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Revista M&T - Ed.56 - Dez/Jan 2000
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Qualidade

Certificação de fornecedores

Programa pioneiro da SOBRATEMA vai se consolidando como um referencial no mercado para a escolha de prestadores de serviço na área de manutenção
Busca de empresas aptas tecnicamente em atender às necessidades dos usuários de equipamentos

Embora hoje pareça um atributo tão óbvio que não se poderia dissociá-lo do próprio processo produtivo e, por extensão, do produto final, a exigência da certificação de qualidade para as empresas não foi uma evolução subsequente à mecanização das linhas de produção e, nos “tempos modernos de Chaplin”, estava longe de ser uma preocupação que acabaria envolvendo empresários e operários numa busca comum por sua conquista.
Na verdade, trata-se de uma tendência relativamente recente, surgida na década de 60, quando vários países se viram na necessidade de implantar sistemas de qualidade normalizada, de estabelecer normas para um padrão ideal de qualidade nas empresas de uma maneira geral.
No Brasil, a conquista da ISO e de outras certificações de qualidade é hoje uma verdadeira obsessão e implica, por vezes, numa completa readequação das unidades produtivas para que estejam preparadas a passar por uma auditoria oficial anual e quatro auditorias intermediárias - do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial), órgão que detém a responsabilidade por todas as certificações internacionais conferidas no país.
Realmente, pouca gente sabe, mas a autoridade do Inmetro na questão das certificações é soberana. Mesmo o Bureau Veritas, por exemplo, deve consultá-lo antes de aplicar um procedimento que ele já usou na Inglaterra. Para isso, o Inmetro dispõe, entre outros instrumentais, de uma central científica específica para analisar se um procedimento está de acordo com a norma técnica que será aplicada e, ainda, se está de acordo com as necessidades.
Embora o sistema de qualidade adotado pelo Inmetro seja a ISO 9000, aplic&aacu


Busca de empresas aptas tecnicamente em atender às necessidades dos usuários de equipamentos

Embora hoje pareça um atributo tão óbvio que não se poderia dissociá-lo do próprio processo produtivo e, por extensão, do produto final, a exigência da certificação de qualidade para as empresas não foi uma evolução subsequente à mecanização das linhas de produção e, nos “tempos modernos de Chaplin”, estava longe de ser uma preocupação que acabaria envolvendo empresários e operários numa busca comum por sua conquista.
Na verdade, trata-se de uma tendência relativamente recente, surgida na década de 60, quando vários países se viram na necessidade de implantar sistemas de qualidade normalizada, de estabelecer normas para um padrão ideal de qualidade nas empresas de uma maneira geral.
No Brasil, a conquista da ISO e de outras certificações de qualidade é hoje uma verdadeira obsessão e implica, por vezes, numa completa readequação das unidades produtivas para que estejam preparadas a passar por uma auditoria oficial anual e quatro auditorias intermediárias - do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial), órgão que detém a responsabilidade por todas as certificações internacionais conferidas no país.
Realmente, pouca gente sabe, mas a autoridade do Inmetro na questão das certificações é soberana. Mesmo o Bureau Veritas, por exemplo, deve consultá-lo antes de aplicar um procedimento que ele já usou na Inglaterra. Para isso, o Inmetro dispõe, entre outros instrumentais, de uma central científica específica para analisar se um procedimento está de acordo com a norma técnica que será aplicada e, ainda, se está de acordo com as necessidades.
Embora o sistema de qualidade adotado pelo Inmetro seja a ISO 9000, aplicável a empresas de qualquer tipo e porte, há a opção de se adotar outros sistemas, parcial ou integralmente. Um exemplo é o do Instituto de Qualidade Automotiva, em São Paulo, que faz uma auditoria baseada na ISO 9000, mas sem exigir que a norma aplicada no sistema de qualidade seja a ISO 9000, bastando que seja uma norma semelhante. Outro caso é a certificação do próprio SENAI, baseado no sistema Senatec e não no sistema ISO. Reconhecido internacionalmente - preferencialmente na Inglaterra - e indicado para a auditoria de centros de tecnologia, pesquisa e escolas, o Senatec consiste na atribuição de notas para a empresa, de forma a enquadrá-la nas classificações “Bronze”, “Prata” ou “Ouro”, ou mesmo, em nenhuma das três. Outro sistema interessante é o PNQ (Prêmio nacional da Qualidade) que, como tantas outras, também é uma certificação independente da ISO, embora adote muitos dos critérios da ISO.

