Há cinco anos, a edição da revista M&T já apontava o custo de recuperação de uma sapata de um guindaste sob esteira de grande porte, com capacidade de içamento de até 800 t. De acordo com os especialistas, tal intervenção não custaria menos de R$ 2 mil para cada componente desse tipo. Com cerca de 32 sapatas, é fácil imaginar a conta que um usuário de guindaste desse porte teria ao não adotar um processo cuidadoso de manutenção. E estamos falando de recuperação e não de substituição da peça desgastada por uma nova.
O cenário pode variar e incluir outras máquinas, mas independentemente do modelo e marca, os técnicos são enfáticos em recomendar a escolha do material rodante adequado, das melhores práticas de operação e da manutenção atenta para os gerentes de frota que administrem equipamentos fora de estrada e sobre esteiras. O argumento mais convincente é que, nesses casos, os materiais rodantes podem representar até 30% dos custos de manutenção.
Além desse percentual, existem outros pontos de atenção ressaltados pelos técnicos em relação ao material rodante. O primeiro d
Há cinco anos, a edição da revista M&T já apontava o custo de recuperação de uma sapata de um guindaste sob esteira de grande porte, com capacidade de içamento de até 800 t. De acordo com os especialistas, tal intervenção não custaria menos de R$ 2 mil para cada componente desse tipo. Com cerca de 32 sapatas, é fácil imaginar a conta que um usuário de guindaste desse porte teria ao não adotar um processo cuidadoso de manutenção. E estamos falando de recuperação e não de substituição da peça desgastada por uma nova.
O cenário pode variar e incluir outras máquinas, mas independentemente do modelo e marca, os técnicos são enfáticos em recomendar a escolha do material rodante adequado, das melhores práticas de operação e da manutenção atenta para os gerentes de frota que administrem equipamentos fora de estrada e sobre esteiras. O argumento mais convincente é que, nesses casos, os materiais rodantes podem representar até 30% dos custos de manutenção.
Além desse percentual, existem outros pontos de atenção ressaltados pelos técnicos em relação ao material rodante. O primeiro deles diz respeito à determinação do tipo de esteira adequada. A severidade da aplicação, aliás, acaba determinando a escolha do tipo de sapata e de outras peças do material rodante. A abrasividade típica dos solos arenosos, por exemplo, cuja ação se potencializa com a umidade, ocasiona o desgaste de pinos, elos, buchas e sapatas. Já os impactos decorrentes de operações em terrenos rochosos podem resultar em trincas nesses componentes.
Nesse último caso, é recomendável o uso de sapatas reforçadas, com uma camada de aço mais espessa e garras mais robustas. A inspeção do material rodante, ao final de cada turno de trabalho, com a sua lavagem para a remoção de detritos, é outro procedimento que deve ser seguido. Operações em aclives, declives e superfícies irregulares também representam riscos à integridade da esteira e de seus componentes e precisam ser cuidadosamente planejadas.
Entre os componentes de materiais rodantes, os roletes estão sujeitos ao maior desgaste nos trabalhos de terraplanagem, enquanto as sapatas deformam mais rapidamente nos serviços em pedreiras. Outra consideração importante diz respeito aos tratores, que se movimentam muito durante as operações, diferentemente das escavadeiras e guindastes, que trabalham praticamente parados. Com isso, o material rodante dos primeiros apresenta desgaste mais acelerado. Com exceção das operações em aterro sanitário, mais severas, as sapatas e roletes atingem uma vida útil média de 3.000 horas, no caso dos tratores, e de 5.000 horas, nas escavadeiras, na avaliação dos especialistas.
A atenção também precisa estar focada no conjunto e não somente nos componentes. É o caso do tensionamento da corrente (colar da esteira) nas peças do material rodante: se estiver muito esticada, levará ao desgaste prematuro das buchas, entre outros dispositivos. Caso esteja frouxa, comprometerá as abas dos roletes, danificando-os. Por isso, a recomendação mais assertiva é a de verificar periodicamente a tensão da corrente. Quando acima do indicado, o tensionamento leva a um atrito desnecessário com os dentes da roda motriz. Abaixo do adequado, o tensionamento deixa a corrente frouxa e ela desgasta os dentes da roda-motriz, além da roda guia e dos próprios roletes.
As condicionantes apontadas acima indicam a necessidade de monitorar o desgaste dos componentes. Tal acompanhamento será fundamental na hora de determinar se vale a pena ou não recuperar um material rodante. Para técnicos ouvidos pela M&T, se o custo da peça reformada passar de 50% do valor de uma nova, a melhor opção é a compra de um componente zero. A reforma, no entanto, pode considerar outros parâmetros. Veja-se o caso de um grande frotista de guindastes, cujo parque de equipamentos inclua modelos de grande porte, com capacidade de içamento da ordem de até 800 toneladas, por exemplo.
