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Revista M&T - Ed.24 - Jul/Ago 1994
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PERFIL

Pedro Stulgys: passando a lubrificação a limpo

Ele nasceu na Argentina, há 61 anos, mas adotou o Brasil em 1967, instalando-se na cidade de São Paulo. Formado como Técnico Mecânico, Pedro Stulgys também exerceu a função de professor de Termodinâmica e Máquinas Térmicas para técnicas industriais em seu país. O início da carreira foi em manutenção industrial, fato que determina o seu futuro profissional. A transferência para o Brasil aconteceu em razão de uma proposta para dirigir uma empresa estrangeira líder no campo da termodinâmica industrial aplicada e filtração de fluidos. Posteriormente, foi gerente técnico regional para América Latina de uma empresa de filtração de fluidos de processo - medicamentos, bebidas, sangue, óleos hidráulicos e lubrificantes etc.
Há dois anos presta serviços de consultoria, na JPS Consultoria, focalizando a solução de problemas de operação e manutenção de sistemas hidráulicos e de lubrificação. Complementando sua extensa lista de atividades, Stulgys também representa, no Brasil, os interesses de um grupo de empresas norte-americanas como BarDyne Inc.,Triboics Inc., FES Inc e JM Fluidos de Corte.
Casado com uma esposa “compreensiva”, como gosta de ressaltar, ele tem dois filhos lutadores e uma neta fantástica. Especialista em sistemas hidráulicos e manutenção proativa Stulgys aceitou o convite da Sobratema para ser o perfil desta edição. Participaram da entrevista os engenheiros Carlos Pimenta, presidente da Sobratema, Jader Fraga dos Santos, diretor técnico, Roberto Ferreira, diretor de comunicação, e Jorge Sabak, conselheiro.
M&T Como começou a se desenvolver sua preocupação com o setor de lubrificação?
P.S. – Sempre pratiquei a disseminação de conhecimentos. Isso faz parte da minha formação, tanto assim que fui professor de Termodinâmica e Máquinas Térmicas na Escola Politécnica da Argenti


