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Revista M&T - Ed.25 - Set/Out 1994
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PERFIL

Mercado de retíficas

Dentro do programa de Certificação de Fornecedores de Serviços deflagrado pela Sobratema, a setor de retifica de motores foi o primeiro alvo da entidade. E seguindo o ditado de que “uma coisa leva à outra”, a diretoria da Sobratema resolveu mostrar a seus associados qual é a situação atual das retíficas de motores - sua tecnologia, estrutura, expectativas, certificação etc. -, através desta seção. Mais do que uma simples entrevista, o encontro serviu ao debate, de várias questões que são de grande importância para o setor.
Foram convidados os profissionais Jorge Luiz de Macedo, da Irmac Motores, Transmissões, Comercial e Mecânica Ltda., do Paraná, e membro da Aremopar - Associação das Retíficas de Motores do Estado do Paraná; Ricardo Lourenço Giordo, da Motortécnica e Hidráulica Leste Ltda, de São Paulo; Wilson José Vieira e Geraldo Augusto Frank, ambos da Retifica de Motores Penhense Ltda. e Penhense Serviços Técnicos Ltda.


Dentro do programa de Certificação de Fornecedores de Serviços deflagrado pela Sobratema, a setor de retifica de motores foi o primeiro alvo da entidade. E seguindo o ditado de que “uma coisa leva à outra”, a diretoria da Sobratema resolveu mostrar a seus associados qual é a situação atual das retíficas de motores - sua tecnologia, estrutura, expectativas, certificação etc. -, através desta seção. Mais do que uma simples entrevista, o encontro serviu ao debate, de várias questões que são de grande importância para o setor.
Foram convidados os profissionais Jorge Luiz de Macedo, da Irmac Motores, Transmissões, Comercial e Mecânica Ltda., do Paraná, e membro da Aremopar - Associação das Retíficas de Motores do Estado do Paraná; Ricardo Lourenço Giordo, da Motortécnica e Hidráulica Leste Ltda, de São Paulo; Wilson José Vieira e Geraldo Augusto Frank, ambos da Retifica de Motores Penhense Ltda. e Penhense Serviços Técnicos Ltda. Pela Sobratema participaram Afonso Mamede, vice-presidente; Jader Fraga dos Santos, diretor técnico; Roberto Ferreira, diretor de comunicações; e o conselheiros Nelson Costábile, Sandy Padilha, Jorge Saback, Seiigi Ikeda e Norwil Veloso.
Após um debate bastante produtivo, chegou-se à conclusão de que a manutenção feita pelos usuários de motores desempenha importante papel, contribuindo para o sucesso do trabalho realizado pelas retíficas. Saiba, agora, um pouco sobre o que pensam os profissionais deste segmento.
Sobratema - Qual a atual situação das retificadoras no Brasil?
“A retificadora ou retifica, tinha uma imagem muito ruim no passado. Quando se falava em retificadora, a primeira imagem que vinha à cabeça das pessoas era a de uma oficina pequena e suja, com pessoas que faziam de tudo para as enganar. Naquele tempo nós não tínhamos o apoio de nenhum fabricante, que preferia optar pelo distribuidor de peças. Eles nos consideravam uma coisa marginal. Também nunca tivemos o apoio do governo. Felizmente, isso vem mudando nos últimos anos. Aquele trabalho artesanal foi ultrapassado e hoje queremos normatizar o trabalho de retificação, estar cercados de pessoas que saibam o processo em todos os detalhes e sejam, enfim, profissionais competentes.”
“A história das retificadores pode ser dividida em duas fases: antes e depois da Lei do Consumidor. Antes, se o fabricante falasse que a peça dele estava boa e que o problema era com a retificadora, ninguém duvidava. E não adiantava brigar. Depois da Lei, tudo mudou. Nós temos maior responsabilidade, pois a partir do momento em que a peça é aplicada nós assumimos 100% da responsabilidade sobre o ser- viço. Por outro lado, as retificadoras como grandes consumidoras de peças, estão mais fortes. Todas estão inspecionando o produto, preocupadas com a qualidade.”
“As retificadoras estão se unindo. Estamos tentando formar uma rede em todo o país. Em alguns estados do sul e sudeste isso já é um fato, com todos trabalhando com os mesmos padrões de qualidade. Somos cinco mil retificadores em todo o Brasil, proporcionando emprego para muita gente e consumindo um valor considerável de autopeças. Nosso trabalho é superior ao de muitos países do primeiro mundo, porém, com preço de oitavo”
