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Revista M&T - Ed.180 - Junho 2014
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Manutenção

Recuperação de treliças requer análise cuidadosa

Identificação da intensidade dos danos estruturais em guindastes implica em procedimentos especializados, mas nem todas as avarias são passíveis de manutenção

Invariavelmente, as lanças treliçadas de guindastes de grande porte são componentes resistentes e de manutenção relativamente simples. No entanto, a incidência de falhas estruturais nesses componentes é algo inadmissível, pois qualquer acidente originado pelas avarias pode ter consequências fatais. Por isso, os fabricantes de guindastes com lança treliçada estipulam uma série de procedimentos de inspeção que, se forem corretamente aplicados, garantem a longevidade e a segurança operacional dos equipamentos.

As treliças são compostas quase que inteiramente por tubos, cordas e placas de aço. Quando seriamente danificadas, raras vezes elas permitem manutenção, restando ao gestor apenas a opção de substituir os componentes avariados por novos. Mas, há sim procedimentos padrões que podem evitar o surgimento de avarias. E o principal deles é o extremo cuidado durante o transporte e a movimentação das peças, que devem sempre utilizar cintas de içamento adequadas na amarração e ser posicionadas sobre madeiras de apoio durante o deslocamento.

Outro ponto de des


Invariavelmente, as lanças treliçadas de guindastes de grande porte são componentes resistentes e de manutenção relativamente simples. No entanto, a incidência de falhas estruturais nesses componentes é algo inadmissível, pois qualquer acidente originado pelas avarias pode ter consequências fatais. Por isso, os fabricantes de guindastes com lança treliçada estipulam uma série de procedimentos de inspeção que, se forem corretamente aplicados, garantem a longevidade e a segurança operacional dos equipamentos.

As treliças são compostas quase que inteiramente por tubos, cordas e placas de aço. Quando seriamente danificadas, raras vezes elas permitem manutenção, restando ao gestor apenas a opção de substituir os componentes avariados por novos. Mas, há sim procedimentos padrões que podem evitar o surgimento de avarias. E o principal deles é o extremo cuidado durante o transporte e a movimentação das peças, que devem sempre utilizar cintas de içamento adequadas na amarração e ser posicionadas sobre madeiras de apoio durante o deslocamento.

Outro ponto de destaque é manter a pintura das lanças sempre em dia e protegida contra a corrosão, algo que pode ser identificado com simples inspeções visuais. Ainda constatando o óbvio, nenhum guindaste deve operar fora dos limites de capacidade nominal de carga, um dos motivos mais comuns de acidentes nas obras.

INSPEÇÃO

Assim como qualquer outro componente de um guindaste, as lanças treliçadas necessitam de avaliações periódicas para assegurar a integridade da operação. Para essas estruturas, o sistema de diagnóstico mais eficiente ainda é a inspeção visual, que pode ser auxiliada por tecnologias e instrumentos modernos de medição, como paquímetros e linhas para verificação do alinhamento.

Para estabelecer uma periodicidade das inspeções, recomenda-se avaliar o equipamento semanalmente, intervalo que pode variar conforme as condições de operação e histórico do guindaste. A avaliação deve sempre ser realizada por um técnico qualificado, a partir de procedimentos indicados nos manuais técnicos do fabricante.

Além das inspeções de periodicidade mais curta, também é importante inspecionar o equipamento ao longo da operação, principalmente antes do uso inicial e após o transporte de materiais. Esses procedimentos devem ser seguidos sempre que houver ocorrências não programadas, como sobrecargas, choques de carga e batidas. O responsável deve ainda preencher uma lista de verificação e emitir um relatório detalhado com todos os danos encontrados, indicando quais partes devem ser substituídas ou reparadas.

No início de cada inspeção, as seções da lança precisam estar sobre uma superfície nivelada para garantir a segurança da estrutura e do técnico ao longo do processo. Para isso, é necessário utilizar calços que assegurem o nivelamento e eliminem os arqueamentos, posicionando-os sob cada ponto de conexão.

Em seguida, deve-se limpar totalmente a estrutura, removendo sujeira, graxa, óleo e outros elementos que possam comprometer a avaliação. Após a limpeza, o técnico deve procurar por amassados, empenamentos, dobramentos, trincas, soldas trincadas e quebras nas treliças, bem como nas cordas e placas da estrutura. Nessa avaliação está incluída a inspeção de danos provocados por abrasão e corrosão, que estão entre as maiores ameaças à vida útil da lança.