Ele nasceu na Argentina, há 61 anos, mas adotou o Brasil em 1967, instalando-se na cidade de São Paulo. Formado como Técnico Mecânico, Pedro Stulgys também exerceu a função de professor de Termodinâmica e Máquinas Térmicas para técnicas industriais em seu país. O início da carreira foi em manutenção industrial, fato que determina o seu futuro profissional. A transferência para o Brasil aconteceu em razão de uma proposta para dirigir uma empresa estrangeira líder no campo da termodinâmica industrial aplicada e filtração de fluidos. Posteriormente, foi gerente técnico regional para América Latina de uma empresa de filtração de fluidos de processo - medicamentos, bebidas, sangue, óleos hidráulicos e lubrificantes etc.
Há dois anos presta serviços de consultoria, na JPS Consultoria, focalizando a solução de problemas de operação e manutenção de sistemas hidráulicos e de lubrificação. Complementando sua extensa lista de atividades, Stulgys também representa, no Brasil, os interesses de um grupo de empresas norte-americanas como BarDyne Inc.,Triboics Inc., FES Inc e JM Fluidos de Corte.
Casado com uma esposa “compreensiva”, como gosta de ressaltar, ele tem dois filhos lutadores e uma neta fantástica. Especialista em sistemas hidráulicos e manutenção proativa Stulgys aceitou o convite da Sobratema para ser o perfil desta edição. Participaram da entrevista os engenheiros Carlos Pimenta, presidente da Sobratema, Jader Fraga dos Santos, diretor técnico, Roberto Ferreira, diretor de comunicação, e Jorge Sabak, conselheiro.
M&T Como começou a se desenvolver sua preocupação com o setor de lubrificação?
P.S. – Sempre pratiquei a disseminação de conhecimentos. Isso faz parte da minha formação, tanto assim que fui professor de Termodinâmica e Máquinas Térmicas na Escola Politécnica da Argentina durante 10 anos. Depois de muitos anos de trabalho com filtração industrial, quando tive tempo para pensar um pouco mais, notei que havia uma grande escassez de estudos sobre problemas de filtração e limpeza para sistema hidráulico. Comecei a procurar as razões disso e percebi que o problema estava nas empresas. A partir dessa constatação, decidi me dedicar à consultoria nessa área.
M&T - Qual seria o grande empecilho para a proliferação de pesquisas neste campo?
P.S. - Na minha opinião, a maior dificuldade para o controle de contaminantes está na mentalidade, na atitude do ser humano. Se você admite o desgaste, você tem que admitir os problemas de falhas decorrentes desse desgaste. Foram os ingleses que começaram a se preocupar sistematicamente com o assunto, a partir das falhas de seus equipamentos utilizados durante a II Guerra. Naquela época, após várias discussões, chegaram à conclusão de que desgaste e lubrificação eram coisas distintas. Aí eles inventaram uma nova ciência, ainda pouco conhecida no Brasil, a tribologia, que estuda os efeitos da fricção sobre as partes moveis das máquinas e os métodos, como por exemplo a lubrificação, para prevenir esses efeitos através de medidas efetivas. Percebeu-se a necessidade de se adotar uma atitude multidisciplinar para enfrentar o problema.
M&T - E como isso influi na manutenção?
P.S. - Minha formação é manutenção. Durante muitos anos tive oportunidade de comprovar os resultados da manutenção sobre os equipamentos industriais, pois o controle de contaminação é parte importantíssima do processo de manutenção e deu origem, graças aos estudos do Dr. E. C. Fitch, membro do conselho da ISO 9000, a um conceito novo: a manutenção proativa. Seus princípios são: nunca aceitar o desgaste e, fazer algo antes que a falha ocorra, evitando a parada por manutenção.
M&T - E com relação ao Brasil, como você analisa a aceitação dessa realidade?
P.S. - Não estou preocupado com o tempo. Estou certo de que não vou acabar o serviço. Mas sinto que a mentalidade da limpeza está crescendo rapidamente no Brasil, principalmente na parte industrial de sistema hidráulicos. As empresas construtoras, por exemplo, que atuam no exterior confrontam-se com uma concorrência muito mais preparada. Isso porque a competitividade aberta exige a confiabilidade e disponibilidade de um equipamento. A durabilidade também é importante, pois a máquina é muito cara. Isso também está favorecendo uma mudança de atitude, que começa a se manifestar, no Brasil, através dessas construtoras pioneiras. Nós vamos caminhando de forma irreversível para isso.
M&T - A absorção dessa mentalidade não deve ser uma coisa fácil. Qual o problema?
P.S. - A dificuldade é humana. Cada vez que você quer mudar a atitude de uma pessoa que sempre acreditou estar certa, a resistência às alterações é uma reação normal. Para vencer isso, a solução é a educação, o treinamento ou um tratamento de choque. Entrar em várias concorrências e nunca vencer é um tipo de tratamento de choque. Isso. sem dúvida, começa a mexer com as estruturas e faz com que as empresas se preocupem.
M&T - As empresas estão dispostas a pagar por isso?
P.S. - A empresa pode pensar em passar o custo do processo para quem vai pagar a obra, mas isso não é normal. Nem sábio. Mas já existem pessoas que estão trabalhando nisso. O grande problema é a falta de conhecimento, ou pior, a falta de capacidade em se transmitir os benefícios que isso pode trazer. Uma frota de 40 veículos de alto valor, por exemplo, justifica o investimento e, métodos e equipamentos que permitam determinar a quantidade de partículas contaminantes em um sistema mecânico. Não precisa ser nada de muita tecnologia, pois essa parte cabe aos laboratórios desenvolver.
M&T - Quantas empresas estão usando os seus serviços de consultoria neste campo? Como elas lhe manifestaram, inicialmente, sua preocupação?
P.S. - De 10 a 12 empresas no Brasil. Elas começaram a se interessar devido às necessidades dos usuários, ou seja: da própria prática. E o usuário que está preocupado e pode exigir este estudo, iniciando o processo de mudança.
M&T - Isso é uma coisa genérica. Cada usuário tem uma necessidade e os fabricantes nem sempre podem ou estão dispostos a entrar em particularidades. Como o usuário teria de agir diante desse fato?
P.S. - Ele poderia influenciar nisso. O usuário não pode ser acomodado. Por isso minha preocupação é com a divulgação de conhecimentos, para que todos possam se conscientizar e exigir.

M&T - Como exigir que um fabricante cumpra a medidas necessárias de limpeza?
P.S. - Fazendo o acompanhamento. Se tudo foi feito como determinado e, mesmo assim, houve a falha, basta acionar o fabricante. Ele, certamente, vai providenciar a solução. As grandes construtoras têm força para exigir essa qualidade.
M&T - Como é que se desenvolve o seu trabalho?
P.S. - Eu tento entrar em contato com o gerente da frota e procuro vencer a sua possível resistência à ideia da limpeza, embutindo-lhe o conhecimento. A partir daí, a meta é mostrar para o engenheiro que o controle de contaminação é importante para a manutenção. Nesse processo, a Sobra- tema pode desempenhar um papel muito importante, pois é uma entidade de grande influência e um veículo excelente para divulgação de conhecimentos.
M&T - Quais são os princípios básicos da limpeza?
P.S. - O fluido deve ter a menor quantidade economicamente possível de contaminantes. A medição de limpeza, entretanto, é uma coisa absoluta e isso é um problema. O procedi- mento correto pode reduzir, na situação em que se encontra a maioria dos equipamentos, em até cinco vezes os custos de intervenção. Com um pouco mais de trabalho, existe a possibilidade de se chegar a resultados ainda mais significativos.

Marcelo Eduardo Braga

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