Posicionada como a maior construtora do Rio Grande do Sul – e uma das maiores do Brasil quando o assunto é a construção de túneis – a Toniolo, Busnello S.A. (TBSA) sabe que é preciso ter foco para se manter no grupo das grandes empreiteiras do país. Mas foco nos negócios não significa a impossibilidade de expandir as áreas de atuação. Seguindo essa premissa, a empresa vem ingressando em novas atividades, entre elas a revenda de caminhões e automóveis e a administração privada de rodovias. Nesta entrevista, Rui Toniolo, da gerência de compras da empresa, explica o segredo da companhia para se manter em contínua rota de crescimento.
M&T: Com a criação de novas áreas de negócios, a construção subterrânea permanece como carro-chefe da construtora?
Rui Toniolo: Tudo é questão de momento, mas o foco do grupo é fortalecer as atividades que já desenvolve. Acredito que a área subterrânea, na qual obtivemos grande sucesso, vive um bom momento. A experiência adquirida ao longo dos anos, com a construção de mais de 140 km de túneis pelo país
Posicionada como a maior construtora do Rio Grande do Sul – e uma das maiores do Brasil quando o assunto é a construção de túneis – a Toniolo, Busnello S.A. (TBSA) sabe que é preciso ter foco para se manter no grupo das grandes empreiteiras do país. Mas foco nos negócios não significa a impossibilidade de expandir as áreas de atuação. Seguindo essa premissa, a empresa vem ingressando em novas atividades, entre elas a revenda de caminhões e automóveis e a administração privada de rodovias. Nesta entrevista, Rui Toniolo, da gerência de compras da empresa, explica o segredo da companhia para se manter em contínua rota de crescimento.
M&T: Com a criação de novas áreas de negócios, a construção subterrânea permanece como carro-chefe da construtora?
Rui Toniolo: Tudo é questão de momento, mas o foco do grupo é fortalecer as atividades que já desenvolve. Acredito que a área subterrânea, na qual obtivemos grande sucesso, vive um bom momento. A experiência adquirida ao longo dos anos, com a construção de mais de 140 km de túneis pelo país, qualifica nossos processos para os novos desafios nesse mercado. Mas, além da construção de túneis, desenvolvemos outras atividades também representativas, como a revenda de caminhões e automóveis da Mercedes-Benz, a mineração, a concessão de rodovias, as obras imobiliárias, de pavimentação e terraplanagem.
M&T: Qual a participação da área de construção em relação aos demais negócios do grupo?
Toniolo: Essa atividade representou cerca de 50% do faturamento de mais de R$ 400 milhões obtido pelo grupo em 2009. Mas vale ressaltar que em 2010 ultrapassamos esse volume de receita.
M&T: Qual é a expectativa da TBSA diante de um cenário que aponta para investimentos de R$ 2,2 trilhões em infraestrutura nos próximos anos, segundo levantamento da Fiesp?
Toniolo: As informações apontam para uma economia em ascensão. Há um grande potencial de empreendimento nas nossas diversas áreas de atuação. Esses projetos de infraestrutura, por exemplo, são vitais para o desenvolvimento do país, além de ajudarem a modernizar as grandes cidades e nossas rodovias, entre outros benefícios. Fica a expectativa que haja recursos para tais investimentos. Para nos tornarmos uma nação forte, precisaremos suprir todas essas necessidades e, ao que tudo indica, teremos essa consciência. A expectativa da TBSA é contribuir diretamente para esse desenvolvimento por meio da sua experiência e compromisso com a sociedade.
M&T: O senhor identifica gargalos que possam dificultar a aplicação desses investimentos?
Toniolo: Sim, mas se o governo souber dar suporte financeiro para todo esse elenco de obras, os gargalos poderão ser eliminados. É necessário idealizar um conceito de futuro comum e lutarmos para que ele se torne uma realidade. Assim como o governo, a sociedade também é responsável para que esses recursos sejam aplicados corretamente, pois cabe a todos nós fiscalizar esse processo, para usufruir futuramente os benefícios que ele trará.
M&T: Há projetos de infraestrutura que não estão sendo priorizados como deveriam?