Além do alto custo das sapatas e roletes para esse tipo de frota, o gerenciamento de um estoque de peças importadas já é um argumento a favor da reforma. Junte-se a isso a logística de envio dos materiais sobressalentes para canteiros no interior do Brasil. O mesmo guindaste citado no começo da matéria pode ser um exemplo da complexidade da operação: enquanto a sapata de um equipamento menor pesa, em média 20 kg, o mesmo componente de um grande guindaste atinge cerca de 250 kg. A dificuldade de vencer as barreiras logísticas e aduaneiras, além de outros desafios, justificam o processo de recuperação.
O acompanhamento do desgaste de componentes da esteira, como pinos e buchas, é fundamental, independentemente de uma cultura que considera a reforma viável ou não. A experiência dos técnicos, novamente, faz a diferença. Para os especialistas, as buchas de uma escavadeira de esteiras atingem uma vida útil entre 7 mil e 8 mil horas, quando ficam totalmente desgastadas. O gerente de frota, por outro lado, pode optar pelo giro na faixa de 6 mil horas. Dessa forma, o outro lado da peça vai trabalhar por mais 6 mil horas, levando a uma vida útil de 12 mil horas. Nos tratores de esteira, o procedimento similar pode ocorrer, mas a faixa de carga horária trabalhada a ser observada é a de 3 mil horas.
Única, dupla ou tripla: a sapata mais adequada
A recomendação da sapata mais adequada depende de cada tipo de operação. No caso de tratores, os dispositivos com garras simples são os mais indicados. É a mesma opção para operações que exijam grandes deslocamentos das máquinas. Sendo maior, esse tipo de garra penetra melhor no solo, deixando a base da sapata apenas apoiada na superfície do terreno. Resultado: há uma distribuição mais homogênea do peso do equipamento sob a esteira. Já as sapatas com garras triplas, por sua vez, devem ser adotadas para situações com menor esforço de tração, com a vantagem que elas facilitam as manobras e reduzem o impacto sobre o pavimento.
As de garras duplas funcionam como uma opção intermediária. Os componentes desse tipo geralmente são usados em obras onde a tração e a facilidade de manobras são fatores determinantes para a produtividade. Há ainda casos específicos como os terrenos pantanosos – ou os de baixa sustentação - onde a melhor recomendação é adotar a garra triangular, fixada à sapata por meio de parafusos e, quando necessário, sapatas mais largas para reduzir a taxa de compressão sobre o solo.
Os sistemas rodantes mais adequados
Os usuários geralmente identificam os materiais rodantes apenas em modelos para operação de alto impacto (rocha) ou de elevada abrasividade (areia). Mas as classificações não se limitam a essas duas situações. A classificação abaixo pode ser usada como uma referência inicial para a escolha mais adequada. A consulta aos fabricantes e especialistas é altamente recomendada como forma de otimizar suas operações.
Sistema selado: Utiliza retentores metálicos de ação simples, que atuam diretamente na proteção contra a penetração de contaminantes abrasivos e reduzem a sinuosidade da esteira, um fenômeno conhecido como snake chain.
Sistema seco: Dispensa vedações, assim como o selado, é mais barato e o custo com a manutenção é menor, porém tem uma vida útil menor. Geralmente é mais empregado em máquinas leves, de até 20 t de peso operacional, e que já estão fora da produção pelas montadoras.
Sistema a graxa: Adota o mesmo princípio, porém com vedação de poliuretano. Ele retém o filme de graxa aplicado entre os pinos e as buchas. Custa um pouco mais que os anteriores, mas sua vida útil é 10 a 15% maior e o custo de manutenção é próximo ao do sistema seco. Geralmente é aplicado em escavadeiras, que trabalham paradas na maior parte do tempo.
Sistema lubrificado: Conta com retentores de óleo que atuam em cada junção do material rodante. Os componentes internos das esteiras requerem baixa rugosidade nos contatos e nas vedações e a montagem de cada seção necessita de procedimentos precisos de teste e lubrificação. É o sistema mais caro e com maior custo de manutenção. Mas atinge maior vida útil em aplicações severas. A lubrificação interna praticamente elimina o desgaste entre pinos e buchas e o retentor de óleo impede a entrada de agentes externos que poderiam acelerar o desgaste dos componentes. É o mais indicado para máquinas que trabalham sempre se movimentando.
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