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Revista M&T - Ed.297 - Setembro 2025
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RENTAL

O caminho da profissionalização

Amadurecimento da locação passa pela evolução de uma cultura de segmentação nas empresas do setor, buscando atender necessidades específicas de diferentes frentes
Por Antonio Santomauro

Foto:ESCAD


Embora em um ritmo ainda abaixo do potencial do país – e do que seria compatível em um contexto pulverizado e bastante competitivo –, processos mais afinados de gestão e investimentos em tecnologia e recursos humanos vêm impulsionando paulatinamente a profissionalização do mercado brasileiro de rental de máquinas.

É ponto pacífico que o setor dispõe de um enorme potencial de expansão no país, como reforçam os profissionais ouvidos nesta reportagem, talvez até em decorrência da pulverização do mercado e da diversidade de segmentos nos quais as empresas atuam. No entanto, todos trabalham com prognósticos distintos quando avaliam o desempenho no decorrer deste ano, havendo quem visualize crescimento, mas também quem projete um volume inferior de negócios relativamente ao ano passado.

Considerado em seu conjunto, todavia, o mercado deve fechar o ano


Foto:ESCAD


Embora em um ritmo ainda abaixo do potencial do país – e do que seria compatível em um contexto pulverizado e bastante competitivo –, processos mais afinados de gestão e investimentos em tecnologia e recursos humanos vêm impulsionando paulatinamente a profissionalização do mercado brasileiro de rental de máquinas.

É ponto pacífico que o setor dispõe de um enorme potencial de expansão no país, como reforçam os profissionais ouvidos nesta reportagem, talvez até em decorrência da pulverização do mercado e da diversidade de segmentos nos quais as empresas atuam. No entanto, todos trabalham com prognósticos distintos quando avaliam o desempenho no decorrer deste ano, havendo quem visualize crescimento, mas também quem projete um volume inferior de negócios relativamente ao ano passado.

Considerado em seu conjunto, todavia, o mercado deve fechar o ano com faturamento entre 5% e 10% inferior ao de 2024, projeta Paulo Esteves, presidente da Analoc (Associação Brasileira dos Sindicatos e Associações Representantes dos Locadores de Equipamentos, Máquinas e Ferramentas). A análise abrange todos os segmentos da locação de máquinas e equipamentos para construção, mineração e agronegócio no país, desde grandes máquinas de Linha Amarela e caminhões fora de estrada até bombas de concreto, grupos geradores, fôrmas e outros itens que compõem a atuação das locadoras.

Segundo Esteves, a queda prevista é circunstancial, motivada por fatores como taxas de juros elevadas (nocivas para um setor que precisa de financiamento intensivo para adquirir equipamentos) e desaceleração (ou morosidade) das obras de infraestrutura. “Há até algum crescimento na locação de Linha Amarela”, especifica o dirigente, citando segmentos como agronegócio, florestal e obras de infraestrutura e pavimentação, entre outras.

Na construção, por sua vez, a demanda se mantém estável para equipamentos de pequeno porte, ferramentas, andaimes e escoramentos, por exemplo. “O mercado de geradores e compressores também está relativamente estável”, detalha Esteves, citando ainda a locação de plataformas, que também tem crescido. “Até porque vêm surgindo novas locadoras aproveitando a grande oferta de equipamentos, principalmente de fabricantes chineses. Assim, as maiores dificuldades estão nas obras de infraestrutura do governo e nos setores atrelados ao consumo”, acrescenta.

Para Eurimilson Daniel, presidente da locadora Escad, ainda é possível esperar crescimento do mercado brasileiro de rental no decorrer deste ano. Ele vincula essa perspectiva ao bom nível das vendas de máquinas novas, que devem manter-se estáveis em relação às 36 mil unidades registradas em 2024, conforme estimativa para a Linha Amarela traçada pelo Estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção.

Locação já se aproxima do patamar de 30% nas vendas de máquinas no país. Foto:ARMAC


Segundo dados da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), as vendas até junho haviam sido superiores às do mesmo período de 2024, observa o locador, que também é vice-presidente da Sobratema. “A participação da locação segue crescendo nas vendas de máquinas, considerando unidades novas e seminovas, já se aproximando do patamar de 30%”, pondera.

PERSPECTIVAS

Diversos setores, relata Daniel, têm contribuído para a expansão do rental em 2025. Entre eles, é possível citar o agronegócio, que deve obter safra recorde de grãos, e a mineração, sempre em busca de novas áreas para explorar. Além disso, os investimentos em saneamento e as concessões de infraestrutura vêm crescendo – especialmente na região Sudeste do país. “No entanto, é possível haver alguma acomodação na construção de edifícios, que nem tem tanta participação da locação, e em algumas obras do governo federal, que aguardam recursos para avançar”, posiciona Daniel, prevendo que este ano a Escad deve realizar um volume de negócios cerca de 10% superior ao de 2024.

