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Revista M&T - Ed.261 - Fev/Mar 2022
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ESPECIAL INFRAESTRUTURA

Autossuficiência em energia limpa

Empresas de diferentes setores apostam em fontes alternativas próprias na produção de energia, buscando fontes mais sustentáveis e eficientes para suprir a alta demanda

A crise energética é uma ameaça que surge especialmente por conta das condições climáticas desfavoráveis, como a falta de chuva para abastecer os reservatórios. No ano passado, o Brasil chegou muito próximo dessa situação crítica, o que causou aumento no valor da tarifa para o consumidor e para a indústria. Ademais, a crise energética eleva os custos de produção, tendo como consequência o aumento dos preços, afetando a cadeia produtiva como um todo.

Como a eletricidade consumida no país é, em sua maioria, produzida a partir das hidrelétricas – responsáveis por 65,2% do total, segundo o Balanço Energético Nacional 2021, da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) – torna-se cada vez mais necessário buscar fontes alternativas para driblar o problema, investindo em soluções de longo prazo.

E no Brasil, como lembra o gerente comercial da Dow, Rodrigo Borges, há abundância de recursos naturais, que potencialmente capacitam o país a criar uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo. “Hoje, tanto a energia solar quanto a eólica são competitivas, sendo que ambas permitem a redução de emissões, o que está alinhado às nossas metas de emissão de carbono”, comenta. “O investimento em energias alternativas também gera um impacto social importante para as comunidades em localidades remotas, especialmente do Nordeste.”

De acordo com dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a energia eólica representa 10,9% da matriz elétrica brasileira e a expectativa é que chegue a 13,6% ao final de 2025.

Só em 2020, a capacidade instalada em energia solar fotovoltaica cresceu 66% no país. Em 2021, a geração eólica bateu um recorde e, em julho, supriu 102% da demanda de eletricidade da região Nordeste. “A energia renovável competitiva é a base para a expansão de novos negócios&rdqu


A crise energética é uma ameaça que surge especialmente por conta das condições climáticas desfavoráveis, como a falta de chuva para abastecer os reservatórios. No ano passado, o Brasil chegou muito próximo dessa situação crítica, o que causou aumento no valor da tarifa para o consumidor e para a indústria. Ademais, a crise energética eleva os custos de produção, tendo como consequência o aumento dos preços, afetando a cadeia produtiva como um todo.

Como a eletricidade consumida no país é, em sua maioria, produzida a partir das hidrelétricas – responsáveis por 65,2% do total, segundo o Balanço Energético Nacional 2021, da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) – torna-se cada vez mais necessário buscar fontes alternativas para driblar o problema, investindo em soluções de longo prazo.

E no Brasil, como lembra o gerente comercial da Dow, Rodrigo Borges, há abundância de recursos naturais, que potencialmente capacitam o país a criar uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo. “Hoje, tanto a energia solar quanto a eólica são competitivas, sendo que ambas permitem a redução de emissões, o que está alinhado às nossas metas de emissão de carbono”, comenta. “O investimento em energias alternativas também gera um impacto social importante para as comunidades em localidades remotas, especialmente do Nordeste.”

De acordo com dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a energia eólica representa 10,9% da matriz elétrica brasileira e a expectativa é que chegue a 13,6% ao final de 2025.

Só em 2020, a capacidade instalada em energia solar fotovoltaica cresceu 66% no país. Em 2021, a geração eólica bateu um recorde e, em julho, supriu 102% da demanda de eletricidade da região Nordeste. “A energia renovável competitiva é a base para a expansão de novos negócios”, diz Borges. “O hidrogênio verde, por exemplo, tem grande potencial de crescimento para atendimento do consumo interno e exportação.”


Borges: energia renovável competitiva é a base para a expansão dos negócios da Dow

Todavia, para alcançar esse potencial é necessário modernizar o setor elétrico, com maior transparência e previsibilidade do custo da energia. “Em novembro do ano passado, os consumidores tiveram um custo superior a R$ 100/MWh em encargos setoriais para cobrir o custo adicional das termelétricas, o que quase dobra o custo da energia e tira toda sua vantagem competitiva”, aponta o gerente. “Em 2022, o valor de todos os encargos somados pode ultrapassar R$130/MWh.”

DIVERSIFICAÇÃO

Para enfrentar esse desafio, algumas indústrias estão adotando uma postura mais autossustentável, investindo em fontes renováveis de energia. Uma dessas iniciativas vem da fabricante de automóveis Honda, que no Brasil conta com um parque eólico próprio, localizado em Xangri-Lá (RS).