Manutenção
Logo nos primeiros anos da década de 90, algumas pessoas já tinham a idéia de se levar esse sistema para a manutenção. Isso foi discutido em
pequenos grupos e a SOBRATEMA - Sociedade Brasileira de Tecnologia para Equipamentos e Manutenção, deu os primeiros passos nesse sentido em 1994. Sob a coordenação do diretor técnico da entidade, Jader Fraga dos Santos, e do então diretor de Suprimentos (hoje consultor da áreade
qualidade), Marcílio Vitorino Marques, foi elaborada uma filosofiade trabalho para estabelecer critérios de qualidade no segmento de serviços e, dentro deste,namanutençãode equipamentos.
"Houve uma preocupação interncionalem criar normas para serviços. Mas, na área de construção civil e equipamentos para terraplanagem, não havia nada. E nesse sentido a iniciativa da Sobratema na minha opinião, foi importantíssima", dizAntonio Mendes, coordenador do Organismo de Inspeção e técnico de ensino no Serviço Nacional da Indústria - SENAI, além de membrode comissões e fóruns mantidos pelo Inmetro e aAssociação Brasileira de NormasTécnicas - ABTN.
Marcílio Vitorino Marques hoje em dia não tem dúvidas sobre a importância desse trabalhopioneiro desenvolvido pela entidade. Mais do queum modismo, diz ele, o program de qualidadeé um fator decisivo e uma garantia de competitividade. "Ofuturo pertence às empresas certificadas, que tenham esse trunfo como um compromisso junto aos seus clientes e nãocomo uma peça de marketing".
Responsável pela aplicação do Programa de Certificação SOBRATEMA em Minas Gerais, Marcílio Vitorino Marques só lamenta que nãoexista ainda maior mobilizaçãopor parte dosprincipais interessados - os próprios fornecedoresdesse tipo de serviço e os contratantesligados a grandes construtoras - em alavancar o programa em grande escala. "Ainda são poucas as construtoras que levam em conta a Certificação de Qualidade SOBRATEMA na escolha de seus fornecedores”.
De qualquer forma, hoje já há uma classe de fornecedores certificados pela Sobratema, que podem se credenciar junto aos profissionais que contratam os serviços pela qualidade e confiabilidade e não somente pelo menor preço.
O objetivo inicial do Programa de Qualificação de Fornecedores da SOBRATEMA, explica Norwil Veloso, um dos consultores que participa do projeto desde o seu início, era o de fazer um cadastro de fornecedores com nível de qualidade que pudessem ser indicados pela SOBRATEMA a seus associados e para responder a freqüentes consultas que a sua diretoria recebia de usuários de equipamentos de várias partes do país.
Inicialmente, lembra ele, partiu-se de um questionário básico, com os principais itens a serem verificados, segundo a experiência pessoal dos
profissionais do grupo de trabalho formado pela SOBRATEMA Esse trabalho deu origem a um questionário mais específico para análise de qualidade no segmento de retíficas de motores, que tomou por base uma norma da ABNT (Associação Brasileira de NormasTécnicas) que regulamenta essa atividade e alguns conceitos básicos da norma ISO 9.000. Além das retíficas passaram a ser considerados outros segmentos de
reparos de equipamentos de construção. “Nunca pensou-se em montar uma ISO ou algo parecido, mas algo específico e voltado às necessidades do setor”, afirma Veloso.
A certificação SOBRATEMA,segundo ele, objetiva verificar a forma como um trabalho é executado, estabelecendo um referencial dentre as empresas prestadoras de serviço, aptas tecnicamente para atender às necessidades dos usuários de equipamentos.
Nesse sentido, para receber a certificação a empresa tem que atingir uma determinada pontuação que não é divulgada publicamente, mesmo porque não se trata de montar um ranking das melhores retíficas.
Em 1999, foram definidos novos questionários para dar suporte ao trabalho dos auditores contratados pela entidade, todos com grande experiência no dia-a-dia da manutenção, como Sandy Padilha e o próprio Norwil Veloso.
No caso da retífica, a auditoria leva em conta o processo de retífica em si, do recebimento domotor até a sua entrega, considerando-se todas as etapas envolvidas na execução do trabalho - incluindo controles, medições - e os testes finais.