PINTURA

O primeiro passo na detecção de áreas avariadas por corrosão (pintura) parece simples, mas, surpreendentemente, é um dos itens de maior importância para a segurança da treliça. Além de “embelezar” o equipamento, a pintura protege a estrutura contra corrosão, pois as áreas que estiverem com a pintura “lascada” ou enrugada podem oxidar, apresentando ferrugem e, consequentemente, redução da capacidade estrutural do componente.

Ao identificar “lascas” na pintura, é preciso verificar se houve perda de material na região afetada. Isso pode significar que a ferrugem já começou a degradar a estrutura. Para detectar essa avaria, a tecnologia para ensaios não-destrutivos tornou-se uma grande aliada, utilizando líquidos penetrantes, ultrassom e partículas magnéticas.

Nesse caso, o procedimento é simples: se a oxidação encontrada for apenas superficial, os especialistas sugerem um processo de neutralização e aplicação de nova pintura. Em avarias mais profundas, que estejam nos limites aceitáveis de perda de material na estrutura, a indicação costuma ser a substituição do tubo metálico danificado. Geralmente, o limite de profundidade avariada aceitável gira em torno de até 10% da espessura da tubulação metálica.

IMPACTO

O mesmo cuidado de inspeção deve ser tomado quando a estrutura sofre impactos, como choque da lança contra outros guindastes, construções e até mesmo redes elétricas. Situações como essas causam trincas, formação de dentes nas paredes, desalinhamento da estrutura e até ruptura dos cabos.

Ao ocorrer qualquer acidente do gênero, o equipamento deve ser parado imediatamente. Isso porque uma única peça estrutural danificada pode comprometer toda a segurança da lança. Para evitar um acidente, qualquer trinca ou amasso nos tubos requer uma substituição da peça, descartando a possibilidade de recuperação. Aliás, os especialistas avaliam que os tubos são mais suscetíveis a avarias do que as cantoneiras e cordas, pois possuem paredes mais finas.

Já no caso de empenamento das cordas, também causado por impactos, a estrutura ainda pode ser realinhada. Mas deve-se obedecer aos limites estabelecidos pelo fabricante. Para verificar a retilineidade da corda é preciso remover a seção da treliça e colocar calços de madeira ou placas de aço com a mesma espessura em ambas as extremidades. Em seguida, a medição é feita esticando (o máximo possível) um cordão nas partes externas dos calços.

Para calcular o nível de arqueamento, é preciso medir a distância entre a corda e o cabo (em qualquer um dos lados da intersecção de treliças), de acordo com as instruções indicadas no manual do fabricante. Se o limite de empenamento aceitável para realinhamento for ultrapassado, o componente também deve ser substituído. É recomendado realizar a recuperação nas instalações do fabricante do guindaste, pois qualquer ajuste fora do gabarito pode causar desalinhamento da seção da lança.

SUBSTITUIÇÃO

Antes de serem removidas para reparo, as seções da treliça devem ser identificadas e, então, retiradas uma de cada vez, de modo a manter a retilineidade das cordas. O técnico deve usar um medidor de filete de solda para verificar o comprimento da solda para referência. Durante esta operação, as treliças diagonais (que vão de um canto a outro, da corda esquerda superior à corda direita inferior) devem ser removidas primeiro, sempre iniciando pela central e abrindo para ambos os lados da seção. As treliças que estiverem danificadas devem ser registradas com marcador de tinta para fácil identificação. Por fim, o técnico deve remover as treliças finais, que são aquelas mais próximas dos conectores, perpendiculares às cordas.

Ao substituir esses componentes, a solda constitui importante etapa para assegurar a estabilidade da nova estrutura. Como mencionado anteriormente, os tubos e cordas não devem ser recuperados quando houver trincas e outras avarias. Portanto, a solda nunca deve ser aplicada com esse propósito.

SOLDAGENS

Por indicação do especialista, todo soldador deve ser qualificado de acordo com a seção 5 do Código de Aço Estrutural AWS D1.1 ou códigos semelhantes. A aprovação do fabricante é igualmente necessária, pois muitos equipamentos novos possuem eletrônica sensível que pode ser danificada pelo processo de soldagem.

