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Revista M&T - Ed.16 - Mar/Abr 1993
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QUALIDADE

ISO 9000 e Equipamentos Pesados

Parte dos setores de fabricação e manutenção de equipamentos pesados já está trabalhando com normas de qualidade como a ISO 9000. Apesar das dificuldades iniciais, muitos já colhem bons resultados e contam à M&T suas experiências.
Quem espera encontrar na série de normas ISO 9000 fórmulas ou regras para carimbar seu produto ou serviço com o selo da qualidade, vai se decepcionar. As normas 9000, 9001, 9002, 9003 e 9004 mostram, em pouco mais de 40 páginas, procedimentos para implantar sistemas de qualidade genéricos, que se adaptam a qualquer empresa e seu sucesso depende do mercado que essa empresa atende, seus recursos e a mais sincera disposição em adequar suas necessidades e as do seu cliente aos requisitos da norma escolhida. Em outras palavras, cada caso é um caso e os requisitos da ISO são apenas a ponta do iceberg para quem pretende atingir e manter um padrão de qualidade.

Qualidade é um tema que entrou em discussão há algumas décadas e agora volta ao debate econômico nacional com força, devido ao "International Organization for Standardization" - ISO - órgão técnico da ONU criado em 1987 com o aval de 95 países, inclusive o Brasil. As normas ISO 9000 foram arquitetadas especificamente para ensinar às empresas os preceitos da gestão da qualidade interna e externa. Sua utilização mais comum, entretanto, é na regência de relações contratuais para que a qualidade dos serviços ou produtos em jogo seja garantida (qualidade externa).
O Brasil só entrou de verdade nessa história há dois anos, quando o governo Collor adotou oficialmente as normas ISO no País, forçando as empresas que atuam junto ao setor público a se pautar por ela. Como no jogo de dominó, em que as peças caem em cadeia, as empresas brasileiras, em especial as empreiteiras que frequentemente trabalham para o Estado, foram cobrando dos fornecedores os requisitos das normas e a prática da qualidade foi


Parte dos setores de fabricação e manutenção de equipamentos pesados já está trabalhando com normas de qualidade como a ISO 9000. Apesar das dificuldades iniciais, muitos já colhem bons resultados e contam à M&T suas experiências.
Quem espera encontrar na série de normas ISO 9000 fórmulas ou regras para carimbar seu produto ou serviço com o selo da qualidade, vai se decepcionar. As normas 9000, 9001, 9002, 9003 e 9004 mostram, em pouco mais de 40 páginas, procedimentos para implantar sistemas de qualidade genéricos, que se adaptam a qualquer empresa e seu sucesso depende do mercado que essa empresa atende, seus recursos e a mais sincera disposição em adequar suas necessidades e as do seu cliente aos requisitos da norma escolhida. Em outras palavras, cada caso é um caso e os requisitos da ISO são apenas a ponta do iceberg para quem pretende atingir e manter um padrão de qualidade.

