheça um pouco da filosofia de vida de Eder Fonzar Granato, grande vencedor do II Concurso Sobratema de Monografias Técnicas, que contou com participação de bom número de inscritos e teve um excelente nível em todos os trabalhos.
M&T - Como foi seu início na profissão?
E.G. - Ainda na época de faculdade, como estagiário na Egesa, em 1982, na função de engenheiro mecânico. Três anos mais tarde fui efetivado, trabalhando no departamento de Métodos e Processos. Em 1986, me transferi para a Usina Junqueira, em Garapava (SP), como chefe de Manutenção e Oficina, onde permaneci até 89. Nesse mesmo ano mudei para a Usina Campestre, em Penápolis (SP), assumindo como gerente da divisão de tráfego, onde estou até hoje.
M&T - Qual a sua ligação com a manutenção?
E.G. - Minha tendência sempre foi a manutenção e, por isso, acabei mudando da Egesa para trabalhar em usinas. Tive uma adaptação muito boa com o setor de manutenção, que considero fundamental em uma empresa.
M&T - Manutenção em usinas. Qual a situação atual deste segmento?
E.G. - O processo de manutenção em usinas está passando por uma verdadeira revolução. Paralelamente ao cuidado com o equipamento, há uma preocupação com o pessoal. Todos estão percebendo que o principal é o ser humano. Não que haja um descuido com a parte burocrática, mas o investimento maior tem sido no indivíduo. Sou um defensor dessa linha.
M&T - Você se diz um apreciador do sistema japonês, que tem se mostrado extremante eficiente nos últimos anos. Como é isso?
E.G. - Sou, na verdade, um pesquisador do modelo nipônico de manutenção de sistemas industriais. A razão é muito simples: está baseado na objetividade e simplicidade. O executivo, dentro dessa filosofia, tem de estar ligado ao chão da fábrica. Acabou-se aquele tempo em que ele ficava apenas atrás de uma mesa bonita, com ar-condicionado na sala. O executivo precisa estar em contado direto com as equipes, tentando motivar seu grupo e obter o máximo de cada um. Por outro lado, há ainda um ponto fundamental: a disciplina, sem esquecer do respeito ao ser humano.
M&T - Como surgiu esse interesse pela disciplina oriental?
E.G. - Eu comecei a treinar judô aos seis anos de idade, na minha cidade, Birigui. Como a disciplina é uma das bases do esporte, acabei me influenciando e moldando o meu trabalho a ela. O judô, aliás, foi fundamental na minha vida pessoal. Como era atleta, consegui custear todos os meus estudos, inclusive a faculdade, através de bolsas. Em contrapartida, tínhamos uma equipe muito forte e vencedora. Hoje sou faixa preta, terceiro grau, e ainda treino e luto por Birigui.
M&T - Você acha que essa filosofia está sendo seguida por outras empresas no Brasil? Sente alguma dificuldade no dia a dia?
E.G. - Depende da política de cada empresa. Algumas estão realmente preocupadas e dão liberdade para a implantação dessa filosofia. Outras não. No meu caso, tenho facilidades na usina e na faculdade, pois eles perceberam que o ideal é o gerenciamento de pessoas.
M&T - Você trabalha direto com estudantes. Como é isso e qual a sua maneira de transmitir as ideias?
E.G. - O trabalho na Faculdade de Tecnologia de Birigui é extremamente motivador. Tenho o apoio necessário e a equipe é interessada. Com isso, podemos apresentar resultados positivos, que deixam todos de queixo caído. Eu coordeno uma equipe que desenvolve projetos para aplicação industrial, num universo de cerca de 500 indústrias na região. Somos, na verdade, prestadores de serviço. Tanto na usina como na faculdade, procuro mostrar que não se pode temer o erro. Esse medo impede a criação. Acerto ou erro, afinal, são consequências.
M&T - Vencedor do II Concurso de Monografias Técnicas. O que acabou motivando você a participar?
E.G - Venho acompanhando a revista há dois anos e senti muita vontade de transmitir aos colegas as minhas experiências no campo. Acredito na participação direta e quis fazer minha parte. Eu esperava ter uma boa classificação e quando fiquei sabendo do primeiro lugar foi muito gratificante. Quase caí da cadeira.
M&T - Com relação à Sobratema, qual a sua opinião sobre o trabalho que vem sendo feito pela sociedade?
E.G - Todas as iniciativas da Sobratema, com destaque para o concurso, são importantes. É com um trabalho desse nível que a gente consegue mostrar o valor da manutenção. Essa, na verdade, foi uma das razões peia qual eu decidi participar do II Concurso Sobratema de Monografias Técnicas. Não podia deixar de fazer a minha parte. Quanto maior for a participação das pessoas ligadas à manutenção, maior o espaço de atuação do setor.

Marcelo Eduardo Braga

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