Nem tudo está perdido para as indústrias de implementos rodoviários que, após os recordes de vendas registrados em 2008, precisaram se adaptar aos magros resultados do primeiro mês deste ano. Para Rafael Wolf Campos, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Implemento Rodoviários (Anfir), mesmo que o setor encerre 2009 com retração, na pior das hipóteses o resultado deverá se igualar ao obtido em 2007. “Não será nada mal considerando que este foi o segundo melhor ano da nossa história, só superado por 2008”, diz ele.
Nesta edição de M&T, Campos relata o impacto da atual situação econômica no desempenho de seu setor, uma indústria que não depende apenas da demanda de caminhões em canteiros de obras, mineradoras e usinas de açúcar e álcool, mas também da expressão da frota de transportadoras de carga, empresas de logística e afins. Veja a seguir:
M&T – Como está o setor de implementos rodoviários atualmente?
Campos – Encerramos 2008 com um crescimento de 25,65% em relação ao ano anterior, totalizando mais de 138.000 unidades vendidas, entre reboques e semirreboques, bitrens e rodotrens, carroceri
Nem tudo está perdido para as indústrias de implementos rodoviários que, após os recordes de vendas registrados em 2008, precisaram se adaptar aos magros resultados do primeiro mês deste ano. Para Rafael Wolf Campos, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Implemento Rodoviários (Anfir), mesmo que o setor encerre 2009 com retração, na pior das hipóteses o resultado deverá se igualar ao obtido em 2007. “Não será nada mal considerando que este foi o segundo melhor ano da nossa história, só superado por 2008”, diz ele.
Nesta edição de M&T, Campos relata o impacto da atual situação econômica no desempenho de seu setor, uma indústria que não depende apenas da demanda de caminhões em canteiros de obras, mineradoras e usinas de açúcar e álcool, mas também da expressão da frota de transportadoras de carga, empresas de logística e afins. Veja a seguir:
M&T – Como está o setor de implementos rodoviários atualmente?
Campos – Encerramos 2008 com um crescimento de 25,65% em relação ao ano anterior, totalizando mais de 138.000 unidades vendidas, entre reboques e semirreboques, bitrens e rodotrens, carrocerias sobre chassi de caminhão e terceiros eixos. Esse resultado representa um recorde histórico para os implementadores e só não foi maior porque no último trimestre do ano começamos a registrar uma desaceleração nas vendas.
M&T – Qual é a fonte desses dados?
Campos – Nossa pesquisa se baseia nos dados do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) relativos ao emplacamento dos veículos no País, portanto, ela mostra quantos caminhões implementados entraram efetivamente em operação. Dessa forma, conseguimos observar que o crescimento atingiu níveis de até 133% e 125%, no caso das carretas do tipo silo e carrega-tudo, respectivamente, mas o que contribuiu para esse resultado, devido a sua participação no volume de vendas, foram as famílias de graneleiros carga seca e de basculantes, que acusaram um aumento de 49% e 63%, respectivamente.
M&T – Esse desempenho está se mantendo em 2009 diante do atual cenário econômico?
Campos – Não. Em janeiro, constatamos uma queda de 26,7% nas vendas de reboques e semirreboques, diante do desempenho em dezembro último, que atinge a marca de 34,58% de redução se a base de comparação for o mesmo mês de 2008. No caso das carrocerias sobre chassis, a quantidade de emplacamentos diminuiu 21,1% em comparação a janeiro de 2008 e 25,32% diante do resultado obtido em dezembro último.
M&T – O que pode ser feito para minimizar o impacto dessa situação no setor?
Campos – Estamos pleiteando junto ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio uma redução provisória de 5% na alíquota do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), nos mesmos moldes adotados para a indústria automobilística. Essa medida não seria uma solução, mas nos daria fôlego para enfrentar esses meses iniciais de retração do mercado, algo fundamental para um setor que gera cerca de 55.000 empregos e encerrou 2008 com um faturamento de R$ 6 bilhões, incluindo a venda de equipamentos completos e de peças.
M&T – A mudança nas regras para crédito via Finame, que voltou a financiar até 100% da aquisição de implementos rodoviários, já não representa uma contribuição?
Campos – Realmente, o governo tem desenvolvido planos com o objetivo de aquecer o mercado e essa iniciativa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é um deles. Mas essa iniciativa deveria ser acompanhada por uma redução das taxas de juros, pois o spread cobrado pelos bancos comerciais que repassam as linhas de crédito do BNDES praticamente dobrou nos últimos meses. Além disso, os tomadores estão sendo submetidos a análises de crédito muito restritivas e, no nosso setor, os financiamentos representam entre 70% e 90% dos negócios. Na verdade, a grande contribuição do governo deve ocorrer por meio das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e do estímulo à produção de biocombustíveis, o que impulsionaria a demanda por alguns tipos de implementos usados em construção e usinas de açúcar e álcool.
M&T – Qual o peso dos implementos usados em aplicações fora-deestrada nas vendas do setor?
Campos – Os basculantes representam cerca de 11% das vendas de reboques e semirreboques e em torno de
15% da demanda de implementos sobre chassi de caminhão. Além disso, temos os tanques, cujos negócios são fortemente impulsionados pela necessidade de transporte de combustíveis e etanol, bem como os implementos mais específicos da área de construção, como caminhões betoneira e usinas móveis de asfalto, cujo volume de vendas é pequeno diante da demanda do setor de transporte. Mesmo assim, vale ressaltar que esses implementos possuem alto valor agregado em comparação com outros modelos mais simples.
M&T – A queda no volume de pedidos provocou demissões no setor ou o cancelamento de investimentos?
Campos – Os investimentos previstos não foram cancelados e sim postergados, pois no atual ritmo, o setor está operando 30% abaixo da sua capacidade produtiva. Devido aos resultados obtidos nos dois últimos anos, as empresas têm fôlego para resistir a uma retração momentânea e estão postergando também as demissões, por meio de férias coletivas e bancos de horas, pois acreditam na retomada do setor.
M&T – Qual o motivo para essa expectativa?
Campos – Temos muito espaço para crescer e isto nos dá uma alta capacidade de recuperação, pois a frota de veículos de transporte do País tem uma idade média superior a 18 anos. Qualquer projeto econômico deverá passar pela modernização do setor de transporte, pela busca de maior eficiência e redução de custo, o que certamente vai demandar a modernização dessa frota.
M&T – Quais as suas expectativas para o setor em 2009?
Campos – Os resultados no primeiro semestre provavelmente serão contaminados pela crise de confiança que tomou conta do mercado. Mas se todos fizerem a lição de casa corretamente, acredito que poderemos iniciar um processo de recuperação a partir do segundo semestre e encerrar o ano com um desempenho próximo ao obtido em 2007, quando o setor registrou a venda de 110.000 implementos rodoviários. Será um passo atrás diante do que conquistamos ano passado, mas não será nada mal considerando que este foi o segundo melhor desempenho da nossa história, só superado por 2008.
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