Revista M&T - Ed.220 - Fevereiro 2018
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Pavimentação

Reciclagem avança na reparação de rodovias

Acompanhando as tendências globais do setor, a Bomag Marini é uma das fabricantes que apostam alto nas técnicas para obtenção de asfalto reciclado como o RAP

Nas planilhas de engenharia, as rodovias são projetadas para durarem cerca de 30 anos. No entanto, a cada 10 anos a superfície precisa ser substituída, principalmente a primeira camada, sendo que após 20 anos torna-se necessário colocar um novo ligante, pois o asfalto torna-se envelhecido e, assim, corre o risco iminente de rachar.

Esse prazo, contudo, pode ser ainda menor, dependendo do fluxo que a via receba. “Com os caminhões carregando cargas cada vez mais pesadas, por exemplo, muitas rodovias começam a apresentar problemas muito antes desse prazo”, afirma Lutz Stallgies, diretor de gestão de produtos da Bomag Marini.

Para contornar o problema, uma das alternativas que vem ganhando espaço na recuperação do asfalto também no Brasil é a utilização de RAP (Reclaimed Asphalt Pavement), que é o produto da remoção e trituração das camadas asfálticas deterioradas, que podem ser reutilizadas na pavimentação de novas rodovias, com importantes ganhos na redução de custos e, ainda, na sustentabilidade ambiental das operações.

De acordo com o gerente d


Nas planilhas de engenharia, as rodovias são projetadas para durarem cerca de 30 anos. No entanto, a cada 10 anos a superfície precisa ser substituída, principalmente a primeira camada, sendo que após 20 anos torna-se necessário colocar um novo ligante, pois o asfalto torna-se envelhecido e, assim, corre o risco iminente de rachar.

Esse prazo, contudo, pode ser ainda menor, dependendo do fluxo que a via receba. “Com os caminhões carregando cargas cada vez mais pesadas, por exemplo, muitas rodovias começam a apresentar problemas muito antes desse prazo”, afirma Lutz Stallgies, diretor de gestão de produtos da Bomag Marini.

Para contornar o problema, uma das alternativas que vem ganhando espaço na recuperação do asfalto também no Brasil é a utilização de RAP (Reclaimed Asphalt Pavement), que é o produto da remoção e trituração das camadas asfálticas deterioradas, que podem ser reutilizadas na pavimentação de novas rodovias, com importantes ganhos na redução de custos e, ainda, na sustentabilidade ambiental das operações.

De acordo com o gerente de produtos da Bomag Marini, Rodrigo Pereira, as vantagens do uso do RAP de fato incluem aspectos econômicos, mas os aspectos ambientais também são relevantes. “O RAP reduz a necessidade de extração e transporte de materiais não renováveis, contribuindo para a diminuição do consumo de energia associado à sua utilização, assim como nas atividades de descarte”, diz ele.

Em termos puramente técnicos, o executivo comenta que o processo de obtenção do RAP também afeta diretamento o tamanho das partículas, influindo na qualidade final do produto. “Para a obtenção do RAP, há algum tempo a indústria já disponibiliza tecnologias avançadas de fresagem do pavimento, além de soluções para reciclagem in situ e estabilização de solos”, cita Pereira. “De modo que o material pode ser usado com ou sem trituração posterior à fresagem.”

UTILIZAÇÃO

Segundo os especialistas, a utilização do reciclado pode ser realizada de três formas distintas. A primeira consiste na aplicação direta do material removido da pista, sem reprocessamento, logo após a remoção da fresadora, para ser reutilizado em camadas de base e sub-base, por exemplo. “Nesse caso, o RAP pode ser 100% reaproveitado na pista, além de ser utilizado em combinação com materiais virgens, garantindo as granulometrias almejadas da mistura, desde que sejam respeitadas as especificações”, destaca o gerente.

Outra forma de aplicação é a reciclagem a frio realizada no local da fresagem (in-situ), também usual para camadas de base ou sub-base. “A reciclagem in-situ a frio”, explica Stallgies, “consiste na remoção e no tratamento da base com ou sem adição de aditivos, que podem ser espuma de asfalto ou emulsões como cimento e cal”. A propósito, a reciclagem in situ a quente também requer adição de ligante, mas – segundo Pereira – essa alternativa consiste em um processo mais complexo e até mesmo antieconômico. Isso explica porque está em franco desuso na atualidade.

A terceira possibilidade é a utilização do RAP em usinas de reciclagem a frio/quente. “Às vezes, é preciso transportar o material, pois além de não haver espaço suficiente para a execução deste tipo de processo, o local pode não contar com as características específicas que favorecem a utilização do material, exigindo um tratamento mais específico, o que implica levá-lo até a usina”, informa Pereira.

Na usina a frio, a reciclagem pode ser realizada da mesma forma que o material é tratado na pista com a recicladora, ou seja, com a possibilidade de adição de emulsão, espuma de asfalto ou cimento. “A reciclagem in situ com o uso de recicladoras de pavimento a frio ou usinas de reciclagem a frio tem despontado como uma solução economicamente viável”, garante Stallgies.

ARMAZENAMENTO EXIGE ATENÇÃO, ALERTA ESPECIALISTA

Assim como ocorre na produção, o armazenamento do RAP (especialmente o proveniente de misturas a quente) requer alguns cuidados especiais. Segundo o gerente de produtos da Bomag Marini, Rodrigo Pereira, como não tende a recompactar-se o RAP pode ser armazenado de forma semelhante aos agregados. No entanto, é recomendado cobrir as pilhas para evitar a entrada de água, além de prevenir a contaminação. “As condições de armazenamento RAP são fundamentais para garantir a qualidade final do produto”, explica.

USINAS

Até por isso, a indústria vem aperfeiçoando a oferta para esta operação. Segundo Pereira, a Marini atualmente disponibiliza diversas opções de usinas gravimétricas, transportáveis e fixas, como a Be Tower, uma usina com capacidade de produção de até 200 t/h, reciclando até 40% de RAP. O portfólio inclui ainda a Top Tower, que oferece produção de até 360 t/h e reciclagem de RAP de 80%, e a MAC, que produz até 440 t/h, com taxa de reciclagem de 70%. “Cada vez mais, a taxa de utilização de reciclagem está especificada nesses equipamentos, pois o objetivo sempre é a economia dos processos”, acresce.

Segundo o executivo, na reciclagem a quente é possível incorporar uma taxa de até 20% de material em uma usina de pequeno porte (até 80 t/h), o que pode ser aumentado para 30% em usinas de maior porte (de 140 e 160 t/h), como o modelo Magnum.

Já a nova usina Titanium 140 – que conta com a pré-disposição do anel de RAP como padrão – também é capaz de processar até 30% de material reciclado. “O anel de RAP também é recomendável para produção de misturas especiais como SMA (Stone Matrix Asphalt ou Stone Mastic Asphalt), que consiste em agregado, argamassa e asfalto, pois garante um tempo de mistura seca antes da injeção de asfalto”, ressalta Pereira. / MF

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