Com uma frota de locação composta por cerca de 12 mil unidades, somando máquinas de Linha Amarela e caminhões, a Armac também vem obtendo bom desempenho no ano, como relata o diretor de negócios Bernardo Veroneze. “Nossa taxa de ocupação atual passa de 85%, o que é um índice ótimo”, diz ele. “No 1º trimestre, investimos R$ 129 milhões em equipamentos, 32% a mais que no mesmo período de 2024”, acrescenta Veroneze, lembrando que a empresa também atua na prestação de serviços para operações contínuas, que o executivo não inclui na presente análise.

Setores como infraestrutura, rodovias, energia e saneamento vêm registrando bons volumes de negócios, ele detalha. “Na área de ferrovias, estamos atuando em trechos da Fico (Ferrovia de Integração do Centro-Oeste) e da Rumo em Mato Grosso”, ressalta o diretor.

Fatores como taxas de juros, adiamento de projetos e aumento da oferta preocupam o setor. Foto:CUNZOLO


Especializada na locação de guindastes e plataformas elevatórias, a Cunzolo também trabalha com uma perspectiva de crescimento dos negócios no ano. Essa perspectiva, como ressalta o diretor comercial e de operações da empresa, Marcos Cunzolo, vem acompanhada de algumas dúvidas relevantes, decorrentes das taxas elevadas de juros, assim como do adiamento de novos projetos de investimento e o aumento contínuo da oferta de equipamentos, entre outras. “A elevação das tarifas de exportação para os Estados Unidos também pode impactar os negócios de setores com os quais trabalhamos”, ele observa.

No 1º semestre, ressalta o executivo, a Cunzolo atingiu as metas estabelecidas no planejamento estratégico anual. “Há um bom ritmo de desenvolvimento de negócios em setores como infraestrutura, com obras de metrôs, rodovias, ampliação de viadutos e passarelas, além da indústria de celulose e do setor de energia”, delineia. “Mas senti alguma retração na siderurgia e na fabricação de autopeças.”

PROFISSIONALIZAÇÃO

Pelas estimativas da Analoc, o mercado brasileiro de rental atualmente é composto por cerca de 50 mil empresas, cujo faturamento atinge aproximadamente R$ 70 bilhões por ano. Nesse cômputo, a entidade setorial considera a locação de todos os gêneros de máquinas e equipamentos para construção, mineração e agronegócio, incluindo Linha Amarela, tratores, caminhões, guindastes, bombas, geradores, torres, fôrmas e escoramentos, entre outros.

Esse universo, considera Esteves, já inclui algumas empresas “com excelente governança e gestão altamente profissionalizada”, mas em sua maioria ainda é composto por operações de menor porte, muitas vezes familiares, “que precisam avançar bastante no sentido de profissionalização e preparação para um desenvolvimento sustentável”.

Avanços na gestão de custos e no relacionamento com clientes já são mais perceptíveis no setor. Foto:ARMAC


Cada vez mais, ele ressalta, a locação exigirá profissionalização das empresas. “Trata-se de um setor extremamente complexo, com aplicação intensiva de capital”, diz Esteves, informando que a Analoc, em parceria com a Sobratema, contratou a consultoria KPMG para realizar um inédito mapeamento do mercado da locação, o que – na visão do dirigente – deve trazer subsídios importantes para a profissionalização da área. “Esse mapeamento será um estudo bem-detalhado, com segmentação por regiões, linhas de produtos e tipos de equipamentos”, antecipa Esteves.

Rental brasileiro já conta com empresas com excelentegovernança e gestão altamente profissionalizada . Foto: SKC RENTAL


A própria competitividade do setor, cujas margens de lucro são cada vez mais apertadas, deve impulsionar a profissionalização, crê Daniel, da Escad, que estima algo como 5 mil empresas atuando no segmento de locação de Linha Amarela no país, das quais apenas cerca de 150 (ou 3% do total) têm faturamento superior a R$ 25 milhões por ano. “Essas empresas maiores vão ditando as regras de operação e de preços”, comenta o locador. “Isso vai influenciando as demais, que precisam adequar-se a essa realidade para conseguir competir.”

COMPETITIVIDADE

Por falar em competividade, já é possível notar avanços no setor em quesitos como gestão de custos e relacionamento com os clientes, que também apontam para um processo de maior profissionalização do mercado brasileiro de locação, como observa Veroneze, da Armac.