Com tudo alinhado, o motor deve ser desligado, os cabos da bateria desconectados e os cabos de soldagem mantidos longe dos componentes elétricos, que devem ser removidos no caso de solda no local. O cabo de aterramento da soldagem deve ser conectado o mais próximo possível da área a ser trabalhada, sem apoiá-lo na seção da treliça. Por último, a área de reparo precisa ser aquecida a, no mínimo, 21°C. Aliás, independentemente da temperatura externa, a temperatura do material base deve ser mantida na temperatura mínima de passagem durante todas as operações de soldagem.

Os cuidados também se estendem ao local de soldagem, que deve obedecer a alguns requisitos. A área precisa estar livre de golpes de vento e de chuva, além de possuir ventilação adequada. Para trabalhar, recomenda-se iluminação e capacidade apropriada para acionar um compressor de ar que suporte os equipamentos de arco elétrico e esmerilhamento. Se necessário, é recomendado reservar uma área no mesmo espaço para conectar outras seções de treliças à peça.

Durante a solda, o técnico deve seguir todas as orientações da fabricante do guindaste, configurando o tipo de solda, eletrodo e procedimentos de aplicação. Alguns critérios, como não fazer ponto de solda nas extremidades da treliça próximas a componentes eletrônicos, ou soldar sem proteção individual adequada, são sempre lembrados.

A verificação final do trabalho envolve a inspeção da solda de acordo com as instruções e requisitos de qualidade. É indicado que a seção reparada não seja utilizada durante 48 horas, deixando a solda esfriar lentamente até alcançar a temperatura ambiente. Com todos os pontos atendidos, a seção poderá ser enfim pintada, registrada e instalada no equipamento.

Conheça os principais critérios de substituição:

AMASSADO

No caso de treliças ou cordas tubulares, a avaria não deve atingir uma profundidade igual à espessura da parede ou ter 3,2 mm, profundidade igual para as treliças e cordas angulares, bem como as placas.

EMPENAMENTO

Os empenamentos graduais e extensos não podem desviar da linha reta em mais de 5% do diâmetro da treliça nos componentes tubulares ou do comprimento do ramal no caso das estruturas angulares. Nesses casos, o técnico pode endireitar a estrutura em processo a frio até atingir o alinhamento correto.

DOBRAS

Qualquer treliça, corda ou placa dobrada deve ser imediatamente substituída. Não se deve tentar desempenar os elementos estruturais.

TRINCAS

Não há recuperação da estrutura quando ocorrem essas avarias e as peças devem ser substituídas.

CORROSÃO E ABRASÃO

A área avariada das cordas não deve apresentar profundidade acima de 10% da espessura da parede, ângulo ou placa. Se passar desse limite, é preciso substituir o elemento.

CONFERINDO A RETILINEIDADE DA CORDA

Se uma inspeção visual indicar que a corda não está em linha reta, proceda da seguinte maneira:

1. Remova a seção suspeita da treliça do acessório

2. Coloque calços de madeira ou placas de aço com a mesma espessura nas duas extremidades da seção (X1 e X2)

3. Estique um cabo (cordão ou fio) na parte externa dos calços de madeira ou placas de aço

4. Estique o cabo o máximo possível e prenda-o nas duas extremidades

5. Meça a distância entre a corda (em qualquer um dos lados da intersecção de treliças) e o cabo, como mostrado na figura

6. As medidas devem ser tiradas em dois planos em cada corda (dimensões A e B). Para eliminar o efeito de arqueamento no cabo, tire todas as medidas no plano horizontal

7. Tire o primeiro conjunto de medidas, role o inserto em 90 graus e tire o segundo conjunto de medidas

8. As cordas tubulares e angulares não devem desviar da linha reta mais ou menos de 3/16 in (4,8 mm) em nenhuma intersecção de treliça (dimensão A). O desvio entre qualquer uma das duas treliças adjacentes não deve exceder mais ou menos 3/16 in (4,8 mm)

9. Em cordas angulares, a ondulação no fim da corda (dimensão B) não deve desviar de uma linha reta mais ou menos 1/4 in (6,4 mm) em nenhum ponto. Além disso, a ondulação entre qualquer uma das duas treliças adjacentes não deve exceder mais ou menos 1/4 in (6,4 mm)

*Empenamentos graduais e extensos em cordas podem ser endireitados desempenando-as novamente a frio até o alinhamento. Tome cuidado para não dobrar nem danificar mais as cordas.

 

Fonte: Manitowoc

 

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