A Honda Energy, subsidiária da Honda Automóveis do Brasil, faz a gestão do parque eólico da marca, que conta com dez aerogeradores, resultando em uma capacidade instalada de 31,7 MW. No total, o empreendimento gera 94 mil MWh/ano.

De acordo com Otavio Mizikami, presidente da Honda Energy e vice-presidente industrial da Honda Automóveis, em outubro do ano passado a Honda Energy gerou 10.224 MWh de energia, representando um recorde histórico desde a inauguração do complexo, em 2014. “Com esse resultado, a geração acumulada do parque está em 520 mil MWh”, afirma.


Mizikami: iniciativa contribui para a meta global de neutralidade de carbono da Honda

A energia chega às fábricas da Honda em Itirapina e Sumaré, no interior de São Paulo, por meio do Sistema Interligado Nacional (SIN). A iniciativa já permitiu que 826 mil automóveis da marca fossem produzidos com energia elétrica limpa e renovável. “Desde o início do projeto, mais de 39 mil t de CO2 deixaram de ser lançadas no meio ambiente”, complementa o executivo. “Desse modo, a iniciativa contribui para a meta global da Honda de atingir a neutralidade de carbono em seus produtos e atividades corporativas até 2050.”

Outra empresa que investe em produção autossuficiente é a própria Dow, que em 2021 firmou um contrato para a aquisição de energia renovável junto à Casa dos Ventos, pioneira em projetos eólicos no Brasil. O contrato para compra de energia – que é gerada por um parque eólico no Rio Grande do Norte – tem duração de 15 anos, com início das operações em janeiro de 2024 e encerramento previsto para dezembro de 2038, garantindo o volume de 60 MW contínuos para a fábrica em Cabangu (MG).

Além da compra de energia, a Dow terá a opção de realizar investimentos nos parques eólicos, possibilitando futuramente à empresa adotar um regime de autoprodução de energia. De acordo com Borges, o investimento em contratos de energias renováveis está alinhado às metas de sustentabilidade da Dow, que pretende “reduzir as emissões líquidas anuais de carbono na América Latina e alcançar a neutralidade de carbono até 2050”.

Segundo ele, a parceria com a Casa dos Ventos também reforça o posicionamento da Dow entre as empresas químicas com maior contratação de energia renovável em âmbito global. “Temos investido na diversificação das nossas matrizes energéticas e, atualmente, possuímos 850 MW de capacidade de energia renovável contratada, superando nossa meta de sustentabilidade para 2025”, diz Borges.

PRESERVAÇÃO

Além da energia eólica, algumas empresas apostam em placas solares como fonte de energia sustentável. A Bio Extratus, por exemplo, uma empresa brasileira especializada na fabricação de cosméticos formulados com alta concentração de ativos naturais e destinados ao tratamento de cabelos e pele, investiu recentemente R$ 3 milhões em uma matriz sustentável para geração de energia elétrica fotovoltaica.


A Bio Extratus conta com o maior sistema privado do país para geração de energia fotovoltaica

Considerado o maior sistema privado para geração de energia fotovoltaica do Brasil, o Projeto Sol Nascente surgiu em 2016, fazendo com que a empresa se tornasse autossustentável em geração de energia desde então. Localizado em Alvinópolis (MG), o projeto surgiu como consequência do desastre ambiental que afetou a hidrelétrica Risoleta Neves, uma das usinas que alimentam o município, onde está a sede da empresa. Atualmente, a energia solar fotovoltaica gerada pela iniciativa mantém todos os processos da unidade industrial.

Conectada à rede da Companhia Energética de Minas Gerais, a corrente gerada pelo conjunto de módulos passa por inversores que deixam a energia fotovoltaica no mesmo padrão da rede elétrica das ruas, ou seja, transformam a energia de corrente contínua para alternada. “O excedente de energia é então encaminhado para a rede da concessionária local, gerando um crédito para a empresa”, comenta André Alves Cruz, coordenador do Sistema de Gestão Ambiental da Bio Extratus.

Cruz: energia fotovoltaica mantém todos os processos de unidade da Bio Extratus em MG

Além desse sistema, a empresa construiu um dispositivo chamado Cata-Sol, que consiste em uma estrutura metálica móvel que abriga dez placas fotovoltaicas, que podem se movimentar de acordo com a incidência da luz solar. “Os sensores de luminosidade permitirão que as quatro estruturas criadas girem e se inclinem conforme a variação de luz ocorrida ao longo do dia”, explica Cruz.