Sandy Padilha acrescenta que não deve escaparao auditor também a infra-estrutura do fornecedor, o nível de treinamento de seu pessoal, os
procedimentos de manuseio na oficina, a procedência das peças utilizadas nos reparos, a comprovação da aferição de equipamentos e ferramentas (se possível com laudos) e, principalmente, quais etapas ele eventualmente “quarteiriza” (manda fazer fora) e como ele controla a qualidade desses serviços. “Também é preciso verificar se a retífica não mistura peças e componentes dos vários motores em manutenção, que poderia comprometer todo o histórico do componente e impedir a rastreabilidade para apurar responsabilidades, em caso de qualquer problema posterior".
Colaborador da SOBRATEMA no Programa de Certificação de Fornecedores, Antonio Mendes, chama a atenção para a importância da avaliação dos profissionais envolvidos no processo de manutenção.
"A própria ISO, por exemplo, prevê procedimentos que permitem uma avaliação, pelo auditor, da evolução do homem, do profissional, como
treinamentos que ele possa ter recebido”.
É evidente, reconhece Antonio Mendes, que uma correta avaliação da qualidade do fornecedor dependerá também da experiência e do conhecimento específico do próprio auditor naquele processo que está sendo avaliado. Por isso mesmo, diz ele, o próprio Inmetro está enviando auditores, que têm o conhecimento das normas técnicas, acompanhados por observadores com especialização na área que será auditada.
O auditor começa pela parte documental, verificando se os processos estão documentados. Já o pessoal especializado verifica se essa documentação condiz com a realidade da produção e se essa realidade, por sua vez, condiz com as necessidades básicas do que deve ser. Com o
“olho clínico” de um profissional experimentado, os problemas ficam evidentes.
“Numa retifica de motores", diz Antonio Mendes, “a primeira observação que eu sempre faço é sobre o piso — se houver muitos buracos no chão é sinal que o pessoal joga coisas, arrasta objetos - e também sobre o que está sobre o piso - o uso de engradados, a colocação das peças desmontadas do motor no chão ou em uma caixa separada”.
Outro ponto, segundo ele, são os processos e a maneira como os empregados estão executando seu serviço - como colocam uma peça na máquina, como centralizam essa peça, como estão dispostos os instrumentos que eles usam, se esses instrumentos estão aferidos, e mesmo a maneira como as peças são movimentadas (carrinho, esteira rolante, manual). “Se esse deslocamento for feito nas costas do empregado, é evidente que a qualidade e o ritmo de trabalho serão outros”. Antonio Mendes, no entanto, deixa claro que uma “não conformidade” não é algo que obrigue o auditor a não credenciar ou a não certificar uma empresa. O que interessa é como essa não conformidade será tratada. “Nesse caso, não é um credenciamento pelo que a empresa já é, mas pelo que ela pode vir a ser de uma forma melhorada. Essa é a minha proposta pessoal e já é uma proposta de uma ala menos rígida do Inmetro”.
A Certificação da SOBRATEMA, lembra Norwil Veloso, também segue esse critério. “Feita a auditoria, a empresa poderá ser certificada por dois anos ou então não ser certificada, com recomendações do que pode ser feito para melhorar, até passar por uma nova auditoria”.
É uma garantia mais do que suficiente, acrescenta Antonio Mendes, de que a empresa está dentro dos padrões de qualidade mínimos exigidos para poder atender aos clientes da SOBRATEMA. “Em alguns casos, eu confio mais nesse referencial do que no do Inmetro, porque são propostas diferentes: à SOBRATEMA interessa saber se a empresa tem condições de fazer o produto para satisfazer o cliente, enquanto ao Inmetro interessa saber se a empresa está cumprindo a documentação ISO 9000. São coisas completamente distintas, já que a empresa pode ter ISO 9000 e ser um péssimo fabricante”.
Embora setorial e específico, o Programa de Certificação SOBRATEMA, segundo Mendes, também pode beneficiar outros segmentos. “Eu mesmo já passei para uma empresa distribuidora de gás, que precisava recondicionar compressores, a listagem de fornecedores certificados pela SOBRATEMA".
Questionário específico para análise de qualidade no segmento de retíficas de motores

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