Qualidade é um tema que entrou em discussão há algumas décadas e agora volta ao debate econômico nacional com força, devido ao "International Organization for Standardization" - ISO - órgão técnico da ONU criado em 1987 com o aval de 95 países, inclusive o Brasil. As normas ISO 9000 foram arquitetadas especificamente para ensinar às empresas os preceitos da gestão da qualidade interna e externa. Sua utilização mais comum, entretanto, é na regência de relações contratuais para que a qualidade dos serviços ou produtos em jogo seja garantida (qualidade externa).
O Brasil só entrou de verdade nessa história há dois anos, quando o governo Collor adotou oficialmente as normas ISO no País, forçando as empresas que atuam junto ao setor público a se pautar por ela. Como no jogo de dominó, em que as peças caem em cadeia, as empresas brasileiras, em especial as empreiteiras que frequentemente trabalham para o Estado, foram cobrando dos fornecedores os requisitos das normas e a prática da qualidade foi se ampliando em diversos setores da economia.
Ideias Principais
Responsável por consultorias a respeito de Qualidade em dezenas de grandes empresas, José Maurício Banzato, do Instituto Inovação na Moderna Administração da Manufatura, IMAM, costuma resumir a filosofia da ISO em oito pontos principais: 1) Um dos mais importantes fatores no desempenho de uma organização é a qualidade dos seus produtos e serviços, por isso ela só pode crescer; 2) Os fatores técnicos, administrativos e humanos que afetam a qualidade do seu produto ou serviço devem estar devidamente sob controle; 3) Todo controle da empresa deve estar orientado para reduzir ou eliminar e, acima de tudo, prevenir as deficiências da qualidade; 4) Toda organização deve ter uma política da qualidade que reflita as suas intenções e diretrizes globais relativas à qualidade formalmente escrita, expressa e sacramentada pela alta administração; 5) As normas do padrão de qualidade devem ser conhecidas, entendidas e seguidas por todos; 6) A gestão da qualidade é parte da função gerencial da empresa que determina e implementa a política da qualidade e 7) A obtenção da qualidade desejada exige o envolvimento, o comprometimento e a participação de todos, embora a responsabilidade de sua gestão pertença à alta administração. Lógico que esta filosofia pode ser aplicada de formas diversas, adaptando-se exatamente ao perfil da empresa - já os procedimentos técnicos competem à empresa estabelecer.
Ciclo da Qualidade
Os benefícios dos requisitos e filosofia da ISO já podem ser atestados também na área de manutenção de equipamentos pesados. O ciclo de qualidade neste setor começa com a escolha do fabricante certo. "Muitas vezes, por motivos financeiros, a empresa escolhe uma máquina mais barata só que sua manutenção é mais difícil e a compra acaba ficando cara", afirma Alberto de Campos, membro do comitê da qualidade na Construtora Hochtief, já em fase de implementação da ISO. "Por isso, todo contrato da empresa exige que o fornecedor siga a ISO e todos nossos clientes são conscientizados no sentido de trabalhar com a qualidade, o que muitas vezes é mais caro só que tem retorno garantido", conclui.

A Dynapac, por exemplo, fabricante de equipamentos pesados, exporta 75% de sua produção e se viu praticamente obrigada a adotar as normas ISO 9000 para facilitar seus negócios no exterior. “Já tínhamos um manual da qualidade, mas que somente ficava na prateleira. Então formamos grupos setoriais para discutir e redigir procedimentos que visassem a qualidade em cada área da fábrica. Percebemos que tudo o que é imposto é esquecido e aquilo que é gerado pela própria necessidade do funcionário, tem muito mais chance de dar certo", explica Renato Corrêa, gerente do controle de qualidade. A Dynapac está prestes a entrar na fase de pré-implantação da norma escolhida, que é uma espécie de ensaio geral para se conhecer as falhas do projeto, corrigi-las e partir para a implantação dos sistemas de qualidade definitivos.