Apesar do alto custo para aquisição e implantação do projeto, a empresa estima que o investimento se pague em cerca de oito anos. “Contudo, mais importante que um retorno financeiro é saber que estamos contribuindo para a preservação dos recursos naturais”, diz o coordenador.

A carga de energia obtida gira em torno de 694.420 KWh, com os créditos de energia acumulados por até cinco anos, além da redução estimada das emissões de CO2 em torno de uma média anual de 368 t.

COMPROMISSO

Produtora de sementes de soja, a empresa Boa Safra Sementes também optou pela instalação de uma usina de energia solar fotovoltaica em uma de suas unidades de beneficiamento. Hoje, a instalação substitui completamente o uso de energia elétrica na planta de Cabeceiras (GO).

De acordo com o CEO da companhia, Marino Colpo, a usina tem capacidade para gerar 158,6 Mw/mês, o equivalente ao consumo médio com iluminação de uma cidade com mais de 3 mil habitantes. A usina responderá por 94% do total da energia utilizada pela unidade.

“Para o futuro próximo, o objetivo é que a matriz energética de todas as Unidades de Beneficiamento seja substituída por fontes sustentáveis e limpas, gerando assim maior eficiência energética sustentável bem como economia”, explica Colpo.

Colpo: eficiência energética e economia nas atividades da Boa Safra Sementes

Ocupando uma área de aproximadamente 17 mil m², a usina conta com 3.570 módulos fotovoltaicos e potência unitária de 445 wp (Watt-pico), além de 15 inversores solares com 66 kw de potência. O executivo ressalta que o Brasil tem um dos maiores índices de incidência solar do mundo, o que faz com que o retorno do investimento seja mais rápido, potencializando o desenvolvimento da fonte e permitindo que se vislumbre um papel importante na matriz elétrica para esse tipo de usina.

Ao analisar mais detidamente o cenário, Colpo reforça que o maior benefício da usina fotovoltaica está mesmo no fator ambiental. “A geração de energia através de fontes limpas e renováveis evita o lançamento de CO2 na atmosfera”, aponta.

No caso, diz ele, a usina evita a emissão de aproximadamente 239 t de CO2 por ano, o equivalente a 10 ha de florestas tropicais, levando em consideração o fator médio de emissão do SIN, ou seja, o consumo realizado através da usina fotovoltaica versus o consumo através da conexão com a concessionária de energia.

“Continuamos no compromisso pela busca de energia limpa e sustentável e, ainda, de colaborar com a modernização do campo, com a finalidade de obter maior eficiência em nossas atividades, com menos impacto para a natureza”, frisa.

COMPETITIVIDADE

Na mesma linha, Borges acredita que o investimento em fontes renováveis aumenta a competitividade das unidades fabris, além de reduzir a pegada de carbono da companhia e permitir um gerenciamento mais eficiente dos recursos na aquisição de energia durante o período contratado.

“Ademais, estamos contribuindo para a expansão e diversificação da matriz elétrica brasileira, além de garantir maior competitividade, com previsibilidade de custos e segurança de suprimento”, diz o executivo da Dow.

Em 2020, ele acrescenta, a Dow firmou um novo contrato de PPA (Power Purchase Agreement) com a Atlas Renewable Energy, que consiste em um acordo de compra e venda de energia de longo prazo para o fornecimento de energia solar para o complexo fabril da empresa em Aratu (BA).
Segundo Borges, até 2024 o maior complexo industrial da empresa do Brasil terá 100% de sua demanda de eletricidade atendida por fontes renováveis.

O contrato tem validade de 15 anos e o fornecimento da energia solar ocorrerá por meio da construção da usina Jacarandá, em Juazeiro (BA). “Como país, temos muitas oportunidades com projetos de energia renovável que tragam benefícios para as comunidades, para a economia e para a redução na pegada de carbono”, avalia.

“Além de trazer melhoria na competitividade de custo e redução de emissões para as empresas, a energia renovável também gera aumento na renda e na oferta de emprego especializado em comunidades de locais mais remotos.”

Saiba mais:
Bio Extratus: bioextratus.com.br
Boa Safra Sementes: boasafrasementes.com.br
Dow: br.dow.com
Honda: www.honda.com.br

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