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Revista M&T - Ed.217 - Outubro 2017
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Editorial

O impasse da produtividade na construção

“A busca incessante por produtividade implica aportes em tecnologias de automação e maior industrialização da construção, o que impõe custos fixos elevados às empresas”

Artigo recente da renomada revista inglesa The Economist traz alguns dados sobre a indústria mundial da construção que merecem a devida reflexão. Segundo os autores, nenhum outro setor da economia global acumula tão poucos ganhos de produtividade quanto a construção civil, malgrado toda a alta tecnologia em equipamentos e processos disponibilizada por fabricantes ao redor do mundo para essa atividade.

Exemplos de atrasos e estouros de orçamentos em obras importantes são citados neste trabalho, em locais tão insuspeitos como Alemanha, Japão e Estados Unidos. Mais que isso, um recente estudo da Universidade de Oxford aponta que “mais de 90% das obras de infraestrutura atualmente em andamento no mundo estão atrasadas ou estouraram o orçamento original”.

O fato é que, nessa luta para se tornar mais eficiente, a indústria da construção enfrenta alguns desafios, como deixar de ser o setor com os menores ganhos de produtividade entre todos os setores produtivos. O artigo cita estudo da consultoria McKinsey para mostrar que, nos últimos 20 anos, “a média mundial de valor adicionado por hora registrou crescimento anual de cerca de 1%, taxa correspondente a apenas 25% da observada no setor industrial”.

Para tentar explicar isso, aventa-se que o setor da construção faça uso menos intensivo de capital, substituindo máquinas por trabalhadores, por exemplo. Além disso, a busca incessante por


Artigo recente da renomada revista inglesa The Economist traz alguns dados sobre a indústria mundial da construção que merecem a devida reflexão. Segundo os autores, nenhum outro setor da economia global acumula tão poucos ganhos de produtividade quanto a construção civil, malgrado toda a alta tecnologia em equipamentos e processos disponibilizada por fabricantes ao redor do mundo para essa atividade.

Exemplos de atrasos e estouros de orçamentos em obras importantes são citados neste trabalho, em locais tão insuspeitos como Alemanha, Japão e Estados Unidos. Mais que isso, um recente estudo da Universidade de Oxford aponta que “mais de 90% das obras de infraestrutura atualmente em andamento no mundo estão atrasadas ou estouraram o orçamento original”.

O fato é que, nessa luta para se tornar mais eficiente, a indústria da construção enfrenta alguns desafios, como deixar de ser o setor com os menores ganhos de produtividade entre todos os setores produtivos. O artigo cita estudo da consultoria McKinsey para mostrar que, nos últimos 20 anos, “a média mundial de valor adicionado por hora registrou crescimento anual de cerca de 1%, taxa correspondente a apenas 25% da observada no setor industrial”.

Para tentar explicar isso, aventa-se que o setor da construção faça uso menos intensivo de capital, substituindo máquinas por trabalhadores, por exemplo. Além disso, a busca incessante por produtividade implica aportes em tecnologias de automação e maior industrialização da construção, reitera o estudo. No entanto, o investimento em máquinas também impõe custos fixos elevados, sendo que a volatilidade na demanda leva ao contingenciamento dos aportes no setor. Também é citada a ausência de consolidações entre as construtoras, o que impede ganhos de escala.

Como se vê, há um longo caminho a percorrer. E para nós brasileiros, que lutamos para sair da maior crise institucional e econômica da era republicana, essa trilha tem tudo para ser ainda mais árdua. Afinal, com investimentos em infraestrutura na ordem de 2,18% do Produto Interno Bruto (PIB) nos últimos 20 anos – segundo dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) –, a tendência é que continuemos um bom tempo entre as nações mais atrasadas nesse quesito. Pelos cálculos da CNI, para se aproximar dos demais países emergentes o investimento nacional em infraestrutura deveria ficar entre 4% e 5%, permitindo assim superar os gargalos em nossos modais e estimular a produtividade por meio da absorção de tecnologias mais eficientes, que os centros globais de pesquisa e desenvolvimento não param de criar e disponibilizar para os canteiros de obras ao redor do mundo e o leitor – como sempre – pode vislumbrar nas próximas páginas. Boa leitura.

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