Apresentado ao país em grande estilo, o “Programa Saneamento para Todos” do governo federal, também conhecido como PAC do Saneamento, resultou no anúncio de R$ 4,5 bilhões em obras de água e esgoto em 90 municípios brasileiros. As obras relacionadas ao programa foram anunciadas recentemente, mas, para os especialistas, essas ações ainda ficam aquém das necessidades do país. Segundo avaliações da própria Caixa Econômica Federal – órgão pertencente ao governo – são necessários investimentos anuais de R$ 10 bilhões para se eliminar as carências do Brasil na área de saneamento básico.
Luiz Narimatsu, presidente da AESabesp, a associação dos engenheiros da Sabesp, concorda que a cobertura dos serviços de água e esgoto deixa a desejar no país, o que resulta em problemas sociais e de saúde pública. Em agosto, a associação dos engenheiros da concessionária paulista promoveu a Fenasan (Feira Nacional de Saneamento e Meio Ambiente), onde os profissionais do setor debateram as saídas para o saneamento básico no país diante do novo marco regulatório (Lei 11.445/07) em relação à prestação desse serviço.
Narimatsu ressalta que os investimentos realizad
Apresentado ao país em grande estilo, o “Programa Saneamento para Todos” do governo federal, também conhecido como PAC do Saneamento, resultou no anúncio de R$ 4,5 bilhões em obras de água e esgoto em 90 municípios brasileiros. As obras relacionadas ao programa foram anunciadas recentemente, mas, para os especialistas, essas ações ainda ficam aquém das necessidades do país. Segundo avaliações da própria Caixa Econômica Federal – órgão pertencente ao governo – são necessários investimentos anuais de R$ 10 bilhões para se eliminar as carências do Brasil na área de saneamento básico.
Luiz Narimatsu, presidente da AESabesp, a associação dos engenheiros da Sabesp, concorda que a cobertura dos serviços de água e esgoto deixa a desejar no país, o que resulta em problemas sociais e de saúde pública. Em agosto, a associação dos engenheiros da concessionária paulista promoveu a Fenasan (Feira Nacional de Saneamento e Meio Ambiente), onde os profissionais do setor debateram as saídas para o saneamento básico no país diante do novo marco regulatório (Lei 11.445/07) em relação à prestação desse serviço.
Narimatsu ressalta que os investimentos realizados pela Sabesp ao longo do tempo permitiram elevar o nível de cobertura desses serviços nos municípios onde a concessionária atua. Mesmo assim, ele reconhece que ainda há muito por fazer. Veja, a seguir, suas opiniões sobre a situação do setor e sobre como a tecnologia de equipamentos pode contribuir com a universalização do saneamento básico.
M&T – Como está a situação do saneamento básico no estado de São Paulo?
Luiz Narimatsu – São Paulo até que apresenta uma boa situação em comparação com os outros estados do país, pois enquanto o índice de abastecimento de água no Brasil registra uma média de 94%, nós atingimos 99% da população com esse tipo de serviço. Mas é na área de coleta e tratamento de esgoto que o cenário destoa. Enquanto a coleta de esgoto atinge 49% da população no país, aqui esse índice é de 94%. Quando o assunto é o tratamento do esgoto coletado, os números deixam a desejar em todas as regiões, pois esse indicador é de apenas 61% no Brasil e de 40% em São Paulo.
M&T – Esse cenário mais favorável a São Paulo deve permanecer nos próximos anos?
Narimatsu – Sem dúvida. O estado ocupa a vanguarda em termos de cobertura dos serviços de saneamento básico graças ao trabalho desenvolvido pela Sabesp, que atua em 366 municípios do estado e investiu na oferta dos serviços de água e esgoto à população das áreas onde está presente. Esses índices de cobertura devem melhorar ainda mais, pois o governo do estado, por meio dos investimentos da Sabesp e do programa Água Limpa, coordenado pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), persegue a meta de atingir 100% da população com a oferta de saneamento básico. Entre os programas coordenados pela companhia destacamos o Onda Limpa e a despoluição do rio Tietê.
M&T – Qual é a extensão do programa Onda Limpa?
Narimatsu – Esse programa constitui um grande investimento que só se tornou possível com o financiamento obtido junto ao JBIC (Japan Bank International Cooperation). Ele é composto por uma série de obras no litoral do estado, para eliminar o lançamento de esgoto in natura nas praias frequentadas pelos paulistas. As ações relacionadas ao Onda Limpa abrangem a execução de cerca de 1.800 km de obras lineares, entre redes coletoras, coletores tronco, interceptores, linhas de recalque e emissários, além de centenas de estações elevatórias e oito Estações de Tratamento de Esgoto (ETE). O programa está orçado em R$ 1,47 bilhão.
M&T – Além dessa obras, cite outros projetos em implantação no estado.
Narimatsu – Podemos citar a despoluição do rio Tietê, que se encontra na terceira etapa de execução, assim como a PPP (Parceria Público Privada) que está sendo conduzida para a ampliação da Estação de Tratamento de Água (ETA) de Taiaçupeba. Também merece destaque o Programa de Locação de Ativos que está sendo implementado pela Sabesp para ampliar o sistema de abastecimento de água nos municípios de Franca, Itatiba, São Vicente e Guarujá. Já as expansões na área de coleta e tratamento de esgotos deverão privilegiar as cidades de Campos do Jordão, São José dos Campos, Hortolândia, Campo Limpo Paulista e Várzea Paulista.
M&T – Como a tecnologia de equipamentos para construção pode contribuir nesse processo?
Narimatsu – Nesse processo, é muito importante contarmos com equipamentos modernos e que permitam executar os projetos com qualidade, pois estamos tratando de obras que implicam grandes investimentos e forte impacto social. Essa demanda por novas tecnologias já pode ser observada na renovação do parque de máquinas das construtoras. Um exemplo é o avanço do uso do método nãodestrutivo (MND), que permite realizar as obras sem a abertura de valas e sem interferir no trânsito de veículos. A tecnologia MND permite a instalação das redes mesmo em áreas com muita interferência sem provocar impacto no cotidiano das pessoas e com rapidez. Ela proporciona benefícios para a população e para as concessionárias de saneamento. Por isso, o uso dessas máquinas tem crescido muito em nossas obras. Há 20 anos, apenas 10% dos nossos projetos eram realizados por método não-destrutivo e atualmente esse número deve ter mais que triplicado.
M&T – Diante dessa demanda por tecnologia, o que os engenheiros de saneamento esperam dos profissionais de construção e de equipamentos para obras?
Narimatsu – Temos muito interesse em manter um intercâmbio maior com as empresas fabricantes de equipamentos e com os grandes usuários dessas tecnologias, pois muitos dos nossos serviços dependem dessas soluções. Essa aproximação pode nos ajudar a fazer boas escolhas e a nos posicionar na vanguarda tecnológica em relação aos equipamentos mobilizados nas obras de água e esgoto.
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