Toniolo: O governo sabe das suas prioridades, mas como sugestão, eu acredito que poderíamos atrair mais investidores nos segmentos de construção de estradas, portos, trens de alta velocidade, energia, metrôs e outros, pois assim ganharíamos tempo na execução dessas obras. Com isso, o Poder Público poderia se concentrar mais nas áreas prioritárias, como educação, saúde e segurança, não se distanciando das áreas estratégicas e importantes para a nação.
M&T: O aquecimento do setor de construção tem dificultado a gestão de fornecedores e funcionários nos canteiros de obras?
Toniolo: O atual cenário de aquecimento do setor é preocupante porque passamos para um novo patamar de mercado. A primeira regra é tentar não perder seu capital humano, pois as pessoas são peças-chave na produção. Ao mesmo tempo, devemos ter um planejamento para suprir as necessidades futuras. Temos uma política de recursos humanos atuante e dotada de uma estrutura que apoia todos os departamentos da empresa nesse sentido, desenvolvendo programas de segurança e de qualidade de vida no trabalho, tudo baseado em um sistema de remuneração que oferece aos colaboradores uma participação nos resultados da empresa. Na parte de treinamento, realizamos atividades para contribuir com o desenvolvimento dos nossos profissionais. Esses fatores são importantes para que as pessoas se sintam parte do negócio e orgulhosas de trabalharem na empresa.
M&T: Tendo em vista que a construção de túneis exige o uso de equipamentos muito específicos, como os jumbos de perfuração, qual a sua avaliação em relação à disponibilidade tecnológica oferecida pelos fabricantes nesse mercado?
Toniolo: É importante ressaltar que em quase todas as atividades pertinentes à construção pesada há determinados equipamentos que não são fabricados no Brasil, por não possuirmos tecnologia própria. As opções disponíveis influenciam diretamente na eficiência dos nossos serviços. A busca da produtividade, associada à necessidade de redução dos custos, faz com que tenhamos muita atenção na hora de optar por um determinado equipamento. Hoje, por exemplo, estamos importando jumbos da Sandvik com três braços de perfuração e equipados com TKD, um componente que confere maior precisão ao corte. Com isso, diminuímos o overbreak (escavações em excesso). As marcas suecas e finlandesas são referência de tecnologia nesse segmento, e podemos citar como exemplo as LHDs e jumbos da Sandvik, além dos equipamentos da Volvo e Atlas Copco. A norte-americana Caterpillar também se destaca pela qualidade dos seus produtos, capacidade de produção e tradição.
M&T: Tais atributos também contribuem para a rentabilidade do negócio, não é mesmo?
Toniolo: Seja qual for a procedência do equipamento, sabemos que as tecnologias de ponta oferecem maior precisão no monitoramento dos custos e essa é a base para garantir o sucesso na relação com o nosso cliente final. As inovações contribuem diretamente para criar um diferencial na nossa prestação de serviço e, pela rapidez que proporcionam, nos trazem mais conforto na apropriação e gerenciamento da frota. Um exemplo são as soluções da Caterpillar, que vão desde o monitoramento do equipamento via satélite até os sistemas de pesagem na própria máquina, conferindo maior precisão no carregamento e nos apontamentos do material movimentado.
M&T: Qual é a política de aquisição e manutenção dos equipamentos de grande porte na construtora?
Toniolo: Quando o assunto é aquisição, a escolha do fornecedor vai muito além de uma pesquisa de preços. É necessário verificar o ciclo de vida útil do equipamento, sua capacidade de produção, a rede de assistência técnica disponível e o estoque de peças de reposição. Temos um criterioso processo para analisar as melhores condições de aquisição, que contribuem muito para uma alta assertividade na escolha dos fornecedores. Além disso, a parceria que temos com os fabricantes também nos compromete quanto ao desenvolvimento de novas soluções. Quando falamos em manutenção, vale ressaltar que ela é uma prioridade para a empresa, pois o objetivo central é manter a maior disponibilidade e durabilidade do equipamento. Em nossa atividade, temos consciência que precisamos fazer o melhor no menor tempo e a custos reduzidos. A escolha dos fornecedores e parceiros é fundamental nesse processo. Entretanto, a grande contribuição na escolha correta é a qualidade final dos nossos serviços. É nesse momento que percebemos que existem parceiros no verdadeiro sentido da palavra, onde não há um só lado que possa sair ganhando. Deve existir comprometimento e atitude honesta nas atividades afins.
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