Sobratema - Como é o seu dia a dia? Existem problemas técnicos insolúveis para as retificadoras do Brasil na atualidade?
“Não existem mais problemas que não possam ser resolvidos. O nível tecnológico das retificadoras, do seu pessoal e recursos melhoram a cada dia. Isso faz com que não exista um trabalho que não possa ser feito. O grande desafio não está no processo de recuperação e sim na forma como se utilizará o equipamento retificado. O desconhecimento do usuário sobre a vida útil dos componentes, como coletor, carcaça da bomba d’água, antivibrador etc., pode pôr tudo a perder. Para evitar isso, procuramos informar o usuário sobre as complicações que possam vir a ocorrer a partir da instalação de um motor recondicionado, em um equipamento mal mantido”.
Sobratema - Qual é a opinião sobre o uso do dinamômetro?
“O dinamômetro é um bem necessário. Encarece o serviço - cerca de 15%, com combustível, operador etc. - e alguns clientes não querem que o teste seja feito. Mesmo nesses casos, se o retificador quiser garantir seu serviço, ele deve assumir os custos do uso do dinamômetro.
Sobratema - Quais as dificuldades com a qualidade das peças?
“A qualidade das peças é um grande problema. Às vezes, os clientes preferem pagar menos por uma peça “parecida” sem se lembrar da inevitável perda da qualidade do produto. Não nos responsabilizar pelo serviço nestas condições.
Sobratema - Qual a influência da abertura do mercado para as peças importadas? Como ela afeta o segmento e quais as formas de amenizar os problemas? Como vocês avaliam as peças importadas?
“As peças importadas chegam com preço entre 20 a 30% inferior, mas nem sempre há referências quanto a sua qualidade. A forma para avaliar tais peças é saber se elas obedecem às normas internacionais. O melhor é saber se elas estão dentro dos critérios da ISO 9000.
Sobratema - Como é o cliente das retificadoras. Qual é o melhor tipo de cliente?
“Não há um padrão único. Há clientes que conhecem o serviço que está sendo executado. Há outros que não querem saber de nada. O ideal é que a retificadora, independentemente do tipo do cliente, não tenha dois tipos de procedimento. A qualidade está em primeiro lugar e você precisa fazer de tudo para mostrar que o seu trabalho não pode ser prejudicado pelas qualidades das peças. É melhor você deixar de atender pelo preço do que pela qualidade. O bom cliente é aquele que tem um nível razoável de conhecimento do motor e manutenção e que aceite pagar o justo preço pelos serviços”.
“Cliente sempre em primeiro lugar. As três normas são respeito, parceria e disciplina. O brasileiro precisa de disciplina e isso está acontecendo agora. Ele precisa ser parceiro, pois confiou no meu trabalho para o conserto do seu equipamento. E o respeito mútuo é fundamental”.
O melhor cliente é aquele que conhece seu negócio, seu equipamento e seu fornecedor. Ele deve: 1. saber se a empresa está filiada à alguma entidade de classe; 2. conhecer o nível do seu corpo técnico; 3. certificar-se sobre os tipos de peças empregados por ela: 4. fábricas que representa; 5. relatar as falhas do motor; 6. Informar qual será a utilização do equipamento; 7. Informar-se sobre como proceder nas revisões; 8. Acertar as recomendações do revendedor/fabricante quanto ao uso; e 9. conhecer a fundo o termo de garantia. Resumindo, gostamos de trabalhar com quem tenha boa manutenção”
SOBRATEMA - E o futuro. O que está reservado para as retíficas?
“Elas devem acabar fornecendo motores para as montadoras. Elas deverão aprimorar sua área técnica para acompanhar o desenvolvimento dos motores e equipamentos. Serão obrigados a entrar na era da eletrônica. Mais do que isso, será necessária uma união de todas as empresas. A saída pode ser a solução em conjunto, seja ela técnica social ou política. Como o processo de continuidade é muito difícil, será preciso formar-se pessoal qualificado. E nesse aspecto, louve-se o trabalho feito pelo Senai e Sebraae. As retificadoras precisam acompanhar as mudanças para sobreviver. Hoje, apenas 10% delas estão em condições de enfrentar essas mudanças”.

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