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Revista M&T - Ed.160 - Agosto 2012
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Remanufatura

Componentes remanufaturados com garantia de fábrica

Iniciativas como a da Caterpillar e Komatsu, que estão investindo em linhas de rebuilt próprias, reforçam o mercado de peças remanufaturadas no país

Durante a conferência Rio+20, no mês de junho, que reuniu chefes de estado de todo o mundo no Rio de Janeiro, para um debate sobre a preservação do meio ambiente no planeta, uma notícia despertou o interesse dos profissionais de equipamentos para construção e mineração. Aproveitando a repercussão do evento em âmbito internacional, a Caterpillar anunciou a instalação de uma linha dedicada à remanufatura de motores utilizados em seus equipamentos no Brasil.

Na ocasião, a empresa não anunciou os investimentos no projeto, assim como a localização da nova instalação, que deverá ficar localizada próxima ao complexo industrial que a Caterpillar mantém em Piracicaba (SP), segundo especulações da imprensa. Apesar de o projeto representar a primeira operação de remanufatura da empresa na América do Sul, a iniciativa não chega a surpreender. Por meio da sua rede de distribuidoras, ela já oferece esse serviço aos clientes, que podem encontrar peças recondicionadas, com garantia de fábrica, nas concessionárias da marca.

Após anunciar este projeto, a Caterpillar vem mantendo seus detalhes


Durante a conferência Rio+20, no mês de junho, que reuniu chefes de estado de todo o mundo no Rio de Janeiro, para um debate sobre a preservação do meio ambiente no planeta, uma notícia despertou o interesse dos profissionais de equipamentos para construção e mineração. Aproveitando a repercussão do evento em âmbito internacional, a Caterpillar anunciou a instalação de uma linha dedicada à remanufatura de motores utilizados em seus equipamentos no Brasil.

Na ocasião, a empresa não anunciou os investimentos no projeto, assim como a localização da nova instalação, que deverá ficar localizada próxima ao complexo industrial que a Caterpillar mantém em Piracicaba (SP), segundo especulações da imprensa. Apesar de o projeto representar a primeira operação de remanufatura da empresa na América do Sul, a iniciativa não chega a surpreender. Por meio da sua rede de distribuidoras, ela já oferece esse serviço aos clientes, que podem encontrar peças recondicionadas, com garantia de fábrica, nas concessionárias da marca.

Após anunciar este projeto, a Caterpillar vem mantendo seus detalhes sob sigilo, evitando conceder entrevistas sobre o assunto. Entretanto, a iniciativa, que foi apresentada como uma contribuição à sustentabilidade na operação dos equipamentos, já está incorporada ao seu “modus operandi” muito antes de as preocupações ambientais se popularizarem no setor. Além dos ganhos ambientais que oferece, ao evitar o descarte de peças danificadas e o consumo de bens naturais para a fabricação de componentes novos, ela representa uma economia de custo para os clientes finais.

Peças de maior valor

Por esse motivo, muitos frotistas adotam a remanufatura como um procedimento-padrão no conserto de seus equipamentos, principalmente quando os componentes estão relacionados a conjuntos de maior valor agregado, como motor, transmissão e sistema hidráulico. Além de dispor de uma ampla gama de fornecedores de peças recondicionadas, o denominado mercado paralelo, eles também podem buscar essa solução junto aos distribuidores autorizados das diversas marcas de equipamentos, que fornecem os componentes remanufaturados com garantia de fábrica.

Ao anunciar seu ingresso na remanufatura de componentes para motores, a Caterpillar procura, acima de tudo, consolidar uma alternativa competitiva para a oferta de peças e serviços aos clientes da marca. Apesar de não revelar detalhes sobre o projeto, é muito provável que sua linha de remanufatura seja dedicada apenas a componentes de equipamentos de maior porte, utilizados em mineração. Isto porque o mercado de construção já é atendido pelas suas distribuidoras, que realizam o recondicionamento das peças utilizadas em máquinas de menor porte.

Essa, pelo menos, é a estratégia adotada pela Komatsu, que também está investindo na instalação de uma linha para a recuperação de peças de 2.500 m2 de área. Ainda em fase de instalação, ela ocupará um galpão junto ao complexo industrial da empresa, em Suzano (SP), dedicando-se à remanufatura de conjuntos maiores, como as rodas motorizadas de caminhões fora de estrada (acima de 250 t de capacidade de carga), trem de força, conversor de torque, motor e sistema hidráulico utilizados em escavadeiras acima de 200 t de peso e tratores de esteira com mais de 300 hp de potência.

Segundo Ademir Birello, gerente de venda de peças da Komatsu, a nova operação seguirá um modelo já adotado no Chile, onde a fabricante também conta com uma frota considerável de equipamentos de grande porte operando em mineração. “Essa iniciativa integra nossa estratégia de suporte ao produto, com o objetivo de oferecer soluções competitivas para a maior eficiência da operação dos clientes”, diz ele. “O mercado já oferece peças remanufaturadas, mas nenhuma delas que foi submetida a testes em nossos laboratórios atendeu às especificações de fábrica.”

Preço tolerável

O especialista explica que a remanufatura de peças aproveita apenas os itens passíveis de reutilização, para que o componente recuperado tenha desempenho e durabilidade semelhantes a um novo. “Isto exige respeito às tolerâncias dimensionais, o que requer instrumentos de precisão e conhecimento técnico das especificações do fabricante.”

Por esse motivo, Birello diz que na linha de rebuilt da Komatsu nem todas as peças são reaproveitadas; somente aquelas que permitem um novo passe de usinagem sem comprometimento às tolerâncias dimensionais. “A recuperação dos comandos hidráulicos também exige muitos cuidados, pois a peça contém muitos canais de lubrificação e qualquer falha em um deles pode ser fatal.”

Assim como o procedimento adotado no mercado em geral, as peças produzidas na linha da empresa também serão disponibilizadas aos clientes em regime de troca. Ou seja, o frotista chega com a sua peça danificada e retira outra já recuperada. Para que o negócio seja viável, o especialista ressalta que o componente oferecido não exceda a 60% do valor de uma peça similar nova. No mercado de construção, entretanto, o limite de preço tolerável para uma peça retificada é de no máximo 40% ao de uma similar nova.

A implantação dessa linha de remanufatura integra um programa de investimentos na área de suporte ao cliente, que inclui ainda a instalação de dois novos centros de distribuição de peças: um em Belo Horizonte (MG) e outro em Carajás (PA). Apesar de o projeto de rebuilt abranger apenas o segmento de mineração, Birello avalia que sua consolidação ajudará a consolidar esse conceito também no mercado de construção. Nesse setor, entretanto, que opera com equipamentos de menor porte, a Komatsu continuará atendendo os clientes por meio da Rekom, que realiza a reforma de sistemas de transmissão, comandos de válvula, bombas e motores hidráulicos de suas máquinas.

 

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