Outro fabricante de equipamentos pesados que está na reta final da implantação da ISO é a Komatsu. Como a Dynapac, a empresa não saiu do zero, pois já seguia um sistema de qualidade previsto pela matriz japonesa que teve de ser adaptado a ISO com muito trabalho. Foram criadas comissões de estudo da ISO e aplicado um plano de treinamento do pessoal para funções específicas e para a norma de 20 horas por funcionário.
“Costumamos ouvir que a ISO garante um padrão de qualidade, mas não é só essa sua vantagem. O principal para nós é que com a certificação passamos por auditorias semestrais, onde nosso trabalho é checado e pode ser aperfeiçoado constantemente”, constata Leonide Kozma, gerente de controle de qualidade da empresa.
Diploma
Na verdade, a certificação pela ISO 9000 funciona como um diploma universitário: tanto pode ratificar a competência do seu dono como ficar dependurado na parede de enfeite. Ou seja, é possível seguir sistemas de qualidade sem a ISO e certificado por ela, mas não cumprir suas exigências. A Azevedo & Travassos Petróleo, com um contrato de risco nas mãos e um programa de qualidade na cabeça, fez um trabalho de perfuração e completação de poços de petróleo na Bacia do Potiguar, Rio Grande do Norte, que ilustra exatamente esta dualidade da ISO. Sem pensar nas normas, a empresa montou sistemas de qualidade que poderiam se encaixar nelas.
Manutenção
"Como o investimento era muito alto e o trabalho envolvia riscos financeiros e de segurança, fizemos um programa de gerenciamento de qualidade total, baseado nas ideias de Deming, onde o essencial é a valorização do trabalho em equipe", conta Ivan Carvalho, gerente de operações que coordenou a obra. "Antes de realizarmos cada trabalho, fazíamos reuniões, discutíamos os erros e acertos passados. O diálogo e a participação de todos os funcionários, davam subsídios para corrigirmos as falhas e melhorarmos nosso trabalho continuamente", conclui Ivan. A manutenção, atividade fundamental para que as sondas funcionassem ininterruptamente, também se enquadrou a essa filosofia de trabalho.
As equipes de manutenção e operação foram vinculadas, e eram premiadas por bons trabalhos em conjunto. Uma conhecia as dificuldades da outra, ajudavam-se e conseguiam se harmonizar por terem um objetivo em comum: fazer certo da primeira vez. Por outro lado, foi estabelecido e seguido rigorosamente um plano de manutenção preventiva nos moldes tradicionais: a vida de cada equipamento era estudada a partir de seu manual e do seu histórico; foi feito um planejamento minucioso de substituição de peças de reposição e leituras e registro de boletins diários, dando conta do estado de cada máquina que eram analisados com o objetivo de evitar as falhas. “As melhorias conseguidas com uma manutenção eficaz reduziram em 40% o tempo de perfuração dos poços e consequentemente os custos passaram de 250 mil dólares para aproximadamente 100 mil", avalia Ivan.
Já a Tenenge - Técnica Nacional de Engenharia - optou por certificar-se pela ISO 9000 e submeter sua Central de Equipamentos e suas obras a auditorias semestrais e ao que considera o principal ponto da norma: um regime de prevenção abrangente, o que em outras normas sempre aparece como algo secundário, posterior à inspeção. “Na manutenção, como em todo o resto da empresa, fizemos um trabalho de qualificação pessoal e de procedimentos técnicos que visa cumprir metas anuais que consideramos importantes”, relata Antonio Carlos Pereira, gerente de garantia da qualidade. “Escrevemos um plano de manutenção para cada equipamento em duas situações: na Central de Equipamentos e na obra. Todos os seus dados são registrados e armazenados num acervo técnico que garante que a aplicação de procedimentos na manutenção seja pautada pela tecnologia e não pela tradição, afinal de contas, os equipamentos modernos são muito específicos e exigem cuidados diferenciados”, completa. Toda esta linha de trabalho, que investe pesado em recursos técnicos e humanos, é baseada na ideia de prevenir o que a ISO chama de não-conformidades, ou seja, os defeitos. Um equipamento da empresa que trabalhou durante um ano no Chile sem dar problemas é uma prova que esta política de qualidade está dando bons resultados.
Um planejamento de manutenção preventiva muito bem detalhado e baseado pela ISO, também foi feito pela Aços Anhanguera (VILLARES). Através de inspeções de rotina, manutenção baseada no tempo e nas condições do equipamento, são formuladas as Ordens de Manutenção, que são discutidas semanalmente. A partir' daí, se estabelece um plano de manutenção preventiva para o equipamento que visa manter suas condições operacionais de obter a qualidade desejada. "Depois de inúmeros cursos e treinamentos, conseguimos implantar a filosofia da Manutenção Produtiva Total que vai desde a preocupação com a máquina, sua integração com o empregado, até os cuidados com a limpeza e organização do ambiente de trabalho”, conta Iberê de Oliveira Santos, coordenador da garantia da qualidade. "Como os funcionários sabem cuidar melhor de suas máquinas, os reparos durante as manutenções preventivas tendem a diminuir acarretando economia de tempo de paradas, diminuição dos gastos e manutenção das condições adequadas do processo”, finaliza.
Dificuldades

Muitas vezes as dificuldades que envolvem a implementação da ISO 9000 e programas similares, fazem algumas empresas identificar este desafio com custos e burocracia, duas palavras que podem ser suficientes para o abandono de um projeto de melhorias. “Realmente a ISO pode parecer burocrática porque exige que a empresa seja organizada e cumpra determinados requisitos. Mas como os próprios funcionários podem escrever os procedimentos para suas atividades, o resultado é um manual de qualidade enxuto, que cria controles necessários e não burocracia”, argumenta Renato Corrêa. Ivan Carvalho concorda com essa opinião e acrescenta: “Inicialmente, ao aplicarmos uma manutenção de qualidade, passamos por chatos e tivemos que investir bastante dinheiro. Porém o retorno que obtivemos, pagou facilmente o investimento feito e foi muito gratificante ver o empenho de todos os funcionários resultar na conquista das metas estabelecidas".

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