Nesse sentido, o executivo vislumbra evolução na “cultura de segmentação”, entendida com a capacidade de atender de maneira específica aos diferentes segmentos de mercado, de acordo com as suas necessidades. “Na Armac, por exemplo, contamos com profissionais que atendem só o segmento de rodovias, outros só energia ou só regionais”, pontua. “E isso não se restringe a nós, o que representa um grande avanço para o setor.”

A profissionalização é um diferencial, argumenta Veroneze, tornando-se a cada dia mais relevante nesse mercado, no qual os clientes querem ter a certeza de encontrar o equipamento do qual necessitam, mas também saber que esse equipamento conseguirá operar como se fosse de sua propriedade e ter a garantia de que qualquer problema será rapidamente sanado. “Em âmbito nacional, no entanto, talvez dê para contar nos dedos de uma única mão quantas empresas conseguem atender a todos esses requisitos”, lamenta-se o executivo. “Excetuando-se essas companhias, também é possível encontrar outras boas empresas, porém com alcance regional.”

O avanço da profissionalização pode ser constatado na própria expansão do rental, prossegue o diretor de negócios da Armac, pois o setor – como também citou Daniel – já fornece uma média de 30% do total de equipamentos com os quais as grandes construtoras trabalham, em alguns casos até mais que isso. “Hoje, temos clientes que sequer pensam em comprar máquinas”, garante Veroneze. “Esse mercado ainda apresenta muitas oportunidades, de modo que daqui para frente dificilmente haverá retração.”

Na Cunzolo, a profissionalização é vista como uma imposição do próprio mercado de rental. “O setor sempre nos cobra para sermos mais eficientes e profissionais, seja por exigência de clientes ou pelo aumento do número de concorrentes”, ele relata. “É por isso que temos sistemas de gestão ERP, departamento de engenharia e processos de segurança do trabalho, investindo bastante em tecnologia para automatizar os processos”, finaliza.

Reforma traz mudanças no regime tributário das locadoras

Com implementação prevista para o início no próximo ano, a reforma tributária deve elevar a carga tributária das empresas de locação, que pode passar dos atuais 10% para algo entre 12% e 14% da receita bruta, prevê Daniel, da Escad Rental. “Será possível abater os valores referentes à compra de equipamentos, mas não será mais permitido o abatimento da depreciação das máquinas, que atualmente é um valor importante de redução na carga tributária”, ressalta.

Além disso, a reforma também deve estimular uma mudança no regime tributário das locadoras, que, de acordo com Esteves, da Analoc, são majoritariamente enquadradas no Simples Nacional, mas devem migrar para o sistema de Lucro Real. Isso porque, ele justifica, o novo sistema tributário utilizará o conceito de IVA (Imposto Sobre Valor Agregado), que gera créditos nas aquisições e tributos nas vendas. “Dificilmente uma empresa vai contratar outra que não estiver enquadrada no sistema do lucro real, que permite o abatimento do crédito, algo que não acontece no simples”, explica Esteves.

Atualmente, o Simples Nacional permite um faturamento máximo de R$ 4,8 milhões por ano. Na medida em que o faturamento cresce, as locadoras que optam por esse regime precisam criar outros CNPJs, fazendo de cada filial praticamente uma empresa independente. “Além de complicar a gestão, esse sistema tem um benefício enganoso, pois o imposto é pago pelo faturamento, independentemente do resultado”, ele pondera. Já o Lucro Real, além de permitir a dedução dos benefícios tributários, algo que não é possível nos outros sistemas, também é interessante porque o setor trabalha com margens muito estreitas. “E esse é o valor tributado”, acrescenta Esteves, para quem as locadoras precisam se preparar para atuar nessa nova realidade tributária desde já. “Haverá desafios, mas também oportunidades, desde que as empresas se organizem mais”, observa o dirigente da Analoc.

Segundo os especialistas, a reforma não deve estimular a compra das máquinas, em detrimento da locação. “A locação oferece benefícios tão relevantes, como disponibilidade, manutenção e acesso a novas tecnologias, que seguirá crescendo”, projeta Veroneze, da Armac, endossado prontamente por Cunzolo. “Não acredito que a reforma torne mais atrativa a aquisição dos equipamentos, uma vez que as empresas buscam focar cada vez mais no próprio core business”, diz o empresário. “E a locação é a melhor alternativa para isso”, arremata.

Para especialistas, a reforma tributária não deveestimular a compra das máquinas em detrimento da locação. Foto:ESCAD


Saiba mais:

Analoc: https://analoc.org.br

Armac: http://armac.com.br

Cunzolo: https://cunzolo.com.br

Escad: https://escad.com.br

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